Priscila Barcella O sol já começava a baixar, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados, enquanto a brisa suave da tarde trazia o cheiro salgado do mar. Era o momento perfeito para finalmente nos aventurarmos na praia. Belinha não parava de pular de um lado para o outro, a areia quente grudando em seus pezinhos pequenos. Ela estava empolgada para entrar no mar, mas a cada passo mais próximo da água, dava para notar o medo crescendo em seus olhinhos brilhantes. — Vamos, mamãe! — gritou, com um sorriso ansioso. Deixei Nina com Liam, que estava sentado sob o guarda-sol, distraído em brincar com um baldinho e uma pazinha que Ítalo havia esquecido ali. Ele me lançou um sorriso cúmplice enquanto eu corria até o mar com as crianças. Quando chegamos à beira da água, Belinha travou de repente, agarrando minha perna com força. O barulho das ondas parecia enorme para ela, e seus bracinhos me seguravam como se eu fosse sua âncora. — Mamãe... tem muita água — murmurou, a voz trêmula.
William Rodrigues A tarde na praia foi maravilhosa. Ver as crianças brincando e minha namorada tão à vontade me fez perceber como minha vida mudou. Quem diria que um dia eu teria uma família tão grande e feliz? Tudo estava perfeito, minha e a Josefa se afastaram por um momento, e ficamos só nos, eu minha mulher e os meus filhos e acho que nunca vi a Priscila brincar tanto. Assim que voltamos ao hotel, C Tudo estava perfeito. Depois de um dia cheio de brincadeiras na praia, minha mãe e Josefa se ofereceram para ficar com as crianças, e Priscila subiu para o nosso quarto para começar a se arrumar. Aproveitei aquele pequeno intervalo para dar atenção às crianças antes que a noite tomasse seu rumo. — Papai, posso ir com vocês? — Belinha perguntou, esfregando os olhos com as mãozinhas. A voz dela estava embargada pelo sono, e seus cachinhos já estavam bagunçados pelo cansaço. Abaixei-me na altura dela e passei a mão de leve por sua bochecha corada. — Minha princesinha, você está quas
Priscila Barcella Eu sabia que o Liam não suportava o Afonso, mas só percebi o tamanho da besteira que fiz quando já estava na varanda, sentindo o vento fresco da noite e observando as luzes do hotel iluminarem a área da piscina. Guadalupe estava ao meu lado, com as mãos descansando sobre a barriga, e o brilho suave da lua realçava sua expressão tranquila. — Desculpa por estragar sua festa — ela disse de repente, a voz baixa e meio culpada. — Você não estragou nada, Guadalupe. Eu só lembrei que deixei o Liam sozinho com o Afonso... E isso pode acabar muito mal. — Ele é tão ciumento assim? — Ela arqueou as sobrancelhas, me observando com curiosidade enquanto ajeitava o vestido. — Ele tem seus momentos. Geralmente é tranquilo, mas quando se trata do Afonso... — balancei a cabeça, soltando um suspiro. — É como jogar gasolina no fogo. Ela riu baixo, mas logo mudou o tom. — Mesmo assim, vocês parecem muito apaixonados e felizes. Dá pra ver nos olhos de vocês. — Estamos, sim. Eu amo
Priscila Barcella Fomos caminhando lado a lado até um espaço aberto, onde o vento do mar fazia as folhas das árvores balançarem suavemente. Gustavo me guiou até uma mesa estrategicamente posicionada, com uma vista deslumbrante para a praia iluminada pela lua. Aquele cenário parecia ter sido cuidadosamente escolhido. — Eu convidei você especialmente para conversarmos sobre negócios — ele começou, sua voz carregada de seriedade. — Não por causa da proposta que mencionaram, mas por causa do seu talento. — Como assim? — perguntei, arqueando uma sobrancelha, intrigada. — Estou planejando investir em publicidade. Quero abrir uma empresa nova e, para isso, preciso de um sócio... ou melhor, uma sócia. Você é uma das melhores publicitárias que já conheci, Priscila, e acho que unir o meu capital ao seu talento seria a combinação perfeita para começarmos algo incrível. — Você está dizendo que quer que eu seja sua sócia? Tipo, meio a meio? — perguntei, ainda absorvendo o que ele dizia. — Exa
Priscila Barcella A festa foi um sucesso. Voltamos para o quarto depois das duas da manhã, e eu estava exausta. O vestido brilhante parecia pesar o dobro após tantas horas, e os saltos tinham deixado meus pés latejando. Nunca dancei tanto em minha vida, mas, mesmo entre risos e música, minha mente não parava. Enquanto Liam fechava a porta atrás de nós, eu me sentei na beirada da cama e suspirei. Não era apenas o cansaço físico; meu peito estava cheio de pensamentos. Era como se a música e as luzes da festa fossem apenas um pano de fundo para as dúvidas e preocupações que insistiam em me acompanhar. — Meu amor, você está tão pensativa. Aconteceu alguma coisa? — A voz dele soou suave, mas cheia de preocupação, quebrando o silêncio. Levantei o olhar para ele. Liam estava encostado na porta, com a gravata frouxa e o cabelo bagunçado. Havia algo nele que sempre me fazia sentir que, mesmo no meio de uma tempestade, eu tinha um porto seguro. — É que eu estou pensando... — respondi, hesit
Priscila BarcellaEu não consegui dormir. O cansaço pesava no corpo, mas minha mente estava um verdadeiro turbilhão, impossível de silenciar. A proposta do Gustavo martelava incessantemente na minha cabeça.Se fosse no ano passado, eu teria aceitado sem hesitar. Tornar-me sócia em uma nova empresa parecia exatamente o tipo de oportunidade que só surge uma vez na vida. Mas agora… agora tudo era diferente. Não se tratava apenas de mim. Não era só sobre os meus sonhos.Suspirei, vencida pela inquietação, e levantei da cama. Caminhei até o quarto ao lado, onde Josefa tentava acalmar Nina. Assim que vi minha pequena, senti uma onda de ternura aquecer meu coração. Peguei-a nos braços, inspirando seu cheiro doce e aconchegante — o único que parecia ter o poder de me trazer paz.— Ô menina, vai cuidar da tua vida. Vai namorar, esquece daqui — Josefa brincou, me lançando um sorriso cúmplice.— Meu namorado está dormindo faz tempo — respondi, rindo baixinho. — E eu preciso da minha filha. E ela
Priscila Barcella No domingo, acordei tarde com a cama completamente vazia. Era estranho não sentir ninguém ali ao lado, mas antes que eu pudesse me perguntar onde Liam estava, ouvi o som da porta do banheiro se abrindo. Levantei o olhar e lá estava ele: apenas de short, o cabelo bagunçado e ainda úmido, enquanto ele se secava com a toalha. Por um instante, me peguei encarando. Ele estava todo lindo. — Bom dia, amor — falei, me espreguiçando preguiçosamente. Ele abriu aquele sorriso que fazia meu coração acelerar, caminhando até mim. — Bom dia, amor. Estava cansada? — perguntou, inclinando-se para me beijar. Toquei seu rosto enquanto ele se aproximava, sentindo a leveza daquele momento. — Demorei a conseguir dormir — confessei, após o beijo, minha voz saindo baixa. — A Nina estava muito enjoada? — ele perguntou, e só então percebi que não havia nada da Nina no quarto. — Não... Eu que estava pensando demais. E a Nina? Liam sorriu com calma. — A nossa bebê foi passear com o pai
Priscila BarcellaFoi um domingo maravilhoso, mas, como tudo o que é bom, ele passou rápido demais, e tivemos que voltar para casa.O Max ficou de me encontrar no aeroporto para me devolver minha filha. Confesso que senti uma saudade imensa dela, e a distância apertou meu coração. Precisei até tirar o leite, me sentindo um pouco como uma vaca às vezes. Mas, por sorte, minha bizerinha estava bem. O pai me garantiu que ela se alimentou direitinho com o leite que tirei ontem.Assim que chegamos na área de embarque, meus olhos foram direto para o Max, que segurava a Nina em um braço e a Laura no outro. As duas estavam encantadoras: Nina vestida de vermelho e Laura de rosa, com vestidos idênticos e lacinhos combinando na cabeça.— Oi, minha vida! — chamei, e Nina imediatamente começou a se jogar para mim, toda sorridente, exibindo a gengivinha enquanto ria. Assim que a peguei no colo, notei uma pequena pulseira no bracinho dela.Olhei para o Max, erguendo uma sobrancelha, mas ele logo resp