Depois de deixar Larissa em casa, Jacob estacionou em frente à cafeteria discreta e de vitrine iluminada, entrou e avistou Roberto sentado em uma das mesas altas, já folheando umas pastas. A luz quente do interior contrastava com o frio da noite lá fora. Quando Jacob se aproximou, Roberto levantou os olhos, ajeitou os óculos e ofereceu-lhe um sorriso contido.— Boa noite, Jacob — saudou o detetive, fechando a pasta com um leve estalar. — Tenho duas notícias para você.Jacob franziu o cenho e rebateu, sem disfarçar a gravidade:— Pelo visto, as duas são péssimas.Roberto inclinou a cabeça, confirmando:— Sim. Vim aqui antes de reportar qualquer coisa à sua mãe, como você pediu. Quero ter sua orientação sobre o que devo dizer a ela primeiro.Jacob se acomodou na cadeira em frente e perguntou, frio:— Primeiro: o que minha mãe queria exatamente?— Ela está convencida de que seu pai está a traindo novamente — respondeu Roberto, pousando as mãos sobre a mesa.O silêncio pairou por um insta
O sol mal havia se levantado quando Larissa despertou naquela manhã de domingo. Mesmo com o coração em festa pelo piquenique encantador com Jacob, havia algo ainda mais especial naquele dia: ele disse que tinha um pedido especial para aquela noite.Larissa se pegou várias vezes olhando para o celular, esperando alguma mensagem. O tempo parecia mais lento naquele dia. Após o almoço, quando finalmente decidiu descansar um pouco no sofá, o telefone tocou.— Alô? — disse ela, erguendo-se.Do outro lado da linha, a voz serena de Willian a surpreendeu.— Boa tarde, Larissa. Desculpe incomodá-la no domingo, mas... eu gostaria de vê-la, se estiver disponível. Que tal um café hoje à tarde?Ela sorriu, genuinamente feliz com o convite inesperado.— Claro, senhor Willian. Vai ser um prazer. Nos encontramos na mesma cafeteria?— Sim, às quatro. Estarei lá esperando.O céu já ganhava tons dourados quando Larissa chegou à cafeteria. Willian a esperava em uma mesa externa, com uma xícara de chá e um
O vento soprou suavemente, bagunçando os cabelos ruivos de Larissa Wolverie enquanto ela observava o horizonte da janela de seu pequeno apartamento. Seus olhos verdes, vivos como esmeraldas, carregavam o peso de muitos segredos e dores. Ainda jovem, aos 22 anos, Larissa já havia experimentado o tipo de sofrimento que muitos só enfrentam em uma vida inteira.Ela era o tipo de mulher que chamava atenção onde quer que passasse – não apenas pela beleza incomum, mas pela força silenciosa que exalava de seus gestos, de seu olhar firme e da forma como enfrentava o mundo. Mas por trás da postura determinada havia uma história marcada por perdas, dúvidas e uma promessa de recomeço.Cinco anos antes, sua vida desmoronou de forma brutal.Ela tinha apenas 17 anos quando encontrou o corpo de seu pai. Um tiro na cabeça. Sangue no chão. Silêncio. Até hoje ela não sabia ao certo o que havia acontecido. Teria sido suicídio? Ou alguém o matou? A polícia encerrou o caso com rapidez, sem respostas. Apena
Jacob Lauder sempre foi um homem reservado, mas com um coração intenso e uma alma que buscava o amor com a mesma paixão que dedicava à vida. Aos 22 anos, encontrou o que julgava ser seu final feliz: Aline Santoro. Uma mulher doce, forte, enigmática. Os dois se apaixonaram rapidamente, e logo estavam vivendo uma vida de sonhos — uma casa acolhedora, tardes de risadas, viagens espontâneas e madrugadas cheias de promessas sussurradas entre lençóis.Durante cinco anos, Jacob acreditou que tinha tudo. Cada gesto, cada palavra trocada com Aline, parecia confirmar que ele havia feito a escolha certa. Ela era o seu lar, seu porto seguro, sua melhor amiga.Mas nenhuma felicidade permanece intocável quando há segredos enterrados.Aline carregava um silêncio antigo dentro de si, algo que jamais teve coragem de contar. E esse segredo não era pequeno. Era do tipo que podia desmoronar castelos, romper laços de sangue, e queimar tudo o que antes parecia eterno.Ela era filha adotiva de Madeleine San
O sol tingia o céu de laranja e dourado enquanto se escondia no horizonte. A brisa salgada soprava com mais força, trazendo um friozinho que contrastava com o calor do dia. Larissa sentia a areia fina grudando em seus pés enquanto recolhia os pertences espalhados. As toalhas úmidas, os chinelos cobertos de areia, a bolsa de palha que a mãe insistia em carregar – tudo precisava ser organizado antes de voltarem para o hotel. Gustavo, seu irmão caçula, corria pela praia, os pés afundando na areia quente antes de mergulharem na espuma gelada das ondas. Ele gargalhava, aproveitando cada segundo como se o mar fosse um presente raro. E, de certa forma, era. Era a primeira vez que Gustavo via o mar. Larissa suspirou, ajustando a bolsa no ombro. O vento bagunçava seus cabelos enquanto observava a mãe caminhar lentamente até o carro. Giovana parecia cansada, como se a própria existência lhe pesasse nos ombros. — Gustavo, vamos indo! — Larissa chamou, tentando soar firme. O garoto parou por
Ao chegarem, Larissa se apressou para o banheiro, precisando desesperadamente da água quente para aliviar a tensão em seus músculos. Enquanto a água escorria por seu corpo, fechou os olhos e tentou apagar as imagens que insistiam em assombrá-la. Mas não importava o quanto tentasse, aquele olhar — aquele olhar intenso e desconhecido — continuava cravado em sua mente. Depois de um longo banho, finalmente desligou o chuveiro e se enrolou na toalha, sentindo um leve calafrio ao sair do banheiro. Antes que pudesse dar mais do que dois passos, ouviu a voz doce e curiosa da mãe ecoando pelo quarto. — Larissa, querida, ainda vamos sair? A jovem respirou fundo antes de abrir a porta, recompondo-se rapidamente. Já vestida, forçou um sorriso para a mãe, que a observava com expectativa. — Claro, mamãe — respondeu, tentando parecer animada. — Eu prometi ao Gustavo frutos-do-mar, não posso voltar atrás agora. O rosto da mãe se iluminou com um sorriso genuíno, carregado de uma felicidade rara q
A manhã estava clara e ensolarada, com uma brisa fresca soprando do mar. O movimento na pequena cidade litorânea era tranquilo, turistas começavam a sair para suas atividades matinais, e os moradores locais seguiam sua rotina habitual. Larissa, sua mãe e Gustavo já estavam no carro, prontos para ir embora depois de um fim de semana inesquecível. Mas antes de pegarem a estrada, pararam em um pequeno mercado na esquina da avenida principal. — Vou comprar algumas garrafas de água. Não demoro. — disse Larissa, destravando o cinto e saindo do carro. O sininho da porta tilintou assim que ela entrou. O ar fresco do ar-condicionado contrastava com o calor do lado de fora, e o cheiro de café recém-passado se misturava ao aroma dos produtos expostos. Ela caminhou entre as prateleiras distraída, pegou algumas garrafas de água e seguiu para o caixa. Foi então que parou abruptamente. Ali, à sua frente na fila, estava ele. O homem misterioso que salvara Gustavo. Por um instante, Larissa hesi
O sol começava a se esconder atrás dos prédios altos da cidade quando Larissa estacionou o carro diante do velho edifício de concreto cinzento que chamavam de lar. Era pequeno, com pintura descascando e uma portaria quase sempre vazia, mas ainda assim era o refúgio que ela havia reconstruído com esforço e coragem.Assim que o carro parou, Gustavo soltou o cinto num pulo e saiu correndo, como se estivesse participando de uma maratona.— Ei, rapazinho! — a voz firme e carinhosa de Larissa ecoou logo atrás dele. — Volta aqui e pega as sacolas. Você não vai me deixar carregar tudo sozinha, vai?Gustavo fez uma careta, bufou, mas voltou, pegou sua própria mala e correu outra vez, dessa vez em direção ao elevador.Larissa sorriu, balançando a cabeça diante da energia incansável do irmão. Em seguida, abriu a porta traseira e, com todo cuidado, ajudou a mãe a sair do carro. Giovana estava mais frágil do que nunca, a pele fina como papel, os olhos serenos, porém cansados. Mesmo assim, ainda in