Posso te dar uma carona?

Victoria Hayes

Estava me preparando para pegar o elevador quando Clara me chamou de volta.

— Victoria, só mais uma coisa antes de você ir — disse ela, segurando um pequeno maço de documentos. — Preciso que você preencha essa papelada. É o padrão, mas necessário para o seu contrato com a editora Collins.

Peguei os papéis, sem pensar muito no que eles significavam naquele momento, ainda com a cabeça rodando de tudo que estava acontecendo. Eu estava finalmente assinando com uma grande editora, mas a reunião tinha sido bem diferente do que eu esperava.

Enquanto eu preenchia os documentos, Clara continuava me observando, quase como se estivesse esperando o momento certo para dizer algo importante. Quando terminei, ela estendeu um envelope para mim.

— Antes que você vá, o senhor Collins pediu para que eu te entregasse isto.

Olhei para o envelope, e quando o abri, fiquei paralisada. Dentro, havia um cheque. Um valor considerável, muito mais do que eu imaginaria receber em um adiantamento, na verdade muito mais do que eu imaginava receber pelas vendas do livro.

— O que é isso? — perguntei, ainda um pouco atordoada.

— O senhor Collins quer garantir que seu livro seja um sucesso — explicou Clara com um sorriso leve. — Ele tem o hábito de investir pessoalmente nos autores em quem acredita, e isso é uma parte dos lucros que ele acredita que seu livro proporcionará.

Meu coração deu um salto, e de repente o cheque parecia muito mais pesado nas minhas mãos. Clark Collins realmente acreditava em mim, ao ponto de colocar uma quantia significativa antes mesmo de o livro ser lançado. Eu não sabia o que dizer, mas eu precisava muito daquele dinheiro.

— Mas por que só agora? — perguntei, ainda tentando entender a situação. — Eu enviei o manuscrito há mais de três anos.

Clara suspirou, como se já esperasse a pergunta.

— O senhor Collins sofreu um acidente aéreo, há um pouco mais de três anos. Ele ficou em coma todo esse tempo. O pai dele, Joseph Collins, não quis interferir no trabalho do filho e decidiu esperar que Clark voltasse para tomar as decisões. Ele sabia o quanto encontrar novos talentos era importante para o Clark.

A história me pegou de surpresa. Três anos em coma. E agora ele estava aqui, oferecendo uma oportunidade de ouro para uma autora que ele mal conhecia. Eu comecei a considerar a proposta de jantar com ele de uma maneira diferente. Talvez não fosse algo tão complicado. Talvez eu pudesse ouvir o que ele tinha a dizer.

Terminei de preencher a papelada e caminhei em direção ao elevador, ainda segurando o cheque. Estava perdida em pensamentos quando, no último segundo antes das portas se fecharem, Clark entrou apressado.

Ele parecia um pouco ofegante, e o silêncio no elevador era carregado de uma tensão que eu não conseguia definir. Eu estava prestes a dizer algo quando ele quebrou o silêncio.

— Posso te dar uma carona?

Fiquei surpresa com a pergunta, mas havia algo na maneira como ele perguntou , de uma forma genuína que me fez hesitar por um segundo. Depois de tudo o que ele passou, quem era eu para julgar?

— Acho que sim! — respondi, um sorriso leve escapando dos meus lábios.

Enquanto descíamos, o ar parecia pesado, cheio de palavras não ditas. Eu ainda estava processando tudo — a história dele, o cheque, e agora essa carona inesperada. Mas uma coisa era certa: Clark Collins estava se tornando alguém que eu não podia ignorar, ele acreditava em mim de uma maneira que até eu havia deixado de acreditar.

continua...

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