Calor

Ela ficou vermelha e baixou os olhos, envergonhada por sua própria ousadia. — Não quis incomodar... só fiquei preocupada. Você parecia tão... distante.

Joseph relaxou um pouco, mas ainda segurava o caderno com força, como se temesse que ela pudesse tocá-lo. O silêncio entre eles era denso, carregado de algo que Mary não sabia nomear.

— Eu... gosto de escrever, só isso — explicou ele, sua voz mais suave desta vez. — Não é nada importante.

Mary inclinou a cabeça, intrigada. — Não parece "nada". Você guarda isso como se fosse precioso.

Joseph desviou o olhar, incapaz de sustentar a intensidade dos olhos dela. — Algumas coisas precisam ficar só aqui — disse, batendo levemente na capa do caderno. — É mais fácil lidar com elas assim.

Mary deu um passo à frente, aproximando-se um pouco mais. — Talvez... não precise lidar sozinho.

As palavras pairaram no ar como um desafio, e Joseph finalmente ergueu o olhar. Ele a estudou por um longo momento, os cabelos soltos de Mary brilhando à luz dourada do entardecer. O vestido azul moldava-se delicadamente ao seu corpo, e o leve tom rosado de seus lábios parecia mais convidativo do que ele gostaria de admitir.

— Você é uma boa pessoa, Mary — disse ele, quase num sussurro.

Ela sentiu o coração acelerar. Ele estava tão próximo agora, e o olhar que ele lançava a ela tinha algo que ela nunca tinha visto antes. Algo que fazia seu peito apertar e suas mãos tremerem levemente.

— E você é mais do que acha que é, Joseph — respondeu ela, com coragem que não sabia que possuía.

O silêncio que se seguiu foi quase insuportável, como se o próprio tempo tivesse parado para observar os dois. E então, impulsivamente, Mary ergueu a mão e tocou o braço de Joseph, um gesto pequeno, mas cheio de significado. Ele não recuou, mas ficou imóvel, como se o simples toque dela o desarmasse.

— Talvez... você possa me contar um dia o que guarda aí — sussurrou ela, apontando com o olhar para o caderno.

Joseph inclinou-se ligeiramente na direção dela, seus olhos fixos nos dela. Por um momento, pareceu que ele diria algo, ou que a distância entre eles se quebraria de vez. Mas então, como se lembrasse de algo, ele recuou.

— Talvez, Mary... talvez — disse ele, levantando-se rapidamente. — Mas hoje não.

Antes que ela pudesse dizer algo, ele se afastou, levando consigo o caderno e deixando-a sozinha à beira do bosque. Mary permaneceu ali, o coração disparado, o corpo ainda quente pelo breve toque. Algo havia mudado, ela sabia. Joseph havia deixado uma porta entreaberta, e ela estava disposta a esperar por ele.

Aqui está uma sugestão para dar profundidade a essa cena, explorando o conflito interno de Joseph enquanto ele está sozinho, vulnerável, e seus pensamentos oscilam entre Lisa e Mary:

A água morna da banheira escorria pelo corpo de Joseph, tentando aliviar a tensão acumulada no peito e nos ombros. O vapor subia lentamente, criando uma cortina nebulosa no banheiro pequeno e silencioso. Ele apoiava os braços nas bordas da banheira, a cabeça inclinada para trás enquanto os olhos fixavam o teto sem realmente vê-lo.

Lisa.

O nome dela vinha à mente como uma lâmina afiada, cortando a quietude de seus pensamentos. A lembrança dos olhos brilhantes e do sorriso confiante dela invadia seu espaço, trazendo consigo um misto de fascínio e frustração. Lisa era como um incêndio — intensa, implacável, impossível de ignorar. Ele se lembrava de como seu coração disparou no instante em que a viu pela primeira vez. Mas junto com a excitação vinha a sensação de algo inalcançável, como se ela fosse um sonho destinado a evaporar com o nascer do sol.

Joseph esfregou o rosto com as mãos molhadas, tentando afastar a imagem de Lisa. Mas, para sua surpresa, outra figura apareceu em sua mente: Mary.

Mary com seu vestido azul. Mary com os cabelos soltos e os lábios rosados, sorrindo com doçura, estendendo a mão para ele na beira do bosque.

Ele se sentou mais ereto na banheira, incomodado com o turbilhão de sentimentos conflitantes. Não era justo comparar as duas. Lisa era o fogo que o consumia; Mary era a brisa que o acalmava. Mas, naquele instante, ele não conseguia evitar a comparação.

Lembrou-se do toque de Mary em seu braço, tão delicado, tão... humano. Havia algo em sua simplicidade, em sua bondade, que mexia com ele de uma maneira que ele não estava preparado para admitir.

Joseph fechou os olhos, tentando ordenar os pensamentos. Mas quanto mais ele tentava, mais o rosto de Mary invadia sua mente. Ele se lembrou de como o azul do vestido destacava o brilho nos olhos dela. Como o leve tom rosado do batom parecia tão natural e, ainda assim, tão... encantador.

Ele se perguntou, por um breve momento, como seria beijá-la. Sentir o toque suave de seus lábios contra os seus. Sentir a mão dela em seu rosto, acariciando-o com a mesma ternura que ela parecia levar para o mundo.

Mas então, como um reflexo, o rosto de Lisa voltou à sua mente, fazendo seu peito apertar. Lisa era o que ele queria, não era? O desejo. A paixão.

— Maldição... — murmurou, passando a mão molhada pelos cabelos.

Ele sentia como se estivesse dividido entre dois mundos: um feito de fogo e intensidade, e o outro de serenidade e conforto. Qualquer escolha parecia impossível, e o peso dessa indecisão começava a sufocá-lo.

A água começava a esfriar, mas Joseph permaneceu na banheira, imóvel, perdido em seus pensamentos. Entre o fogo de Lisa e a doçura de Mary, ele não sabia ao certo para onde seu coração o estava levando.

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