5. QUEM ERA JACOB?

A manhã estava clara e ensolarada, com uma brisa fresca soprando do mar. O movimento na pequena cidade litorânea era tranquilo, turistas começavam a sair para suas atividades matinais, e os moradores locais seguiam sua rotina habitual. 

Larissa, sua mãe e Gustavo já estavam no carro, prontos para ir embora depois de um fim de semana inesquecível. Mas antes de pegarem a estrada, pararam em um pequeno mercado na esquina da avenida principal. 

— Vou comprar algumas garrafas de água. Não demoro. — disse Larissa, destravando o cinto e saindo do carro. 

O sininho da porta tilintou assim que ela entrou. O ar fresco do ar-condicionado contrastava com o calor do lado de fora, e o cheiro de café recém-passado se misturava ao aroma dos produtos expostos. Ela caminhou entre as prateleiras distraída, pegou algumas garrafas de água e seguiu para o caixa. 

Foi então que parou abruptamente. 

Ali, à sua frente na fila, estava ele. 

O homem misterioso que salvara Gustavo. 

Por um instante, Larissa hesitou. Ele parecia concentrado, esperando sua vez de pagar, vestia uma camisa escura simples e jeans, mas ainda assim carregava aquela presença imponente e enigmática que a intrigara na noite anterior. 

Sem perceber, seus olhos se fixaram nele. 

Como se sentisse seu olhar, ele virou a cabeça levemente, encontrando os olhos dela. 

E então, sem pensar, as palavras saíram antes que pudesse se conter. 

— Oi… Você lembra de mim? — Sua voz saiu mais hesitante do que esperava. — Você salvou meu irmão ontem. Nem nos apresentamos. 

Ele a observou por um breve momento antes de esboçar um leve sorriso. 

— Sim. — Sua voz era firme, mas, ao mesmo tempo, suave. — E como está o Gustavo? 

Larissa piscou, surpresa. 

— Você lembrou do nome dele… 

Ele não respondeu, apenas arqueou levemente uma sobrancelha, como se aquilo fosse óbvio. 

Ela sorriu de lado, sentindo uma pontada de gratidão misturada com uma curiosidade crescente. 

— Ele está bem. E mais uma vez… obrigada. 

O homem assentiu, e então estendeu a mão para ela. 

— Jacob. 

Larissa olhou para a mão dele por um segundo antes de apertá-la, sentindo o calor de sua pele contra a sua. 

— Prazer, Larissa. 

Os dois permaneceram ali por um instante, mas antes que ela pudesse perguntar algo mais, Jacob recolheu a mão, pegou sua sacola e simplesmente se virou, caminhando em direção à saída. 

Larissa permaneceu parada, observando-o se afastar. 

Ele era um enigma. Um estranho que aparecera em suas vidas de forma inesperada e, de alguma maneira, deixava um rastro de mistério onde quer que passasse. 

Enquanto ele desaparecia entre os carros estacionados, Larissa sentiu uma inquietação crescer dentro de si. Algo lhe dizia que aquele não seria o último encontro entre eles.

Larissa voltou para o carro em um estado de mente inquieto. Cada passo que dava em direção ao veículo parecia mais pesado do que o anterior, como se estivesse carregando algo além das garrafas de água que havia comprado. Sua mente não conseguia se desligar daquele breve encontro com Jacob. A voz dele — suave, mas firme — ecoava em sua cabeça como uma melodia repetitiva, desafiadora e, ao mesmo tempo, reconfortante.

Ela se sentou no banco do carro, ainda absorta nos pensamentos que não cessavam de se multiplicar. Gustavo estava no banco de trás, entretido com algo em seu telefone, enquanto sua mãe estava quieta, olhando pela janela. Nenhuma deles parecia perceber o turbilhão dentro dela. 

"Jacob..." Ela repetiu o nome mentalmente, como se tentasse se acostumar com a ideia de que ele agora fazia parte de sua realidade. Um homem que havia aparecido de repente, sem aviso, e cuja presença parecia agora impossível de ignorar.

Ela fechou os olhos por um momento, lembrando-se do sorriso discreto e do olhar profundo de Jacob. Não eram os olhos típicos de alguém comum, pensou. Eles estavam carregados de algo mais — talvez uma dor não dita, uma experiência de vida que ele mantinha guardada. Algo, no fundo daqueles olhos, lhe dizia que ele não era apenas um herói da noite anterior. Ele tinha uma história, algo que ele não compartilharia facilmente. 

Ela ligou o carro, o som do motor rosnou suavemente, enquanto seguia seu caminho.

"Ele me deu a mão, se apresentou com um nome simples, mas tudo sobre ele parecia complexo." Larissa pensou, quase como se estivesse tentando desvendar um mistério. "Por que ele salvou meu irmão? Por que estava ali, naquele exato momento?"

Sua mente se lançava de um pensamento para outro, perguntas se acumulando sem respostas. Ela não sabia o que exatamente a atraía nele, mas sabia que algo estava acontecendo, algo além da gratidão pela sua ação. Ele havia tocado algo dentro dela, algo que ela não conseguia identificar ou explicar. E essa sensação, embora desconfortável, também era fascinante. 

A viagem de volta para casa se desenrolou sem grandes eventos. O mundo lá fora passava como uma pintura borrada, mas Larissa estava distante. Enquanto o carro cruzava os caminhos familiares, seu coração estava preso a um homem que ela mal conhecia, mas que, sem querer, parecia ter se enraizado em sua vida de uma maneira inexplicável.

Jacob... Ela não sabia por que, mas sentia que o destino tinha algo a mais reservado para ela.

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