Manuela Cardoso [Cinco meses antes]
Faz cinco minutos que cheguei a ilha de São Tiago, no arquipélago do Cabo verde. Vim ao cabo verde a trabalho, serei a assistente sénior de um Bilionário francês que, pretende implementar um hotel a beira mar na ilha. Quando recebi a proposta da Morris enterprise architecture, pensei que estivesse sonhando. Como recém formada no curso de hotelaria e turismo, é muito difícil conseguir um emprego logo de cara, ainda mais sendo um emprego para fora do país. Quando informei a minha família que sairia de Moçambique para o Cabo verde á trabalho, eles pensaram que fosse um golpe ou tráfico humano, mas a vaga é verdadeira, eu pesquisei muito antes de me candidatar e fiz uma entrevista para tal e o salário é muito bom. De frente ao bar a beira mar, observo o chão coberto de areia debaixo das faiscantes tochas que contornam o caminho que conduz até a praia. — Vai entrar ou quer passar esta maravilhosa noite aqui fora? — uma voz masculina com um leve sotaque francês, acaricia os meu ouvidos. Viro-me com calma, mas não consigo enxergar seu rosto, tenho que olhar para cima a fim de conseguir visualizar de onde veem as palavras. Os nossos olhares se cruzam, sinto um aperto no estômago, por um instante, não consigo respirar. O homem a minha frente, não é apenas bonito, ele é simplesmente estonteante. Não existem palavras para descreve-lo. Existem homens bonitos no mundo, homens muito bonitos por sinal. Eu tive o prazer de conhecer alguns, bonitos demais. Mas este em concreto, não é absolutamente lindo ou bonito. Ele é um verdadeiro deus grego, um lobo em pele de cordeiro. O seu olhar desperta claramente interesses em mim. Torno a olhar para ele, incapaz de me soltar da força masculina de seu olhar, seus olhos verdes cristalinos como folhas frescas na primavera. Seu cabelo loiro platinado e sua pele resplandecente, brilha sob a suave luz que emana das tochas. Ele tem o queixo quadrado e um ar de força que reflete arrogância. Ele é arrogante com certeza, o nariz em pé, que claramente diz que, ele não é daqui. Ele tem tudo o que me atrai nos homens. Ele fica olhando para mim durante um longo tempo, até que mostra um sorriso. — Estou a ver que és uma mulher de poucas palavras — ele conclui informalmente. Porra! Seu sorriso, misturado ao sotaque é enlouquecedor e tentador para mim. — Estava a decidir se saía ou não — penso alto. Na verdade eu nem estou pensando em nada. — Se ficares aqui fora, não poderei te convidar para tomar uns copos — ele arqueia uma sobrancelha em tom de desafio. O sorriso dele está me desafiando, me instigando a fazer algo que não posso, mas o meu corpo anseia. Sorriu timidamente com sua provocação, inclino a cabeça para tentar dissipar a tenção sexual que nos cerca. A atração sexual não é algo novo para mim, eu não sou nenhuma santa, mas não me recordo de ter sentido tamanha atração, tão de imediato, por nenhum homem. Eu devo aceitar o silencioso convite que reflete o olhar desse homem? Está certo que ele só me convidou para tomar uma bebida, mas está claro e evidente que ele quer muito mais do que tomar uns copos comigo. Que mal pode acontecer em apenas uma noite? — Estás aqui de férias? — questiono só para puxar assunto. — Algo do gênero — ele sorri de forma quase imperceptível. Isso está óptimo, ele está aqui de férias, provavelmente voltará ao seu país, então ter uma noite com ele, não será um grande problema. Geralmente, eu não costumo fazer sexo sem compromisso ou por uma única noite, para falar a verdade, eu só tive um parceiro sexual na vida. Meu ex-namorado, com quem tive um relacionamento longo por cinco anos, eu planejava me casar com ele, mas tomei uns belos chifres e o nosso namoro terminou. Depois dele, eu não tive outros parceiros, nem tinha antes me imaginado fazendo tal coisa, mas esse estanho extremamente gostoso a minha frente, está fazendo com que eu queira ter uma noite de sexo e nada mais, o que pode acontecer de errado? Nós teremos uma noite de sexo, cada um vai seguir com a sua vida e os nossos caminhos, jamais voltaram a se cruzar. — Uma bebida seria bom — aceito finalmente. Os olhos dele emitem um clarão, quase deslumbrante, antes de ele me agarrar pelo cotovelo e me acariciar levemente o braço com os dedos da mão. Ele me acompanha da entrada do hotel até á escuridão da noite. Ao nosso redor, as chamas das tochas dançam ao ritmo do funaná. A brisa marinha entranha-se nos meus cabelos. — Vamos dançar primeiro, antes de beber — ele murmura em meu ouvido, antes de me agarrar pelos braços e apertar-me contra seu peito. — Não é assim como as pessoas dançam Funaná — me solto de seu aperto e giro em torno dele. O estanho misterioso e sexy, se mantém estático no mesmo lugar e me deixa conduzir a dança, dou voltas ao redor dele, sem tirar os olhos dos seus. Seus olhos me acompanham, até que fico a sua frente. A batida da música é enlouquecedora e rápida demais, coloco suas mãos em minha cintura e me deixo conduzir pela batida, rápida e agitada. Meus quadris balançam no ritmo da música, rápido e contagiante. O desconhecido acompanha meus movimentos com fome nos olhos, ele acompanha cada movimento do meu quadris. Continuo dançando, até que a música pará e é substituída por uma mais calma. — Agora é a minha vez de conduzir você — ele sussura em meu ouvido e me cola em seu peito. — Acho que essa batida merece um corpo no corpo — concordo com um sorriso tímido nos lábios. Nossos corpos se encaixam perfeitamente, ao ponto de me deixar confusa sem conseguir perceber onde é que acaba o meu corpo e onde começa o corpo dele. O rosto do desconhecido apoi-se na minha cabeça, seus braços me agarram com força e protecção, estranhamente me sinto segura em seus braços. Correspondo ao seu agarre e me rodeio em seu pescoço com os meus delicados braços. — És linda — ele sussura num tom de voz doce como o mel. — Tu também és — retruco timidamente. — Lindo? Eu? — Ele ri em voz baixa — Não sei se me devo sentir elogiado ou ofendido — completa com uma sobrancelha arqueada. — Eu tenho certeza que não sou a primeira mulher a chama-lo de lindo — completo com um sorriso sugestivo nos lábios. — Sabes? — ele acaricia as minhas costas e isso me obriga a prender a respiração — Tu também sentes isso? — ele continua com a massagem em minhas costas. O ambiente do nada torna-se insuportável, a química entre nós é explosiva. — Vamos fazer alguma coisa para resolver isso? — ele insiste na questão, ele também está sentido a mesma coisa que eu, ele também sente a química explosiva existente entre nós. — Gostaria de pensar que sim — decido parar de me fazer de rogado e dou a resposta que ele tanto quer ouvir, seus olhos não desgrudam dos meus nem sequer por um segundo. Inclino a cabeça para trás para tentar olha-lo nos olhos. — És uma mulher directa, gosto disso numa mulher — ele completa num sorriso maroto. — Gosto disso num homem também — a intensidade no olhar dele, fica suave quando pronúncio essas palavras, o olhar dele ficou suave, mas dá espaço a outra coisa, desejo, ele me deseja da mesma forma que o desejo. — Podíamos tomar essa bebida no meu quarto, o que acha? — murmura arqueando as sobrancelhas. Contenho o fôlego com suas palavras, o convite me deixa paralisada, meus peitos enrijecem por baixo do meu vestido e a excitação começa a correr por entre minhas veias. — Eu não sei — minha voz sai insegura, pela primeira vez na noite, toda a coragem antes sentida, se perdeu. — Tu não sabes? — o desconhecido pressiona. — Não estou protegida — murmuro envergonhada, num tom de voz quase imperceptível enquanto abaixo o olhar. A verdade é que, desde que terminei o meu namoro, eu retirei o implante do meu braço, parei de tomar qualquer tipo de anticoncepcional possível, parei de andar com camisinhas, nunca imaginei que fosse possível encontrar um homem misterioso ao qual me faria pensar em ter uma noite de sexo selvagem e delicioso. — Não te preocupes, eu vou proteger-te — ele assegura com firmeza e me passa segurança com suas palavras. Ele segura o meu queixo com uma mão e me obriga a olha-lo nos olhos. A promessa sussurrada, me envolve com mais força do que seus braços, por um instante, detenho-me na fantasia do quão seria bom ter este homem, assim durante o resto da minha vida, mas esse pensamento é só uma loucura da minha cabeça, trato de espantar ele dá minha cabeça na hora. Isso é algo absurdo, nem sequer nos conhecemos. — Qual é o número do seu quarto? — fico nos bicos dos pés para conseguir sussura em seu ouvido. — Acompanho-te até lá — ele ofega quando inspiro seu perfume masculino. — Encontramo-nos lá — nego com a cabeça e logo em seguida mordo o lábio inferior. O desconhecido revira os olhos por instante, como se não crê-se nas minhas palavras. Depois, desliza uma mão sobre a minha nuca e atrai-me para si com firmeza e beija meus lábios com gana. Tento me livrar de seu aperto, mas ele me agarra com força, ele acaricia os meus lábios com a língua insistentemente me forçando a abrir a boca. Com um imperceptível estremecimento, rendo-me a ele e abro a boca para permitir sua entrada . Seu beijo é húmido e ardente, ele me priva de ar antes de me devolver, ele está comandando o beijo, não me dá espaço para ser o elemento activo do beijo. Recusando-me a ser o elemento passivo, entrelaço nossas línguas e comando o beijo com a mesma fome que a dele. Depois de cerca de cinco minutos nos beijando, ele separa-se de mim com a respiração entrecortada e pupilas perigosamente dilatadas. — Último piso, suite trezentos e sessenta e cinco. Despacha-te — ela sussura enquanto me entrega uma chave magnética e sem mais demoras, ele se retira de perto de mim e vai até o quarto a velocidade da luz. Observo ele entrar no hotel, estou aturdida e com o corpo a vibrar de excitação. — Devo estar louca, senhor, ele vai me devorar viva — com passos trémulos, sigo para a mesma direção que ele, para a mesma direção que o homem misterioso. Não foi a timidez o que me impediu de subir com ele, mas o estado da minha Larissa, ela está tão cheia de pelos que acho que nem a própria floresta Amazônica está assim. Preciso cuidar disso logo. O homem misterioso sumiu das minhas vistas, eu nem sequer sei seu nome, o chamo de homem misterioso. Mas está bom assim, só será um caso de uma noite e nada mais que isso, uma noite de fantasia, sem nomes, sem expectativas, sem envolvimento emocional. Ninguém sairá magoado. Realmente é um cenário perfeito para mim, não tem como dar errado. Sentindo-me mais calma, subo ao meu quarto e observo a minha imagem no espelho da casa de banho, meu cabelo está desgrenhado, os lábios inchados por causa do beijo trocado no hall do hotel. — Preciso cortar essa mata logo, meu Deus que mato é esse — murmuro para mim mesma, procurando por matérias para fazer a minha depilação. Com pressa corro até a minha necessary, levo os matérias para fazer a minha depilação, sem fazer com que a minha Larissa pareça um sapo. — Amigas preciso de ajuda — faço uma chamada em grupo para as minhas amigas, preciso de conselhos, antes de fazer qualquer coisa que vá me arrepender depois. — O que foi — minha amiga Dulce responde com pressa e afobada. — Tem um francês gostoso querendo me comer — falo logo de uma vez. — Dá para ele — Dulce fala; — Dá para ele — Cátia concorda também; — Dá para ele — Tamy concorda também; Término a minha depilação ouvindo as loucuras e putarias das minhas amigas. Assim que termino a minha depilação, passo um hidratante na minha Larissa, para que ela fique lisinha. Assim que termino todos os meus cuidados com a pele, saio do meu quarto e me dirijo até o último piso, onde está o quarto dele. Assim que chego em sua porta, respiro profundamente várias vezes, antes de abrir a porta.Collin Morris [Cinco meses antes]Ando de um lado para o outro na entrada do hotel, estou pouco habituado com essa sensação de agitação me consumindo, não gosto de pessoas e muito menos de ficar em ambientes cheios, mas o meu trabalho, exige que eu fique me deslocando e viajando para lugares agitados como esse. Faz pouco tempo que cheguei a ilha de São Tiago, no arquipélago do Cabo verde. A Morris enterprise architecture, tem um novo projeto, a construção de um hotel a beira mar, o lugar é alegre, muito visitado por turistas e principalmente é lucrativo, tem tudo para dar certo esse negócio. O hotel que foi escolhido por mim para ficar, é de um dos meus sócios e sinceramente foi uma óptima escolha, ele é uma mistura interessante entre o rústico e o elegante. Sua entrada é iluminada por tochas acesas, um caminho de pedras vermelhas reveste a entrada até a porta principal do hotel. A vista a volta do hotel, é magnífica, mas nada substitui a deusa de ébano a minha frente, ela parece um
Collin Morris [Cinco meses antes]— És uma mulher directa, gosto disso numa mulher — completo num sorriso maroto e satisfeito. Só faltou pular de emoção e soltar alguns balões agora. Porra! A minha deusa de ébano concordou com a minha loucura, o que vai me garantir uma noite muito quente de sexo doce e selvagem ao lado dela. Não pensei que fosse realmente terminar assim a noite mas porra! Isso saiu mais do que o esperado, ela é um verdadeiro anjo sedutor e porra! Eu sou um verdadeiro fraco por cair no feitiço dela. — Porra! Onde está essa deusa de Ébano? — falo andando de um lado para o outro totalmente impaciente, ela não me deu um bolo, me recuso a aceitar que levei um bolo de uma maldita feiticeira de Ébano. Ela não pode ter feito isso comigo. Não sei o nome dela, não sei onde fica o quarto dela, não sei nada sobre ela, a única coisa que sei sobre ela é que ela é um verdadeiro pecado e uma verdadeira tentação para mim, não sei como vou resolver o meu problema de bolas roxas, mas
Manuela Cardoso O deus grego gostoso, tirou a camisa mostrando-me os ombros atléticos, um peito robusto e uma cintura cuja musculatura sugeria não se tratar apenas de um ocioso homem de negócios. A penugem salpicava-lhe o tronco e estendia-se até os mamilos, depois espessava á medida que descia para o umbigo até se estender precisamente acima do cós das calças. Observo-o com desejo a desapertar as calças, que ele deslizou até ao chão juntamente com as cuecas. A ereção ficou, por fim, libertada no meio de um escuro ninho de veludos. Meus olhos arregalaram-se maravilhados perante a impossível curvatura ascendente. Nem meu ex noivo ficam assim por minha causa. — Poderia alguém duvidar do meu desejo por ti, yineka mou? — ele desliza para a cama e abre as minhas pernas com seus joelhos. — Não! — sorriu para ele. — Desejo-te muito — diz ele com uma voz rouca antes de abaixar a cabeça e beijar me nos lábios. Meu corpo curvou-se para o receber. Tinha passado muito tempo desde a última v
Manuela Cardoso Acordei com a luz pálida do amanhecer invadindo meu quarto, uma claridade fria que contrastava dolorosamente com a chama intensa da noite anterior. Por um breve instante, permaneci imóvel, tentando agarrar cada resquício do êxtase que vivi – o calor dos beijos, o toque inebriante, os sussurros que pareciam prometer segredos proibidos. Contudo, ao abrir os olhos completamente, a realidade se impôs de forma brutal: a cama, que ainda exibia os traços de nossa paixão, estava estranhamente vazia.Eu me sentei na beira do leito, o coração acelerado, enquanto uma onda de confusão e desamparo invadia minha mente. Quem era aquele homem que me fez sentir tão viva, tão desejada? E, agora, por que ele havia desaparecido sem deixar vestígio ou sequer uma palavra de despedida? O vazio em minha alma ecoava o vazio do lençol, e, lentamente, uma sensação amarga de abandono começou a se instalar.Levantando-me com dificuldade, encarei meu reflexo no espelho. Havia nele os traços de uma
Manuela Cardoso Estou deitada na cama do hospital, minha mão direita continua aferrada ao celular, minhas lágrimas caiem sem parar. — Tenho que ligar para ele, não tenho escolha — murmuro para mim mesma, não tenho escolha, preciso ligar. Minhas lágrimas banham o meu rosto e minha roupa de hospital. Como será que Collin vai reagir a notícia? E se ele me expulsar de novo, como tinha feito há cinco meses atrás, se ele pensar que quero o dinheiro dele? Eu não posso me humilhar novamente. — Você precisa fazer isso Manu, seja forte — murmuro mais uma vez, para me encorajar. Pressiono a tecla de chamada, o celular toca por alguns segundos, mas não tenho coragem e desligo o celular. — Como está hoje, senhorita Cardoso? — os meus pensamentos são interrompidos pela enfermeira que entra em meu quarto sorrindo. — Bem — sussuro fracamente. — Já tem tudo organizado? — indaga controlando o soro que está conectado a minha veia. Engulo em seco, mas não respondo. — Sabe muito bem q
Sinto o peso do silêncio no carro enquanto deixamos o hospital para trás. O som constante do motor e o farfalhar tímido da chuva na lataria parecem marcar o compasso dos meus pensamentos inquietos. Collin dirige em silêncio, o olhar fixo na estrada à frente, enquanto as luzes da cidade se desfazem em manchas borradas pela janela.Após alguns minutos de tensão quase palpável, ele finalmente rompe o silêncio, a voz embargada por dúvidas e emoções contidas:— Manuela, eu… eu preciso te perguntar uma coisa. (A mão dele treme ligeiramente sobre o volante.) Esses bebês, serão realmente meus?Minhas mãos se apertam no encosto do banco, tentando segurar o turbilhão que se forma dentro de mim. Sinto um frio percorrer minha espinha, e minhas palavras saem trêmulas:— Collin, eu… Eu te juro que eles são seus. Cada batida do meu coração confirma isso.Ele solta um suspiro longo, e por um instante o silêncio volta a dominar o carro. Então, com os olhos fixos na imensidão da estrada, ele insiste:—
A sala de estar da mansão de Collin era ampla, fria e imponente. As paredes decoradas com retratos de ancestrais pareciam nos julgar, como se cada olhar pintado cobrasse a verdade dos nossos passos. Senti o peso do ambiente – e, sobretudo, o peso da história que nos unira de forma tão cruel – enquanto ele permanecia sentado em uma poltrona de couro escuro, os dedos tamborilando nervosamente na mesa de mármore.— Manuela, eu… — Collin começou, a voz hesitante, quase sufocada pelo silêncio que se instalara entre nós.Respirei fundo, tentando reunir forças para falar. Não éramos amantes, não tínhamos um romance; éramos dois estranhos que, por um impulso, passaram a noite juntos e agora teriam dois filhos. E, como se isso não bastasse, ele havia me demitido assim que soube daquilo. Eu não conseguia deixar de reviver a humilhação daquele dia, o frio na espinha, o desprezo estampado em seus olhos enquanto me dispensava sem cerimônia.— Você quer casar comigo? — a pergunta dele pairou no ar,
— E se eu não conseguir ser esse pai que você espera? Se a dúvida sobre a paternidade continuar corroendo minha alma?— Então, aceite que talvez nunca saibamos tudo. Mas não use essa dúvida como desculpa para se afastar. Nós não podemos deixar que o medo impeça que esses filhos tenham uma chance de conhecer quem realmente os gerou – ou, pelo menos, quem os criou com responsabilidade.— Eu… — ele hesitou, os olhos se perdendo em lembranças que eu jamais conheceria. — Você não entende, Manuela. Toda essa situação me destrói por dentro. Fui forçado a agir de maneira impensada, e agora tenho que pagar o preço por algo que, se pudesse voltar atrás, jamais teria permitido.— Você não tem o direito de me culpar por isso, Collin! Eu também sofri, e cada dia que passo é um lembrete do quanto fui deixada de lado. Você me demitiu sem nem uma palavra de explicação, sem sequer tentar entender o que se passava comigo.— Eu agi como achei melhor na hora – ele replicou, mas a voz falhou.— Melhor? Vo