POSEIDON
– Vai para a ilha hoje ainda Poseidon? – Hades questiona.
– Sim, sinto falta dos momentos tranquilos na ilha – falo me recostando no confortável sofá de couro preto do meu escritório.
Nos últimos quatro anos eu viajei por vários países expandindo os negócios da família, já que meus dois irmãos Hades e Zeus, os gêmeos do mal, se casaram e essas viagens são sempre longas e não teria como nenhum deles representar a empresa.
Zeus é casado com Manuela e tem dois filhos, os gêmeos Heitor e Helena estão com sete anos de idade, a menina é um doce de criança é uma das minhas princesinhas. Já o menino é um pequeno monstrinho que ama esportes radicais e adora dar susto na irmã e nos primos.
Hades é casado com Stephanie e tem quatro filhos, Theodoro de sete anos e os trigêmeos Ágata, Antony e Alice com quatro anos. Essas duas princesas completam o meu castelo e consomem todo o espaço do meu coração junto com os três pestinhas que juntos são um trio e tanto de bagunça.
Meus irmãos e eu já passamos por maus bocados quando crianças, antes de sermos adotados pelos anjos Ártemis e Apolo, que salvaram três garotinhos da sarjeta, sou grato a eles por isso e pelo amor que nos é dedicado desde então.
Fico feliz por ver a felicidade dos meus irmãos, Zeus sempre quis ser pai e depois da desilusão que sofreu ele merecia encontrar uma mulher que o fizesse feliz e realizasse o seu sonho. Hades nunca quis ser pai até encontrar com a Ste, e ela lhe dá quatro filhos, porém ele passou por momentos ruins, mas hoje é um pai super babão e presente. Às vezes me b**e uma vontade de ter alguém também, não apenas essas com quem tenho um encontro casual, mas uma que aqueça o meu coração e faça minha vida pulsar, eu sei que ela está por aí, só não sei onde, depois de presenciar meus irmãos construírem as suas famílias sentir vontade de ter uma também, na minha idade eles já estavam casados.
– Seus sobrinhos vão sentir sua falta – comenta meu irmão sem tirar os olhos dos documentos que lê.
– Eu também – confesso – Mas mereço uma folga, vocês me exploram – ele me encara ofendido – Depois que casaram não querem mais saber de trabalhar.
– O que me conforta é que você ainda vai casar e eu vou estar aqui para jogar essas coisas na sua cara também – ele dá de ombros e acabo rindo.
No final do expediente me despeço dos meus irmãos, já me despedi das minhas cunhadas e dos meus sobrinhos ontem então agora é só paz e sossego nas minhas férias. Nem acredito que depois de mais de quatro anos estou voltando para casa ficar umas semanas sem trabalho, vou organizar tudo com meus irmãos e me mudar de vez para a ilha, posso construir um escritório e trabalhar de lá, amo todo aquele azul do mar egeu que cerca Santorini e amo a paz que aquele lugar me traz.
Está amanhecendo quando o avião chega em Atenas, o helicóptero já me espera abastecido e pronto, então apenas tomo o meu assento e em menos de quinze minutos o azul da Grécia enche meus olhos, são vinte minutos até a minha casa. Amo pilotar, aprendi quando ainda era um adolescente e desde então sempre que venho em casa eu piloto e me sinto livre, é uma sensação maravilhosa estar no ar cercado por toda essa beleza, talvez o meu nome tenha alguma influência nessa minha fixação pela água, quem sabe eu realmente não fui o Deus das águas e dos mares em outra vida?
A mansão Galanis fica no topo da ilha e já posso vê-la, desço do helicóptero e meus pais já me esperam, como eu já esperava que estivessem. Ganho beijos e abraços, minha mãe até chora um pouquinho, ela sente muita falta dos filhos.
– Fez boa viagem, filho? – meu pai pergunta enquanto caminhamos para a varanda da casa em direção a uma enorme mesa arrumada para o café da manhã.
– Sim – respondo abraçado a minha mãe – E aqui? Alguma novidade?
– Tudo normal, como sempre – responde mamãe – Pedi a Sofia que preparasse o seu prato preferido para o café filho.
– Sofia? – pergunto sem lembrar de nenhuma funcionária com esse nome, e sinto um frio na barriga estranho ao pronunciá-lo em voz alta.
– A filha da Adália – justifica minha mãe triste – Ela morreu há alguns meses, e a Sofia já trabalhava aqui como arrumadeira, mas aceitou o lugar da mãe como cozinheira, ela tem mãos de fada.
– Uma jovem muito esforçada pelo visto – comento sem mais argumentos. Me lembro de minha mãe falar sobre essa moça, ao que parece ela terminou a faculdade e sonhava em lecionar na escolinha aqui da ilha, mas ainda não teve vaga, é sempre reclusa e não tem amigos.
Tomamos café em um clima agradável, a brisa do mar b**e balançando a toalha da mesa, conversamos sobre amenidades e principalmente das peculiaridades das crianças, tem um ano que eles não vêm a ilha, mas Ártemis e Apolo não ficariam tanto tempo sem ver os netos, então estavam sempre indo a Nova York.
Depois de terminar, eu os deixo e subo as longas escadas de mármore branca, é realmente uma casa espetacular, gosto de tudo nela, gosto do jardim, da piscina, da praia particular, do silêncio, de poder ver a ilha por inteiro, do azul infinito à minha volta.
Entro no quarto e depois de um banho me atiro na cama, apago na mesma hora. Quando acordo já passa de duas horas da tarde. Decido descer um pouco para dar um mergulho no mar, estou precisando. Visto uma sunga branca e uma bermuda azul, calço meus chinelos e saio do quarto.
Ao terminar de descer os degraus da escada tomo um choque, não estava preparado para o momento em que meus olhos recaem sobre um anjo que está em pé na minha sala encarando o mar pela enorme janela. Tem a pele clara, delicada, os cabelos em um vermelho natural lindo e de onde estou parece ser sedoso e me imagino correndo as mãos por entre aqueles fios, eles estão presos em um rapo de cavalo. Usa um uniforme igual dos outros funcionários, um vestido preto até os joelhos e um avental branco, aquele traje abraça perfeitamente todas as suas curvas.
Ela sente a minha presença, ergue o olhar e então me deparo com os mais belos olhos verdes que já vi em toda a minha vida. Sua beleza é perigosa, Afrodite, olhar para ela é como estar diante da deusa da beleza e do amor. Me hipnotiza, perco o raciocínio por alguns segundos. Sinto sua leve surpresa ao me olhar, e em seguida suas bochechas ficam vermelhas evidenciando as sardas, então me lembro que estou sem camisa e ela encara meu peito nu com curiosidade e vergonha.
– O senhor deve ser o Poseidon – saio do meu transe quando ouço sua voz suave – Prazer, sou Sofia e nova cozinheira, seja bem-vindo de volta a sua casa, a Ártemis estava ansiosa pela sua chegada.
– Obrigada Sofia – respondo ainda sem tirar meus olhos dela – Está calor não acha? Que tal um mergulho comigo? – convido sem me conter.
– Senhor – vejo decepção em seus olhos, mas não compreendo o porquê – A resposta é não, minha mãe estava certa, o senhor é um sem vergonha – diz me deixando surpreso – Por favor não me demita, mas eu não sou como as mulheres por onde o senhor andou, não estava me atirando pra cima do senhor só quis ser simpática, não confunda – diz rápido para o meu espanto.
– Desculpe Sofia – levanto as mãos em rendição – Só quis ser simpático – repito suas palavras – Só quis ser seu amigo – Mentira! grita minha consciência.
– Nesse caso quem pede desculpas sou eu – tão inocente, penso – Agradeço o convite, mas não posso – vejo algo escondido em seu olhar – Se me dê licença.
– Toda – ela sai do meu campo de visão e só então percebo que minha respiração estava irregular, que mulher é essa?
Com certeza é a encarnação da deusa Afrodite, e as sardas evidentes quando ela ficou ruborizada?
Suspiro, ela mexeu comigo. Ah sardinhas bonitinhas eu estou te querendo e não é pouco.
SOFIA Saio da sala com passos apressados e com a respiração alterada, eu já tinha visto algumas fotos do filho mais novo da senhora Ártemis, mas vê-lo pessoalmente me deixou em choque com tamanha beleza. Alto, pele bronzeada, cabelos negros, olhos azuis, azuis como a cor do oceano, um peito largo e musculoso, fico até constrangida em ter reparado tanto. Decido espantar esses pensamentos impróprios sobre o senhor Poseidon e foco no meu trabalho, tenho que deixar a janta da família pronta antes de ir. A senhora Ártemis é realmente um anjo na terra, me cedeu de bom grado a vaga de cozinheira da minha mãe, embora não tenha seguido para essa área eu gosto de cozinhar e minha mãe me ensinou muitas coisas, dizem que nossos temperos são parecidos. No fim do meu expediente saio da mansão para ir para minha casa, no caminho passo em um pequeno restaurante que tem na ilha para os turistas aproveitarem a culinária local e compro a janta do meu pai, eu sei que não dará tempo de chegar em casa e
POSEIDON Acordo cedo e vou direto para o banheiro fazer minha higiene matinal. Visto uma bermuda moletom preta e uma camisa branca e antes de sair do meu quarto pego meu celular, coloco no bolso, é sol em Santorini, como sempre e como sentir falta desse calor. Desço as escadas e vou para mesa tomar café e meus pais já estão lá sentados conversando sobre amenidades. – Bom dia caçulinha mais lindo da mamãe – minha mãe fala assim que me ver e vou direto dá um beijo em sua testa. – Mamãe eu cresci, para de me chamar assim que é broxante – digo me sentando e coloco um pouco de suco de uva no copo. – Sempre será meu caçula – ela responde bebericando o seu café. Sem mais comentários o café segue normal, e de repente lembro da ruivinha que está na cozinha e que preparou esse delicioso desjejum, tem algo escondido em seu olhar que gostaria muito de identificar, sinto como se algo me empurrasse para ela. Quando termino de tomar café e meus pais se dispersam pela casa, decido ir até a cozi
SOFIA Meu coração se aperta, meus olhos ardem com as lágrimas que não deixo escapar, minhas mãos tremem. Fecho meus olhos e respiro bem fundo. Ando a passos curtos para casa, meu pai tem me batido todos os dias e disse que hoje será um dia importante onde eu saberei sobre a cultura de sua terra e poderei cumprir o ritual, confesso que estou com muito medo, ele está intransigente e se souber que tenho um amigo é capaz de me matar, consigo sorrir ao lembrar de Poseidon querendo se aproximar de mim de qualquer forma e ser meu amigo. Chego na porta da casa onde moro, minha cabeça lateja em antecipação respiro fundo e enxugo algumas lágrimas que teimam em descer, ultimamente tenho sentido uma tristeza muito grande, e as surras que tenho recebido a troco de nada tem uma grande contribuição para o meu desgosto com a vida. Quando entro vejo ele sentado no sofá assistindo um documentário na televisão, estremeço quando ele me dirige o olhar e vejo maldade. – Sente-se aqui Sofia – ele aponta
POSEIDON – Boa noite família – digo quando me junto aos meus pais, eles estão sentados na sala bebendo uma taça de vinho. – Oi filho, o que manda? – meu pai pergunta me encarando. – Estou achando estranho, nunca tirei tantos dias de folga – conto e ele ri. – Já quer voltar para o trabalho? – balanço a cabeça negando – Seus irmãos dão conta, você merecia um descanso, bebezinho da mamãe – faço careta. – O senhor não sente falta de trabalhar, pai? – Ei garoto, não coloca ideia na cabeça do seu pai – minha mãe me corta – Deixa eu aproveitar meu marido, e por que você acha que tivemos três filhos? – meu pai beija a cabeça dela rindo. – Eu sou responsável por toda a ilha, trabalho é o que não me falta – ele dá de ombros. – Tenho te achado muito caseiro filho, está doente? – minha mãe pergunta. – Mais como é ingrata em dona Ártemis – falo debochado – Se saio para farra reclama, se fico em casa reclama, se decide. – Não estou reclamando bebê – ela já vai apelando – Só fiz um comentár
POSEIDON – Quer tomar um banho? – pergunto observando seu semblante triste, ela balança a cabeça levemente confirmando. Saio do meu quarto rapidinho e vou para o quarto de Zeus, todos mantêm roupas aqui na casa dos meus pais para não precisarem trazer bagagem. Manu não vai se importar de emprestar umas roupas para minha Sofia. Escolho algumas peças de roupa e volto para o quarto – Aqui tem uma camisola, e dois vestidos, peguei da minha cunhada, só não tem calcinha – dou risada quando ela fica vermelha. Vou até o meu closet e pego três cuecas box branca nova e volto para o quarto, coloco no colo dela as peças – São minhas, estão novas não se preocupe – ela sorri sem jeito. – Obrigado por ter me salvado – ela fala docemente. – Não por isso Sardinhas – sorrio de lado. – Mas você sabe que não eu não vou fazer aquilo com você – fala parecendo um tomate de tão vermelha. – Transar? – falo risonho só para ver seu embaraço. – Poseidon! – ela ralha – Não fala essas coisas. – Você que com
Poseidon Galanis Passei o dia todo em Atenas, resolvendo alguns problemas no hotel de lá e principalmente agilizando a construção do meu escritório aqui na ilha. Fiquei muito tempo longe da Sofia, quando desço do helicóptero e entro em casa não ouço nada, está tudo em silêncio, nem sinal dos meus pais ou de sardinhas bonitinhas. Atravesso a sala e subo as escadas, estou louco de saudade da minha garota, embora ela esteja planejando ir para longe de mim. Sempre me envolvi com várias mulheres e nunca me apeguei, se eu achava uma mulher bonita e atraente eu passava uma noite com ela e no dia seguinte era apenas tchau, sem olhar para trás. Mas Sofia é diferente, ela é frágil, delicada e ao mesmo é forte e corajosa. Vejo um certo receio da parte dela ao meu lado, é como se ela estivesse lutando contra algum sentimento que ela acha que pode desenvolver por mim, me parece que esconde algo importante, talvez o motivo pelo qual o pai dela fez uma atrocidade daquelas, marcar uma pele tão delic
Sofia Lykos A luz forte do sol atravessa minhas pálpebras fechadas, abro os olhos devagar e me espreguiço na cama absurdamente grande. Ainda não me acostumei com essa cama gigante e confortável. Coloco o lençol de lado e me levanto, solto um gemido por conta da dor que se espalha por todo o meu corpo, pois minhas costas ainda doem um pouco por conta da surra que tomei há alguns dias. Sigo para o banheiro, me olho no espelho e respiro fundo, uma lágrima solitária desce pelo meu rosto quando lembro de tudo o que ele me falou e tentou fazer, custei a acreditar que meu próprio pai é um mostro sem escrúpulos. Graças a Poseidon eu tive uma segunda chance, ele me resgatou e tem cuidado de mim desde então. Tenho sentido umas coisas estranhas quando ele está perto, meu coração b**e acelerado e sinto borboletas no estomago, mas ainda não posso me entregar a alguém, logo agora que estou tão quebrada, quando ele descobrir tudo o que aquele mostro fez e falou não vai mais querer chegar perto de
Poseidon Galanis Acordo com o som alto do helicóptero, são meus irmãos chegando com a sua família, suspiro e me levanto indo direto para o banheiro fazer a minha higiene matinal. Entro no box do chuveiro e assim que a água cai em minha cabeça o momento em que quase a beijei vem em minha mente, a maciez dos lábios, o gemido fraco que escapou de sua garganta. Respiro fundo, eu cheguei tão perto, tudo o que eu queria saber é o que a deixa tão na defensiva, pude perceber o medo que em seus olhos, só queria poder beijá-la e abraçá-la sem que ela recuasse. Tenho noção que as coisas que ela deve ter passado com o Júlio não devem ter sido fáceis, mas o medo que vi em seus olhos me doeu, não quero nem imaginar que aquele desgraçado tenha feito com a ela a atrocidade que está passando na minha cabeça, eu o mato. Lembro que ela quer sair dessa casa, ir para longe, mas graças aos Deuses, a vaga que ela tanto quer aqui na ilha saiu e ela vai continuar perto de mim. Pelo menos a ilha é pequena o