Quando Maude foi embora, Owen ficou devastado. Ele havia se sacrificado tanto, apenas para vê-la partir. Em seu interior ele havia decidido deixar os Koda, e passar a se dedicar apenas a família e a fazenda. No entanto, Maude escolhera outro caminho. Nos dias que se seguiram, Owen se sentiu como uma sombra de si mesmo. A raiva e a tristeza o consumiam em igual medida, transformando cada momento em um tormento silencioso. Ela escolheu voltar para sua antiga vida, e se vingar daquele monstro que era Sebastian. Ela ambicionava tanto aquilo, que não exitou em abandonar ele e as crianças.Ele passava horas encarando o vazio, as lembranças dos momentos felizes com Maude agora tingidas pela dor da traição que sentia. "Como ela pôde me abandonar?", perguntava-se incessantemente. Ele se lembrava de cada olhar, cada promessa, e não conseguia entender como ela fora capaz de trocar tudo isso por vingança. Owen se sentia deixado para trás, como se sua dedicação e os sacrifícios que fizera não tives
Maude observava da janela de um pequeno café enquanto a cidade despertava para o caos que ela havia semeado. Os cartazes estavam espalhados por toda parte: postes, vitrines de lojas, bancos de praça. Os desenhos eram simples, mas impactantes, com detalhes sombrios que deixavam margem para interpretação, o suficiente para plantar a semente da dúvida na mente de qualquer um. Ela sabia que não seria apenas a população comum que repararia; os aliados de Sebastian, e o próprio, não demorariam a tomar conhecimento.Seu plano era meticuloso. Há semanas Maude se preparava para aquele momento. Ela havia recrutado a ajuda dos rivais de Sebastian no meio político, aproveitando-se da hostilidade entre eles. Após forjar uma identidade falsa, apresentou-se como uma cidadã consciente e preocupada com a integridade da cidade. Com a promessa de trazer um escândalo à tona, conseguiu acesso a recursos que tornaram possível a criação e distribuição dos cartazes. Ninguém suspeitava que ela fosse a suposta
O plano de Maude havia sido arquitetado com precisão, mas a conclusão se deu de forma inesperada. Sebastian, consumido pela paranoia, sucumbiu ao próprio desespero antes que ela pudesse finalizar sua vingança. Naquela noite fatídica, trancado em seu escritório com cortinas cerradas, ele perdeu a batalha para seus próprios demônios. Um disparo solitário ecoou pela mansão, pondo fim à sua vida. A notícia se espalhou como um incêndio. Quando Maude soube, sentiu um vazio estranho. Não era satisfação, nem alívio. Era como se o desfecho tivesse lhe roubado a chance de encarar seu algoz de frente e, finalmente, vencê-lo com as próprias mãos.Determinada a virar a situação a seu favor, Maude procurou as autoridades na manhã seguinte. Envolta em um véu de aparente fragilidade, ela se apresentou como a esposa desaparecida, alegando que havia se escondido após um ataque de Sebastian, temendo por sua vida. Com um ar de inocência calculada, jurou que não tinha relação com a confusão que envolvia a
América do Norte 1890.Em meio à confusão mental gerada pela gravidade de seus ferimentos, e as fortes dores que sentia. Maude só conseguia pensar no que havia feito a Deus para merecer aquele destino. Sempre fora uma filha obediente, não se lembrava de ter contrariado seus pais nem mesmo quando era uma criança. Quando se casou com Sebastian, tinha sido da mesma forma uma esposa exemplar. Ela já havia nascido em uma família próspera, seu pai quando era jovem havia encontrado uma mina de ouro no território do Oregon, mudou-se para a região e se dedicou a explorá-la com sucesso. Ela morou em uma mansão em Portland a vida inteira, e quando tinha dezoito anos cometeu o maior erro de sua vida, aceitou o pedido de casamento de Sebastian Lee, o emergente gerente do maior banco da cidade. Ele lhe foi apresentado no teatro, por um amigo de seu pai, e desde então ele se dedicou insistentemente a cortejá-la. Sebastian era um homem jovem de boa aparência e muito educado. Era extremamente agradáve
Owen Grant definitivamente tinha um problema. Ficara viúvo há seis meses e precisava urgentemente de alguém para cuidar de seus três filhos. Conseguiu uma senhora viúva, que residia na pequena cidade onde ficava a sua fazenda para cuidar das crianças por alguns dias, ele pagou uma boa quantia a ela e pode viajar. Precisava arrumar uma esposa e voltar para casa rapidamente, não podia deixar a propriedade e as crianças por muito tempo. Seus negócios, tanto os oficiais, como os não oficiais, exigiam que viajasse constantemente. Na sua visão o melhor lugar para isso era Portland. Uma cidade grande o suficiente para encontrar alguma mulher tão desesperada quanto ele, que estaria disposta e embarcar nessa loucura. Chegou na cidade e colocou um anúncio em um dos jornais de maior circulação, em breve começaria a entrevistar as candidatas, se é que teria alguma. Não poderia prometer muito para a sua futura esposa, uma casa confortável e condições de sobrevivência era o que tinha a oferecer. Em
Para a surpresa de Owen, a misteriosa mulher havia sobrevivido à noite. Tivera alguns poucos momentos de lucidez, em que balbuciava coisas sem nexo com uma voz muito fraca. Isso devia ser um bom sinal, ao menos ela não estava em coma. Com medo de ser pego com uma pessoa quase morta em sua carroça, ele viajou a noite toda, por estradas mais afastadas, e em uma boa velocidade. Eram dois dias de viagem até sua cidade, isso se mantivesse um bom ritmo. Ao amanhecer parou para que os cavalos descansarem e comer alguma coisa. Verificou que ela ainda estava respirando. Não havia muito o que pudesse fazer ainda, poderia cuidar melhor dela quando chegasse em casa. Teria que chamar seu médico de confiança, diria que a encontrou na estrada nesse estado. Depois de um pouco de descanso, seguiu viagem até anoitecer. Estava exausto, mal conseguiu comer algo e deitou-se ao lado da mulher na carroça, tomando cuidado para não machucá-la ainda mais. No dia seguinte, acordou antes de amanhecer, comeu e s
– Desculpe, creio não ter entendido corretamente o que o senhor falou.– Eu disse, que gostaria que a senhora aceitasse a oferta de ser minha esposa e mãe dos meus filhos.Então ela havia entendido bem, isso significava que aquele homem era no mínimo maluco, talvez até perigoso. No meio da confusão e receio que se instalou em seus pensamentos, Maude apenas conseguiu responder o óbvio.– Mas eu já sou casada!– Eu sei que você era, mas achei que depois do que aconteceu não ia mais querer voltar para aquele homem.– E você está certo, eu não quero! Mas isso não quer dizer nada, pois aos olhos de Deus eu continuo casada. Não posso simplesmente me unir a outro homem.Ela disse isso e foi em direção ao caminho que levava a casa. Ele deixou-a passar na frente e então a seguiu, ainda expondo seus argumentos.– Eu sei, mas a questão é que por aqui ninguém sabe quem a senhora é, ou de onde veio. Podíamos inventar uma história sobre o seu passado, e conseguir um padre para nos casar. – Isso é
Owen estava exaurido da dupla jornada. Ele e Thomas tinham que cuidar da casa, das crianças e ainda cuidar do rancho. Estava se aproximando o dia em que teriam que levar o gado em comitiva e embarcá-lo no trem de carga, e ele não tinha ideia de como faria isso, não podia deixar as crianças ainda. Maude estava se recuperando bem, mas ainda não havia aceitado a responsabilidade. Lentamente ela começou a sair do quarto e a comer com eles, passava algum tempo brincando com Melanie, que a ensinou a pegar ovos no galinheiro. As duas ajudavam a distrair a bebê Alex para que eles pudessem ir ao campo juntos, ele e Thomas vinham se revezando a meses nessa tarefa, para não descuidar da bebê. A moça era calada, falava apenas o necessário, mas ele não a culpava por não confiar em ninguém, depois do que o próprio marido havia lhe feito. Desde o dia que ela havia concordado que ele cozinhava mal, as coisas haviam ficado mais leves entre eles. Thomas cozinhava, e ela se oferecia sempre para lavar