Poseidon - Inocente amor ( Série irmãos Galanis L3 )
Poseidon - Inocente amor ( Série irmãos Galanis L3 )
Por: FannyMotta
PRÓLOGO

Sofia

­­– Sinto muito, mas infelizmente o seu currículo não foi aprovado em nossa seleção, senhorita Lykos – a moça diz me devolvendo a pasta com meu currículo.

Sinto meu coração falhar uma batida, pois essa é a minha sétima tentativa de entrevista e o sétimo não que ganho em três meses. Respiro fundo e sinto meus olhos arderem e as lágrimas imploram para sair, mas as seguro com toda a minha força. Infelizmente eu só tinha até hoje para conseguir um emprego e assim garantir, que conseguiria pagar meu aluguel quando entregasse o quartinho em que fiquei durante a faculdade.

Pego meu resto de dignidade e me caminho para fora da escola, respiro fundo mais uma vez e tento acalmar meus dedos que tremem sem parar. Trabalhei incansavelmente para consegui vim para Atenas, fui contra meu pai, consegui me virar com a bolsa de estudos nesses quatro anos, mas agora acabou, tenho que entregar as chaves e não possuo nenhum meio para poder continuar aqui.

As lágrimas insistem em querer sair, não tenho dinheiro para pegar táxi, andar por um longo caminho de saia lápis e saltos altos não é nada agradável, mas é preciso, e tenho é que dar graças por ter pernas, muitos infelizmente nem isso tem.

Tenho apenas um pouco de dinheiro guardado no banco, o qual precisarei tirar amanhã para pagar o barco que me levará de volta ao meu antigo "lar". A casa dos meus pais. Embora eu ame aquela ilha, não sonhava em voltar para casa dos meus pais, e sim em ter o meu próprio cantinho.

Nunca havia perdido as esperanças de que conseguiria me manter aqui, mas não deu certo, me formei, no entanto não consegui um emprego e agora tenho que voltar e enfrentar o senhor Lykos. Meu pai não é um homem fácil de lidar, e de uns tempos para cá comecei a perceber uns olhares estranhos dele voltado para mim, talvez seja apenas decepção, por eu ter conseguido fazer a minha faculdade. Sinto meus dedos voltarem a tremer só de imaginar as inúmeras palavras grosseiras que ele vai me dirigir assim que colocar meus pés em Santorini, minha mãe me apoia do jeito dela, mas apoia, apesar de ela dizer que não queria que eu fosse para longe, ela não me diz ofensas e tenta me apoiar o máximo que consegue, mesmo sendo um pouco fria. Eu sei que no fundo eles me amam e que querem apenas o melhor para mim, mas meu pai é sufocante. Eu não o odeio, mas nossos objetivos de vida são diferentes e isso faz nossa relação ser complicada.

Eu queria sim voltar para as minhas origens, mas queria voltar sendo independente, fiz o curso de Letras, sempre sonhei em ser professora dos pequeninos, e óbvio, não tive o apoio do meu pai. Mas consegui a bolsa e sem pensar duas vezes segui em frente com meu sonho, me formei com notas relativamente altas. Amo crianças e sempre quis voltar e dar aulas na ilha. Mas infelizmente lá não abriu nenhuma vaga, então me arrisquei a procurar aqui em Atenas.

Suspiro e tento apressar meus passos, meu tempo aqui em Atenas acabou, foi maravilhoso os dias em que pude viver nessa bela cidade, foram ótimos anos, aprendi muita coisa, fui muito feliz enquanto ainda tinha esperanças.

– Ai! – grito quase caindo de joelhos no chão.

Olho para meu salto direito e percebo que ele soltou, maravilha, meu dia já estava ruim mesmo, um problema a mais não faz diferença.

Termino de arrancar o salto e volto para a minha caminhada, sei que estou andando toda torta e que os risinhos que escuto são resultados de minha vergonha. Mas não ligo, infelizmente meu sonho está chegando ao fim. Voltarei para ilha com as mãos lisas, assim como sair de lá.

Depois de quase meia hora caminhando finalmente chego no "meu" quartinho, tiro as chaves da bolsa e destranco a porta. Sigo direto para o quarto e arrumo minhas coisas na mala. Não tenho muito, todo o dinheiro foi focado nos meus estudos e nas minhas necessidades. Levo menos de duas horas para arrumar tudo e já não tenho mais nada aqui.

Respiro fundo, pego o telefone e ligo para empresa de viagens, compro minha passagem, a passagem mais barata, irei para ilha em um barco bem simples.

Além da paixão por ensinar, amo nadar, a água parece ser meu cantinho de conforto, não sei explicar exatamente, mas me sinto mais relaxada quando estou nadando. É como se meus problemas desaparecessem por alguns instantes enquanto estou submersa.

Não tenho amigos aqui, tive apenas algumas colegas para montar as equipes, mas amizade mesmo não consegui fazer, e eu não me sentia confortável perto dos meninos, e também meus pais falaram que não era para eu me envolver com ninguém e nem deixar nenhum deles me levar para a cama. Na verdade, meu pai exigiu que não me deitasse com nenhum homem.

No entanto, eu não fiz isso porque foram as instruções dos meus pais, fiz porque quero encontrar um amor de verdade, não quero ser apenas mais uma na vida de alguém e nem quero ter apenas um momento. Quero encontrar alguém com quem eu possa dividir a vida, os momentos bons e os momentos ruins. Ter alguém para rir e abraçar nas horas de choro. Quero um parceiro, um amigo e um amante. Quero viver um amor puro e verdadeiro.

Olho para o relógio e o mesmo marca oito e meia da noite, ainda está bem cedo, mas mesmo assim me recolho no quarto para dormir.

Acordo com o despertador tocando exatamente às seis e meia da manhã, o desligo e levanto da cama, estou triste, mas preciso me manter o mais "alegre" possível, não posso me deixar abater, preciso manter viva esperança, quem sabe um dia eu ainda consiga realizar meu sonho e lecionar para os pequeninos.

Preparo um misto quente e um pouco de suco sabor manga, sento na pequena mesa de dois lugares que tem no cantinho do quarto e como devagar. Olho tudo em volta

– Irei sentir saudades – comento com a voz embargada.

Termino meu desjejum, limpo os pratos e vou para o banheiro, faço minha higiene matinal, depois tomo um longo banho e lavo meus cabelos. Me visto com um vestido simples, de alças finas na cor amarela, calço minhas rasteirinhas e estou pronta. Volto para o quarto e dando uma última olhada pego minhas malas, deixo as chaves em cima da mesinha e saio de dentro do quartinho.

Lágrimas mais uma vez querem me fazer companhia, mas não permito, preciso ser forte.

Dessa vez eu pego um táxi, a corrida não demora muito, em menos de meia hora já estou no porto. Pago o taxista e sigo para o barco mais simples. Pego meu celular e mostro minha passagem, ele assente e então embarco. Em poucos minutos o pequeno barco lota e então damos partida para a ilha.

Sentir a brisa do mar é relaxante, estava com saudade desse cheiro, olho para o horizonte e me pego mais uma vez sonhando acordada. É tão difícil manter a esperança, é tão difícil quando ninguém além de você acredita em seu potencial. Mas enfim, agora não é hora para lamentações.

A viajem leva apenas algumas horas, já consigo ver meus pais me esperando. Desembarco e vou direto para onde eles estão me esperando. Minha mãe sorri ao me ver e me dá um abraço apertado, já o meu pai. Suas primeiras palavras são:

– Se tivesse me dado ouvidos, não estaria assim! Já estaria trabalhando e provavelmente já estaria casada, já tem vinte e três anos!

Não digo nada, não quero discutir no meio do porto da ilha.

– Por que tinha que ser tão teimosa? Eu te avisei que não conseguiria nada lá, mas não quis ouvir as palavras de seu pai e agora está assim! Não deveria te aceitar.

– Já chega! – minha mãe interfere cortando sua fala.

Suas palavras entram em meu coração como adagas afiadas. Mas isso não importa, ainda tenho esperanças, pois ela é a última que morre.

– Venha filha, vamos para casa meu amor.

Minha mãe me segura pelo braço e então seguimos pelo caminho de pedras.

­– Só espero que não tenha dormido com ninguém Sofia – meu pai fala assim que chegamos em casa, não respondo e sigo para o meu quarto.

– Amanhã você vai comigo até a mansão Sofia, consegui uma vaga para você lá –minha mãe avisa antes que eu suma no corredor, aceno com a cabeça e sigo meu caminho.

– Será provisório – falo baixinho. 

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