Hazel.Eu não sei como a Hanna está se sentindo, mas dentro de mim há um conflito gigantesco. Quero acreditar que minha mãe mudou, ou que pelo menos está tentando mudar. Quero acreditar nas lágrimas, na sinceridade de suas palavras, mas…Foram tantas brigas, tantos momentos de descaso, de preconceito. Tantas vezes em que ela preferiu se calar em vez de nos defender, tantas vezes em que virou as costas quando precisávamos dela. Essas feridas não cicatrizam facilmente.Minha mente está dividida entre a memória dolorosa do passado e a possibilidade esperançosa de um futuro diferente. E isso me consome.Olho para Hanna, que, mesmo com os olhos marejados, parece mais em paz do que eu jamais estive em relação à nossa mãe. Ela sempre foi mais generosa, sempre teve essa capacidade de perdoar que admiro, mas nunca consegui ser como ela.Minha mãe está aqui agora, diante de nós, dizendo todas as coisas que esperei ouvir por anos. Palavras que, no passado, poderiam ter mudado tudo. Mas será que
MargothO som dos passos ecoava suavemente no hall, acompanhando as vozes baixas e animadas de Hazel e Hanna enquanto desciam as escadas. Do alto, eu as observei com um sorriso, o coração apertado e cheio ao mesmo tempo. Minhas meninas estavam lindas, radiantes, cada uma com um brilho próprio.O vestido de Hazel, delicado e elegante, parecia ter sido feito sob medida para destacar a força e a suavidade que sempre coexistiram nela. Já Hanna, com seu vestido simples, mas deslumbrante, tinha o olhar de alguém completamente em paz. Era como se o peso do passado tivesse finalmente ficado para trás.Porém, quando chegaram ao último degrau, ambas pararam abruptamente. Fiquei tensa ao perceber o motivo.Ali, parado no meio do hall, estava Richard, ele disse que não viria. O homem que tantas vezes fora fonte de dor e frustração, mas que agora parecia diferente. Sua postura estava ereta, mas havia uma hesitação nos olhos, como se ele também não soubesse o que esperar daquele encontro.Caminho d
Kevin.Todos estavam radiantes, celebrando o casamento com risos e lágrimas de felicidade. Mas, no meio de toda aquela alegria, eu mal conseguia conter o turbilhão de sentimentos dentro de mim. Meu coração parecia prestes a explodir. Cada olhar de Hanna, cada sorriso que ela dava me lembrava de como eu era sortudo por chamá-la de minha esposa.Enquanto conversávamos com alguns convidados, Davis se aproximou, discreto como sempre, mas com um sorriso que denunciava que ele estava aprontando algo. Em suas mãos, havia uma pasta que ele entregou a Hanna.— O que é isso? — ela perguntou, curiosa, enquanto segurava o objeto com cuidado.— Meu presente de casamento para vocês — respondeu ele, com um brilho de satisfação nos olhos.Hanna abriu a pasta para ver o conteúdo. Hanna ficou boquiaberta.— O quê? Não!… Não posso aceitar isso! — ela disse, balançando a cabeça, ainda tentando processar o que estava diante de seus olhos.Davis deu de ombros, com um sorriso tranquilo.— Já está no nome de
Kevin.Mais tarde, quando finalmente nos recolhemos ao nosso quarto de núpcias, a excitação e a felicidade do dia ainda estavam estampadas em nossos rostos. Hanna estava deslumbrante, mesmo depois de tantas horas e tanto choro, foi um dia muito emocionante para nós dois. O vestido de noiva parecia feito para ela, mas o brilho em seus olhos era o que realmente roubava a cena.Eu me aproximei lentamente, o coração batendo acelerado enquanto a observava. Ela me olhou, com aquele sorriso que sempre parecia capaz de parar o mundo, e esperei até estar bem perto para falar.— Pronta para o primeiro dia da sua vida… junto comigo para o resto de nossas vidas?Ela sorriu, os olhos marejados mais uma vez e se inclinou para me beijar.— Eu já estou vivendo isso, Kevin. Cada momento ao seu lado é o primeiro de muitos que quero ter.Eu a puxei para perto, nossos lábios se encontrando em um beijo cheio de promessas e paixão. O mundo lá fora podia esperar. Ali, naquele instante, éramos só nós dois, p
Hanna— Não quero te deixar ir — Kevin diz com os olhos cheios de carinho, me puxando para mais um abraço, no qual eu deito a cabeça em seu peito.— Amor, você sabe que está tarde, e eu tenho que ir. — Digo tentando me desvencilhar de seu abraço, mas, no fundo querendo que ele me segure e não largue nunca mais.— Mais um beijo então. — Ele diz fazendo uma carinha de cachorro sem dono.— E quem resiste essa cara de pidão? — digo, sorrindo.Eu o beijo, e claro, o beijo é quente, delicioso, com aquele gostinho de quero mais.— Não provoca, senão eu não te deixo sair deste carro — ele diz, sorrindo. Mordo sua orelha e respondo em sussurros ao seu ouvido:— Até amanhã, meu amor. — Sorrio travessa, enquanto me afasto dizendo — Preciso entrar e tomar a pílula do dia seguinte. Por mais que eu queira filhos com você, ainda não é o momento.— Se quiser, podemos treinar mais um pouquinho. — Ele diz com aquele sorriso de molhar a calcinha.— Olha, tenho duas chamadas perdidas da minha irmã, meus
Kevin10 anos depois...— Senhor... Digo, Kevin, seu pai disse que quer falar com vo... você. — Minha nova secretária, Violet, avisa. A antiga entrou em licença-maternidade, e sua auxiliar assumiu o cargo. Não sou um daqueles empresários arrogantes que exigem formalidades o tempo todo. Claro, em reuniões formais, isso é indispensável, mas no dia a dia, odeio ser chamado de "senhor". — Ele ainda está na empresa, Violet? — Não, saiu há cerca de dez minutos. — Ela responde com confiança. — Então falo com ele amanhã. Se houver qualquer emergência, pode me ligar. — Certo. Até amanhã, Kevin. — Ela sorri. — Até amanhã, Violet.Pego meu blazer e me dirijo ao elevador. Assim que as portas se abrem, vejo Ashley prestes a sair. Instintivamente, me escondo atrás de uma pilastra. Violet me vê, arregalando os olhos, surpresa, e logo tenta segurar o riso. Faço um sinal de silêncio com o dedo e imploro com o olhar para que ela distraia Ashley. Violet, sempre eficiente, faz um leve aceno de cabe
KevinEstou no piloto automático. Minhas mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada, mas a mente distante, presa em lembranças que nunca realmente partiram. A cidade lá fora parecia viva, iluminada pelas luzes da noite, mas dentro de mim, tudo estava envolto em uma escuridão que só eu conhecia.Chego à boate e o som ensurdecedor da música me atinge como uma onda, me puxando de volta para o presente. Estaciono o carro e saio, sentindo o frio da noite contra minha pele quente. Lá dentro, Davis me espera com aquele sorriso animado de sempre, pronto para mais uma noite de excessos e sexo. Mas, por mais que eu tente, não consigo me sentir animado. Na verdade, não consigo sentir nada.A boate estava cheia, as luzes pulsavam na batida da música que tocava, o cheiro de álcool se misturava com perfume caro. Mulheres lançam olhares, algumas se aproximam, tocam meu braço, sorriem com promessas silenciosas de uma noite sem compromisso. Elas são lindas, cada uma delas. Mas são apenas rostos
HannaOi, meu nome é Hanna Roux. Às vezes me pergunto o que o destino tem reservado para mim, mas ele nunca me respondeu. De qualquer forma, sigo minha vida jogada a sorte do destino.Contarei um pouquinho sobre mim.Quando tinha dezessete anos, eu e minha família fomos obrigados a mudar de Rivermont. Nos mudamos no meio da madrugada para Velmonth, fica a oito horas de distância da nossa antiga residência.Essa mudança fez com que eu perdesse minha bolsa de estudo que tanto lutei para conquistar, no início foi difícil, pois meus pais não tinham empregos, então eu e minha irmã Hazel tivemos que ajudar.Arrumei um emprego de babá em uma mansão da cidade, minha irmã foi trabalhar em uma lanchonete local, meu pai de auxiliar em obras e minha mãe de faxineira.Nessa época eu estava devastada, mais magra que o habitual, mas isso não impediu que acontecesse o pior dia da minha vida, o que mudou tudo drasticamente, tanto no psicológico quanto no que vivo hoje. Esse evento me trouxe o maior te