Início / Romance / O segredo do CEO / 6. VOLTANDO A ROTINA
6. VOLTANDO A ROTINA

O sol começava a se esconder atrás dos prédios altos da cidade quando Larissa estacionou o carro diante do velho edifício de concreto cinzento que chamavam de lar. Era pequeno, com pintura descascando e uma portaria quase sempre vazia, mas ainda assim era o refúgio que ela havia reconstruído com esforço e coragem.

Assim que o carro parou, Gustavo soltou o cinto num pulo e saiu correndo, como se estivesse participando de uma maratona.

— Ei, rapazinho! — a voz firme e carinhosa de Larissa ecoou logo atrás dele. — Volta aqui e pega as sacolas. Você não vai me deixar carregar tudo sozinha, vai?

Gustavo fez uma careta, bufou, mas voltou, pegou sua própria mala e correu outra vez, dessa vez em direção ao elevador.

Larissa sorriu, balançando a cabeça diante da energia incansável do irmão. Em seguida, abriu a porta traseira e, com todo cuidado, ajudou a mãe a sair do carro. Giovana estava mais frágil do que nunca, a pele fina como papel, os olhos serenos, porém cansados. Mesmo assim, ainda insistia em sorrir para a filha como se quisesse aliviar o peso da doença.

— Obrigada, minha flor... — murmurou a senhora com ternura.

— Vamos com calma, mãe. Estou aqui.

Já dentro do apartamento, Larissa ajeitou a mãe em sua cama, cobrindo-a com um lençol leve e deixando um copo d’água na mesinha de cabeceira. Giovana adormeceu em minutos.

Gustavo, por outro lado, já estava esparramado na cama dele, jogando-se como se tivesse acabado de cruzar uma linha de chegada invisível.

Mais tarde naquela noite, depois de um jantar simples — arroz, frango grelhado e legumes — Larissa organizou a mochila do irmão para o dia seguinte. Separou os cadernos, verificou a agenda, e dobrou com carinho o uniforme. Era sempre detalhista. Mesmo cansada, não deixava nada passar.

Antes de ir dormir, foi até o quarto da mãe. Observou por alguns minutos sua respiração tranquila. Tocou-lhe a testa com leveza. Sentia-se exausta, mas com o coração em paz. Fez o mesmo no quarto de Gustavo. Ele já dormia, abraçado ao travesseiro, com os pés para fora da coberta.

Larissa deitou-se no sofá da sala, achando que teria um raro momento de descanso. Mas antes que pudesse fechar os olhos, seu celular vibrou sobre a mesinha de centro. Olhou a tela: William.

Ela atendeu no segundo toque.

— Olá, Larissa. — começou a voz conhecida e acolhedora do outro lado. — Desculpe te ligar tão tarde, e ainda por cima num domingo...

— Tudo bem, senhor William. — respondeu ela, se sentando. — Aconteceu alguma coisa?

Houve uma breve pausa.

— Não, não... nada urgente. — ele apressou-se em tranquilizá-la. — Mas preciso te ver amanhã, no lugar de sempre. Ao meio-dia. Pode ser?

Ela franziu o cenho, intrigada.

— Claro... eu estarei lá. — respondeu, mesmo sentindo uma inquietação crescer no peito. — Mas está tudo bem mesmo?

— Sim, Larissa. Está tudo bem. Só preciso conversar com você, pessoalmente.

Depois que a ligação terminou, ela ficou alguns minutos parada, encarando a tela do celular como se buscasse respostas nas entrelinhas do que ele havia dito. Havia algo na voz de William... um tom que ela não conhecia. Um peso. Uma hesitação.

Sentindo o cansaço finalmente pesar nos ombros, Larissa apagou as luzes e foi para seu quarto. Deitou-se com o corpo cansado e a mente agitada. Amanhã, além da reunião no trabalho, teria esse encontro com William. O que ele queria? E por que parecia tão... sério?

Na manhã seguinte, o despertador tocou uma hora mais cedo que o habitual. Larissa se levantou sem reclamar. Deixou o café pronto para Gustavo, preparou o remédio da mãe e esperou por Dona Matilde, a cuidadora que vinha diariamente.

Vestiu-se com o cuidado de quem sabe que presença também é comunicação. Usava um conjunto de alfaiataria cinza elegante e discreto, os cabelos presos em um coque alto e algumas mechas soltas que emolduravam o rosto com naturalidade. Parecia forte. Inabalável. Mas por dentro, seu coração batia em ritmos incertos.

No prédio da empresa, os corredores estavam mais movimentados que o normal para uma segunda-feira. Comentários sussurrados e olhares curiosos circulavam entre os funcionários.

Enquanto atravessava o hall em direção ao elevador, ouviu a voz animada de sua colega e amiga, Nathalia.

— Bom dia, Lari! Preparada para hoje?

Larissa sorriu, mantendo a postura gentil de sempre.

— Bom dia, Nath! O que tá rolando?

— Disseram que teremos um novo chefe. Mistério total! Vão revelar tudo na reunião logo mais.

Um novo chefe? Isso era novidade até para Larissa, que geralmente estava por dentro das decisões da diretoria.

— Mudanças, hein? — comentou ela, entrando no elevador. — Vamos ver o que nos espera.

O elevador subiu silenciosamente, e Larissa se pegou olhando seu próprio reflexo no espelho interno. Um novo chefe, um encontro inusitado com William, e aquela estranha sensação no peito que não passava...

Algo estava mudando. E ela podia sentir.

Mal sabia Larissa que aquele dia marcaria o início de algo que mudaria sua vida para sempre. O passado, que ela acreditava estar enterrado, estava prestes a bater à sua porta — e o destino, silencioso e impiedoso, começava a entrelaçar os fios da história de Jacob Lauder com a dela.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App