4 - Borboletas

Hanna

— Foram tantos anos que achei que você não se lembrava de mim. — Digo ainda sem jeito.

— Nunca me esqueci de você. — Ele diz sério, sem hesitar.

Não sei o que dizer, começo a procurar pela senhora Sonderman, ele segura meu queixo e me obriga a encará-lo.

Aqueles olhos cor de mel continuam lindos, seus cabelos agora mais curtos o deixam com cara de homem, com esse rosto quadrado que o deixa mais lindo, ele está mais lindo que antes… Seu corpo parece ser esculpido pelos deuses do Olímpio, é surreal como aquele garoto magro se tornou nesta montanha de músculo.

Sinto as borboletas adormecidas do meu estômago se agitarem como se reconhecessem ele, reconhecessem seu toque.

— Você se esqueceu de mim, Hanna? — Ele pergunta, olhando em meus olhos, sinto um arrepio subir pela minha espinha.

— Não tem como esquecer o primeiro amor! — Digo tão baixo que sai como um sussurro.

Ele estala a língua, como se não acreditasse em mim.

— Por que fez isso? — Questiono um pouco irritada.

Ele me olha como se não acreditasse, entrega a taça de champanhe vazia a um garçom que passava ao nosso lado, pega um copo de whisky e viro de uma vez.

— Então, por que não me ligou? Por que trocou o número do telefone? Você desapareceu, Hanna, fiquei louco te procurando até saber que mudaram na calada da noite.

— É sério que está me questionando, quando foi seu pai que ameaçou a minha família, dando dinheiro aos meus pais para desaparecerem da cidade, do estado, do mundo se fosse possível. — Ele me olha com espanto. — Acha que não sofri? Que não tentei entrar em contato?

— Mas…

— Mas nada Kevin Stewarth, eu era apenas um brinquedo na sua mão, uma piada… Agora deixe-me ir, não posso deixar a anfitriã esperando.

Dou um passo em direção à saída, quando o sinto segurar em meu pulso, olho para a sua mão, mas ele não solta.

— Do que está falando? Você simplesmente sumiu no mundo, e… — interrompo-o dizendo.

— Eu voltei, Kevin, fui contra tudo e todos, eu precisava explicar que não fui embora porque queria, mas quando cheguei o vi aos beijos com Alicia… — Seco uma lágrima que insistiu em cair. — Nunca senti tanta dor. Agora, Kevin Stewarth, — digo seu sobrenome com desprezo — volta para o seu mundo de luxo, e suas modelos perfeitas, e me deixa no meu mundinho pobre e sem classe, de onde eu nunca deveria ter saído.

Kevin ficou sem reação ao ouvir as mesmas palavras que ele disse a Alicia, no dia em que voltei e o vi beijando-a. Naquele momento, os dois riram de mim, e eu me senti a pior pessoa do mundo. Naquela noite, no quarto de hóspedes da Emily, chorei como se não houvesse amanhã. Foi ali que prometi a mim mesma que nunca mais entregaria meu coração a ninguém.

Nunca imaginei que o amor doía tanto — lembro que falei para Emily, que tentava me consolar.

— O amor não dói, amiga, o que dói é a expectativa que colocamos nas pessoas. — Eu às vezes me pego refletindo essas palavras.”

Viro as costas, deixando-o sozinho, decido não ir ao encontro da senhora Sonderman, sigo para uma área nos fundos e deixo que as lágrimas fluam livremente pela minha face. Respiro fundo várias vezes para me controlar, quando sinto uma mão tocar em meu ombro, sobressalto com a surpresa do toque, quando me viro, uma senhora me encara com olhos gentis e preocupados, me encara.

— O que aconteceu? Posso te ajudar com alguma coisa?

— Oh, não! Obrigada, — respiro fundo — foi só um confronto inesperado.

— Certo, estou indo então! — Ela diz, ainda me olhando com preocupação, mas se afasta. Eu olho para a noite linda e estrelada e não tem como não pensar em tudo que passei para chegar até aqui.

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