A biblioteca da mansão Freitas estava envolta em um silêncio sereno quando Penélope finalmente ergueu os olhos do documento e encontrou o olhar de Diego.— Diego... Isso... isso é... — Engoliu em seco, tentando encontrar sua voz. — Você abriu mão de tudo que tem direito?Penélope olhou novamente para o documento, em que Diego renunciava a qualquer direito sobre a guarda e o herança dos futuros filhos que tivessem juntos, e também transferia o que recebeu em testamento para Samuel. Essa segunda parte era a que mais a emocionava, mostrava que ele de fato se importava com o menino que até pouco tempo desejava se livrar.— Sim, e não apenas por você, também é pelo Samuel, pela família que estamos construindo. — Segurando a mão dela, a levou de volta ao sofá, para sentarem. — Sou seu marido, você é minha esposa e Samuel é nosso filho agora — indicou com ternura. — Não quero que nada, muito menos dinheiro, se interponha entre nós. Eu quero estar ao lado de vocês, sem segredos, sem mentiras,
Ao chegarem ao quarto, Diego depositou Penélope gentilmente no colchão macio. — Aqui estamos, meu amor! — sussurrou admirando as íris avelã. — Eu amo o seu cabelo. — Seus dedos se moveram pelos fios sedosos, deslizando até a nuca para atrai-la para mais perto. — Amo seu rosto, sua boca e o seu corpo inteiro. Amei desde o primeiro instante em que a vi e com um desejo tão poderoso que vai além da minha compreensão. Seus lábios encontraram os dela cheios de desejo, a língua movendo-se sensual, fazendo-a estremecer de excitação. Agarrando-se aos ombros largos e deixando-se dominar pela paixão dele, Penélope sentia a região mais íntima de seu corpo pulsar de desejo. Seus mamilos sensíveis e enrijecidos pressionavam o tecido rendado do sutiã. — Você é perfeita! — Diego murmurou deslizando beijos suaves pelo pescoço delicado. — É a minha tentação, Pen — complementou pressionando o corpo contra o dela, fazendo-a sentir a excitação do membro rígido, quente e ávido por baixo da calça. — E vo
Os olhos castanho-escuros que tanto amava brilhavam incandescentes, não de paixão, como se habituara, e sim de ódio. Seu grande amor, Diego Freitas, a desprezava e não tinha a menor intenção de esconder esse fato.O desejo flamejante de retaliação presente nos olhos do homem que amava - que durante dias dissera amá-la -, aumentou seu medo e insegurança. Instintivamente apertou o bebê de dois meses contra si, vergonhosamente utilizando-o como uma barreira entre eles.Samuel remexeu-se em seu colo e choramingou. O olhar furioso de Diego foi atraído para o bebê por um instante, retornando fulminante para ela. Os lábios, que por tantas vezes tomaram os seus com paixão, comprimiram em uma linha fina, o desgosto transformando a face bonita em uma máscara de rejeição e asco. Ele apagara as promessas de amor que fizeram, fechara o coração para ela e reservara ao pequeno Samuel um buraco de rancor.Não mereciam essa atitude, não tinham feito nada, eram as vítimas.— Diego, não tenho culpa... —
Pela enésima vez, Penélope Teixeira verificou sua imagem no grande espelho do salão principal da mansão Freitas. Apesar de o cabelo estar perfeitamente penteado e cortado na altura dos ombros, deslizou os dedos pelos fios marrons ajeitando-o. A maquiagem leve e o blush não conseguiam disfarçar sua palidez, nem o receio refletido em seus olhos cor de avelã.Não queria transparecer o quanto o retorno do filho de Roberto Freitas a abalava, no entanto, a cada segundo, a cada tique-taque do enorme relógio próximo à porta de madeira maciça, suas mãos suavam. A expectativa e o medo lhe causavam náuseas.Oito anos. Não via e nem falava com Diego há oito anos, mas parecia que se passara somente uma semana. O olhar furioso e ressentido de Diego a assombrava em muitos de seus pesadelos. O pior é que não era só as lembranças ruins daquele encontro que a preocupava...O celular em seu bolso a despertou do redemoinho de lembranças sugando-a, transportando-a para um tempo que era melhor esquecer.—
— É, e nós temos passe livre — informou Ana mostrando três cartões verdes com o logo da boate e a palavra VIP em destaque. — Relaxe e curta essa noite. A primeira de muitas. — prometeu com um sorriso brilhante, voltando-se para plantar um beijo estalado na boca do namorado.Despedindo-se de Pedro, Ana tomou a frente das amigas e as levou até a área VIP da festa, mostrando os crachás que recebera do namorado. Tinha a sorte do namorado conseguir a vaga para dividir com outro DJ a mesa de mixagem da boate, posicionada acima do lugar em que estavam. Assim que ele ocupou o lugar do outro rapaz, Ana gritou seu nome e balançou os braços no ar para chamar sua atenção. Se ele notou a festa da namorada, não demonstrou.Voltaram à atenção para as pessoas dançando na pista, a maioria nenhuma delas conhecia, em parte por serem meras estudantes, e também pelo mais óbvio: Só pessoas com muita grana ou influência podia entrar no Artêmis. Faziam parte da classe trabalhadora, não pertenciam aquele mund
O estranho só afastou seu toque flamejante quando se acomodaram em volta de uma mesa escolhida por Ana.O alívio durou pouco. No lugar havia um sofá em forma de U de seis lugares e uma mesa de vidro, enorme o suficiente para Penélope manter distância do atraente homem, mas Ana fez com que se senta-se ao lado dele. Estavam tão próximos que seu braço nu roçava o dele causando uma sensação gostosa que, ao mesmo tempo, a confundia. Era como se uma força invisível a atraísse para ele, envolvendo-a em um calor aconchegante, acelerando seus batimentos e fazendo-a desejar se aninhar a ele.— Oh, que cabeça a minha! Nem me apresentei. — Ana estendeu a mão com sua alegria esfuziante, sem vergonha alguma em dizer o sobrenome falso que estampava as identidades. — Sou Ana Waldorf. — O sujeito sorriu minimamente e aceitou o cumprimento, enquanto Ana terminava as apresentações. — Essas são minhas primas, Penélope e Jéssica.Penélope suava frio, com medo de ele associar o sobrenome falso ao da estrel
Na ocasião os olhos escuros brilhavam de excitação, uma promessa muda de que voltariam em ser ver em breve. Naquele momento, apresentavam uma frieza e desprezo que apagaram imediatamente o sorriso amigável de boas vindas de Penélope.Ele a odiava, não havia a menor dúvida e nem esforço em ocultar esse fato.Aprumou o corpo, passando as mãos nervosamente por sua roupa, fazendo o seu melhor para que ele não percebesse o quanto o tratamento frio a afetava. Não era mais uma adolescente tola e sonhadora, era uma mulher realista e decidida, não o deixaria atingir seu coração novamente.— Que bom revê-lo, Diego — cumprimentou com educação, esperando que esse gesto o fizesse corresponder da mesma forma.Ledo engano. Ele ignorou totalmente a cortesia, fazendo questão de demonstrar isso com corpo, gesto e olhos.Contra a sua vontade e desgosto, estremeceu quando o olhar glacial percorreu seu corpo de baixo para cima, a boca retorcida de desdém.— Não posso dizer o mesmo — ele devolveu antes de
Bateu com firmeza na porta do quarto de Roberto e, após receber permissão, entrou devagar no recinto, crispando o rosto ao encontrar o ambiente na penumbra, as pesadas cortinas marrons cerradas, o ar pesado. Sem aguardar autorização, afastou as cortinas, deixando a luminosidade do fim de tarde irradiar sobre cada parte do dormitório, e abriu a porta dupla que dava passagem para uma pequena varanda.— Feche-as! — ordenou a voz severa que em outros tempos a fazia tremer de medo.— O senhor precisa de ar puro e luz — informou firme antes de sentar em uma das cadeiras acolchoadas da mesa de café próxima da cama. — Isso é um quarto, não um túmulo.— Esse é o seu ponto de vista — ele resmungou amargurado.Apesar de compadecida com a crescente fragilidade dele, Penélope ocultava seus reais sentimentos e o tratava com severidade. Roberto abominava sentimentalismos e cobrava o mesmo das pessoas ao seu redor, embora recorresse a eles desde o diagnóstico.Roberto sucumbira ao tom mórbido após a