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3. O DESAPARECIMENTO DE GUSTAVO

O sol tingia o céu de laranja e dourado enquanto se escondia no horizonte. A brisa salgada soprava com mais força, trazendo um friozinho que contrastava com o calor do dia. Larissa sentia a areia fina grudando em seus pés enquanto recolhia os pertences espalhados. As toalhas úmidas, os chinelos cobertos de areia, a bolsa de palha que a mãe insistia em carregar – tudo precisava ser organizado antes de voltarem para o hotel. 

Gustavo, seu irmão caçula, corria pela praia, os pés afundando na areia quente antes de mergulharem na espuma gelada das ondas. Ele gargalhava, aproveitando cada segundo como se o mar fosse um presente raro. E, de certa forma, era. 

Era a primeira vez que Gustavo via o mar. 

Larissa suspirou, ajustando a bolsa no ombro. O vento bagunçava seus cabelos enquanto observava a mãe caminhar lentamente até o carro. Giovana parecia cansada, como se a própria existência lhe pesasse nos ombros. 

— Gustavo, vamos indo! — Larissa chamou, tentando soar firme. 

O garoto parou por um instante, encarou o mar como se se despedisse dele e gritou, sem olhar para trás: 

— Só mais um mergulho! 

Larissa revirou os olhos e cruzou os braços. 

— Gustavo, volta aqui! Não vai molhar a roupa outra vez! 

Mas ele já corria, os pés ágeis na areia úmida. O mar o chamava de volta, e ele não resistiu. Afinal, no dia seguinte, já estariam indo embora. Quando teria outra chance de sentir aquela imensidão azul ao seu redor? 

O problema é que o mar nem sempre recebe os visitantes com gentileza. 

A primeira onda quebrou suavemente em seus joelhos. A segunda subiu até sua cintura. Ele riu, pulando com a força da água. Então, uma onda maior surgiu do nada, violenta e traiçoeira. 

Gustavo perdeu o equilíbrio. 

Seus pés se desprenderam do chão de areia, e num instante, ele foi sugado para dentro da correnteza. Tentou lutar, bater os braços, chutar com as pernas, mas a força do mar era muito maior. A água invadia sua boca e seu nariz. Ele queria gritar, mas só conseguia engolir mais água salgada. 

Enquanto isso, Larissa fechava o porta-malas do carro, sem imaginar o que estava acontecendo. Foi só quando se virou para chamar o irmão novamente que percebeu o vazio ao redor. 

— Gustavo? 

Silêncio. 

O coração dela deu um salto. 

— Gustavo, não é hora de brincar! 

Nenhuma resposta. 

O vento parecia sussurrar em seus ouvidos, aumentando sua inquietação. Seus olhos vasculharam a praia quase deserta. Algumas poucas pessoas caminhavam ao longe, mas nenhuma parecia se importar com um menino brincando no mar. 

Um frio percorreu sua espinha. 

— Gustavo! — ela chamou, agora com urgência. 

Nada. 

— GUSTAVO! 

O desespero começou a se apoderar dela. Seus olhos corriam de um lado para o outro, buscando qualquer sinal do irmão. Mas ele não estava em lugar nenhum. O mar, agora escuro e imponente, parecia ter engolido o garoto sem deixar vestígios. O vento forte cortava o rosto de Larissa enquanto seus pés afundavam na areia fofa. O sol já se punha no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, mas nada disso importava. O pavor em seu peito crescia a cada segundo. 

— Gustavo! — ela gritava, a voz carregada de desespero. — Gustavo, cadê você?! 

Seus olhos percorriam a praia freneticamente até que, ao longe, ela avistou uma silhueta. Um homem carregava algo nos braços. Seu coração quase parou. Não, não podia ser... 

Suas pernas fraquejaram por um segundo, mas a adrenalina a impulsionou para frente. Ela correu, ignorando a ardência nos músculos, ignorando tudo ao seu redor.

Quando finalmente chegou perto o suficiente, viu o corpo frágil do irmão nos braços daquele estranho. O homem o colocou cuidadosamente na areia e, sem hesitar, começou a aplicar respiração boca a boca. 

— Gustavo! — Larissa caiu de joelhos ao lado deles, as lágrimas já turvando sua visão. 

O tempo pareceu parar. Um segundo, dois, três… E então, um som que fez seu coração disparar de alívio. 

Gustavo engasgou, tossiu violentamente, cuspindo a água salgada que encharcava seus pulmões. Seu peito arfava enquanto tentava recuperar o fôlego, os olhos assustados encontrando os da irmã. 

— Meu Deus… — Larissa soluçou, passando as mãos trêmulas pelo rosto do irmão. — Você está bem? Você está bem?!

O homem ao lado deles observava a cena em silêncio, sua expressão séria e controlada. Quando Gustavo se acalmou um pouco, ele se virou para o menino e disse com firmeza: 

— Você deu sorte dessa vez. Mas precisa tomar mais cuidado. O mar não é um lugar para brincar sozinho. Ele pode ser traiçoeiro. 

Larissa ergueu os olhos para o homem, sua expressão carregada de gratidão. 

— Obrigada... Obrigada por salvá-lo. Eu não sei como… — sua voz embargou. 

Por um breve momento, o homem pareceu suavizar, mas logo seu olhar se tornou frio, distante. Seu sorriso desapareceu. 

— Você deveria ter mais cuidado. — A dureza em seu tom fez Larissa estremecer. — Uma criança pequena não pode estar sozinha em um mar como esse. 

Antes que ela pudesse responder, Gustavo, mesmo ainda ofegante, ergueu o rosto e falou com a voz fraca, mas determinada: 

— Não foi culpa dela, moço. 

Ele se virou para a irmã e a abraçou com força. 

— Desculpa, Larissa… Eu prometo que não faço mais isso.

O coração dela apertou. Sentiu um misto de culpa e alívio. 

— Está tudo bem agora. Você está bem, isso é o que importa. 

Ela o envolveu em um abraço apertado e, voltando-se para o homem, inclinou levemente a cabeça em um gesto respeitoso. 

— Mais uma vez, obrigada por salvar meu irmão. 

Ela segurou a mão de Gustavo e se preparou para ir embora, mas a voz do homem, agora mais suave, a fez parar. 

— Talvez eu tenha me expressado mal… — Ele respirou fundo, como se reconsiderasse suas palavras. — Seu irmão tem sorte de ter você para cuidar dele. 

Larissa franziu a testa. Pela primeira vez, realmente o observou. Havia algo nele que não conseguia decifrar. Seus olhos eram intensos, carregados de algo que ela não conseguia nomear. 

Ela apenas acenou com a cabeça, sem saber ao certo o que dizer. Então, sem olhar para trás, apertou a mão do irmão e caminhou rapidamente em direção ao carro. Mas algo dentro dela dizia que aquele encontro não terminaria ali.

A brisa salgada do mar acariciava o rosto de Larissa enquanto ela caminhava de volta para o carro ao lado de seu irmão. Seus passos eram apressados, mas sua mente estava presa ao que haviam acontecido momentos antes. O coração batia acelerado, como se tentasse alertá-la de que nada dali em diante seria como antes. 

Ela parou por um instante, segurando o ombro do irmão com firmeza e olhando em seus olhos com seriedade. 

— Você não pode contar para a mamãe o que acabou de acontecer, entendeu? — Sua voz estava baixa, mas carregada de urgência. 

Gustavo, apesar da pouca idade, percebeu a tensão da irmã. Mas sua natureza inocente o fazia encarar tudo com um ar gracioso. Ele sorriu de leve e acenou com a cabeça. 

— Já entendi, maninha. A mamãe não pode ter fortes emoções. Fica tranquila, esse será mais um de nossos segredos. 

Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, Gustavo deu um abraço rápido nela e saiu correndo à frente, rindo como se nada tivesse acontecido. Larissa, por outro lado, sentiu um peso invisível se instalar sobre seus ombros. 

O trajeto até o hotel foi silencioso, preenchido apenas pelo som do motor do carro e pelo murmúrio distante das ondas. Gustavo brincava com um chaveiro em suas mãos, distraído, enquanto Larissa mantinha os olhos fixos na estrada.

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