Prólogo - parte 2

O casamento seria o evento do ano, sem sombras de dúvidas. O dia estava ensolarado e a fazenda perfeitamente organizada, o salão de festas estava muito bem decorado e a capela, que ficava no campo, estava tão bonita que qualquer um que entrasse ali acreditaria que se tratava do casamento de um nobre da região. Enquanto o noivo aguardava na capela junto aos demais convidados, na casa, Charlotte  se preparava para o que acreditava ser o dia mais feliz de sua vida. 

— Está muito linda, minha filha — Judith falou, apoiando as finas mãos nos ombros de sua filha enquanto olhava o reflexo da mais jovem no espelho. — Não há em Kent moça mais bela que você.

Os olhos da mulher viajaram pelo reflexo do espelho, à sua frente, Charlotte  sorria como uma verdadeira princesa. Seu vestido tinha um tom perolado com belos detalhes em dourado. Seus cabelos avermelhados estavam soltos e, em sua cabeça, uma belíssima tiara segurava o delicado véu, estava perfeita. Suas mãos estavam enluvadas e seguravam firmemente o buquê, revelando seu nervosismo. 

— Mamãe está certa, irmã, você está belíssima! — Chelsea falou, aparecendo no espelho e acariciando a saia do vestido de sua irmã. — Espero que eu possa me casar por amor, como você!

Judith revirou os olhos levemente, mas nada disse. Apesar de considerar o amor um detalhe pífio em um matrimônio, não podia negar que, de fato, sua filha mais velha era sortuda. Estava se casando com um belo e rico homem que, certamente, faria de tudo por ela. Nunca passaria dificuldades e seria a senhora de um grande e belo lar, logo teria filhos e cumpriria seu papel. 

Dierente de Chelsea, Brista estava olhando de longe a arrumação da irmã mais velha. Seus olhos encaravam boa parte dos preparativos com certo desgosto, afinal, Willian não havia roubado o coração somente da moça mais velha dos Capman, Brista também nutria sentimentos por ele, mas sabia que jamais conseguiria superar a irmã no coração do fazendeiro e aquilo a fazia sentir raiva de Charlotte . 

— Lembre-se do que conversamos sobre o que acontecerá depois da cerimônia — Judith falou para sua filha, a olhando seriamente. — Você precisa ser gentil, mesmo que não goste inicialmente, seu marido certamente está aguardando muito tempo por isso, siga o que ele disser e o agrade. 

O tom incisivo da mãe deixava claro que aquele era um evento ainda mais importante que a cerimônia, mas Charlotte  não se preocupava com isso, ela amava William, o que poderia dar errado na noite em que consumariam seu amor? Absolutamente nada, ao menos era no que ela acreditava. 

— Mamãe, o que acontece depois da cerimônia? — Chelsea perguntou, olhando para as duas mulheres e recebendo um olhar irritado de sua mãe. 

— Isso é assunto para as moças noivas, não para meninas que ainda não foram apresentadas à corte, Chell — Charlotte respondeu docemente. — Sua vez vai chegar, quem sabe você não pega o buquê? Se esforce bastante!

A mais nova sorriu alegremente, saindo do quarto e seguindo para o andar de baixo, onde Marcel aguardava sua irmã junto ao pai. Diferente do comum, ele havia feito questão de levá-la até o altar, seu pai, George, não viu problema nisso, afinal, sabia como o filho mais velho era apegada a Charlotte , seria uma honra grande para o rapaz. 

No entanto, diferente do que o pai pensava, Marcel não pretendia cumprir seu papel pela honra do evento. Pelo contrário, queria ser ele a deixar Charlotte  nas mãos de William somente para deixar claro que, se algo acontecesse, ele também a tiraria, exatamente como a deixou ir. Não gostava do noivo da irmã, mas não pretendia impedi-la, afinal, o sorriso de Charlotte  era o que iluminava seus dias, a amava tanto que jamais faria algo para deixá-la triste. Quando ouviu os passos vindos da escada, ele se ergueu, olhando para o local e encontrando sua irmã acompanhada por sua mãe. Para ele, Charlotte  parecia um belo anjo, seus olhos brilhavam e ela estava magnífica. 

Um sorriso iluminou o rosto da ruiva e ela desceu com um pouco mais depressa, recebendo um abraço apertado do pai e parando ao lado do irmão, erguendo a destra para ele, que a segurou com delicadeza antes de deixar um beijo delicado na testa da garota. 

— Estou feliz que você é quem me levará ao altar, irmão — sussurrou, com voz embargada. — Tive medo que não aprovasse meu casamento e… 

— Não deixe essas bobagens encherem sua cabecinha — Marcel falou, rindo levemente enquanto começava a caminhar com ela para fora, onde a carruagem os levaria até a capela estava. — Eu sempre vou estar ao seu lado, mesmo que não esteja tão satisfeito com esse casamento. Você é mais importante, assim como sua felicidade, Lottie. 

Charlotte sorriu, soltando o braço do rapaz para poder entrar na carruagem. Enquanto ajeitava-se no banco, percebeu a segunda carruagem partir, levando o resto da família na frente. O caminho até a capela era curto e não demorava mais que alguns minutos, mas sua mãe havia insistido em alugar luxuosas carruagens para que a chegada da noiva fosse triunfante, afinal, era o casamento da moça mais bela do condado e abriria as portas para vantajosos enlaces com as outras duas que ficaram. 

Quando a carruagem parou na porta da capela, Marcel encarou o lado de fora sentindo o peito se apertar, tinha um péssimo pressentimento, mas o que podia fazer? Não podia estragar o dia perfeito da pessoa mais importante de sua vida, por isso, quando abriu a porta, colocou seu melhor sorriso, mesmo que todos os seus instintos o dissessem para que ele a levasse para longe, então, começaram a caminhar.

Quando ergueu os olhos para frente, Charlotte  o viu. Willian estava belíssimo, vestia um terno elegante e bem cortado, seus cabelos loiros estavam bem alinhados para trás e ele tinha um grande sorriso que encolhia seus olhos de um azul acinzentado, como um céu em dia de chuva. A quem diga que aquela cor era sem vida e fria, mas, para Charlotte, os dias de chuva eram os mais belos, assim como os olhos do seu grande amor. 

Marcel andava lentamente, tentando adiar o inadiável, então, quando chegaram ao altar, ele entregou a delicada mão de Charlotte para Willian, o olhando nos olhos com uma silenciosa ameaça, sem se importar que todos percebessem a tensão que pairava entre eles. Willian retribuiu o olhar com um ar de triunfo e certa soberba, para ele, era um dia inesquecível, não somente por estar se casando com aquela que todos desejavam desposar, mas também por fazer Marcel engolir o próprio orgulho enquanto entregava a ele sua doce e adorada irmã. 

Sem dúvidas, era o melhor dia de sua vida. 

Nenhum detalhe foi poupado na cerimônia, ela foi feita com toda a pompa e requinte que os fazendeiros poderiam pagar, o que significava muita! Quando finalmente os votos foram proclamados e a irmã mais nova de Charlotte  levou as alianças, ela sentiu o coração a ponto de explodir de felicidade. Willian retirou sua luva, plantando um beijo em sua mão e colocando o anel delicadamente, estendendo sua mão para que ela fizesse o mesmo, então, ergueu o véu que ocultava seu belo rosto durante toda a cerimônia. 

— Enfim, você é somente minha, meu amor! — sussurrou, puxando-a delicadamente para si. — Para sempre! 

Dito isto, seus lábios se tocaram, selando o voto que foi dito diante de todos os presentes. Para Charlotte, que sentiu as bochechas queimarem por ser beijada na frente de todos, aquele era o início do seu conto de fadas. 

Mal sabia ela que aquele era, na verdade, o início da sua ruína. 

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