Priscila Barcella Cheguei em casa e encontrei uma cena que nunca imaginei ver na vida: o senhor Fos, no tapete da sala, montando uma estrutura de Lego com Ítalo e Íris. Josefa, a governanta, brincava de comidinha com Belinha. Nina, minha bebezinha, não estava na sala. — Mamãe! — Belinha gritou ao me ver, sendo a primeira a notar minha presença. — Você brigou com o papai? — perguntou, preocupada. Ajoelhei ao lado dela, acariciando seu cabelo. Meu coração apertou ao ver a preocupação em seus olhinhos. — Não, querida. O Liam só queria o colo da mãe dele. A vovó Marta foi ficar com ele um pouquinho para que a mamãe pudesse descansar aqui com vocês — expliquei, beijando sua testa, tentando passar toda a segurança que ela precisava. — Eu entendo o papai. Eu também ia querer colo de mãe — ela disse, e logo Íris e Ítalo vieram me abraçar, envolvendo-me em um calor reconfortante que só os filhos podem proporcionar. — Só pela carinha da mamãe dá para ver que o tio Liam está bem — Íris com
Priscila Barcella Minha bebezinha aproveitou a noite para mamar. Ela quase não dormiu e, embora não estivesse com dor nem enjoada, só queria estar comigo. Mamava muito, me olhando com aqueles olhos grandes e curiosos, como se estivesse se certificando de que eu não iria embora — pelo menos foi o que pensei. Segurei-a firme, sentindo uma onda de culpa por estar ficando longe dela. Eu queria dar a ela todo o meu tempo, mas a realidade me forçava a me afastar. Acabei cochilando um pouco com ela ainda no meu seio, seu pequeno corpo aquecido contra o meu. O som do celular tocando me despertou. Não eram nem seis horas da manhã. Atendi sem nem olhar para o número, ainda muito sonolenta. — Alô — falei com os olhos fechados e a voz rouca de sono. — Eu achei que você tinha se afastado do meu filho — a voz de Marina, mãe do Max, estava nitidamente alterada e me fez despertar instantaneamente. — Você é realmente uma aproveitadora. Eu sabia assim que te conheci. E que história é essa de que eu
Priscilla Barcella Cheguei ao hospital com o coração apertado, sentindo o peso esmagador das últimas 24 horas. Entrei no quarto onde o Liam estava, o som dos monitores de batimentos cardíacos me causando uma sensação de alívio misturada com ansiedade. Ele dormia tranquilamente, com Marta cochilando na poltrona ao lado, seu rosto enrugado refletindo cansaço e preocupação. Aproximei-me dele com cuidado para não acordá-lo. Ao vê-lo ali, vulnerável, uma onda de emoções tomou conta de mim – alívio, amor, culpa. Já estava prestes a me afastar quando senti sua mão quente segurando a minha, seu toque familiar me ancorando. — Não me dá nem um beijo de bom dia? — ele murmurou, com um sorriso sonolento, mas que ainda conseguia iluminar meu coração. Inclinando-me, depositei um selinho em seus lábios, tentando esconder a dor e o cansaço que provavelmente estavam estampados no meu rosto. — Dormiu bem? — perguntei, enquanto ele acariciava meu rosto com uma ternura que me fez querer desmoronar a
Passar o dia com meus netos foi uma experiência revigorante. A casa da Priscila tem uma energia tão positiva que finalmente entendi por que o Max está sempre lá. A cozinheira da Priscila é excelente, e a Josefa é uma mulher encantadora. Vi como ela se preocupa com Priscila, e até com o meu filho e o Liam. Voltar para casa não foi fácil, mas fiquei feliz em saber que voltaria no dia seguinte. Cheguei em casa todo feliz, mas meu sorriso morreu ao ver a Marina sentada no sofá da minha sala. — Finalmente chegou — ela falou impaciente. — Onde está o meu filho? — Em Brasília, ele foi pela manhã. Qual é o problema? — Fui na casa dele ontem e a governanta me informou que ele não estava. Fui na Maria Clara e ele também não estava. Eu sei que o Max não estava mais saindo com aquela mulher mundana — ela falou, e eu sabia que estava se referindo a Priscila. Odiei quando ela falou assim da menina. — A Priscila é uma pessoa maravilhosa e eu ficaria muito feliz se eles se casassem... — Você s
Max Fos Precisei vir para Brasília, mas não queria deixar Priscila na mão, então meu pai se ofereceu para cuidar das crianças. Sabia que as deixava com a pessoa certa. Assim que cheguei a Brasília, havia muito a ser feito, e à noite, teria um jantar para a campanha publicitária com uma cantora famosa, cliente de Priscila e extremamente exigente. Quando cheguei ao restaurante, eles ainda não haviam chegado. Sentei-me e desliguei meu celular, que não parava de tocar por causa da minha mãe. Ela é uma mulher complicada; tudo sempre tem que ser do jeito dela. Sentia fome, e mesmo sabendo que a etiqueta pedia para eu esperar, decidi fazer o pedido. Estava olhando para a porta quando uma mulher entrou, olhou em minha direção e, com uma expressão de dúvida, se aproximou. — Boa noite, onde está a Priscila? — ela perguntou, seu olhar desconfiado. — Boa noite, meu nome é Max. Infelizmente, Priscila teve um imprevisto familiar — tentei explicar, sentindo uma leve tensão no ar. — Algo muito
Max Fos A reunião foi bastante produtiva, e finalmente entendi o que Rafaela queria. Quando cheguei ao hotel, a primeira coisa que fiz foi ligar para a Íris. — Você ligou — ela falou sorrindo e se sentando na cama, seus olhos brilhando de felicidade. — Claro, eu disse que ia te ligar. Me conta o que aconteceu? — perguntei, ansioso para saber como estava. — Eu dei uma rasteira na Violeta na aula de educação física. Hoje nós jogamos futsal, e ela estava implicando comigo porque o Harry pediu para fazer o trabalho de história comigo. Ele é o menino mais lindo da escola inteira — ela falou com os olhos brilhando, e não pude deixar de sorrir ao ver seu entusiasmo. — Você gosta dele? — perguntei, um pouco preocupado. Era difícil ver a Íris crescendo tão rápido. — Não sei, eu não o conheço direito. Você gostou da mamãe assim de cara? — ela perguntou, e eu não consegui evitar um sorriso nostálgico. — Desde a primeira vez que a vi... Mas você ainda está um pouco nova para namorar,
Priscila Barcella Quando ficamos só o Liam e eu com a Nina no hospital, senti como se estivéssemos em uma bolha de segurança e paz. O ambiente, apesar de ser um hospital, parecia acolhedor e cheio de serenidade. O som suave da respiração da Nina, que cochilava tranquilamente, preenchia o quarto com uma calma reconfortante. Aproveitei o momento de quietude para me aproximar do Liam, que me olhava com um olhar bobo e carinhoso. — Você sabe que é muito bonita, né? — ele perguntou, seus olhos brilhando com uma mistura de admiração e ternura. Meu coração se aqueceu, e não pude evitar sorrir, toda boba. — Sei sim, e você está bem? — perguntei, a preocupação transparecendo na minha voz. Ele fez um bico adorável, me fazendo rir baixinho. — Eu achei que você fosse dizer que eu era bonito — ele respondeu, com uma expressão divertida. Aproximei-me dele e depositei um selinho carinhoso no bico que ele fazia. — Você é um bobo, sabia? — falei, sentindo o calor de sua pele contra a minha. — S
Priscila Barcella A tarde, depois que falei com a Larissa e o Liam dormiu, eu fiquei meio entediada sem saber o que fazer. Mas, para minha sorte, a Nina acordou, e estava bem animada. Como o Max tinha comprado vários livros para ela e ela ama quando lemos, a coloquei no meu colo. Conforme eu contava a história, ela gargalhava, enchendo o ambiente com uma alegria contagiante.A Nina tem um sorriso tão lindo e cativante que sempre me faz sorrir também. Peguei a naninha dela, um patinho, e comecei a fazer vozes com o patinho para fazê-la rir. A cada risada dela, sentia meu coração se aquecer. Era incrível como aquele pequeno ser podia transformar completamente o meu humor.— Quem é o amor da minha vida? — falei, beijando-a. Ela pegou no meu cabelo, puxando-o com força. — Assim não, meu amor, solta o cabelo da mamãe.Estava tirando meu cabelo da mãozinha dela quando a porta do quarto foi aberta. Meu corpo se tensionou imediatamente.— Aaaaa — a Nina começou a conversar, e eu soltei meu c