Clark Collins Voltar ao trabalho é como acordar num mundo que não reconheço. As paredes da editora, que antes me pareciam acolhedoras, agora são frias e intimidantes. O som do telefone tocando, das impressoras funcionando, tudo é um ruído de fundo que me incomoda, mas que não consigo desligar. É como se eu estivesse presente, mas minha mente estivesse em outro lugar, presa entre a vida que eu imaginava e a vida que realmente existe.Cada manhã, visto o terno e coloco a gravata como se estivesse me preparando para uma batalha invisível. Me olho no espelho e vejo o reflexo de um homem que não reconheço mais. Meus olhos estão mais fundos, o olhar mais vazio. Os três anos em coma me roubaram mais do que tempo; eles roubaram uma parte de quem eu era. Mas eu tento, tento me ajustar a essa nova realidade, mesmo que ela pareça uma peça que não encaixa.Havia se passado um mês desde o meu retorno a editora Collins e minha mesa está cheia de papéis e manuscritos empilhados, mais do que consig
Clark Collins Enquanto Victoria continua falando sobre seu livro, eu me perco na narrativa. A protagonista, uma mulher que, após perder seu noivo, acaba passando a noite com um desconhecido, e a revelação de uma gravidez inesperada adiciona uma camada de complexidade à sua história. Eu escuto cada palavra, mas, ao mesmo tempo, meu pensamento imagina. Essa história, de alguma forma, toca uma parte profunda de mim. A dor da perda e a busca por algo que preencha o vazio são temas que eu conheço muito bem, ao menos é como me sinto sem poder ter ela e os nossos filhos, que são frutos do meu sonho. — É uma trama poderosa — digo, tentando manter a voz firme. — É baseado em alguma experiência sua? Ela hesita, um silêncio se instala entre nós. Por um momento, sinto que a resposta pode revelar um segredo profundo, algo que poderia nos conectar de forma ainda mais intensa. Finalmente, como eu queria poder beijá-la e abracá-la naquele momento, acabo retornando a observá-la , quando a mesma
Clark Collins —Podemos jantar no Changaitow, é o meu restaurante preferido,e não precisa ser hoje, você pode dizer o melhor dia para você. O silêncio que se seguiu à minha última frase era quase ensurdecedor. Victoria desviou o olhar, mas não antes que eu notasse a mistura de emoções em seu rosto. Ela estava balançando entre a hesitação e a determinação, como se estivesse se perguntando até onde eu poderia ir com esse meu convite. — Olha, eu aprecio a oferta — ela diz finalmente, sua voz mais firme. — Mas preciso ser clara. Não estou aqui para misturar negócios com questões pessoais, esse restaurante é o meu preferido e poucos conhecem ele, já que não é tão famoso, mas eles tem um chef que prepara o melhor sushi que já comi. Eu sabia que era o restaurante preferido dela, pois em meus sonhos eu a conhecia como ninguém e amava de uma forma que nunca ousei amar antes. Eu assentiria, mas uma parte de mim se recusa a aceitar isso. A conexão que senti quando ela entrou na sala ainda
Victoria HayesEstava me preparando para pegar o elevador quando Clara me chamou de volta. — Victoria, só mais uma coisa antes de você ir — disse ela, segurando um pequeno maço de documentos. — Preciso que você preencha essa papelada. É o padrão, mas necessário para o seu contrato com a editora Collins.Peguei os papéis, sem pensar muito no que eles significavam naquele momento, ainda com a cabeça rodando de tudo que estava acontecendo. Eu estava finalmente assinando com uma grande editora, mas a reunião tinha sido bem diferente do que eu esperava.Enquanto eu preenchia os documentos, Clara continuava me observando, quase como se estivesse esperando o momento certo para dizer algo importante. Quando terminei, ela estendeu um envelope para mim.— Antes que você vá, o senhor Collins pediu para que eu te entregasse isto.Olhei para o envelope, e quando o abri, fiquei paralisada. Dentro, havia um cheque. Um valor considerável, muito mais do que eu imaginaria receber em um adiantamento,
Victoria Hayes Quando as portas do elevador se abriram no estacionamento, Clark me conduziu até a vaga onde seu veículo estava. Para minha surpresa, não era um carro luxuoso como eu havia imaginado, mas uma moto elegante e imponente. Ele pegou um capacete no banco traseiro e me entregou, com um sorriso no rosto. — Achei que você não fosse o tipo de homem que tem uma moto — comentei, sem esconder a surpresa. Clark riu, seu olhar brilhando com uma diversão genuína. — E que tipo de homem acha que eu sou? — perguntou, levantando uma sobrancelha. — Estou curioso, já que é uma escritora. Aposto que tem uma boa imaginação. Eu ri de volta, mas com um toque de nervosismo. Ele estava certo; minha imaginação tinha criado muitas versões dele, mas nenhuma envolvia uma moto. — Digamos que eu ainda não conseguiria te decifrar, não agora, senhor Collins. Ele se aproximou, colocando o capacete em mim com uma gentileza inesperada, como se aquele gesto fosse parte de algo maior. Quando ele subiu
Victoria Hayes — Amiga, com o adiantamento, poderei comprar uma casa — continuei, a voz embargada pela emoção. — E você finalmente vai abrir sua doceria. O seu sonho, Eliza. Eu vou te ajudar a realizá-lo. Senti quando Eliza congelou, o peso das minhas palavras atingindo-a de forma inesperada. Quando ela se afastou, seus olhos estavam marejados de lágrimas, e eu sabia que, por mais que fosse um momento de alegria, havia um mar de emoções à flor da pele. — Eu... — Ela começou, a voz embargada. — Não acredito que está dizendo isso. Você sabe o quanto eu desejei abrir essa doceria, mas eu nunca pensei que... depois de tudo... As lágrimas que escorreram pelo rosto de Eliza eram um misto de felicidade e alívio. Durante os últimos três anos, ela havia deixado de lado seus sonhos, por mim e pelos meus filhos. Ela trabalhou mais do que seu corpo permitia, gastou suas economias, e, de certa forma, adiou os próprios sonhos para que eu pudesse sobreviver e cuidar dos meus gêmeos. — Você abr
Clark Collins Eu mal conseguia acreditar. Victoria... Ela não era apenas um sonho distante. Ela era real, tangível, e eu estava mais determinado do que nunca a conquistá-la. A sensação de euforia que dominava meu corpo era impossível de conter. Meu coração ainda estava acelerado, e a imagem dela, com o sorriso suave e o olhar determinado, estava gravada em minha mente.Cheguei em casa, e a mansão parecia maior do que o habitual, como se de alguma forma minha alegria a tivesse expandido. Soltei o casaco no sofá da entrada e passei a mão pelos cabelos, tentando processar tudo. Ela era a mulher dos meus sonhos, literalmente. Tudo parecia surreal, como se eu ainda estivesse preso naquela fantasia que me acompanhou durante os três anos no coma. Mas não... Ela era real, e faria de tudo para tê-la ao meu lado.Estava tão imerso nos meus pensamentos que demorei a lembrar que havia algo importante marcado para hoje. Alexander e Zara. Droga! Eles viriam jantar, e com toda a euforia do dia, eu
Clark Collins Alexander ficou em silêncio por um momento, me observando atentamente como se tentasse entender até onde ia minha determinação. Eu sabia que ele se preocupava comigo, mas não tinha como explicar a certeza que eu sentia. Victoria era tudo o que eu sempre quis e precisava acreditar que o destino estava ao meu lado dessa vez.— Clark, isso é... intenso, cara. — Alexander disse finalmente, soltando um suspiro. — Só não deixe essa obsessão te cegar, entende? Quero ver você feliz, mas às vezes...— Não é obsessão, Alex — o interrompi, convicto. — Eu sei o que sinto. Ela é real, e vou fazer o que for preciso para tê-la na minha vida.Ele assentiu, ainda um pouco cético, apesar dele ser um romântico escritor que havia criado um romance baseado na minha história, mas ele respeitava meu sentimento. Era o que sempre admirei nele, sua capacidade de apoiar sem impor seus próprios julgamentos.Antes que a conversa pudesse continuar, a porta da mansão se abriu e Zara voltou com minha