Luna CollinsApós o jantar, o silêncio reinava enquanto subíamos para o quarto.O apartamento ainda ecoava os sons distantes de risadas e conversas, mas dentro de mim, tudo era um caos. Fechei a porta atrás de nós, observando Kerem enquanto ele sentava na beira da cama, parecendo exausto, mas com os olhos ainda cheios de algo que me fazia amá-lo ainda mais: paciência. Ele não perguntou nada, apenas esperou, como sempre fazia, respeitando o tempo que eu precisava para falar. Aproximei-me devagar e segurei suas mãos, sentindo a textura quente e firme que tantas vezes havia me sustentado. — Kerem... — comecei, minha voz um sussurro. — Quero que a gente vá até a casa. Ele ergueu os olhos, surpreso. — A casa? A nossa casa? Assenti, o peso do significado dessa decisão caindo sobre mim. — Preciso estar lá. Preciso sentir... algo, qualquer coisa que me faça lembrar que ainda podemos ter um futuro. Kerem não hesitou. Ele apenas levantou e pegou o casaco, pronto para me acompanhar
Lion Collins Voltar para a Turquia com Luna e Nazli foi um misto de alívio e preocupação. Alívio porque, de alguma forma, estar na Turquia sempre trouxe conforto para mim, e preocupação porque, apesar de aceitar a decisão de Luna de lidar com a perda à sua maneira, eu sabia que deixar Kerem para trás havia deixado um vazio em sua alma. Ela o amava profundamente, mas a dor era um peso que ela precisava carregar sozinha por um tempo. Ainda no avião, revisei as mensagens de Kerem. Ele havia me mandado várias, todas cheias de preocupação. Ligou muitas vezes também, mas Luna nunca respondeu. Assim que chegamos à Turquia, enquanto Luna se acomodava, liguei para ele. — Kerem, ela está comigo, e está na Turquia — falei direto, tentando ser firme, mas não frio. Do outro lado da linha, ouvi o som de sua respiração pesada antes que ele respondesse: — Como ela está, Lion? Por favor, diga-me que está bem. — Ela está bem o suficiente, Kerem. Mas eu preciso pedir algo. Por um tempo, não
Lion Collins Enquanto a noite avançava, senti o peso da história que vivíamos. Cada um de nós, cada Collins presente, carregava em si a força de gerações que aprenderam a amar com intensidade, a lutar contra as adversidades e a encontrar um propósito até nas perdas mais dolorosas. Luna estava ao meu lado, rindo enquanto nosso pai contava uma história embaraçosa de sua juventude, e eu sabia que, mesmo com as cicatrizes que carregava, ela estava tentando reconstruir sua vida. Observei o brilho nos olhos dela enquanto ela sorria para nossa mãe, e foi ali que percebi: minha irmã estava encontrando um novo caminho. Ainda que incompleto, era um começo. Nazli, por sua vez, cruzou o olhar comigo do outro lado da sala. Ela tinha um sorriso suave, o tipo de sorriso que prometia eternidade. Meu coração disparou com o desejo de fazer dela minha esposa, de ter com ela a mesma intensidade e plenitude que nossos pais encontraram um no outro. Quando a ceia foi servida, todos ao redor da mesa
Leyla YlmazNascemos sem escolher nosso nome, e da mesma forma não escolhemos quem será nossa família, crescemos em meio a um mundo caótico, corrupto e muitas vezes, é no nosso lar que deveria ser um lugar de paz e um ambiente amoroso, onde acabamos sofrendo por um amor doentio, que ultrapassa o respeito e torna a vida de uma família em um pesadelo, essa é a minha lembrança familiar, hoje com meus vinte e oito anos, formada em advocacia, ainda tenho feridas que não foram curadas e a maior parte delas vem de um único homem, aquele que quando eu era criança costumava chamar de pai. A perda do meu pai ainda era algo que eu não conseguia assimilar completamente. Fazia pouco mais de um mês que ele havia falecido, mas a ausência dele não me afetava da mesma forma que talvez devesse. Não éramos próximos. Na verdade, a última vez que tive uma conversa decente com ele foi há anos, antes de tudo desmoronar de vez. Eu deveria sentir algum pesar? Talvez. Mas o que sinto é uma mistura de alívi
Leyla Ylmaz — Sem sorte com o táxi? — perguntou, a voz agora mais suave, quase brincando.Uma mudança desconcertante considerando como havíamos nos falado antes. Revirei os olhos, lutando contra a tentação de respondê-lo com sarcasmo. — Nenhuma. E eu não tenho tempo para esperar. Ele olhou para o motorista e fez um sinal com a cabeça, antes de abrir a porta do carro. — Eu posso te dar uma carona. Não precisa perder mais tempo. Eu hesitei. A última coisa que eu queria era aceitar ajuda dele, mas eu realmente não podia me dar ao luxo de recusar. O relógio estava contra mim, e eu precisava chegar ao tribunal o mais rápido possível. — Tudo bem — murmurei, finalmente cedendo. — Mas fique claro que estou aceitando por necessidade, não por simpatia. Ele soltou um riso baixo, como se estivesse achando graça na minha irritação. — Claro. Só uma carona. Entrei no carro, e o silêncio entre nós era tenso, quase palpável. Ele não disse nada, e eu também não estava com disposição
Clark CollinsAcordo com o som suave da risada das crianças. Estou no jardim da nossa casa, o sol batendo suavemente no meu rosto, e vejo meus filhos correndo ao redor, rindo e brincando. Minha esposa está ao meu lado, linda como sempre, com aquele sorriso que me aquece o coração. Tudo parece perfeito. Eu a observo e sinto um amor profundo, como se nada pudesse destruir a paz que temos juntos. Os meninos correm para mim, me chamam de papai, e eu me sinto completo.É um daqueles momentos que você deseja que durem para sempre. Aperto minha esposa em um abraço e olho para os nossos filhos brincando, pensando que a vida é exatamente do jeito que sempre sonhei. De repente, tudo começa a ficar embaçado, como uma pintura sendo apagada lentamente. Tento segurar o momento, mas ele escapa por entre meus dedos como areia.De repente, tudo escurece.Abro os olhos devagar e vejo luzes brancas acima de mim. Sinto o cheiro forte de desinfetante e ouço o som constante de máquinas ao meu redor. Tento
Clark Collins Voltar ao trabalho é como acordar num mundo que não reconheço. As paredes da editora, que antes me pareciam acolhedoras, agora são frias e intimidantes. O som do telefone tocando, das impressoras funcionando, tudo é um ruído de fundo que me incomoda, mas que não consigo desligar. É como se eu estivesse presente, mas minha mente estivesse em outro lugar, presa entre a vida que eu imaginava e a vida que realmente existe.Cada manhã, visto o terno e coloco a gravata como se estivesse me preparando para uma batalha invisível. Me olho no espelho e vejo o reflexo de um homem que não reconheço mais. Meus olhos estão mais fundos, o olhar mais vazio. Os três anos em coma me roubaram mais do que tempo; eles roubaram uma parte de quem eu era. Mas eu tento, tento me ajustar a essa nova realidade, mesmo que ela pareça uma peça que não encaixa.Havia se passado um mês desde o meu retorno a editora Collins e minha mesa está cheia de papéis e manuscritos empilhados, mais do que consig
Clark Collins Enquanto Victoria continua falando sobre seu livro, eu me perco na narrativa. A protagonista, uma mulher que, após perder seu noivo, acaba passando a noite com um desconhecido, e a revelação de uma gravidez inesperada adiciona uma camada de complexidade à sua história. Eu escuto cada palavra, mas, ao mesmo tempo, meu pensamento imagina. Essa história, de alguma forma, toca uma parte profunda de mim. A dor da perda e a busca por algo que preencha o vazio são temas que eu conheço muito bem, ao menos é como me sinto sem poder ter ela e os nossos filhos, que são frutos do meu sonho. — É uma trama poderosa — digo, tentando manter a voz firme. — É baseado em alguma experiência sua? Ela hesita, um silêncio se instala entre nós. Por um momento, sinto que a resposta pode revelar um segredo profundo, algo que poderia nos conectar de forma ainda mais intensa. Finalmente, como eu queria poder beijá-la e abracá-la naquele momento, acabo retornando a observá-la , quando a mesma