Capítulo 3 - parte 2

Quando acordou pela manhã, Charlotte  notou que Willian não estava ao seu lado e agradeceu imensamente por isso. 

Ergueu o corpo dolorido lentamente, lembrando-se de tudo o que ele havia feito com seu corpo na noite passada e sentindo o estômago se contorcer com nojo. Tudo o que Willian fazia quando se deitavam tornava o ato que deveria ser a consumação do amor de ambos uma tortura infinita. Ele tomava seu corpo com força, de forma bruta e sem cuidado algum, a agredia e a marcava de formas inimagináveis, tanto fisicamente, quanto psicologicamente. 

Mas, apesar de ainda poder ver algumas manchas roxas espalhadas pela pele alva, decidiu que não pensaria nisso naquele momento. Guardaria suas lágrimas para chorar depois do desjejum, não o queria irritar, ele odiaria que ela se atrasasse e Charlotte  não pretendia apanhar mais uma vez. 

Lavou o rosto na bacia de água fria que ficava ao lado do quarto, então pegou um vestido simples de linho e colocou sobre seu corpo, cobrindo as suas roupas íntimas. Era simples, nem um pouco chamativo ou elegante, mas era o que tinha para vestir, afinal, segundo seu marido, mulheres de respeito se vestem de forma casta e não usam cores que chamem a atenção de outros homens. 

Desceu os degraus lentamente e, ao chegar à sala de jantar, encontrou a mesa já posta e seu marido sentado na cabeceira. Charlotte  se sentou ao seu lado, como sempre fazia, mas não tocou na comida. Esperou pacientemente enquanto Willian se servia, ele pegou de tudo, pão, chá, frutas e manteiga produzida na própria fazenda. Comeu como um animal, sem o mínimo de educação, por longos minutos, sem sequer olhar para ela. 

Então, quando a comida já havia o deixado satisfeito, encarou a esposa e, tirando seu prato de perto de si, colocou no prato da jovem moça dois pequenos pedaços de pão, servindo uma xícara de chá e deixando ao lado dela. Para Willian, aquilo era mais que o suficiente para que ela se sustentasse até o jantar e não ganhasse peso. 

Charlotte  aguardou e, quando ele acenou com a mão, começou a comer, estava faminta. Claro que aquele pouco alimento que lhe foi nado em nada saciaria sua fome, mas era o que tinha e pretendia aproveitar.  Enquanto comia, lutando contra o ímpeto de colocar tudo na boca de uma vez e mantendo a classe, como seu marido gostava, ela o viu observá-la por longos instantes. 

— Seu irmão está de volta — Willian falou, observando a esposa com cautela. 

Percebeu os ombros de Charlotte  se erguerem levemente enquanto ela ofegava, também notou um brilho e um reflexo de algo que não soube identificar, cruzar os olhos esmeralda dela. Seria esperança? Talvez, foi o que lhe pareceu, e aquilo o deixou ainda mais apavorado. 

Charlotte  não disse nada, seu coração estava acelerado e seu corpo parecia querer explodir em muitos pedacinhos. Seu irmão estava de volta e, com ele, a esperança de ser salva do inferno que vivia há dois anos. 

Mas a esperança e a euforia não duraram muito. 

Charlotte  estava tão imersa em seus pensamentos que sequer notou a aproximação do seu carrasco. Willian se ergueu rapidamente e, mergulhando os grandes e calejados dedos entre os fios ruivos, puxou a cabeça da jovem para trás com força, a olhando com os olhos levemente arregalados. 

Charlotte  sentiu o corpo gelar, nunca havia visto aquela expressão, nem nos piores momentos em que estivera com Willian. Era uma mistura de ódio e medo, seus olhos estavam arregalados, sua boca entreaberta e as sobrancelhas franzidas, ele a olhava com tamanha raiva que, por um momento, ela achou que aquele rosto seria a última coisa que veria na vida. 

— Comporte-se bem, Charlotte , ou ninguém irá salvá-la da minha ira, nunca mais verá a luz do dia, eu irei levá-la para longe e você será minha até que eu me canse de você — ele falou, mas sua voz mas parecia um rosnado. — E quando eu me cansar, irei matá-la com minhas próprias mãos.

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