Priscila Barcella Três semanas depois. Hoje, finalmente, o Liam recebeu alta, e vamos poder ir para casa. Ele está muito empolgado para contar às crianças que estamos juntos, mas eu não acho que seja o momento certo. Nosso relacionamento ainda é recente, e temo que as crianças fiquem muito empolgadas e, se algo der errado, como ficará o psicológico delas? O Max conversou com a mãe dele, e ela meio que sumiu das nossas vidas, o que me deixou mais aliviada, mas ainda estou um pouco preocupada. E falando no Max, ele está sendo maravilhoso com as crianças, principalmente com a Iris. Mesmo quando eu estou em casa, ela sempre prefere conversar com ele. Teve uma gincana no colégio com os pais, e ela fez questão de chamá-lo para ir com ela. Eu entendo. Max é um homem incrível e parece que o papel de pai funciona super bem para ele. Ele consegue equilibrar tudo para dar atenção às crianças. Estava terminando de arrumar a sacola do Liam, perdida em pensamentos, principalmente sobre o fato
Priscila Barcella Finalmente, depois de quase um mês no hospital, Liam estava voltando para casa. O tiro na cabeça havia sido um pesadelo, mas agora ele estava aliviado e grato por estar vivo e em recuperação. No entanto, ele continuava teimoso, achando que já podia correr uma maratona, e não conseguia conter sua empolgação, falando sem parar. Eu, por outro lado, estava exausta, com os olhos pesados e o corpo dolorido. Só queria dormir uma noite inteira sem interrupções, algo que sei que não vou conseguir fazer por anos, já que minha bebezinha ainda precisa de mim. Estive ao lado dele o tempo inteiro, e mesmo quando estava preocupada com as crianças, sempre conseguia dar um jeito, pois ele era a minha prioridade. Meu coração se apertava ao lembrar das noites intermináveis no hospital, da preocupação constante com sua recuperação e da necessidade de ser forte por todos nós. Quando chegamos ao condomínio, as emoções dominaram Liam. Podia ver as lágrimas correndo livremente pelo rosto
Liam Rodrigues a Eu ainda não acredito que não estou sonhando. Ter a Priscila comigo parece irreal; acho que até valeu a pena ser baleado. Nossa, se ela ouvir isso, ela me mata. O bom dela estar comigo no hospital é que podemos ficar sozinhos, o que é bem raro, mas é muito bom. Ter ela cuidando de mim me permitiu ver vários lados dela que eu não conhecia. Ela é muito carinhosa, mas só não sabe disso. E muito ciumenta também; eu achava que era ciumento, mas ao lado dela, eu não sou nada. Mesmo adorando ficar ali com ela, eu já estava louco para ir para casa ver as crianças. Sentia falta da energia e do amor que eles trazem para minha vida. Engraçado, eu sempre quis ter uma família. Sonhei tanto em ser adotado, mas tinha perdido as esperanças até o dia que cheguei na casa da Priscila. Com certeza essas crianças me adotaram, mas de um jeito diferente do que eu imaginava; afinal, eu queria pais e hoje sou o pai. Pai de crianças adoráveis e muito inteligentes, que com certeza vão desc
Liam Rodrigues Eu ainda não acreditava que teria uma mãe, uma mãe de verdade. Aquilo parecia um sonho. — O papai está emocionado — Belinha disse, e Priscila começou a beijá-la. — Papai, homem de verdade não chora — Ítalo afirmou com seriedade. — Ítalo, não sei quem te disse isso, mas todos choramos. Se homem não pudesse chorar, nossos olhos nem produziriam lágrimas, não acha? — vovô Léo falou para ele, sua voz firme e carinhosa ao mesmo tempo. — Você não deixa de ser homem se demonstra seus sentimentos. Na verdade, você é mais homem, porque precisa de muita coragem para ir contra a sociedade — acrescentei, beijando a bochecha de Ítalo. — E eu estou muito feliz, estou com a minha família. — Eu também estou feliz, finalmente nossa família está completa — Ítalo disse, sorrindo. — E estamos todos felizes, mas o Liam precisa descansar — Priscila interveio, sua preocupação evidente em seu tom de voz. — Mas meu... — parei de falar quando vi a expressão dela, percebendo que quase a ch
Liam Rodrigues Max saiu com Rafaela e a bebê dela, deixando a sala em um silêncio tenso. — Eles formam um casal bonito, né? — falei sorrindo, mas Priscila apenas revirou os olhos, me ignorando. Sua reação me fez rir ainda mais. Priscila ajeitou Nina, que estava em seu colo, e falou indignada: — Ela é igualzinha a mim. — Sim, uma versão mais nova e mais simpática — brinquei, mas no momento que as palavras saíram da minha boca, vi a expressão dela se transformar. — Vai atrás dela, então, já que ela é a versão melhorada — Priscila respondeu, sua voz carregada de raiva e mágoa, seus olhos lançando faíscas de fúria. A intensidade do olhar dela me atingiu em cheio, e me arrependi instantaneamente da brincadeira. Dei um passo em sua direção, tentando suavizar a situação. — Priscila, eu só estava brincando. Você sabe que eu só tenho olhos para você — falei suavemente, tentando acalmá-la. Ela ajustou Nina em seus braços, mantendo a distância entre nós, sua expressão ainda fechada. —
Liam Rodrigues Estava com a minha mãe na sala quando a Josefa e o Léo vieram descendo as escadas, rindo muito. O som da alegria deles ecoava pela casa, trazendo um pouco de leveza ao ambiente. — Você quer ajuda, Liam? — o senhor Léo perguntou, sua voz cheia de preocupação paternal. — Não precisa, eu consigo andar sozinho, mas muito obrigado. Vou ver as crianças, e se divirtam — falei, abraçando a Josefa com carinho. — Liam, não seja teimoso — a Josefa falou e, com um sorriso amoroso, depositou um beijo na minha bochecha. Subi as escadas, sentindo a familiaridade e a segurança de estar em casa, e fui em direção ao quarto da Belinha. Assim que abri a porta, vi que ela estava toda arrumada, brincando de hora do chá com suas bonecas. — Papai! — ela exclamou, seus olhos brilhando de alegria, subindo na cama em um pulo. — Já estou pronta, papai — disse, exibindo um sorriso contagiante. Eu amava quando ela me chamava assim. Para mim, isso era o que realmente importava na vida. — Esto
Liam Rodrigues — Coração, é melhor você não dormir aqui por causa das crianças. Imagina se a Belinha acordar e vier direto aqui? — Priscila começou, com um tom preocupado. Olhei para ela, notando o sorriso que sempre me acalmava. — É só trancar a porta. Eu já me acostumei a dormir ouvindo você falar... — respondi, tentando aliviar a tensão. Ela arqueou uma sobrancelha, parecendo surpresa e um pouco indignada. — A minha voz te dá sono? — perguntou, a expressão um misto de surpresa e leve irritação. — Não é isso — tentei explicar, percebendo que talvez não tivesse escolhido as palavras mais apropriadas. — É que você fala dormindo e é muito fofo, principalmente quando canta. É fofo demais... Ela pareceu um pouco ofendida, mas também intrigada. — Você não está falando sério, está? — Priscila perguntou, tentando controlar o tom. — Estou, sim. — Ri nervosamente. — Eu realmente gosto de ouvir você falar enquanto dorme. Priscila balançou a cabeça, mas sua expressão suavizou. Ela ent
Max FosEu estava chateado, mas não sabia exatamente o motivo. Sentia-me feliz porque Liam estava bem e havia voltado para casa, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de perda me assombrava. Não queria perder meu espaço com as crianças, que eram uma parte tão importante da minha vida.— Está pensativo? — perguntou Rafaela enquanto descia as escadas, desta vez sozinha.— Um pouco — respondi. Ela veio até mim e me beijou. Peguei-a pela cintura, colocando-a no meu colo. — Estava pensando nas minhas meninas — falei, e ela sorriu.— Eu acho você um pai incrível, sabia? — Rafaela disse, sorrindo com ternura, seus olhos refletindo compreensão.— Eu faço o mínimo...— Quem dera os pais dos meus filhos fizessem este mínimo. A Priscila com certeza teve muita sorte. O Liam também parece ser um bom pai — ela falou, e eu a abracei, escondendo meu rosto em seu ombro. Não queria admitir o quão incrível Liam realmente é.Olhei para Rafaela e forcei um sorriso. Ela sempre conseguia ver através de mim de u