Priscila Barcella Assim que fechamos a porta do quarto, deixamos as crianças sob os cuidados da dona Josefa e da minha sogra. Liam e eu praticamente corremos pelo corredor do hotel. Estávamos atrasados para a reunião com o senhor Gustavo Lucchese, dono de uma das maiores redes hoteleiras do mundo. Este contrato significava mais do que sucesso profissional; ele me colocaria à frente no mercado.Liam ajeitava a gravata enquanto caminhávamos apressados. Ele estava visivelmente nervoso, o que era compreensível, já que não estava acostumado a lidar diretamente com clientes.— Respira, Liam. Você só precisa ser você mesmo. — Toquei levemente o braço dele, tentando transmitir confiança.— Fácil pra você falar. Você nasceu pra isso, Pri. — Ele respondeu com um sorriso nervoso, mas seus olhos demonstravam que confiava em mim.Entramos na sala de reuniões e, para minha surpresa, Felipe já estava lá, sentado de forma relaxada na cadeira, com aquele sorriso sarcástico estampado no rosto.— Prisc
Priscila Barcella Ficamos sozinhos, e ao olhá-lo, uma risada escapou de meus lábios. Era impossível não me sentir leve com a presença dele. Mas, por dentro, um turbilhão de emoções se misturava, e eu sentia algo mais profundo, algo que eu não sabia como lidar. — Que tal irmos para o quarto e aproveitarmos um pouco só nós dois? — Liam disse com a voz baixa, quase como um segredo, seus lábios se aproximando do meu pescoço, enviando uma onda de calor por todo o meu corpo. Sorri, sentindo meu coração acelerar. Sua proximidade, nos últimos dias, tem me feito sentir segura, mas, ao mesmo tempo, ela me fazia desejar mais dele. O problema é que esse desejo não era apenas físico. Havia tanto mais por trás disso. Eu sabia o que eu queria, mas uma parte de mim estava completamente assustada, travada. E, apesar de dormirmos juntos todas as noites, esses quase dois meses ao seu lado nunca tinham ido além de beijos. Eu sabia que estava pronta para dar um passo a mais, mas o medo ainda me
Priscila Barcella Nossa primeira vez juntos foi perfeita. Tão perfeita que, pela primeira vez, acabei dormindo nos braços de alguém. Isso nunca havia acontecido antes. Sempre que me deitava ao lado de alguém, o peso do desconforto e do desgosto tomava conta. Mas ali, nos braços dele, tudo parecia tão certo, tão seguro. Pela primeira vez, acordei sem me sentir culpada, mas sim feliz. Quando abri os olhos, senti os braços dele firmemente ao meu redor, quentes e protetores. Sorri ao perceber que ele ainda estava dormindo. Passei os dedos suavemente pelo seu braço, desenhando pequenos círculos, sentindo o calor e a textura da sua pele. Meu coração parecia bater em sincronia com o dele. Ele se mexeu ligeiramente, apertando-me mais contra ele antes de murmurar: — Já acordou, meu amor? — A voz rouca de sono me arrepiou, como sempre fazia. Sorri, aconchegando-me ainda mais. — Já, coração. Eu nunca tinha dormido assim antes... tão tranquila. Ele abriu um sorriso preguiçoso e me pux
Priscila Barcella Assim que desliguei a ligação, suspirei profundamente e caminhei até a mala para pegar uma roupa. Liam me observava com um semblante preocupado, os olhos carregados de culpa. — O que foi, meu amor? — ele perguntou, a voz suave, mas tensa. — Nossa bebê está se acabando de chorar de fome. — Respondi enquanto vestia o maiô com certa pressa, ajeitando as alças nos ombros. Ele esfregou a nuca, desviando o olhar para o chão. — Nossa pequenininha... isso é culpa minha. Parei por um momento e me aproximei dele, tocando seu rosto com delicadeza. — Não, coração. Eu deveria ter ido assim que senti meu seio cheio desse jeito. É algo que eu preciso me atentar. Agora vá se vestir. — Dei um sorriso encorajador, ajustando o vestido leve sobre o maiô. Liam hesitou, o olhar ainda carregado. — Eu já vou... é que eu... Inclinei-me e depositei um beijo em seus lábios, tentando dissipar sua preocupação. — Eu vou cuidar da minha filha e te encontro no restaurante, tá bom? — Disse en
Priscila Barcella Depois que Nina mamou, ficou me olhando, com aqueles olhinhos cheios de curiosidade e afeto. Ela não queria me largar, suas mãozinhas pequenas acariciando meu rosto enquanto eu a embalava suavemente para acalmá-la.— Meu pai vai cansar de esperar — Belinha comentou, cruzando os braços com um olhar impaciente.Soltei uma risada baixa e balancei a cabeça.— Não se preocupe, filha. Deixa sua irmãzinha se acalmar. O papai vai entender — falei, lançando-lhe um sorriso tranquilizador.Enquanto isso, do outro lado do espaço, percebi Filipe resmungando algo com três crianças, que tinham traços parecidos com os dele, deixando claro que eram seus filhos. Meu estômago se apertou quando vi Filipe se aproximando do Ítalo, seu tom visivelmente alterado.— Ítalo! — chamei, minha voz saindo um pouco mais alta do que pretendia. — Venha para cá agora, filho!Ítalo correu na minha direção, confuso, e Filipe veio logo atrás, sua expressão cheia de raiva.— Tome conta do seu pestinha! —
Priscila Barcella O sol já começava a baixar, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados, enquanto a brisa suave da tarde trazia o cheiro salgado do mar. Era o momento perfeito para finalmente nos aventurarmos na praia. Belinha não parava de pular de um lado para o outro, a areia quente grudando em seus pezinhos pequenos. Ela estava empolgada para entrar no mar, mas a cada passo mais próximo da água, dava para notar o medo crescendo em seus olhinhos brilhantes. — Vamos, mamãe! — gritou, com um sorriso ansioso. Deixei Nina com Liam, que estava sentado sob o guarda-sol, distraído em brincar com um baldinho e uma pazinha que Ítalo havia esquecido ali. Ele me lançou um sorriso cúmplice enquanto eu corria até o mar com as crianças. Quando chegamos à beira da água, Belinha travou de repente, agarrando minha perna com força. O barulho das ondas parecia enorme para ela, e seus bracinhos me seguravam como se eu fosse sua âncora. — Mamãe... tem muita água — murmurou, a voz trêmula.
William Rodrigues A tarde na praia foi maravilhosa. Ver as crianças brincando e minha namorada tão à vontade me fez perceber como minha vida mudou. Quem diria que um dia eu teria uma família tão grande e feliz? Tudo estava perfeito, minha e a Josefa se afastaram por um momento, e ficamos só nos, eu minha mulher e os meus filhos e acho que nunca vi a Priscila brincar tanto. Assim que voltamos ao hotel, C Tudo estava perfeito. Depois de um dia cheio de brincadeiras na praia, minha mãe e Josefa se ofereceram para ficar com as crianças, e Priscila subiu para o nosso quarto para começar a se arrumar. Aproveitei aquele pequeno intervalo para dar atenção às crianças antes que a noite tomasse seu rumo. — Papai, posso ir com vocês? — Belinha perguntou, esfregando os olhos com as mãozinhas. A voz dela estava embargada pelo sono, e seus cachinhos já estavam bagunçados pelo cansaço. Abaixei-me na altura dela e passei a mão de leve por sua bochecha corada. — Minha princesinha, você está quas
Priscila Barcella Eu sabia que o Liam não suportava o Afonso, mas só percebi o tamanho da besteira que fiz quando já estava na varanda, sentindo o vento fresco da noite e observando as luzes do hotel iluminarem a área da piscina. Guadalupe estava ao meu lado, com as mãos descansando sobre a barriga, e o brilho suave da lua realçava sua expressão tranquila. — Desculpa por estragar sua festa — ela disse de repente, a voz baixa e meio culpada. — Você não estragou nada, Guadalupe. Eu só lembrei que deixei o Liam sozinho com o Afonso... E isso pode acabar muito mal. — Ele é tão ciumento assim? — Ela arqueou as sobrancelhas, me observando com curiosidade enquanto ajeitava o vestido. — Ele tem seus momentos. Geralmente é tranquilo, mas quando se trata do Afonso... — balancei a cabeça, soltando um suspiro. — É como jogar gasolina no fogo. Ela riu baixo, mas logo mudou o tom. — Mesmo assim, vocês parecem muito apaixonados e felizes. Dá pra ver nos olhos de vocês. — Estamos, sim. Eu amo