A discussão começou de maneira banal, como sempre. Minha mãe, Pattie, insistia em me ligar várias vezes ao dia, como se eu ainda tivesse 16 anos e precisasse de supervisão constante.

— Justin, você precisa parar com essas festas. Concentre-se no trabalho. Você tem responsabilidades! — a voz dela era firme, mas carregava aquele tom de preocupação que me deixava irritado.

— Mãe, já chega! Eu sou um homem adulto, tenho 30 anos. Você não pode continuar tentando controlar minha vida! — retruquei, minha paciência no limite.

— Estou tentando te proteger de você mesmo, Justin. Você não vê o que está fazendo? — ela rebateu, os olhos cheios de frustração.

— Não quero ouvir isso agora. Preciso de um tempo longe de você e suas regras! — gritei, saindo antes que dissesse algo de que me arrependesse.

Com raiva pulsando nas veias, mandei uma mensagem para Ryan, meu amigo de longa data. Ele rapidamente sugeriu uma noite na boate que reservei na semana passada, e, sem pensar duas vezes, concordei.

A Pulse Nightclub era o local perfeito para esquecer meus problemas. Situada em Los Angeles, tinha um ar luxuoso, com luzes de neon vibrantes, paredes revestidas de painéis espelhados e uma pista de dança que pulsava ao ritmo da música eletrônica. Um DJ renomado estava comandando a noite, e a cabine VIP, com sofás de couro preto e uma vista privilegiada, já estava pronta para mim e meu grupo.

Assim que entrei, a energia do lugar me atingiu como um soco no peito. A música alta fazia o chão vibrar, e as pessoas dançavam como se não houvesse amanhã. Uma garrafa de champanhe foi aberta para brindar a noite, e as bebidas começaram a circular sem parar.

Entre goles e risadas, avistei Hailey, minha suposta namorada, ao lado de Ryan. Ela estava deslumbrante, mas nossos olhares mal se cruzaram. Eu estava focado em me divertir, esquecendo tudo e todos.

Conforme as horas passavam, a festa ficava mais caótica. Garrafas vazias se acumulavam, mulheres dançavam ao nosso redor, e a névoa de cigarros e outros excessos envolvia o ambiente. As luzes piscavam freneticamente, e tudo parecia um borrão.

— Você ainda está em forma, Biebs! — Ryan gritou, segurando um copo de tequila.

— Sempre, meu irmão! — respondi, rindo.

Naquele momento, o mundo parecia perfeito. Sem responsabilidades, sem julgamentos, apenas o agora.

Acordei no dia seguinte com a cabeça latejando e uma luz fraca entrando pelas cortinas. Esfreguei os olhos e olhei ao redor. O quarto era de hotel, desconhecido, e estava uma bagunça completa. Garrafas vazias, roupas espalhadas pelo chão e... duas mulheres ao meu lado.

— Droga... — murmurei, tentando lembrar como aquilo tinha acontecido.

Toquei o ombro da mulher à esquerda, uma loira que parecia mais perdida do que eu.

— Ei, vocês precisam ir — disse, tentando soar educado, mas firme.

Elas murmuraram algo incompreensível e começaram a se vestir enquanto eu pegava meu telefone. Mais de 20 chamadas perdidas.

— Justin! — a voz irritada do meu agente, Scott, veio assim que atendi.

— Cara, o que foi agora? — perguntei, tentando não soar tão culpado quanto me sentia.

— O que foi? Você quer que eu explique? Notícias sobre sua noite na boate estão em todos os lugares! Fotografias, vídeos... E agora você quer que eu limpe essa bagunça! — ele estava furioso.

— Relaxa, Scott. Eu resolvo isso. — minha tentativa de minimizar a situação só o deixou mais irritado.

— Resolva? Você nem sabe o que fez! E não temos tempo para suas desculpas. A turnê europeia começa em duas semanas. Você precisa de foco, Justin!

— Turnê europeia? — perguntei, surpreso.

— Sim. Alemanha, França, Espanha... Já esqueceu?

Fechei os olhos, respirando fundo. Minha cabeça doía ainda mais com aquela informação. Eu precisava me recompor, e rápido.

— Estarei pronto, Scott. Eu prometo.

Mas, enquanto desligava, olhei para o quarto destruído e me perguntei quanto tempo mais conseguiria sustentar aquela promessa.