Capítulo Três

 Ellie Miller

"Escuto o barulho do vidro se espatifando. 

Escuto os gritos, o choro.

Eram meus, saiam da minha boca, mesmo que eu estivesse tentando não fazer nenhum som, mas era impossível.

Mais vidro quebrado.

Caio no chão, e sinto algo molhado no meu braço. 

Era meu sangue escorrendo do local onde a pelo se encontrava exposta, e o osso era visível. Um grito alto sai da minha boca............."

Acordo assustada e suando. Outro pesadelo.

Olho o celular e eram 03 horas da madrugada, dificilmente conseguirei dormir novamente, então me levanto e vou a procura de algo para assistir e passar o tempo.

A maioria das noites eram assim, pesadelos, atrás de pesadelos, então me sento no sofá da sala assistindo e quando dou por mim, já está amanhecendo, como agora.

E início a rotina de me arrumar para ir trabalhar.

Respiro fundo assim que chego na minha sala, na empresa, hoje o dia não estava legal.

Reviso algumas reportagens da revista, e depois não faço mais nada, minha cabeça continua voltando para o pesadelo, várias e várias vezes.

E o pior que os pesadelos só me fazem desencadear memórias que tento esquecer.

Mas rapidamente, do mesmo modo que começou, esqueço, pois seu Edgar entra na minha sala afobado, acho que nunca o vi assim, estava vermelho, seu olhar é de puro medo. E antes que eu fale alguma coisa ou pergunte o que aconteceu, ele fala:

— Abra o site da revista Hipérbole, urgente!

Estava seriamente preocupada dele ter um infarto, então abri e eu própria quase tenho um.

Escândalo

" A Méier empreendimentos, nova parceira, vaza modelos e arquivos exclusivos da Mancini "

E logo abaixo listado vários documentos que foram vazados. Aquilo iria arruinar a vida do Sr. Edgar.

Socorro! Meu rosto deve denunciar meu choque.

— Ellie vamos agora para a Mancini tentar reverter essa situação.

E praticamente voamos até lá. Em um piscar de olhos me encontro sentada na sala do CEO,  não duvido nada que que irá abrir um buraco no chão de tanto que caminha de lá para cá.

— COMO ISSO ACONTECEU!? - ele grita.

Minha respiração falha, me encolhi na hora.

— Dan, por favor se acalme.— Sr. Edgar fala com sua paciência. Não sei se cheguei a mencionar que as famílias dos dois se conhecem, talvez isso influencie ele a pelo menos nos escutar.

— Me diga Edgar, como vou me acalmar, com uma notícia dessas, que põe em risco toda a minha vida? Tudo que lutei para construir? Meu advogado de confiança se quer está aqui.

— Deve ter um jeito, vamos dar um jeito. — ele enfatiza, e então me encara.— O que sugere Ellie?

Eu devo está parecendo aqueles bichinhos acuados, e piora quando ele me encara.

— Eu... eu... é...

— É PARA FALAR! E NÃO GAGUEJAR!

Me encolhi ainda mais.

Grosso.

Ele nota e respira fundo: — O que você sugere?

— Talvez possamos emitir alguma nota, estou segura de que nossa empresa não terá vazado nada, seria bom o senhor ligar para perguntar a seu advogado se poderíamos fazer isso. E iniciar uma investigação, além é claro do processo para retirar da mídia.

— A senhorita está insinuando que saiu a informação de dentro da minha empresa? — Ainda em pé, ele coloca as mão sobre a mesa e me encara bem no fundo dos meus olhos.

Até com raiva esse homem fica lindo.

— Não teria outra explicação senhor! — falo, ainda receosa. — Vários dos documentos que foram vazados da SUA empresa, não temos acesso, tem coisa absurda associado a Méier que nunca colocamos os olhos.— Falo com total convicção, no final, já estava mais confiante para falar.

Ele me encara por longos segundos e respira fundo.

— Vou ligar para meu advogado.

E vai para o canto da sala.

— Me desculpe te envolver nisso minha filha.- volto a olhar para seu Edgar e dou um sorriso.— É a pessoa em quem mais confio para esse tipo de situação.

— Está tudo bem, mesmo que o senhor não tivesse me chamado, eu iria querer ajudar de alguma forma. — conforto ele.

— Você se saiu muito bem, devo dizer que ele não é uma pessoa fácil de se convencer, ou aceitar a opinião dos outros, especialmente de quem ele não conhece.

A cara desse cavalo não nega,  grosso, ignorante, babaca, idiota.............

— Vamos fazer a nota. — fala cortando meus pensamentos.

..........................................

20:15.

Eu estava sentada na frente do notebook tentando fazer algo coerente.

E digo com clareza que até esse momento nada saiu, o por quê? Simples, não discutimos menos de 20 vezes, sério, que homem irritante, tenho dó da esposa dele, coitada deve aguentar o pão que o diabo amassou de ter essa criatura dentro de casa.

O Sr. Edgar me paga desta vez por me largar só com essa criatura.

E nesse momento estamos em mais uma linda discussão.

Deus me dê paciência.

— Sr Mancini, por favor. — Corto seja lá o que ele estivesse falando. — Já está tarde, eu estou cansada, e se não chegarmos a um consenso, não sairemos hoje daqui. — falo com toda calma possível.

Mas ao invés de uma resposta, senti sua respiração no meu pescoço, nem deu tempo de virar quando escutei:

— Acredite, apesar de toda discussão, não estou nem um pouco interessado em ir para casa. — ele sussurrou no meu ouvido.

Me arrepiei toda.

— Acredite, — me virei para ele, ficamos tão próximos que pude sentir sua respiração — já eu estou muito interessada em ir para a minha casa.

Ele simplesmente riu.

— Estou falando sério.

— Bem, seu corpo diz totalmente outra coisa.

Fiquei calada, porque ele não estava errado.

— Faça o que achar melhor e publique logo.

Obrigado Deus!

E é o que eu faço. Detalhadamente, e lá para as 22:00 da noite, depois da aprovação dele, publicamos a nota.

— Vamos. — fala já pegando suas coisas e  seguindo para a porta, não demoro a segui-lo.

Pegamos o elevador juntos em um silêncio constrangedor.

— Vamos para o carro, eu te deixo em casa.

— Não precisa, Sr. Mancini — me apresso em dizer.

— Eu faço questão.

— Não precisa, de verdade Sr........

Não termino porque em um piscar de olhos estou presa entre seus braços musculosos, minha respiração se torna mais irregular ainda quando ele se abaixa aproximando o rosto do meu. Seus olhos focam nos meus e ele dá um sorriso.

Não consigo desviar. Droga. Porque ele tinha que ser tão lindo.

— Sabe, Ellie, não vou mentir o tesão que me dá quando seus lábios se movem falando senhor. — eu ainda tenho pernas? Devo ter perdido elas quando eles desceu o olhar para minha boca. — Mas devo dizer que eles devem ficar ainda mais lindos quando pronunciam o meu nome, então a partir desse momento me chame apenas de Dan.

Alguém roubou minha voz. E não foi somente pelas últimas palavras dele e sim porque ao pronunciar elas, ele encostou o rosto na curva do meu pescoço onde depositou um beijo.

E outro.

E quando abri a boca para falar alguma coisa, ele me deu outro, e ao invés de alguma palavra sair, eu gemi.

Gemi. Céus, estou louca.

— Porra, agora sim você me deixou de pau duro.

Não deve existir nesse momento alguma coisa mais vermelha que eu.

Mas antes que qualquer um de nós falasse alguma coisa, o elevador abriu as portas. Ele simplesmente me soltou, com um sorriso convencido no rosto e seguiu até o único carro na garagem.

— Você não vem? — falou quando viu que eu não sai do local.

Então eu descobri como caminhar e seguir ele até o carro.

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