Três meses depoisUm casamento iniciou esta história, sendo assim, nada mais justo que um casamento a encerre. Um casamento que sucedeu eventos terríveis, mas que trouxe a todos os envolvidos uma lufada de felicidade em meio a complicação de suas vidas. O salão do trono estava bem preenchido com os convidados ansiosos e sorridentes, as flores espalhavam seu perfume por toda parte e, sob os dois tronos elegantes e dourados da sala, duas belas coroas repousavam. Alguns passos à frente do trono, de frente para os convidados, estavam o Duque e a Duquesa de Gloucester. Charlotte usava um belíssimo vestido verde e sua barriga estava agora maior, visível entre as grossas camadas da saia, seu rosto parecia mais corado e um pouco mais redondo, já que havia ganhado mais peso. Estava brilhante, seu sorriso parecia iluminar toda sua face e, naquele momento, sua destra repousava sobre a barriga, acariciando-a delicadamente. Lucian estava ao seu lado, segurando-a pela cintura, amparando-a. Havia
Então, ao som suave de violinos, as grandes portas do salão se abriram e, enfim, a criatura mais bela e vibrante do ambiente pisou os pés dentro do salão do trono, fazendo o príncipe ofegar. Brista usava um belíssimo vestido em tons de azul claríssimo e dourado, o tecido arrastava-se com delicadeza pelo chão enquanto ela andava e seu sorriso parecia iluminar todo seu rosto. Uma de suas mãos estava firmemente apoiada no braço de Marcel, que a guiava, enquanto a outra segurava um belo buquê de flores-do-campo que deixavam seu perfume por toda parte. O caminhar era firme, elegante e não havia como descrever seu olhar como algo além de perdidamente apaixonado. Era como um anjo, radiante e em toda sua glória, agraciando todos com sua presença e com sua luz. Seu irmão a guiou de forma honrada até o altar, Marcel sentia o peito aquecido ao casar mais uma de suas amadas irmãs e, quando entregou a mão de Brista a Jonathan, sabia que sua irmã estava se unindo a um homem de fibra e que lhe dar
Reino de Kent, 1442Era uma vez, em um reino distante chamado Kent, uma família parcialmente feliz. Havia uma mãe e esposa, seu nome era Judith, seu casamento era estável, seu marido, George Capman, era um homem de posses, grande fazendeiro da região. Sua casa era bela e imensa, ela era uma senhora que causava inveja, não só pelas posses de seu marido e pela condição de vida que ostentava, a coisa que mais despertava a inveja das outras damas da corte eram seus belíssimos filhos. Eram quatro ao todo, três meninas e um menino, a beleza deles encantava a todos, assim como o porte elegante e a educação. Marcel era o mais velho, o filho homem que todo pai sonhava em ter, era elegante, estudado, se formou em diplomacia e tinha uma posição social invejável aos seus 25 anos. Era alto, seus cabelos castanhos formavam ondulações delicadas e charmosas, sua pele era clara e seus olhos mais azuis que o céu mais limpo, tinha lábios bem marcados, um rosto de traços bonitos e um queixo quadrado. Tr
O casamento seria o evento do ano, sem sombras de dúvidas. O dia estava ensolarado e a fazenda perfeitamente organizada, o salão de festas estava muito bem decorado e a capela, que ficava no campo, estava tão bonita que qualquer um que entrasse ali acreditaria que se tratava do casamento de um nobre da região. Enquanto o noivo aguardava na capela junto aos demais convidados, na casa, Charlotte se preparava para o que acreditava ser o dia mais feliz de sua vida. — Está muito linda, minha filha — Judith falou, apoiando as finas mãos nos ombros de sua filha enquanto olhava o reflexo da mais jovem no espelho. — Não há em Kent moça mais bela que você.Os olhos da mulher viajaram pelo reflexo do espelho, à sua frente, Charlotte sorria como uma verdadeira princesa. Seu vestido tinha um tom perolado com belos detalhes em dourado. Seus cabelos avermelhados estavam soltos e, em sua cabeça, uma belíssima tiara segurava o delicado véu, estava perfeita. Suas mãos estavam enluvadas e seguravam f
Dois anos depois…— Mamãe… Eu não aguento mais isso! — a voz de Charlotte não passava de um sussurro enquanto, ainda em sua cama, ela encarava a mãe com lágrimas nos olhos. — Me ajude… — Só Deus pode te ajudar, filha — Judith estava impaciente —, precisa se esforçar mais! Não consegue vingar nenhuma gravidez, também não consegue fazer com que seu marido seja só seu, sequer cuida bem do seu lar! Charlotte, não tem do que reclamar, isso tudo é culpa sua, você não cuida do seu casamento! As palavras de sua mãe atingiram seu coração diretamente, fazendo-a ofegar em desespero. Nenhuma dor física era tão grande quanto a dor da perda que sentia, seu conto de fadas havia se tornado um grande pesadelo e ela estava fadada a isso até sua morte. Seu corpo estava dolorido, seus olhos ardiam e ela sentia certo inchaço no lado esquerdo do rosto, resquícios do que havia acontecido há dois dias, sequelas do ataque de fúria que seu marido teve ao descobrir que ela havia perdido mais um bebê. Ao lon
Quando abriu os olhos, sua mãe já havia partido. As visitas de Judith sempre pioravam tudo para Charlotte, que já não sabia a quem recorrer, não tinha quem a protegesse. Como falaria com seu pai se sua mãe nunca levava seus recados e seu marido não permitia que ela sequer colocasse o rosto no jardim? Fugir não estava em seus planos, afinal, se não chegasse até sua casa, as consequências seriam muito piores e Willian tinha criados por toda parte que estavam autorizados a fazer qualquer coisa para contê-la. Não tinha o que fazer, para ela, não havia opções. O único a quem poderia recorrer estava muito distante. Marcel havia viajado para estudar diplomacia e só retornaria depois de meses, mas Charlotte não sabia se conseguiria resistir tanto tempo. Estava quebrada e não se referia ao seu corpo, mas sim a sua alma, era uma mulher amargurada, pressionada pelo medo e pelo terror que vinha diretamente daquele que jurou amá-la por toda a vida. Sabia que a noite já ia longe, pois todos os
Marcel viu, ao longe, o começo das terras de seu pai. Estava feliz por retornar para casa, principalmente por saber que, logo, logo, a região seria o berço de um encontro de nobres e isso traria muito prestígio, principalmente porque o duque de Gloucester estaria hospedado em sua casa, aquilo o animava muito. Sabia que o Duque tinha muitas posses, além de ser muito bem quisto pelo rei, que lhe dera tal título por ter sido um exímio líder de guerra há cerca de dois anos. A família real era pequena, não havia muitos nobres que, de fato, estivessem aptos para governar caso o príncipe viesse a falecer prematuramente, por isso, e, diante a instrução do conselho, a Adsumus, o rei o nomeou, afinal, era um homem de respeito. Marcel o conheceu durante sua viagem, não tinham conversado de fato, mas o convite para que ele se hospedasse na fazenda enquanto estivesse em FoxSpeare, e não no palácio, foi muito bem recebido pelo Duque, que tinha uma predileção por lugares distantes dos costumes da
Quando entrou na casa observando o organizado, ouviu a voz de Judith, sua mãe. Nunca teve um bom relacionamento com ela, normalmente, Judith era controladora demais para com suas irmãs e, apesar das garotas acharem que aquilo era normal, Marcel não concordava com as atitudes da mãe, que manipulava tudo para arranjar para as meninas propostas vantajosas. Teve medo de voltar de viagem e encontrar Chelsea, que tinha somente 16 anos, casada. — Chelsea! O que eu disse sobre receber visitas como um animal selvagem? Olhe seus cabelos! — a voz de Judith ecoou por toda a casa, o grito foi alto o bastante para fazer a mais nova encolher os ombros. Marcel suspirou ao notar a irmã murchar, vendo toda a animação e euforia ir por água abaixo. Odiava aquilo, odiava a forma como sua mãe as obrigava a manter a compostura até nos momentos mais íntimos. Sabia que a educação das moças era importante, mas sentia que suas irmãs eram cobradas demais e aquilo o machucava. — Não ligue para isso, vá chamar