Andy estava jogada em seu sofá quase no finalzinho de seu vinho tinto quando seu telefone tocou.
— Andy Miller. — Ela falou ainda com os olhos vidrados em seu notebook, uma página aberta falava sobre uma nova série que seria lançada da N*****x chamada The Pandemic.
— Está ocupada? Não né? Se ajeita aí que vamos numa festa. — Uma voz feminina falou agitada.
— Ah não Celly, hoje não! — Andy falou revirando os olhos em sinal de protesto.
— Hoje, sim! Olhe, você passou tanto tempo longe de mime ainda se recusa a me fazer companhia? Não estou perguntando, se ajeite e meu motorista vai passar aí em vinte minutos. — A garota falou num tom de puxão de orelha e desligou o telefone antes que a amiga retrucasse.
Andy se sentou e suspirou frustrada por seu momento tão relaxante ter que acabar assim, ela queria dizer não e ficar ali até pegar no sono. Mas Celine era sua melhor amiga de tantos anos que ela já tinha perdido a conta, moravam em países diferentes e não se viam com tanta frequência até Celly - como Andy a chamava - vir de férias para um apartamento a dois quarteirões do seu, geralmente ela vinha todo mês e ficava em torno de cinco dias.
Ela se levantou e foi até seu Closet, olhou para todas as suas roupas e suspirou. Nem ao menos sabia para onde iriam então colocou uma meia calça, uma saia preta e curta rodada, um cropped de couro preto e para finalizar colocou seu sobretudo preto por cima. Calçou um sapato preto e simples. Foi até o espelho passou um delineador fazendo o desenho do gatinho nos olhos, um rímel e um batom de cor vermelha. Passou as mãos no cabelo deixando-os soltos e partidos do lado esquerdo e finalmente estava pronta quando o carro de sua amiga buzinou em frente à sua porta. Ela desceu e entrou no carro.
— Boa noite, Marlon. — Ela falou ao entrar no carro, notando que sua amiga já estava a esperando sorridente.
— Boa noite, Senhorita Miller. — Marlon acenou positivamente com a Cabeça e olhou pelo retrovisor.
— Ah, sério? Não seja tão formal. — Andy abriu um largo sorriso.
— Você nos abandonou e agora está exigindo a informalidade do meu motorista? — Celly falou abraçando a amiga dentro do carro. — Como você está Andy?
— Furiosa; você me liga no meio da noite fazendo exigências e nem ao menos fala aonde vamos? Quanto tempo, Celly! — Ela lança um olhar furiosamente amoroso para a amiga.
— Pare de choramingar, ainda são nove e meia. Você tem que parar de ser antissocial. — A amiga falou dando de ombros. — Continua linda!
— Obrigada, amiga; tinha que me bajular mesmo por estar me fazendo sair uma hora dessas. — Andy falou mostrando um biquinho de criança birrenta.
As duas continuaram colocando a conversa em dia, enquanto o motorista seguia um roteiro direto pela Orla da praia. Elas nem sequer perceberam quanto tempo ficaram dentro do carro.
— Chegaram. — Marlon falou.
— Obrigada Marlon, foi um prazer te ver novamente. — Andy falou saindo do carro acompanhada da amiga.
— Avisarei quando for à hora de vim me buscar, Marlon. Vá para casa, coma alguma coisa e descanse! — Celly sorriu para seu motorista e amigo. — Então vamos entrar! — A garota abriu um sorriso animado ao notar o casarão de praia com luzes de várias cores piscando do lado de dentro.
— Vamos, né? — Andy revirou os olhos e seguiu para dentro da casa.
As duas entraram na casa, havia certamente mais do que trinta pessoas. Celly abriu um largo sorriso e avançou em direção ao bar do outro lado da sala. Andy revirou os olhos e a seguiu, não gostava de lugares lotados com pessoas completamente suadas e tanto barulho que mal dava para escutarem uma a outra. Lembrou-se de seu confortável sofá, do céu estrelado que deixara para trás e se arrependeu terrivelmente.
— Vamos dançar? — Celly falou no ouvido de Andy.
— Ah não; agora não, vou beber primeiro. — Andy gritou notando que a zoada não deixaria a amiga ouvir o que ela tinha dito.
— Então tá! Me encontre na pista de dança depois. — Celly falou indo para a pista de dança tão animada quanto uma criança.
— Ok. — Andy falou mais para si do que para a amiga que já estava completamente fora de seu alcance.
Andy sentou no banco e esperou que o garçom lhe trouxesse o Uísque que havia acabado de pedir, aquela seria uma longa noite. Bebendo tentava disfarçar sua cara de entediada, definitivamente aquela noite não era dela, nenhuma noite de festa era dela. Ela preferia estar escrevendo; olhando as fofocas, estava focada naquela nova série que estrearia: The Pandemic. Ela queria muito estar vendo a notícia de quais artistas participariam e a sinopse para poder escrever uma resenha criativa sobre suas expectativas de assistir assim que a série começasse.Mas ao invés disso estava ali vendo um aglomerado de pessoas balançando seus corpos suados ao som de ellise 911!
Ela suspirou fundo e tomou mais um enorme gole de sua bebida, voltou a se perder em seus pensamentos quando sentiu alguém se aproximar.
— Merda. — Ela sussurrou para si mesmo enquanto desviava o olhar do meticuloso e sexy homem sentado ao seu lado. Endireitou a postura e se virou para o bar pedindo ao garçom mais uma bebida.
— Ora, Ora! Você por aqui? — Pietro se virou para Andy abrindo um enorme sorriso.
— Já você não me surpreende tanto. — Andy abriu um sorriso irônico pegando a bebida que o garçom havia acabado de colocar no balcão.
— Ah! Deveria!Pelo visto você não está se divertindo. —Ele gritou tentando falar mais alto do que a música.
— Não curto muito lugares em que vou dar de cara com o meu chefe. — Ela falou virando a bebida de uma vez só na garganta e tentando lutar contra a tontura que a atingiu. “Preferia meu vinho.” Ela pensou.
— Porra; não sou seu chefe aqui. — Ele a encarou.
— Não mudou meu ânimo. Mas e você? Por que está aqui sentado ao invés de estar se divertindo? — Ela o olhou de soslaio.
— Não sou um homem festeiro. — Ele sorriu e encarou a multidão dançando a poucos metros de distância dele.
— Agora me deixou surpresa. — Ela o encarou discretamente,
— Nem tudo que parece é, meu bem. — Ele sorriu divertidamente.
— Hum. — Foi tudo que ela conseguiu falar ao ser atingida com aquele doce e gostoso sorriso. “Caramba.” Ele exalava poder.
— Mas já que estamos aqui por motivos desconhecidos, então por que não nos divertimos um pouco? — Ele falou se colocando à frente dela com uma expressão maliciosa.
— Não entendi. — Ela o encarou confusa.
— Vem, vamos dançar. — E antes que ela pudesse fazer alguma coisa ele pegou sua mão e a arrastou pela pista de dança. Ela queria ter recusado ou algo do tipo, mas aquele toque percorreu todo seu corpo como uma onda de eletricidade que a fez vibrar.
Chegaram a uma parte da pista de dança, estava tocando Alessia Cara - Here. Ele puxou-a levemente pela cintura para mais perto. — Você sabe dançar? — Ele falou em seu ouvido. — Você sabe? — Ela falou retribuindo a provocação. Andy passou uma das mãos pelo pescoço de Pietro enquanto mexia seu quadril sensualmente ao toque da música, ele sorriu se sentindo tentado então apertou as mãos em sua cintura e começou a mexer seu corpo em sincronia com o dela. A música trazia uma vibração desconhecida! Andy não sabia se os copos de Uísque estavam começando a fazer efeito ou se o cheiro de Pietro estava a embriagando, era inacreditável como aquele homem era ainda mais sexy dançando. Eles se encararam; Andy desceu a mão passando pelas costas de Pietro e sorriu ao vê-lo se arrepiar com o toque, estava extasiada. Ela dançava como se estivesse em um palco, parecia brilhar e seu sorriso então... “Nossa, que sorriso” Ele pensou, hipnotizado pela mulher dançando à sua frente. Ele aproximou mais
Andy acordou ofegante; ela suava frio. Fechou os olhos e respirou fundo, “Foi apenas um pesadelo!” Ela disse para si mesma, pegou o celular na banquinha e olhou o horário, ainda eram 05h30min da manhã. Ela se levantou e foi direto para debaixo do chuveiro, tomou um banho super demorado e deixou que a água quente lavasse todo vestígio de dor e nojo que aquele pesadelo havia despertado, então saiu do banheiro decidida a ir para o trabalho mais cedo. Ela sabia que quando chegasse ao trabalho teria que dar de cara com o homem que ela deixou plantado numa pista de dança sem entender nada, mas precisava trabalhar. Ocupar a mente e se obrigar a esquecer do pesadelo que tivera, enfiada em assuntos profissionais ela esqueceria a dor. Naquela noite ela tinha chegado em casa tão confusa que não havia tomado seu remédio para dormir! Mas; não continuaria pensando naquilo, ela se obrigou a esvaziar a mente. Vestiu seu terninho sofisticado, seu salto preto, prendeu os cabelos e se olhou no espelh
Andy se recompôs e voltou ao trabalho, analisando planilhas, gastos, relatórios da empresa. Uma assessora tinha que saber como a empresa estava funcionando, tinha que visualizar os erros, as margens, e descobrir qual projeto seria melhor. Tinha que colocar seu cliente no lugar certo, no evento certo e no momento certo! O resto da manhã se passou tranquilamente, conversavam sobre os projetos em pauta e como fazer os concorrentes estarem abaixo deles. Uma hora ou outra eles se pegavam encarando um ao outro, perdidos entre um encontro de olhares pensativo. O remédio de fato tinha feito efeito em menos de 15 minutos e fora o sono, ela estava bem, só precisava trabalhar e esquecer o resto das coisas que a mantinha desequilibrada. Eram quase uma da tarde quando Pietro se levantou da sua poltrona e pegou as chaves de seu carro. — Você não vai almoçar? — Ele perguntou se dirigindo a porta de saída. — Estou sem fome. — Andy falou sem tirar os olhos d
Ela pegou as sacolas de cima da mesa e foi para o sofá em menos de três minutos, preferiu pensar que ele só havia comprado apenas para satisfazer o ego de cavalheiro e nada mais. Ela abriu os embrulhos e sorriu ao ver a refeição saborosa, ele pensou nela. Preocupou-se com ela. Andy comeu seu almoço e sua sobremesa se deliciando a cada garfada ao imaginar Pietro Fischer um homem fora de controle que não aceita ordens escolhendo o almoço para ela. Quando terminou Andy estava completamente satisfeita. Pietro a observava de momento em momento com um sorriso de canto por vê-la comendo e adorando. Ela se sentou novamente em sua cadeira e o encarou. — Obrigada. — Ela falou o olhando de soslaio. — Pelo quê? — Ele encarou aquele par de olhos perfeitos por um momento e voltou a olhar para o notebook. — Por se preocupar comigo. — Ela disse abrindo um sorriso de canto. — Não me preocupei com você; preocupei-me com a imagem de minha empresa. — Ele sorriu discretamente; sabia que aquilo er
— Pietro! — Andy chamou, tentando esconder o fato de que tinha um enorme pavor de escuro. — Eu estou aqui. — Ele respondeu; ligando a lanterna do celular e indo em direção a ela. — Quer dizer que você tem medo de escuro? — Não é Medo de escuro! — Andy rezou para que ele não tivesse notado a careta que ela havia feito. — Não tem problema ter medo de escuro, Senhorita Miller. — Pietro se jogou no sofá ao lado dela. — Eu não... — Ela iria argumentar, mas, se calou. Sabia que não adiantaria! — Então… por que ficou até agora? — Ele puxou assunto tentando acabar com o tédio causado pela impossibilidade de trabalhar no escuro. — Porque temos muito trabalho a fazer. — Ela falou tentando se manter calma e focar no pingo de luz da lanterna que restava naquela sala. — E você? — O mesmo motivo. Muito trabalho a ser feito. — Ele colocou a lanterna no colo, analisando o olhar fixo e perdido de Andy em direção ao ponto de luz. Por um minuto os olhos se encontraram. Tinha
Pietro abriu e forrou o sofá cama, ligou a tevê, que agora falava sobre como a cidade estava completamente alagada e a tempestade não tinha hora para acabar. — Esse lençol aqui é para nos enrolarmos. — Ele falou se sentando de um lado do sofá cama. — Não tem outro? — Andy revirou os olhos. — Tá achando ruim, Senhorita Miller? Não acha que tudo isso é melhor do que dormimos nas cadeiras? — Ele parou e a encarou. “Que mulher marrenta.” Pensou. Ela abriu a boca para falar algo, mas fechou logo em seguida, fazendo uma careta como uma criança mimada. Se tinha que escolher entre a chuva terrível lá fora e o sofá cama ali dentro, foi até um pouco fácil adormecer... *** “— Olá meu bem, qual o seu nome? — Uma mulher de aparentemente 30 anos, vestida num uniforme de empregada se abaixou para ficar da altura da menina. — Cattleya. E o seu? — A menina perguntou com um sorriso triste no rosto. —Você tem olhos lindos, minha doce Cattleya. Parecem seus dois pares de amuleto da sorte. —
Andy soltou um suspiro quando as mãos de Pietro passaram pela sua cintura por baixo de sua blusa, eles estavam imersos em uma nuvem de tensão e prazer quando o celular dele tocou. — Tá de sacanagem! — Ele deixou escapar, enquanto deixava a cabeça cair de frustração sobre o ombro dela. — Melhor você atender. — Andy falou tentando disfarçar a fúria que aquela ligação havia lhe causado. Logo agora! — Eu não vou atender. — Ele falou ainda acariciando a sua cintura e fazendo-a se arrepiar em resposta. — Sério? — Andy falou mostrando com uma careta o quanto aquele toque insistente a estava irritando. — Que porra. — Ele falou procurando o celular após Andy sair de seu colo. — Alô… — Atendeu num tom exposto de irritação. Andy se deixou cair de costas na cama, fechou os olhos e respirou fundo tentando apagar o fogo que havia se alastrado sobre seu corpo. — O que aconteceu? — Pietro se levantou da cama bruscamente. Andy abriu os olhos e encarou sua feição preocupada. —
Andy chegou a sua casa eram por volta das oito da manhã, a cidade estava voltando ao normal, as poças já estavam secando e a chuva tinha cessado deixando um dia nublado e abafado. Ela tirou sua roupa e foi direto para o banheiro tomar um banho, com a água caindo sobre seu corpo era impossível não reviver a lembrança das mãos daquele homem ao redor do seu corpo e o gosto de sua boca sobre seu pescoço. Tudo que ela desejava saber era o que tinha o feito ficar completamente irreconhecível de tão preocupado, “Puta merda” ela desejou imensamente que ele não fosse um homem casado. Ela jamais se perdoaria por trair outra mulher, mas se ele fosse, a mídia já teria falado, aquele homem não poderia ter uma família porque ele não tinha tempo para isso! Ela lavou os cabelos; estava completamente inspirada para se cuidar... Mesmo não tendo tido uma ótima noite de sono, até porque nem dormiu, ela estava revigorada! Estava se sentindo poderosa, sabia que isso se da