Jacob Lauder sempre foi um homem reservado, mas com um coração intenso e uma alma que buscava o amor com a mesma paixão que dedicava à vida. Aos 22 anos, encontrou o que julgava ser seu final feliz: Aline Santoro. Uma mulher doce, forte, enigmática. Os dois se apaixonaram rapidamente, e logo estavam vivendo uma vida de sonhos — uma casa acolhedora, tardes de risadas, viagens espontâneas e madrugadas cheias de promessas sussurradas entre lençóis.
Durante cinco anos, Jacob acreditou que tinha tudo. Cada gesto, cada palavra trocada com Aline, parecia confirmar que ele havia feito a escolha certa. Ela era o seu lar, seu porto seguro, sua melhor amiga. Mas nenhuma felicidade permanece intocável quando há segredos enterrados. Aline carregava um silêncio antigo dentro de si, algo que jamais teve coragem de contar. E esse segredo não era pequeno. Era do tipo que podia desmoronar castelos, romper laços de sangue, e queimar tudo o que antes parecia eterno. Ela era filha adotiva de Madeleine Santoro — uma socialite conhecida por sua elegância e pelas festas luxuosas que dava para a alta sociedade. Poucos, no entanto, sabiam que Madeleine levava uma vida dupla: por trás da fachada impecável, ela mantinha um caso antigo e secreto com um homem casado... o pai de Jacob. Aline sabia. Sabia desde sempre. Sabia que, ao se apaixonar por Jacob, estava cruzando uma linha invisível. Mas acreditava que podia enterrar o passado, fingir que os erros dos pais não cairiam sobre seus ombros. Jacob, porém, não sabia. E quando descobriu, tudo veio à tona de forma brutal. Foi em uma noite chuvosa, típica de um drama que parecia saído de um filme. Jacob encontrou uma antiga carta escondida entre os livros de Aline — uma carta com palavras escritas pela própria Madeleine, onde falava sobre o relacionamento com o pai de Jacob e pedia perdão à filha por tudo que havia causado. O mundo de Jacob desmoronou ali, em silêncio, com o papel ainda tremendo entre seus dedos. Horas depois, a discussão aconteceu. Intensa. Cruel. — Você sabia esse tempo todo? Você sabia quem ela era para o meu pai? Você mentiu para mim, Aline! Aline chorava, desesperada. — Eu tentei proteger você, Jacob... Eu não escolhi quem minha mãe foi. Eu só te escolhi a você! — Você escondeu isso de mim! E agora tudo faz sentido... minha mãe sofrendo, meu pai se afastando... você fazia parte disso! Parte da mentira! — Não! Eu sou vítima também! Mas Jacob não conseguia mais escutar. A dor de ver seu pai envolvido com outra mulher já era sufocante, mas o fato de sua própria esposa — a mulher em quem mais confiava — ter ocultado isso por anos, o deixou em frangalhos. Era como ser traído duas vezes, por dois amores diferentes. Naquela noite, ele arrumou uma mala pequena com algumas roupas, pegou as chaves do carro e saiu batendo a porta. A chuva caía com força, como se o céu tentasse apagar o que havia acabado de acontecer. Aline correu atrás dele pela rua molhada, gritando o nome dele, tentando impedi-lo de partir. — Jacob, por favor! Me escuta! Não vá assim...! Mas ele não parou. Não olhou para trás. O som do impacto veio como um trovão. Um motociclista em alta velocidade. Um grito. Um silêncio terrível. Jacob se virou apenas a tempo de ver o corpo de Aline no chão, imóvel. Ela morreu nos braços dele, sem ter a chance de se explicar pela última vez. A culpa o corroeu como veneno. Ele se afastou do mundo, cortou laços, vendeu a casa onde viveram juntos, e desapareceu por longos anos. Durante esse tempo, recusava-se a falar sobre o que havia acontecido. As pessoas o viam como um homem endurecido, frio, quase espectral. Mas dentro dele, ainda havia um anel preso ao dedo anelar — uma aliança que ele nunca tirou. Até que, em uma manhã cinzenta, Jacob acordou e olhou para aquele anel com outros olhos. A dor ainda existia, mas havia uma semente de mudança crescendo em silêncio. Ele se olhou no espelho, cansado de ser prisioneiro do passado, e decidiu que era hora de deixar Aline ir. Sem cerimônias, dirigiu até um penhasco onde costumava vê-la sorrir para o mar, e ali, com os olhos marejados, tirou a aliança pela primeira vez. — Eu nunca deixei de te amar, Aline… mas agora eu preciso seguir em frente. Por mim. Por você. Ele lançou o anel ao oceano e observou até ele desaparecer entre as ondas. E foi ali, nesse exato instante, que algo dentro dele se libertou. Movido por um impulso que nem ele soube explicar, Jacob decidiu seguir para a praia. Para o mesmo lugar onde havia conhecido Aline pela primeira vez. Talvez para se despedir de vez. Ou talvez... porque algo o chamava de volta. O que Jacob não sabia era que o destino, silencioso e paciente, já preparava um novo enredo para sua vida. Uma história que começaria justamente onde a anterior terminou. E nesse novo capítulo, segredos ainda maiores aguardavam para serem revelados — segredos que poderiam mudar tudo o que ele acreditava sobre amor, lealdade... e sobre si mesmo.O sol tingia o céu de laranja e dourado enquanto se escondia no horizonte. A brisa salgada soprava com mais força, trazendo um friozinho que contrastava com o calor do dia. Larissa sentia a areia fina grudando em seus pés enquanto recolhia os pertences espalhados. As toalhas úmidas, os chinelos cobertos de areia, a bolsa de palha que a mãe insistia em carregar – tudo precisava ser organizado antes de voltarem para o hotel. Gustavo, seu irmão caçula, corria pela praia, os pés afundando na areia quente antes de mergulharem na espuma gelada das ondas. Ele gargalhava, aproveitando cada segundo como se o mar fosse um presente raro. E, de certa forma, era. Era a primeira vez que Gustavo via o mar. Larissa suspirou, ajustando a bolsa no ombro. O vento bagunçava seus cabelos enquanto observava a mãe caminhar lentamente até o carro. Giovana parecia cansada, como se a própria existência lhe pesasse nos ombros. — Gustavo, vamos indo! — Larissa chamou, tentando soar firme. O garoto parou por
Ao chegarem, Larissa se apressou para o banheiro, precisando desesperadamente da água quente para aliviar a tensão em seus músculos. Enquanto a água escorria por seu corpo, fechou os olhos e tentou apagar as imagens que insistiam em assombrá-la. Mas não importava o quanto tentasse, aquele olhar — aquele olhar intenso e desconhecido — continuava cravado em sua mente. Depois de um longo banho, finalmente desligou o chuveiro e se enrolou na toalha, sentindo um leve calafrio ao sair do banheiro. Antes que pudesse dar mais do que dois passos, ouviu a voz doce e curiosa da mãe ecoando pelo quarto. — Larissa, querida, ainda vamos sair? A jovem respirou fundo antes de abrir a porta, recompondo-se rapidamente. Já vestida, forçou um sorriso para a mãe, que a observava com expectativa. — Claro, mamãe — respondeu, tentando parecer animada. — Eu prometi ao Gustavo frutos-do-mar, não posso voltar atrás agora. O rosto da mãe se iluminou com um sorriso genuíno, carregado de uma felicidade rara q
A manhã estava clara e ensolarada, com uma brisa fresca soprando do mar. O movimento na pequena cidade litorânea era tranquilo, turistas começavam a sair para suas atividades matinais, e os moradores locais seguiam sua rotina habitual. Larissa, sua mãe e Gustavo já estavam no carro, prontos para ir embora depois de um fim de semana inesquecível. Mas antes de pegarem a estrada, pararam em um pequeno mercado na esquina da avenida principal. — Vou comprar algumas garrafas de água. Não demoro. — disse Larissa, destravando o cinto e saindo do carro. O sininho da porta tilintou assim que ela entrou. O ar fresco do ar-condicionado contrastava com o calor do lado de fora, e o cheiro de café recém-passado se misturava ao aroma dos produtos expostos. Ela caminhou entre as prateleiras distraída, pegou algumas garrafas de água e seguiu para o caixa. Foi então que parou abruptamente. Ali, à sua frente na fila, estava ele. O homem misterioso que salvara Gustavo. Por um instante, Larissa hesi
O sol começava a se esconder atrás dos prédios altos da cidade quando Larissa estacionou o carro diante do velho edifício de concreto cinzento que chamavam de lar. Era pequeno, com pintura descascando e uma portaria quase sempre vazia, mas ainda assim era o refúgio que ela havia reconstruído com esforço e coragem.Assim que o carro parou, Gustavo soltou o cinto num pulo e saiu correndo, como se estivesse participando de uma maratona.— Ei, rapazinho! — a voz firme e carinhosa de Larissa ecoou logo atrás dele. — Volta aqui e pega as sacolas. Você não vai me deixar carregar tudo sozinha, vai?Gustavo fez uma careta, bufou, mas voltou, pegou sua própria mala e correu outra vez, dessa vez em direção ao elevador.Larissa sorriu, balançando a cabeça diante da energia incansável do irmão. Em seguida, abriu a porta traseira e, com todo cuidado, ajudou a mãe a sair do carro. Giovana estava mais frágil do que nunca, a pele fina como papel, os olhos serenos, porém cansados. Mesmo assim, ainda in
A manhã passou com uma tranquilidade incomum. Larissa mergulhou em tarefas rotineiras, revisando arquivos, ajustando prazos, e trocando e-mails com o grupo de design. Seus dedos deslizavam rápidos pelo teclado, mas sua mente estava em outro lugar — no misterioso convite de William. A reunião da empresa estava marcada para as 16h, e ela tentava manter o foco, mesmo com o relógio se arrastando, como se cada minuto carregasse uma tensão silenciosa.Quando o ponteiro tocou o 11H, Larissa se levantou da mesa com precisão cirúrgica. Organizava seus materiais com a elegância natural que a acompanhava mesmo nos gestos mais simples. Penteou com os dedos uma mecha de cabelo solta, respirou fundo e seguiu pelos corredores da empresa, ignorando o burburinho sobre a chegada do novo chefe.Caminhou até o café habitual, o “Lugar de Sempre”, como William gostava de chamar. Era um cantinho discreto e elegante, onde já haviam se encontrado tantas outras vezes. Como de costume, ela chegou antes, sentand
Larissa ainda sentia o coração aos pulos quando entrou no carro. Suas mãos tremiam levemente no volante, mas o sorriso em seu rosto era impossível de conter. Uma alegria diferente vibrava em seu peito, um tipo de felicidade que fazia tempo que ela não sentia. O peso da vida, das perdas, das responsabilidades... por um momento, tudo parecia ter desaparecido. Era como se o universo tivesse, enfim, lhe devolvido algo.A chave da antiga casa. A promessa cumprida. O carinho silencioso de William. Tudo pulsava dentro dela com a mesma intensidade de um sonho que se torna real. Dirigia distraída pelas ruas movimentadas, os pensamentos voando para lembranças da infância: o jardim florido, as paredes com desenhos feitos por ela e seu pai, a cozinha onde sua mãe assava bolos nos finais de semana...Estava tão imersa em suas lembranças que não viu o semáforo mudar.O som do impacto foi seco e imediato.O carro deu um tranco para frente, o cinto de segurança a segurou com força contra o banco.
Jacob inclinou levemente a cabeça, seus olhos deslizando lentamente pelo rosto de Larissa, como se estivesse memorizando cada traço com uma precisão quase poética. O olhar dele parou por um instante em sua boca, depois subiu de volta até os olhos dela, e então um pequeno sorriso se formou em seus lábios — não um sorriso comum, mas aquele tipo que surge quando alguém sabe exatamente o que está fazendo.— Mas seu carro vai precisar de um reparo, — ele disse, com a voz baixa, grave, carregada de uma calma que parecia proposital. — Se algum guarda te parar dirigindo com as luzes assim, quebradas… você pode acabar sendo multada.Ele falava com uma tranquilidade perigosa, como se cada palavra fosse uma isca lançada em direção a ela. E Larissa... não conseguiu se concentrar no que ele dizia. Suas palavras soavam distantes, abafadas pelo som abafado de seu próprio coração acelerado.Porque, na verdade, tudo o que ela sentia era a mão dele.Aquela mão quente ainda repousava sobre seu ombro — u
Larissa retornou ao trabalho com o coração aos pulos e uma sensação curiosa revirando dentro de si — borboletas no estômago, ansiosas, agitadas, como se cada batida do coração fosse um aviso: algo está mudando. Ela tentou focar no que restava do expediente, mas os pensamentos se negavam a cooperar. A imagem de Jacob — seu olhar, sua voz, o toque quente e seguro em seu ombro — voltava à sua mente como um eco doce e perturbador. Ela mal acreditava no que tinha acontecido. Um jantar? Hoje à noite? Como assim?A reunião das 16h, para a qual ela tanto havia se preparado, acabou não sendo sobre o novo chefe, como todos imaginavam. Em vez disso, foi algo ainda mais surpreendente: a Imperium Beauty estava firmando uma nova parceria com uma renomada agência de propaganda, especializada em campanhas de impacto com modelos selecionadas a dedo para representar grandes marcas. A ideia era ousada: trazer novos rostos para dar vida aos produtos da Imperium, tornando-os ainda mais desejados no merc