Seu choro era doloroso, alto, desesperado, e ela sequer o continha, não se importava com quem poderia ouvir, naquele momento nada importava além do adeus que precisava dizer. O rei acariciava seus cabelos com carinho, sussurrando palavras doces em seu ouvido enquanto, lentamente, sua voz ia desvanecendo.— Meu amor… Meu amor… — ele dizia, escondendo-a com seus braços grandes, mas sem apertá-la. — Sempre estarei… com você. Então, quando seus lábios se fecharam, ele inclinou a cabeça para baixo, mergulhando o rosto nos cabelos macios de Elanor, inspirando seu perfume doce e que, para ele, significava apenas uma coisa, amor, o amor que sempre o envolveu durante todos aqueles anos de casamento. Então, sentindo o perfume do amor, ele entregou-se à escuridão contra a qual lutou bravamente por muitos dias. Seu corpo amoleceu e seus braços, que outrora envolviam a rainha, deslizaram pelos braços dela, despencando ao lado de seu corpo, agora sem vida. Nesse momento, Elanor gritou, um grito
As trombetas soaram esplendorosas enquanto, à frente do jazigo, o padre dava suas palavras finais. Todos os empregados do palácio estavam enfileirados perfeitamente alinhados, os guardas estavam com suas espadas apontadas para os céus e a família, silenciosa, encarava a lápide elegante onde bem posicionada, uma escultura do rei se erguia, imponente. A rainha se mantinha em silêncio, seus olhos vermelhos fixos na face da estátua, amparada por suas damas que, naquele momento, eram as mais doces criaturas que ela poderia pedir. Ao lado delas, Jonathan estava de pé, olhando para o padre com seriedade, tentando conter a tristeza que ameaçava esmagar seu coração. Brista estava perto de sua família, Charlotte chorava baixinho enquanto Lucian a amparava, Chelsea estava em silêncio e Marcel, que estava um pouco a frente, encarava o amigo com preocupação e apoio, enquanto a terra era jogada sobre o túmulo. Do lado de fora dos portões do palácio, o povo cantava, havia um grande coro, todos os
“Senhorita Capman, deixo essas sinceras palavras para você antes de minha partida. Não esperava estar escrevendo isso, decerto acreditei que não deixaria Kent e a tiraria de meu caminho, mas veja, sou eu quem está sendo enxotada. Sei de minhas ações e de tudo o que causei a você, compreendo que entre nós nunca haverá nada além de mera cordialidade se algum dia voltarmos a nos ver, mas desejava dizer-lhe que foi uma adversária formidável e, acima disso, uma mulher de fibra. Cada uma de nós tinha seus próprios motivos, cada uma de nós almejava este casamento por suas próprias razões e estas não competem a esta carta, mas admito, apenas desta vez, que você mereceu o que teve. Poderia dizer que tens sorte de ter o príncipe e sua coroa, mas, na verdade, ele que tem sorte em tê-la. Será uma rainha definitivamente exemplar, pode não ter títulos, mas certamente tem o caráter e a densidade de uma. Decerto, não confunda meus elogios com um pedido de desculpas, eu fiz o que precisava fazer e
Duas semanas depoisO luto ainda estava ali, perambulando pelos corredores do palácio, deixando todos com um peso invisível sobre os ombros, no entanto, lentamente cada coisa passou a voltar para seu lugar. Com o castelo vazio, os empregados já não tinham mais tantos afazeres e os convidados que ainda estavam ali não tinham grandes programações, afinal, estavam prestando apoio à realeza.Depois do enterro do rei, as moças Capman e Maya se mantiveram juntas, mas Brista não mencionou nenhuma delas a carta da princesa, não quando ainda não havia decidido o que faria. Os últimos dias haviam sido agitados o bastante e a última coisa que ela desejava era resolver mais um problema, sendo assim, apenas se uniu a suas irmãs e passou as tardes tomando chá enquanto paparicava Charlotte, que começava a aparentar um leve volume em sua barriga. A ruiva jamais teve uma gestação que durara tanto e, quando mais o tempo passava, sentia-se sortuda e infinitamente feliz, afinal, depois de anos acredita
— Então, vida longa ao futuro rei e a futura rainha de Kent — comemorou Marcel, sorrindo alegremente. Sua irmã estaria não só casada com um de seus melhores amigos, mas também seria, em breve, a rainha que ele sempre acreditou que ela deveria ser. ***Enquanto, de um lado do castelo, o príncipe lidava com seu então cunhado, nos jardins, do lado oposto, pela primeira vez em duas semanas a rainha sentia o calor do sol em sua pele. Estava sentada à frente de uma pequena mesa de chá segurando uma xícara quente enquanto bebericava o conteúdo com lentidão. Ainda não sentia fome ou vontade de se alimentar, mas suas damas preparavam tudo com tanto carinho que alcançavam seu coração sensível e, assim, conseguiam fazê-la provar cada um de seus doces favoritos, na esperança de melhorar ao menos um pouco o humor da monarca, que estava tomada pelo luto. Mas Elanor não estava ali apenas para apreciar o dia, na verdade, aquela apreciação era apenas uma consequência do pequeno encontro que teria n
Três meses depoisUm casamento iniciou esta história, sendo assim, nada mais justo que um casamento a encerre. Um casamento que sucedeu eventos terríveis, mas que trouxe a todos os envolvidos uma lufada de felicidade em meio a complicação de suas vidas. O salão do trono estava bem preenchido com os convidados ansiosos e sorridentes, as flores espalhavam seu perfume por toda parte e, sob os dois tronos elegantes e dourados da sala, duas belas coroas repousavam. Alguns passos à frente do trono, de frente para os convidados, estavam o Duque e a Duquesa de Gloucester. Charlotte usava um belíssimo vestido verde e sua barriga estava agora maior, visível entre as grossas camadas da saia, seu rosto parecia mais corado e um pouco mais redondo, já que havia ganhado mais peso. Estava brilhante, seu sorriso parecia iluminar toda sua face e, naquele momento, sua destra repousava sobre a barriga, acariciando-a delicadamente. Lucian estava ao seu lado, segurando-a pela cintura, amparando-a. Havia
Então, ao som suave de violinos, as grandes portas do salão se abriram e, enfim, a criatura mais bela e vibrante do ambiente pisou os pés dentro do salão do trono, fazendo o príncipe ofegar. Brista usava um belíssimo vestido em tons de azul claríssimo e dourado, o tecido arrastava-se com delicadeza pelo chão enquanto ela andava e seu sorriso parecia iluminar todo seu rosto. Uma de suas mãos estava firmemente apoiada no braço de Marcel, que a guiava, enquanto a outra segurava um belo buquê de flores-do-campo que deixavam seu perfume por toda parte. O caminhar era firme, elegante e não havia como descrever seu olhar como algo além de perdidamente apaixonado. Era como um anjo, radiante e em toda sua glória, agraciando todos com sua presença e com sua luz. Seu irmão a guiou de forma honrada até o altar, Marcel sentia o peito aquecido ao casar mais uma de suas amadas irmãs e, quando entregou a mão de Brista a Jonathan, sabia que sua irmã estava se unindo a um homem de fibra e que lhe dar
Reino de Kent, 1442Era uma vez, em um reino distante chamado Kent, uma família parcialmente feliz. Havia uma mãe e esposa, seu nome era Judith, seu casamento era estável, seu marido, George Capman, era um homem de posses, grande fazendeiro da região. Sua casa era bela e imensa, ela era uma senhora que causava inveja, não só pelas posses de seu marido e pela condição de vida que ostentava, a coisa que mais despertava a inveja das outras damas da corte eram seus belíssimos filhos. Eram quatro ao todo, três meninas e um menino, a beleza deles encantava a todos, assim como o porte elegante e a educação. Marcel era o mais velho, o filho homem que todo pai sonhava em ter, era elegante, estudado, se formou em diplomacia e tinha uma posição social invejável aos seus 25 anos. Era alto, seus cabelos castanhos formavam ondulações delicadas e charmosas, sua pele era clara e seus olhos mais azuis que o céu mais limpo, tinha lábios bem marcados, um rosto de traços bonitos e um queixo quadrado. Tr