Jordani não sabia o que fazia mais: o impacto da verdade ou a constatação de que ela nunca tinha visto a mentira se aproximando. Sentada no banco do café da empresa tomando seu expresso com pouco açúcar, ela olhou para o celular, onde uma mensagem de Paulo César seu namorado piscava na tela. A dor nas palavras dele era quase tangível, mas o que mais a cortava era o simples fato de saber que ele nunca sentiu a dor que ela estava sentindo agora. Ela o amava, e ele havia feito o impensável. Não havia volta.
*MENSAGEM DE PAULO*
“Jordani, eu sinto muito, mas não posso mais continuar com você. Eu… eu encontrei alguém melhor, me apaixonei pela Carla minha assistente. Desculpe.”
Era tudo o que ela precisava ler para que o chão debaixo de seus pés se desintegrasse. A sensação de abandono a sufocava, o café que tinha um pouco de açúcar se tornou amargo em sua boca enquanto as lágrimas, antes reprimidas, começavam a escorrer silenciosamente pelo seu rosto. A dor de ser trocada por outra não tinha palavras para descrever. Ela, que passou todos esses anos acreditando nessas promessas, no “para sempre”, " eu te amo", "vamos casar e ser felizes", agora se via sem chão.
Com as mãos trêmulas, ela desligou o celular e olhou em volta, como se as paredes do café pudessem absorver de alguma forma. Tudo parecia desmoronar ao seu redor, e o barulho abafado da cidade lá fora não fazia sentido algum. Era como se nada mais importasse, nem mesmo o mundo lá fora.
-Jordânia!- A voz cortante de Lucas, seu chefe, ecoou pela pequena sala pronunciando seu nome errado como sempre. Ela é transparente a cabeça, ainda com o rosto manchado pelas lágrimas, tentando esconder o que sentiu.
Lucas, com sua postura imponente, estava de pé ao lado da mesa. Ele a observava com aquele olhar frio, como sempre. A expressão dele nunca mudou, e isso só a fazia se sentir mais frágil, mais insignificante. Ele a detestava. Tinha certeza disso.
- Você está bem? - Ele disse, e seu tom foi mais de desdém do que de preocupação. Ele nunca se importou com ela. Para ele, ela não passa de mais uma funcionária no meio de um mar de nomes e números.
Jordani respirou fundo, tentando controlar o nó na garganta. -Sim, estou. Só… só preciso de um momento para terminar meu café ! - Ela diz com um tom frio e indiferente mostrando sua xícara ainda cheia de café.
Lucas não se incomoda, mas antes que pudesse dizer algo, ele se apresentou, aparentemente sem paciência para continuar com a conversa. - Você tem um relatório para terminar até o final do dia. Não quero mais desculpas, entendeu ? - Ele procura pelo olhar de Jordani e a desafia com seus olhos castanhos brilhantes com um céu estrelado.
Ela apenas acenou, forçando um sorriso que mais parecia uma careta. Ele não sabia da dor que ela carregava. Ninguém sabia. Ele, que a tratava com desprezo, com uma frieza que cortava mais fundo do que qualquer palavra, nunca imaginava o que se passava dentro dela agora. Se ele souber, talvez nem se importe.
Jordani fechou os olhos por um segundo, tentando se recompor. O que faria agora? Como se reergue quando o próprio coração parecia em pedaços?
Jordani nunca gostou de chegar atrasada ao trabalho, mas naquela manhã tudo parecia conspirar contra ela. O despertador não tocou, o ônibus atrasou e, como se não bastasse, uma chuva inesperada a pegou no meio do caminho. Quando finalmente entrou no prédio da empresa, suas roupas estavam úmidas, os cabelos colados ao rosto, e seus sapatos faziam barulhos irritantes a cada passo apressado pelo chão de mármore.Ela só queria chegar à sua mesa e passar despercebida. Mas, claro, Lucas estava ali.O chefe rabugento, como ela costumava chamá-lo mentalmente, estava parado próximo à entrada do escritório, conversando com outros gerentes. Quando seus olhos frios pousaram nela, Jordani soube que sua sorte havia acabado.— Que bela imagem de profissionalismo — Lucas comentou, sua voz carregada de ironia.Jordani fechou os olhos por um segundo, respirando fundo antes de encará-lo.— Foi um imprevisto, senhor.— O que foi? Decidiu nadar até aqui?Houve uma risada abafada de um dos gerentes ao lado
O coração de Jordani batia forte enquanto ela girava a maçaneta e empurrava a porta do escritório de Lucas. O que quer que estivesse prestes a ver, ela sabia que seria algo inesperado. Mas nada a preparou para aquela cena.Lucas estava encostado na mesa, sem camisa, o cabelo bagunçado e a respiração pesada. Seus olhos estavam turvos, e uma garrafa de uísque aberta repousava ao lado dele. A mulher à sua frente, alta e loira, tinha as mãos no peito dele, os lábios curvados em um sorriso malicioso enquanto tentava puxá-lo para mais perto.O choque percorreu Jordani como um raio. Seu chefe arrogante, sempre tão impecável e frio, agora estava ali, vulnerável e claramente embriagado… com uma amante?Seu estômago revirou. Que tipo de homem era Lucas para se entregar daquela forma dentro do próprio escritório?Lucas soltou um resmungo e empurrou a mulher com mais força, sua expressão se contorcendo em desgosto. Mas a loira não parecia disposta a desistir tão fácil.— Qual é, Lucas… você sabe
Jordani se perguntou, pela milésima vez, por que estava passando por aquilo.Lucas era alto, pesado e estava embriagado o suficiente para dificultar cada passo até a saída da empresa. Ele tropeçava nos próprios pés, murmurava palavras desconexas e, vez ou outra, soltava um suspiro exasperado, como se ela fosse a culpada por ele estar naquele estado.— Você precisa parar de beber tanto — ela resmungou, tentando firmá-lo melhor ao seu lado.— Você precisa… parar de mandar em mim — ele rebateu, a voz arrastada.Ela bufou.— Ah, claro, porque você está super no controle agora.Lucas soltou uma risada baixa, mas não respondeu. Jordani só queria colocá-lo em um táxi e seguir sua vida, mas, para sua infelicidade, o motorista que os levou não parecia nada confortável em deixar um homem bêbado sozinho.— Senhorita, tem certeza de que ele vai ficar bem? — o taxista perguntou, olhando pelo retrovisor.Jordani olhou para Lucas, que estava largado no banco ao lado dela, os olhos semicerrados, o ro
O silêncio do escritório era raro, mas Jordani encontrou um canto afastado, longe dos olhares curiosos. Sentou-se em um banco discreto, abraçando os próprios braços para tentar afastar o cansaço. Fechou os olhos por um instante, só para descansar um pouco…O que ela não percebeu foi o tempo passando.— Então é assim que você trabalha?A voz grave e carregada de ironia a despertou bruscamente. Jordani piscou algumas vezes, tentando processar onde estava. Quando levantou o rosto, deparou-se com Lucas, braços cruzados, olhar afiado e um sorrisinho cínico nos lábios.— O quê…? — Sua voz saiu rouca, e ela limpou a garganta.— Está confortável? Precisa de um travesseiro? Talvez um cobertor? — Ele inclinou ligeiramente a cabeça, avaliando-a como se fosse uma criança flagrada fazendo travessura.Jordani sentiu o sangue subir ao rosto. Droga! Não queria, de jeito nenhum, dar essa satisfação para ele. Levantou-se de uma vez, ajeitando o blazer.— Eu não estava dormindo.Lucas arqueou a sobrance
O silêncio no carro de Lucas era quase sufocante. Jordani mantinha os braços cruzados, encarando a rua pela janela, como se o simples ato de olhar para ele fosse uma ofensa.Lucas, por sua vez, dirigia sem pressa, o semblante fechado.— Você ainda tá tremendo — ele comentou de repente.Jordani apertou os braços ao redor do próprio corpo, tentando disfarçar.— Tô com frio — mentiu.Lucas soltou um riso baixo, sem humor.— Claro. Só que não.Ela virou o rosto para ele, fuzilando-o com o olhar.— Você sempre tem que ser irritante desse jeito?— Você sempre tem que ser tão teimosa? — Ele rebateu, sem tirar os olhos da estrada.Ela bufou, largando os braços ao lado do corpo. O cheiro amadeirado do perfume dele estava impregnado no blazer que ainda usava, o que só tornava a situação mais irritante.Quando finalmente chegaram ao prédio dela, Jordani tirou o blazer de qualquer jeito e empurrou contra o peito de Lucas antes de sair do carro.— Boa noite — resmungou, sem olhar para trás.Mas, a
O beijo entre Jordani e Lucas era tudo, e ao mesmo tempo nada do que ela havia imaginado. A mistura de álcool, desejo reprimido e frustração os consumia de maneira intensa e voraz. O toque dele, ardente, percorreu a pele dela com a mesma intensidade com que ele a beijava. A sensação de estar sendo devorada por ele fez seu coração bater mais rápido.Lucas a puxou para mais perto, o corpo deles se encostando de maneira que Jordani sentiu a temperatura aumentar. O toque das mãos dele, que antes eram firmes e controladores, agora estavam mais soltas, mais exigentes. Ele deslizou uma das mãos para sua cintura, fazendo-a arquear o corpo de encontro ao dele.— Você me provocou a noite toda — ele murmurou contra seus lábios, a voz rouca e baixa, que fez a respiração dela falhar. — Agora vai ter que lidar com isso.Jordani sentiu um arrepio ao ouvir aquelas palavras. Sua mente dizia que era um erro, mas o corpo não obedecia. O desejo estava mais forte que qual
No trabalho – O clima estranho O ambiente na empresa parecia ainda mais tenso do que o normal naquela manhã. Jordani tentava se concentrar no seu computador, mas a lembrança do que aconteceu na noite passada a assombrava. O beijo, a intensidade, a marca que Lucas deixou em seu pescoço… Cada vez que ela se lembrava disso, seu corpo aquecia, e ela lutava para não deixar isso transparecer. Mas, por mais que ela tentasse se concentrar no trabalho, havia algo que ela não conseguia ignorar: a presença de Lucas. Ele estava mais distante do que nunca, sua postura fechada, e seus olhares cruzando com os dela de maneira intensa, como se esperasse uma reação, mas, ao mesmo tempo, a evitava. Ela não sabia o que fazer com isso, nem o que ele esperava dela. A porta da sala de Lucas se abriu, e, por um momento, a respiração de Jordani ficou suspensa. Ele entrou sem dizer uma palavra, mas seu olhar pesado se fixou nela. Ela sentiu o peso daquele olhar e tentou se manter firme, mas o coração b
O ambiente estava carregado de uma tensão palpável. O silêncio entre os dois parecia pesar mais a cada segundo que passava. Lucas estava sentado em sua cadeira, seus olhos fixos nela, como se estivesse esperando por algo. Jordani, por outro lado, estava ao lado da mesa, sentindo o peso da situação. O que aconteceu entre eles na noite anterior ainda estava fresco em sua mente, e a confusão sobre o que exatamente aquilo significava a estava consumindo. Ela sabia que estava se envolvendo em algo perigoso, mas, de alguma forma, não conseguia se afastar. — Você sabe o que aconteceu entre nós ontem, Jordani — Lucas falou, quebrando o silêncio. A voz dele estava mais séria do que nunca, mas havia algo mais ali. Um desafio, talvez? Ou um convite para entrar em um jogo que ela ainda não entendia completamente. Ela o olhou, sem saber como reagir. A lembrança da noite quente ainda a fazia tremer, e ela se perguntava até onde aquilo poderia ir. Ela não queria ser controlada, mas, por alguma ra