Na manhã seguinte, a luz dourada do sol atravessava as cortinas da cozinha, projetando sombras suaves sobre as paredes. O aroma quente do café se misturava ao cheiro de pão recém-torrado, enquanto Mary, envolta em uma camisola leve, mexia distraidamente uma colher na caneca, perdida em pensamentos.Joseph desceu as escadas sem fazer barulho. Seu corpo ainda carregava o calor da noite anterior, e um sorriso satisfeito brincava em seus lábios. Ao vê-la ali, tão absorta, tão natural na intimidade daquela manhã, sentiu um ímpeto de surpresa-la. Com movimentos silenciosos, aproximou-se por trás, envolvendo-a pela cintura com os braços firmes, seu peito nu roçando suavemente suas costas.Mary sobressaltou-se por um instante, mas logo se entregou ao calor do contato. Um arrepio percorreu-lhe a pele ao sentir a respiração dele em seu pescoço.— Bom dia, minha doce Mary — murmurou Joseph contra sua pele, depositando um beijo suave em seu ombro descoberto.Ela sorriu, inclinando levemente a cab
O sol da manhã iluminava a estrada enquanto Mary e Joseph seguiam de volta para casa. O carro deslizava suavemente pelo asfalto, trazendo consigo o fim de uma lua de mel inesquecível e o começo de uma nova etapa em suas vidas. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregado de significado. De mãos dadas sobre o câmbio, trocavam olhares e sorrisos, ainda envoltos na magia dos últimos dias. Ao se aproximarem da cidade, Mary suspirou e apoiou a cabeça no banco. A realidade começava a se impor: a rotina, os compromissos, a casa que agora compartilhariam. Era uma sensação agridoce. O refúgio paradisíaco em que haviam celebrado o amor ficava para trás, mas a verdadeira jornada a dois apenas começava. — No que está pensando? — Joseph perguntou, lançando-lhe um olhar rápido antes de voltar a atenção para a estrada. — Em nós. No que vem depois. É estranho voltar, depois de tudo que vivemos nos últimos dias — ela confessou, brincando com a aliança em seu dedo. Ele sorriu e a
No outono de 1946, o país ainda estava se recuperando dos devastadores efeitos da Segunda Guerra Mundial. As cicatrizes da guerra estavam presentes não apenas nos campos de batalha distantes, mas também nas almas daqueles que retornavam para reconstruir suas vidas. Joseph e León eram dois desses homens. Ambos haviam servido nas forças armadas durante o conflito e, embora tivessem retornado ao país com seus corpos intactos, suas mentes carregavam as sombras de experiências dolorosas. A ideia de recomeçar em um lugar tranquilo, longe das lembranças da guerra, parecia ser a única forma de cura possível. Willow Creek, uma cidade modesta situada ao longo de um rio calmo e rodeada por montanhas, foi o refúgio que escolheram. Eles haviam ouvido falar de sua serenidade e de sua comunidade unida, e acreditavam que ali poderiam encontrar algum tipo de redenção. O reverendo Carlson, homem respeitado e carismático, logo se tornou uma figura acolhedora para os dois amigos. Ele, que também havia
O céu de Willow Creek parecia uma tela pintada à mão, com tons dourados dissolvendo-se em laranjas profundos enquanto o sol mergulhava lentamente atrás das colinas. A brisa carregava o aroma fresco da vegetação ao redor do lago, e o leve farfalhar das folhas parecia um sussurro convidando à reflexão. Joseph caminhava lentamente pela trilha, suas botas estalando contra as pequenas pedras no caminho. Seus pensamentos eram um turbilhão — a chegada à cidade, os rostos novos, a estranha inquietação que sentia ao tentar se adaptar à tranquilidade do lugar.Quando seus olhos captaram a figura de Mary, sentada à beira do lago com um livro no colo, ele quase deu meia-volta. Mas algo o fez continuar. Talvez fosse a curiosidade, ou o simples desejo de estar perto de alguém que, de algum modo, parecia em paz com o mundo.Mary notou sua presença antes que ele pudesse dizer algo. Seus olhos brilhavam sob a luz do entardecer, refletindo a calma do lago. Ela fechou o livro delicadamente e sorriu, o t
O quarto de Lisa era um reflexo perfeito de sua personalidade vibrante: cheio de cores, com almofadas macias espalhadas pela cama e um espelho ornamentado que dominava a parede ao lado da janela. Mary, sentada no tapete ao lado da cama, observava Lisa ajeitar os cachos dourados diante do espelho. — Então, Mary, você já pensou em como os dois são tão diferentes? — Lisa perguntou, ajeitando uma mecha de cabelo que insistia em escapar do penteado. — Quero dizer, León é como o sol, caloroso, divertido... E Joseph... bem, ele é como a lua. Misterioso, calado. Mas você não acha isso atraente de alguma forma? Mary arregalou os olhos, um leve rubor tingindo suas bochechas. — Lisa! Como você pode falar assim? Lisa riu e se virou, sentando-se na cama com as pernas cruzadas. — Ora, Mary, somos adultas! Não me diga que nunca pensou em como seria ter alguém olhando para você como... você sabe, com desejo. Mary desviou o olhar, brincando com a barra do vestido. Não era comum para ela conversa
O domingo chegou trazendo consigo uma leve brisa e o habitual som do sino da igreja, ecoando por Willow Creek. Mary acordou cedo, passando mais tempo do que o habitual em frente ao espelho. Vestiu o vestido azul que havia escolhido na noite anterior e, com dedos trêmulos, soltou os cabelos, deixando-os caírem naturalmente sobre os ombros. Um toque de batom rosado iluminou seu rosto, realçando a suavidade de seus traços. Pela primeira vez, ela olhou para si mesma e sentiu uma pontada de confiança. Ao chegar à igreja, as vozes murmuradas dos fiéis preencheram o ambiente, mas foi Joseph que prendeu sua atenção. Ele estava de pé perto da entrada, conversando com León e alguns outros homens. Mary respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado, e caminhou em sua direção. Joseph foi o primeiro a percebê-la. Seus olhos escuros demoraram um segundo a mais do que o normal ao se fixarem nela. Havia algo diferente em Mary, ele percebeu, embora não conseguisse definir exatamente o que era
Ela ficou vermelha e baixou os olhos, envergonhada por sua própria ousadia. — Não quis incomodar... só fiquei preocupada. Você parecia tão... distante. Joseph relaxou um pouco, mas ainda segurava o caderno com força, como se temesse que ela pudesse tocá-lo. O silêncio entre eles era denso, carregado de algo que Mary não sabia nomear. — Eu... gosto de escrever, só isso — explicou ele, sua voz mais suave desta vez. — Não é nada importante. Mary inclinou a cabeça, intrigada. — Não parece "nada". Você guarda isso como se fosse precioso. Joseph desviou o olhar, incapaz de sustentar a intensidade dos olhos dela. — Algumas coisas precisam ficar só aqui — disse, batendo levemente na capa do caderno. — É mais fácil lidar com elas assim. Mary deu um passo à frente, aproximando-se um pouco mais. — Talvez... não precise lidar sozinho. As palavras pairaram no ar como um desafio, e Joseph finalmente ergueu o olhar. Ele a estudou por um longo momento, os cabelos soltos de Mary brilhando à
A casa do reverendo Carlson estava iluminada por uma luz suave, e o fogo na lareira estalava com um calor acolhedor. Mary e Lisa estavam sentadas no sofá, enquanto o reverendo Carlson preparava o chá, seus olhos firmes e decididos, como se já tivesse tomado uma decisão. A conversa que estava prestes a acontecer seria, sem dúvida, um divisor de águas para todos os envolvidos. Logo, os rapazes chegaram. León e Joseph entraram na sala, ambos com expressões sérias, mas com um toque de expectativa nos olhos. O reverendo os cumprimentou com um aceno de cabeça e os convidou a sentar-se à mesa. Mary e Lisa trocaram um olhar rápido, cada uma com seus próprios pensamentos, mas ambas sabendo que esse seria o momento de suas vidas mudarem. O reverendo olhou para os dois rapazes, então para as jovens e, com um suspiro, iniciou a conversa. — Como todos sabem, Willow Creek está crescendo, e as oportunidades na cidade estão se expandindo. O dono da fábrica local, que é um amigo de longa data, fe