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Capitulo 5 - Sob o Céu do Oest

Owen estava exaurido da dupla jornada. Ele e Thomas tinham que cuidar da casa, das crianças e ainda cuidar do rancho. Estava se aproximando o dia em que teriam que levar o gado em comitiva e embarcá-lo no trem de carga, e ele não tinha ideia de como faria isso, não podia deixar as crianças ainda. Maude estava se recuperando bem, mas ainda não havia aceitado a responsabilidade. 

Lentamente ela começou a sair do quarto e a comer com eles, passava algum tempo brincando com Melanie, que a ensinou a pegar ovos no galinheiro. As duas ajudavam a distrair a bebê Alex para que eles pudessem ir ao campo juntos, ele e Thomas vinham se revezando a meses nessa tarefa, para não descuidar da bebê. 

A moça era calada, falava apenas o necessário, mas ele não a culpava por não confiar em ninguém, depois do que o próprio marido havia lhe feito. Desde o dia que ela havia concordado que ele cozinhava mal, as coisas haviam ficado mais leves entre eles. Thomas cozinhava, e ela se oferecia sempre para lavar a louça das refeições. Na verdade, Owen deu-se conta que ela era uma mulher de posses, lhe ofereceu um emprego, mas não tinha ideia se ela sabia cozinhar ou cuidar de uma casa. Devido a sua posição social, era bem provável que tudo ficasse a cargo de empregados. De qualquer forma, não podia ser exigente, se ela quisesse ficar ali teria que aprender. E Deus ajudasse que ela quisesse, a situação dele já beirava o desespero.

Owen tinha negócios que não podia mais adiar, vender o gado era primordial para conseguir recursos que trocaria por armas, as que eles tinham, já estavam ficando obsoletas. O movimento estava a postos, apenas esperando as ordens do Alfa, a data estipulada para a próxima ação já havia sido muito adiada, devido à morte de sua esposa. Chegavam notícias de seus aliados, havia uma reserva que precisava urgentemente de uma intervenção deles.

 O ambiente era totalmente insalubre, e os indígenas viviam subjugados e maltratados. Ela ficava a uma semana de distância, e seriam necessários pelo menos 30 homens para garantir que os militares se rendessem. Os homens já estavam prontos e de sobreaviso, apenas esperando o restante das armas e a ordem para se direcionar ao lugar combinado. Viajavam em grupos muito pequenos, cada um de seu local de moradia para não levantar suspeitas, e em dias alternados. Combinavam um dia específico e hora para o ataque, quando o momento chegava, todos já conheciam o plano e apenas o executavam.  As reuniões eram feitas por células do movimento e ninguém conhecia a identidade dos líderes, para garantir a segurança de suas famílias. Eles eram o Koda, os indígenas subjugados em reservas os viam como aliados misteriosos. Nos últimos dez anos, um grupo de homens vestidos de preto, com o cabelo e o rosto cobertos com o que pareciam turbantes, iam de reserva em reserva os libertando e garantindo que conseguissem fugir em segurança. Doavam recursos, sementes e alimentos para que assim eles pudessem reconstruir suas aldeias em algum lugar distante.

Depois das primeiras reservas atacadas, esse nome, Koda, se alastrou como fogo entre os nativos que os tinham como salvadores, e os fez ficar na mira do governo e das forças armadas. O trabalho era duradouro, pois como além de libertá-los eles garantiam sua subsistência até os próprios conseguirem fazer por conta própria, era bem mais complicado manter o sigilo de todas essas transações. Até então estavam tendo sucesso, ninguém havia sido capturado ou descoberta sua identidade.

O próprio Owen havia sido um soldado em sua tenra juventude, era, como muitos outros, responsável por manter a ordem nas reservas, mas aquele foi um período em que ele viu coisas assombrosas. A vida naquele lugar estava longe de ser digna para os nativos, passavam por maus tratos e trabalho forçado. Havia muita violência, estupros por parte dos soldados, era uma terra em que quem fazia a lei era o exército. Aquilo tudo havia enojado Owen, desde o primeiro momento. Ele ficou apenas o período para que não tivesse uma dispensa desonrosa, e conseguisse aprender mais sobre como elas funcionavam. Assim que pôde, saiu com a desculpa de assumir a fazenda da família e casou-se. Depois de um tempo, procurou um antigo colega, que como ele também abominava os métodos do governo. Esse homem conhecia outros mais, assim uma coisa foi levando a outra e eles montaram a organização e começaram a atuar. Não aceitavam nenhum novo integrante, que não fosse de absoluta confiança e este teria que passar por um intenso treinamento de combate e estratégia. Cada recruta só conhecia o rosto de quem o recrutou, assim eles mantinham o anonimato.

Por esse motivo, Owen precisava muito que Maude ficasse. Essa causa era a segunda coisa mais importante de sua vida, ficando apenas abaixo da sua responsabilidade para com seus filhos. O momento era crucial, pois eles estavam seguindo uma pista que apontava que não eram grupos indígenas responsáveis por uma série de assaltos e assassinatos que vinham acontecendo nas estradas. Alguém estava se aproveitando da fama deles para cometer os crimes. Segundo eles haviam investigado, era um grupo criminoso bem organizado, que inclusive se caracterizava como nativos, com direito a perucas e tudo. O plano, na verdade era genial, assim os assaltantes passavam despercebidos em qualquer lugar e os nativos continuavam a ser caçados. 

Sua fazenda era muito próspera, e se não fosse os recursos destinados à causa, Owen já poderia ser um homem rico. Tinha uma cabeça boa para os negócios e não tinha medo do trabalho pesado. Contudo, ele conseguia manter uma vida confortável para sua família. O nome Koda significava aliados, e era exatamente assim que eles se sentiam, como aliados dos nativos, provavelmente os únicos que eles teriam contra o governo que buscava exterminá-los. Ele e Thomas percorriam o campo a cavalo, quando pararam em uma sombra para beber água o amigo falou.

— Você sabe que precisa falar com ela outra vez, estamos ficando sem tempo Owen.

— Eu sei, prometi não pressionar, mas, precisamos embarcar aquele gado no trem.

— Sim, e depois a viagem. Vai levar pelo menos duas semanas e meia entre ir, fazer o serviço e voltar. Isso contando que tudo dê certo.

Owen tirou o chapéu da cabeça e escorou-se na árvore que lhes dava sombra.

— Fico preocupada em deixá-los por tanto tempo. 

— Estarão tão seguros com ela, como com qualquer outra que você tivesse se casado. Ela é uma pessoa boa, e cuida bem das meninas. A fazenda é segura ficarão vários homens para cuidar de tudo, eles estão bem instruídos de fazer a segurança. Sempre deu certo Owen.

— Eu sei, mas antes eles ficavam com a mãe.

— Nós dois sabemos que ela não era um exemplo de maternidade afetuosa. Você precisa da Maude, vai ter que confiar nela, e fazê-la confiar em você.

— Sim, hoje eu vou falar com ela para definir a situação. Espero que já tenha dado tempo dela se apegar nas crianças, e que queira ficar.

— Claro que sim, meu amigo, aqueles diabinhos são irresistíveis.

Disse Thomas, já indo em direção ao cavalo, para eles seguirem com a lida no campo.

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