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Capitulo 2- Até você chegar.

Owen Grant definitivamente tinha um problema. Ficara viúvo há seis meses e precisava urgentemente de alguém para cuidar de seus três filhos. Conseguiu uma senhora viúva, que residia na pequena cidade onde ficava a sua fazenda para cuidar das crianças por alguns dias, ele pagou uma boa quantia a ela e pode viajar. Precisava arrumar uma esposa e voltar para casa rapidamente, não podia deixar a propriedade e as crianças por muito tempo. Seus negócios, tanto os oficiais, como os não oficiais, exigiam que viajasse constantemente. Na sua visão o melhor lugar para isso era Portland. Uma cidade grande o suficiente para encontrar alguma mulher tão desesperada quanto ele, que estaria disposta e embarcar nessa loucura. Chegou na cidade e colocou um anúncio em um dos jornais de maior circulação, em breve começaria a entrevistar as candidatas, se é que teria alguma. Não poderia prometer muito para a sua futura esposa, uma casa confortável e condições de sobrevivência era o que tinha a oferecer. Em troca, ela teria que cuidar dos filhos e do lar. Como ele viajava muito, quando não estivesse, tudo ficaria a cargo dela. Não era nem de longe um acordo cheio de vantagens, mas para uma mulher em situação difícil, quem sabe a alguma solteirona poderia interessar. Também teria que deixar claro que envolvimento emocional não estava no acordo. Não procurava uma mulher para sua cama, a falecida esposa o havia deixado bastante traumatizado com o leito conjugal. Ela cumpria a obrigação sem nenhuma vontade, como se fosse um enorme sacrifício. Ele por sua vez, a procurava o mínimo possível. Preferia estar com mulheres livres, que se relacionavam com quem queriam, sem cobranças e promessas. Essas mulheres sabiam entreter um homem, e não esperavam nada em troca. Depois de seu malfadado casamento, Owen havia adquirido verdadeiro horror em estar com uma mulher que não estivesse interessada em suas atenções.

Dias se passaram, e ele não teve sucesso em sua procura, apresentavam-se apenas prostitutas no final de carreira. Por mais que não estivesse em condições de ser exigente, as mulheres que entrevistou estavam em condições deploráveis, aparentemente doentes e debilitadas. Iriam mais do que qualquer coisa assustar os seus filhos, fora que a maioria possuía problemas com o abuso de álcool e outros entorpecentes. Não podia deixar os filhos expostos a esse perigo. Seu problema estava muito longe de ser solucionado, ele pensou com pesar.

Já desanimando, foi conhecer um bar que ficava nas docas do rio Columbia. Quando se aproximou viu uma movimentação estranha, um homem carregava um grande volume próximo a um dos piers. Owen podia jurar que era uma pessoa que ele carregava. Resolveu se aproximar um pouco mais para ver melhor, havia notado que aquela poderia ser uma região perigosa para se estar uma hora dessas, eu aquele homem era definitivamente suspeito, estava se encaminhando para jogar o grande pacote no rio.

- Ei você, o que pensa que está fazendo?

O homem assustou-se e largou bruscamente o embrulho no chão.

- Eu não a machuquei, eu juro.

Ele correu em direção ao sujeito, pelo que ele falou, o embrulho se tratava de uma mulher que jazia inerte.

- Não a machucou, mas está tentando afogá-la seu cretino! Eu vi que você ia j**a - lá no rio, para dar um fim ao corpo.

- A moça está viva, eu posso garantir. Eu só faço o que me pagam para fazer. Mandaram-me dar um fim nela, mas eu sinceramente não quero fazer isso. Eles a deixaram desse jeito, para morrer. Eu nunca faria algo tão terrível para uma mulher.

- Quem fez isso com ela, afinal? Porque você não chamou a polícia?

- O próprio marido e a amante. Bateram tanto que disseram que ela provavelmente perdeu o bebe. São pessoas poderosas, e pelo visto capazes de qualquer coisa.

Owen aproximou-se do corpo caido ao chão e sentiu vontade de vomitar. O que um dia fora uma mulher, agora era apenas um amontoado de carne e ossos machucados. A coitada havia sido feita de saco de pancadas. Pela aparência dos ferimentos, era muito improvável que sobrevivesse. Que tipo de monstro teria coragem de fazer isso a uma mulher grávida?

- Se o senhor quiser e puder ficar com ela, pode levar. Eu só preciso que a leve para longe, e não a deixe voltar se ela sobreviver.

Owen ficou chocado com o oferecimento do homem. Mas o destino daquela pessoa era terrível. Estava prestes a ser jogada no rio, gravemente ferida. Pensou em chamar a polícia, mas o homem se livraria dela enquanto fosse atrás dos guardas. Ele era o único que podia salvá-la, tentar pelo menos.

- Eu levo ela comigo, preciso de meia hora para pegar minhas coisas e minha carroça. Moro em um lugar bem afastado, ninguém vai saber se ela sobreviver. Você pode ficar com ela em um beco escuro até eu voltar? Não precisa matá-la, vai carregar essa culpa pelo resto da vida.

O homem ficou em silêncio por um momento, com certeza pensando nos prós e nos contras daquela situação.

- Tudo bem, eu vou esperá-lo. Não vou aguentar viver com essa culpa. O senhor tem meia hora, se não voltar eu vou jogá-la na água.

- Tudo bem, eu já volto, não faça nada que vá se arrepender.

Owen voltou ao pequeno hotel que estava hospedado, juntou suas coisas e pagou a conta. Nos estábulos pegou sua carroça e foi em direção ao porto. Aquilo tudo era uma grande loucura, levar consigo no meio da noite uma mulher naquele estado. Mas alguma coisa não o deixava agir diferente. Ele com certeza era a melhor chance que aquela estranha tinha de sobreviver.

Quando chegou o homem estava escondido com a mulher inerte, ele ajudou-o a colocar na parte de trás do veículo. Ele improvisou uma cama com cobertas, a deitou e a cobriu. Assim, no meio da noite, como um fugitivo, ele iniciou a sua longa viagem até a sua fazenda, na cidadezinha de Sun City, com uma passageira que provavelmente não amanheceria com vida.

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