Jordani não sabia o que fazia mais: o impacto da verdade ou a constatação de que ela nunca tinha visto a mentira se aproximando. Sentada no banco do café da empresa tomando seu expresso com pouco açúcar, ela olhou para o celular, onde uma mensagem de Paulo César seu namorado piscava na tela. A dor nas palavras dele era quase tangível, mas o que mais a cortava era o simples fato de saber que ele nunca sentiu a dor que ela estava sentindo agora. Ela o amava, e ele havia feito o impensável. Não havia volta.*MENSAGEM DE PAULO*“Jordani, eu sinto muito, mas não posso mais continuar com você. Eu… eu encontrei alguém melhor, me apaixonei pela Carla minha assistente. Desculpe.”Era tudo o que ela precisava ler para que o chão debaixo de seus pés se desintegrasse. A sensação de abandono a sufocava, o café que tinha um pouco de açúcar se tornou amargo em sua boca enquanto as lágrimas, antes reprimidas, começavam a escorrer silenciosamente pelo seu rosto. A dor de ser trocada por outra não tinh
Jordani nunca gostou de chegar atrasada ao trabalho, mas naquela manhã tudo parecia conspirar contra ela. O despertador não tocou, o ônibus atrasou e, como se não bastasse, uma chuva inesperada a pegou no meio do caminho. Quando finalmente entrou no prédio da empresa, suas roupas estavam úmidas, os cabelos colados ao rosto, e seus sapatos faziam barulhos irritantes a cada passo apressado pelo chão de mármore.Ela só queria chegar à sua mesa e passar despercebida. Mas, claro, Lucas estava ali.O chefe rabugento, como ela costumava chamá-lo mentalmente, estava parado próximo à entrada do escritório, conversando com outros gerentes. Quando seus olhos frios pousaram nela, Jordani soube que sua sorte havia acabado.— Que bela imagem de profissionalismo — Lucas comentou, sua voz carregada de ironia.Jordani fechou os olhos por um segundo, respirando fundo antes de encará-lo.— Foi um imprevisto, senhor.— O que foi? Decidiu nadar até aqui?Houve uma risada abafada de um dos gerentes ao lado
O coração de Jordani batia forte enquanto ela girava a maçaneta e empurrava a porta do escritório de Lucas. O que quer que estivesse prestes a ver, ela sabia que seria algo inesperado. Mas nada a preparou para aquela cena.Lucas estava encostado na mesa, sem camisa, o cabelo bagunçado e a respiração pesada. Seus olhos estavam turvos, e uma garrafa de uísque aberta repousava ao lado dele. A mulher à sua frente, alta e loira, tinha as mãos no peito dele, os lábios curvados em um sorriso malicioso enquanto tentava puxá-lo para mais perto.O choque percorreu Jordani como um raio. Seu chefe arrogante, sempre tão impecável e frio, agora estava ali, vulnerável e claramente embriagado… com uma amante?Seu estômago revirou. Que tipo de homem era Lucas para se entregar daquela forma dentro do próprio escritório?Lucas soltou um resmungo e empurrou a mulher com mais força, sua expressão se contorcendo em desgosto. Mas a loira não parecia disposta a desistir tão fácil.— Qual é, Lucas… você sabe
Jordani se perguntou, pela milésima vez, por que estava passando por aquilo.Lucas era alto, pesado e estava embriagado o suficiente para dificultar cada passo até a saída da empresa. Ele tropeçava nos próprios pés, murmurava palavras desconexas e, vez ou outra, soltava um suspiro exasperado, como se ela fosse a culpada por ele estar naquele estado.— Você precisa parar de beber tanto — ela resmungou, tentando firmá-lo melhor ao seu lado.— Você precisa… parar de mandar em mim — ele rebateu, a voz arrastada.Ela bufou.— Ah, claro, porque você está super no controle agora.Lucas soltou uma risada baixa, mas não respondeu. Jordani só queria colocá-lo em um táxi e seguir sua vida, mas, para sua infelicidade, o motorista que os levou não parecia nada confortável em deixar um homem bêbado sozinho.— Senhorita, tem certeza de que ele vai ficar bem? — o taxista perguntou, olhando pelo retrovisor.Jordani olhou para Lucas, que estava largado no banco ao lado dela, os olhos semicerrados, o ro
O silêncio do escritório era raro, mas Jordani encontrou um canto afastado, longe dos olhares curiosos. Sentou-se em um banco discreto, abraçando os próprios braços para tentar afastar o cansaço. Fechou os olhos por um instante, só para descansar um pouco…O que ela não percebeu foi o tempo passando.— Então é assim que você trabalha?A voz grave e carregada de ironia a despertou bruscamente. Jordani piscou algumas vezes, tentando processar onde estava. Quando levantou o rosto, deparou-se com Lucas, braços cruzados, olhar afiado e um sorrisinho cínico nos lábios.— O quê…? — Sua voz saiu rouca, e ela limpou a garganta.— Está confortável? Precisa de um travesseiro? Talvez um cobertor? — Ele inclinou ligeiramente a cabeça, avaliando-a como se fosse uma criança flagrada fazendo travessura.Jordani sentiu o sangue subir ao rosto. Droga! Não queria, de jeito nenhum, dar essa satisfação para ele. Levantou-se de uma vez, ajeitando o blazer.— Eu não estava dormindo.Lucas arqueou a sobrance
O silêncio no carro de Lucas era quase sufocante. Jordani mantinha os braços cruzados, encarando a rua pela janela, como se o simples ato de olhar para ele fosse uma ofensa.Lucas, por sua vez, dirigia sem pressa, o semblante fechado.— Você ainda tá tremendo — ele comentou de repente.Jordani apertou os braços ao redor do próprio corpo, tentando disfarçar.— Tô com frio — mentiu.Lucas soltou um riso baixo, sem humor.— Claro. Só que não.Ela virou o rosto para ele, fuzilando-o com o olhar.— Você sempre tem que ser irritante desse jeito?— Você sempre tem que ser tão teimosa? — Ele rebateu, sem tirar os olhos da estrada.Ela bufou, largando os braços ao lado do corpo. O cheiro amadeirado do perfume dele estava impregnado no blazer que ainda usava, o que só tornava a situação mais irritante.Quando finalmente chegaram ao prédio dela, Jordani tirou o blazer de qualquer jeito e empurrou contra o peito de Lucas antes de sair do carro.— Boa noite — resmungou, sem olhar para trás.Mas, a
O beijo entre Jordani e Lucas era tudo, e ao mesmo tempo nada do que ela havia imaginado. A mistura de álcool, desejo reprimido e frustração os consumia de maneira intensa e voraz. O toque dele, ardente, percorreu a pele dela com a mesma intensidade com que ele a beijava. A sensação de estar sendo devorada por ele fez seu coração bater mais rápido.Lucas a puxou para mais perto, o corpo deles se encostando de maneira que Jordani sentiu a temperatura aumentar. O toque das mãos dele, que antes eram firmes e controladores, agora estavam mais soltas, mais exigentes. Ele deslizou uma das mãos para sua cintura, fazendo-a arquear o corpo de encontro ao dele.— Você me provocou a noite toda — ele murmurou contra seus lábios, a voz rouca e baixa, que fez a respiração dela falhar. — Agora vai ter que lidar com isso.Jordani sentiu um arrepio ao ouvir aquelas palavras. Sua mente dizia que era um erro, mas o corpo não obedecia. O desejo estava mais forte que qual
No trabalho – O clima estranho O ambiente na empresa parecia ainda mais tenso do que o normal naquela manhã. Jordani tentava se concentrar no seu computador, mas a lembrança do que aconteceu na noite passada a assombrava. O beijo, a intensidade, a marca que Lucas deixou em seu pescoço… Cada vez que ela se lembrava disso, seu corpo aquecia, e ela lutava para não deixar isso transparecer. Mas, por mais que ela tentasse se concentrar no trabalho, havia algo que ela não conseguia ignorar: a presença de Lucas. Ele estava mais distante do que nunca, sua postura fechada, e seus olhares cruzando com os dela de maneira intensa, como se esperasse uma reação, mas, ao mesmo tempo, a evitava. Ela não sabia o que fazer com isso, nem o que ele esperava dela. A porta da sala de Lucas se abriu, e, por um momento, a respiração de Jordani ficou suspensa. Ele entrou sem dizer uma palavra, mas seu olhar pesado se fixou nela. Ela sentiu o peso daquele olhar e tentou se manter firme, mas o coração b