3 - Reencontro

Hanna

Oi, meu nome é Hanna Roux. Às vezes me pergunto o que o destino tem reservado para mim, mas ele nunca me respondeu. De qualquer forma, sigo minha vida jogada a sorte do destino.

Contarei um pouquinho sobre mim.

Quando tinha dezessete anos, eu e minha família fomos obrigados a mudar de Rivermont. Nos mudamos no meio da madrugada para Velmonth, fica a oito horas de distância da nossa antiga residência.

Essa mudança fez com que eu perdesse minha bolsa de estudo que tanto lutei para conquistar, no início foi difícil, pois meus pais não tinham empregos, então eu e minha irmã Hazel tivemos que ajudar.

Arrumei um emprego de babá em uma mansão da cidade, minha irmã foi trabalhar em uma lanchonete local, meu pai de auxiliar em obras e minha mãe de faxineira.

Nessa época eu estava devastada, mais magra que o habitual, mas isso não impediu que acontecesse o pior dia da minha vida, o que mudou tudo drasticamente, tanto no psicológico quanto no que vivo hoje. Esse evento me trouxe o maior tesouro da minha vida, chega ser irônico, mas ele me trouxe minha filha Kethellen. No começo, foi difícil, mas agradeço a Deus por ter me ajudado a tomar a decisão certa.

Eu e minha irmã, Hazel, abrimos uma empresa de Buffet para festas. No início, fazíamos eventos pequenos, como reuniões importantes para executivos e aniversários infantis. Hoje, graças a Deus e à minha mãezinha do céu, atendemos grandes eventos. Como o de hoje, o qual é o “Leilão de Caridade da Família Sonderman”. Uma família renomada e milionária. A senhora Lauren Sonderman gosta de ajudar os necessitados e mantém algumas ONGs. Acho esse gesto bonito, considerando que ela já não tem onde gastar tanto dinheiro. Enfim, passei por um rigoroso processo seletivo e consegui me destacar, o que me deu a oportunidade de servir nesse evento.

Eu e Hazel estamos muito nervosas. Este será nosso primeiro grande evento. Já fizemos outros, claro, mas nenhum com essa magnitude. Vêm pessoas de todo o país, só magnatas podres de ricos.

— Hanna, a senhora Sonderman já chegou — diz Hazel, entrando na cozinha enquanto finalizo alguns canapés.

— Ótimo, daqui a pouco liberamos esses, e logo em seguida, aqueles ali — apontei para os pratos prontos na bancada. Olhei para Hazel, que revirou os olhos, sabendo o que eu queria.

— Sério, Hanna? Tem pessoas que não são da equipe aqui! — ela diz, frustrada.

Finjo que nem ouvi. Seguro sua mão e, aos poucos, nossa equipe se junta a nós. Sempre faço uma oração antes de iniciar os eventos. Hazel não é católica como eu. Na verdade, ela está mais para ateia, mas não ligo. Cada um acredita ou não no que quiser. Sou devota de Nossa Senhora e não tenho vergonha de dizer.

Fizemos nossa oração e, ao abrir os olhos, vejo a senhora Sonderman, muito elegante, nos observando.

— Desculpe, senhora, é que… — comecei a falar, mas ela me interrompeu mexendo as mãos:

— Não se desculpe, foi lindo. Confesso que fiquei emocionada. Há muito tempo não, via algo   assim!

Fiquei sem jeito. Minha equipe já tinha voltado aos seus postos, assim como minha irmã. Esfreguei as mãos no avental e perguntei:

— A senhora gostaria de experimentar as entradas?

— Adoraria — ela respondeu, se aproximando. Comecei a explicar como seria o serviço e ofereci algumas amostras para que ela provasse. Pelo seu semblante, ela adorou.

— Acredito que formaremos uma linda parceria. Agora, preciso ir, querida. Com licença.

Assim que ela se afastou, liberamos as primeiras bandejas…

As horas passaram voando. Eu precisava da Hazel para finalizar as sobremesas, mas não a encontrava em lugar nenhum. Eu nunca saio da cozinha, deixo essa parte para Hazel, mas desta vez não tive escolha. A senhora Sonderman havia solicitado minha presença.

— Rachel, como estou? — perguntei à minha funcionária.

— Linda, Hanna! Boa sorte! Você arrasa, garota! — ela disse com um sorriso. Tentei retribuir e disse, saindo:

— Se a Hazel aparecer, peça para ela adiantar as sobremesas, por favor.

Saí apressada, verificando o avental quando, sem querer, trombei com uma parede de músculos.

— Oh, meu Deus, me descul… — Fiquei sem fala ao olhar para o rosto da “parede de músculos” em que trombei.

“É ele! Não acredito que o encontrei depois de tantos anos!”

Ele ficou parado, olhando para mim, assim como eu, sem dizer uma palavra.

Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando, mas para mim, pareceu uma eternidade.

— Desculpe, senhor, precisa de alguma coisa? Se não, preciso ir. A senhora Sonderman está me aguardando — tentei me recompor.

— Você não está me reconhecendo, Hanna? — Ele perguntou com a voz rouca.

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