Na sacada de seu quarto, Roberto observava melancólico a movimentação no pátio da frente. Do mesmo jeito intempestivo que Marcela o abandonou, retornava.Prudente, não duvidou nem por um segundo da ameaça dela. Por isso, sem se importar com os comentários que viriam, mandou Penélope, Diego e Samuel para longe sem que a festa de casamento houvesse acabado, ou os noivos tivessem aparecido nela.Só não imaginava que a esposa retornaria com malas e móveis para a mansão. Obviamente ela estava empenhada em impor sua presença. Qual seria a extensão dessa determinação somente os próximos dias diriam.Tinha a esperança de que, sem os alvos de seu ódio por perto, Marcela repensasse e partisse definitivamente, sem olhar para trás ou pensar nas pessoas que deixava como fez anos antes.Usou o controle da cadeira de rodas para retornar para dentro do quarto, seguindo até a mesinha em que uma jarra de suco de beterraba, maçã e cenoura o aguardava. Preferia algo mais forte, mas sua alimentação era re
Grávida?Penélope cobriu a boca com a mão, a mente ainda lenta do sono processando a estranha pergunta, realinhando os fatos, fazendo contas, percebendo que em algum lugar, espaço, tempo, tinha entrado em um ciclo louco de repetição de erros.Seus olhos encheram-se de lágrimas, seu coração se apertou e precisou sentar ou temia que as pernas não sustentassem seu corpo por muito tempo.Balançou a cabeça negando, a mão descendo até a garganta dolorida, massageando o local, o tempo todo sem parar de rejeitar a ideia.— Existe uma possibilidade grande. Não usamos nenhuma proteção ontem — Diego insistiu incomodado com a reação dela. — Se estiver esperando um filho meu, não permitirei que seja criado por outro homem. — Ele fez uma pausa e a olhou fixamente, embora ela não percebesse por estar de cabeça baixa. — Um filho não deve crescer longe do pai, sem saber quem ele é, não concorda?Era sua isca, a chance dela confessar que ele e Samuel eram pai e filho.— Vamos torcer para que eu não est
Penélope se encantou com o hall magnífico e a bela mobília antiga que decorava o ambiente conforme seguia Diego. A elegância do quarto era uma amostra do que viu fora dele.Diferente da mansão, que era opulenta e um tanto sombria com seus móveis, na maioria escuros, e pesadas cortinas; a decoração da casa de praia era suave, em tons de branco, creme e tons de azul, cortinas leves que deixavam a claridade do sol iluminar o lado de dentro.— Nunca esteve aqui? — Diego perguntou ao reparar o modo que ela observava tudo, soltando ocasionais expressões de encantamento.— Não. Nunca sai de Cezário... Bem, com exceção de quando ia à capital e o tempo que morei em Rudá — ela se corrigiu, distraída com as peças delicadas no trajeto até a sala de jantar.Com a menção da cidade vizinha de Cezário, Diego questionou curioso:— Têm parentes em Rudá?Penélope assentiu imediatamente tensa.— A família da minha mãe é de Rudá, mas não somos próximos.Notando a mudança no humor de Penélope, e lembrando
Com o auxílio do caseiro, Diego atendeu ao pedido de Samuel, alugando um iate exclusivo para eles passearem pelas ilhas.Crescendo na rotina casa/escola imposta por Roberto, o menino maravilhou-se com o mar, impressionado com a extensão de água, a vida marinha e toda beleza vegetal das ilhas. Sentando ao lado do dono do iate, ao longo do passeio ouvia atento as histórias dos lugares em que passavam.Penélope também apreciava as belezas da Barra do Sahy [1]. O dia ensolarado, o mar calmo e a brisa fresca, tornavam o passeio ainda mais agradável.Diego, por sua vez, desde que saíram da casa, estava pendurado no celular. Pela tensão e expressões dele, Penélope tinha certeza que a longa conversa o desagradava. Apostava que era a mãe dele, criticando o casamento e o mandando divorciar-se de imediato. Apiedou-se de Diego, não devia ser fácil ser filho de Roberto e Marcela.Quando enfim encerrou a ligação, Diego aproximou-se dela e, ficando de costas para o mar, escorou-se e fitou o céu azul
Logo pela manhã, Marcela dirigiu até a casa de Tereza, necessitando de um rosto e ombro amigo para desabafar. A viúva de seu primogênito também lhe era uma fonte de agradáveis lembranças, algo que lhe fazia falta.No entanto, longe de concordar com suas reclamações, Tereza indicou com uma serenidade que irritou Marcela:— É só um quarto.— Não é “só um quarto”, é o quarto do Luiz — retrucou ofendida. — Pensei que ficaria do meu lado.— E estou — Tereza disse pegando a mão de Marcela com carinho. — Por isso peço que deixe o Luiz descansar.Marcela ergueu-se revoltada.— Insinua que faço mal em exigir que respeitem a memória do meu filho?Permanecendo elegantemente sentada, Tereza elevou o olhar para a face contorcida de fúria de Marcela.— A memória do Luiz é respeitada, o que você nem o senhor Roberto respeitam é o filho que continua vivo — Tereza disse fitando a ex-sogra com pesar.A constante amabilidade de Tereza, sua capacidade de dizer as piores notícias com doçura, que Marcela s
Palavras certas, ditas tardiamente machucam, Penélope concluiu ao ouvir as desculpas que esperou por anos e, no lugar do alívio, sentir um enorme vazio, junto da vontade de chorar. Elas não mudavam o que passou e as escolhas que tomou pela falta delas.— Isso foi em outra vida — comentou fracamente afastado a mão dele de seu rosto.E tinha sido exatamente isso: Outra vida; outra Penélope; outro Diego. Uma vida de mentiras; uma Penélope falsa; um Diego imaginário. Um castelo de ilusões que ruiu e soterrou tudo e todos que ajudaram em sua construção.— Será que não podemos no entender, pelo menos sermos amigos? — Diego pediu detestando a muralha que Penélope colocava entre eles. — Afinal, sabe-se lá quanto tempo ficaremos juntos.Ela o encarou com expressão duvidosa.— Quer ser meu amigo?Os olhos dele passearam pelas curvas do corpo feminino, cobertos apenas por um diminuto biquíni florido, e uma forte excitação o dominou por inteiro, fazendo-o segurar o fôlego por um instante.— Since
No início da tarde, seguindo as indicações de Hortência, passaram pela Viela do Sahy, uma viela de acesso à praia repleta de frases pintadas nos muros. Penélope achou a vielinha charmosa e as risadas de Samuel, ao ouvir as frases pitorescas lidas por Diego, compensavam a grande movimentação no local.Passaram o restante da tarde na praia, aproveitando o dia ensolarado e de brisa fresca, fazendo castelos de areia e batalhas de água na parte rasa do mar. Durante todo o passeio, Penélope apreciou a dinâmica de Diego com Samuel, pouco a pouco amenizando a desconfiança de que interpretava gostar da presença do menino.Não havia como garantir que Diego abandonou todo o rancor do passado, porém era evidente que se esforçava para fazê-lo, para ser bom com Samuel e conseguir sua amizade, como declarou naquela manhã.No fim de tarde, seguindo as dicas dos caseiros, os três foram assistir ao pôr do sol nas pedras no canto Bravo, o lado esquerdo da praia. O clima ameno, tranquilo, e o longo dia d
Penélope sentia uma mistura de medo e excitação, a dúvida gritando que cometia um erro se deixando levar, novamente, pela forte atração que Diego lhe despertava. Ainda assim, não queria recuar, não mais.Só de contemplar os bonitos traços do rosto másculo, de perceber que a desejava, sentia a boca salivar de expectativa e o coração disparar alucinado, o corpo ansioso em se satisfazer nos braços dele.Com mãos trêmulas, se desfez da saída de praia. Lançou a peça longe e, com o coração acelerado pelo desejo, enlaçou o pescoço de Diego, puxando-o para si e beijando-o.Aliviado por Penélope se render a atração sexual, Diego correspondeu ao beijo com apetite voraz e ardente, o desejo aumentando a cada segundo, até seus corpos estremecerem implorando por mais.Ansioso, desfez o laço da parte superior do biquíni que ela usava, até que os seios sensuais ficassem expostos. Um suspiro de prazer escapou de sua garganta ao observar os mamilos eriçados.— Você tem um corpo maravilhoso — ele sussur