Ela estava lá; contra sua vontade, na verdade contra tudo que mais acreditava. Mas fazer o quê? Não poderia dizer não; não poderia negar como sempre fazia quando não queria algo porque naquele momento ela precisava, aquele emprego seria bom para a sua carteira, para a sua publicidade e quando uma das maiores empresas do país lhe contrata como assessora você não pode dizer não, na verdade ela até tinha dito, tinha esperneado, gritado e praguejado para todos os lados que nunca na sua vida trabalharia para um egoísta, esnobe, infantil e convencido como Pietro Fischer. Mas e agora?Ela estava ali como a última de uma fila de novos funcionários que serviriam apenas para correrem de um lado para o outro sob as ordens dela, todos imposturados como se fossem máquinas estúpidas paradas no corredor. Até que o ambiente era favorável; nem parecia ser de um bil
Já era noite quando Andy abriu a porta de seu grande, mas modesto apartamento. Entrou e fechou-a atrás de si; tirou o scarpin que machucava seus pés com os calcanhares deixando-os ali mesmo na entrada. Jogou a bolsa no sofá e foi direto para o banheiro, desabotoou seu vestido, tirou o resto das vestimentas, soltou os seus longos cabelos e se olhou no espelho. “Preciso retocar a chapinha, tá horrível” pensou passando os dedos pela raiz encaracolada, tomou coragem e entrou no Box ligando o chuveiro elétrico. Andy se colocou debaixo e deixou que a água lavasse seu corpo e limpasse sua alma cansada. Quem ele pensava que era? O dia não havia sido nada bom, informações e mais informações com um egocêntrico que não havia sequer respeitado suas regras, ele não havia a demitido! Mas não iria ficar assim, ela era uma jogadora, adorava desafios e iria fazê-lo entender que é a melhor assessora do País porque tem controle do que faz! Ela passou as mãos sobre o rosto e massageou seus cabelos notan
Andy estava jogada em seu sofá quase no finalzinho de seu vinho tinto quando seu telefone tocou. — Andy Miller. — Ela falou ainda com os olhos vidrados em seu notebook, uma página aberta falava sobre uma nova série que seria lançada da N*****x chamada The Pandemic. — Está ocupada? Não né? Se ajeita aí que vamos numa festa. — Uma voz feminina falou agitada. — Ah não Celly, hoje não! — Andy falou revirando os olhos em sinal de protesto. — Hoje, sim! Olhe, você passou tanto tempo longe de mime ainda se recusa a me fazer companhia? Não estou perguntando, se ajeite e meu motorista vai passar aí em vinte minutos. — A garota falou num tom de puxão de orelha e desligou o telefone antes que a amiga retrucasse. Andy se sentou e suspirou frustrada por seu momento tão relaxante ter que acabar assim, ela queria dizer não e ficar ali até pegar no sono. Mas Celine era sua melhor amiga de tantos anos que ela já tinha perdido a conta, moravam em países diferentes e não se viam com tanta frequê
Chegaram a uma parte da pista de dança, estava tocando Alessia Cara - Here. Ele puxou-a levemente pela cintura para mais perto. — Você sabe dançar? — Ele falou em seu ouvido. — Você sabe? — Ela falou retribuindo a provocação. Andy passou uma das mãos pelo pescoço de Pietro enquanto mexia seu quadril sensualmente ao toque da música, ele sorriu se sentindo tentado então apertou as mãos em sua cintura e começou a mexer seu corpo em sincronia com o dela. A música trazia uma vibração desconhecida! Andy não sabia se os copos de Uísque estavam começando a fazer efeito ou se o cheiro de Pietro estava a embriagando, era inacreditável como aquele homem era ainda mais sexy dançando. Eles se encararam; Andy desceu a mão passando pelas costas de Pietro e sorriu ao vê-lo se arrepiar com o toque, estava extasiada. Ela dançava como se estivesse em um palco, parecia brilhar e seu sorriso então... “Nossa, que sorriso” Ele pensou, hipnotizado pela mulher dançando à sua frente. Ele aproximou mais
Andy acordou ofegante; ela suava frio. Fechou os olhos e respirou fundo, “Foi apenas um pesadelo!” Ela disse para si mesma, pegou o celular na banquinha e olhou o horário, ainda eram 05h30min da manhã. Ela se levantou e foi direto para debaixo do chuveiro, tomou um banho super demorado e deixou que a água quente lavasse todo vestígio de dor e nojo que aquele pesadelo havia despertado, então saiu do banheiro decidida a ir para o trabalho mais cedo. Ela sabia que quando chegasse ao trabalho teria que dar de cara com o homem que ela deixou plantado numa pista de dança sem entender nada, mas precisava trabalhar. Ocupar a mente e se obrigar a esquecer do pesadelo que tivera, enfiada em assuntos profissionais ela esqueceria a dor. Naquela noite ela tinha chegado em casa tão confusa que não havia tomado seu remédio para dormir! Mas; não continuaria pensando naquilo, ela se obrigou a esvaziar a mente. Vestiu seu terninho sofisticado, seu salto preto, prendeu os cabelos e se olhou no espelh
Andy se recompôs e voltou ao trabalho, analisando planilhas, gastos, relatórios da empresa. Uma assessora tinha que saber como a empresa estava funcionando, tinha que visualizar os erros, as margens, e descobrir qual projeto seria melhor. Tinha que colocar seu cliente no lugar certo, no evento certo e no momento certo! O resto da manhã se passou tranquilamente, conversavam sobre os projetos em pauta e como fazer os concorrentes estarem abaixo deles. Uma hora ou outra eles se pegavam encarando um ao outro, perdidos entre um encontro de olhares pensativo. O remédio de fato tinha feito efeito em menos de 15 minutos e fora o sono, ela estava bem, só precisava trabalhar e esquecer o resto das coisas que a mantinha desequilibrada. Eram quase uma da tarde quando Pietro se levantou da sua poltrona e pegou as chaves de seu carro. — Você não vai almoçar? — Ele perguntou se dirigindo a porta de saída. — Estou sem fome. — Andy falou sem tirar os olhos d
Ela pegou as sacolas de cima da mesa e foi para o sofá em menos de três minutos, preferiu pensar que ele só havia comprado apenas para satisfazer o ego de cavalheiro e nada mais. Ela abriu os embrulhos e sorriu ao ver a refeição saborosa, ele pensou nela. Preocupou-se com ela. Andy comeu seu almoço e sua sobremesa se deliciando a cada garfada ao imaginar Pietro Fischer um homem fora de controle que não aceita ordens escolhendo o almoço para ela. Quando terminou Andy estava completamente satisfeita. Pietro a observava de momento em momento com um sorriso de canto por vê-la comendo e adorando. Ela se sentou novamente em sua cadeira e o encarou. — Obrigada. — Ela falou o olhando de soslaio. — Pelo quê? — Ele encarou aquele par de olhos perfeitos por um momento e voltou a olhar para o notebook. — Por se preocupar comigo. — Ela disse abrindo um sorriso de canto. — Não me preocupei com você; preocupei-me com a imagem de minha empresa. — Ele sorriu discretamente; sabia que aquilo er
— Pietro! — Andy chamou, tentando esconder o fato de que tinha um enorme pavor de escuro. — Eu estou aqui. — Ele respondeu; ligando a lanterna do celular e indo em direção a ela. — Quer dizer que você tem medo de escuro? — Não é Medo de escuro! — Andy rezou para que ele não tivesse notado a careta que ela havia feito. — Não tem problema ter medo de escuro, Senhorita Miller. — Pietro se jogou no sofá ao lado dela. — Eu não... — Ela iria argumentar, mas, se calou. Sabia que não adiantaria! — Então… por que ficou até agora? — Ele puxou assunto tentando acabar com o tédio causado pela impossibilidade de trabalhar no escuro. — Porque temos muito trabalho a fazer. — Ela falou tentando se manter calma e focar no pingo de luz da lanterna que restava naquela sala. — E você? — O mesmo motivo. Muito trabalho a ser feito. — Ele colocou a lanterna no colo, analisando o olhar fixo e perdido de Andy em direção ao ponto de luz. Por um minuto os olhos se encontraram. Tinha