Queria agradecer por todo o carinho de vocês
Priscila Barcella A festa foi um sucesso. Voltamos para o quarto depois das duas da manhã, e eu estava exausta. O vestido brilhante parecia pesar o dobro após tantas horas, e os saltos tinham deixado meus pés latejando. Nunca dancei tanto em minha vida, mas, mesmo entre risos e música, minha mente não parava. Enquanto Liam fechava a porta atrás de nós, eu me sentei na beirada da cama e suspirei. Não era apenas o cansaço físico; meu peito estava cheio de pensamentos. Era como se a música e as luzes da festa fossem apenas um pano de fundo para as dúvidas e preocupações que insistiam em me acompanhar. — Meu amor, você está tão pensativa. Aconteceu alguma coisa? — A voz dele soou suave, mas cheia de preocupação, quebrando o silêncio. Levantei o olhar para ele. Liam estava encostado na porta, com a gravata frouxa e o cabelo bagunçado. Havia algo nele que sempre me fazia sentir que, mesmo no meio de uma tempestade, eu tinha um porto seguro. — É que eu estou pensando... — respondi, hesit
Priscila BarcellaEu não consegui dormir. O cansaço pesava no corpo, mas minha mente estava um verdadeiro turbilhão, impossível de silenciar. A proposta do Gustavo martelava incessantemente na minha cabeça.Se fosse no ano passado, eu teria aceitado sem hesitar. Tornar-me sócia em uma nova empresa parecia exatamente o tipo de oportunidade que só surge uma vez na vida. Mas agora… agora tudo era diferente. Não se tratava apenas de mim. Não era só sobre os meus sonhos.Suspirei, vencida pela inquietação, e levantei da cama. Caminhei até o quarto ao lado, onde Josefa tentava acalmar Nina. Assim que vi minha pequena, senti uma onda de ternura aquecer meu coração. Peguei-a nos braços, inspirando seu cheiro doce e aconchegante — o único que parecia ter o poder de me trazer paz.— Ô menina, vai cuidar da tua vida. Vai namorar, esquece daqui — Josefa brincou, me lançando um sorriso cúmplice.— Meu namorado está dormindo faz tempo — respondi, rindo baixinho. — E eu preciso da minha filha. E ela
Priscila Barcella No domingo, acordei tarde com a cama completamente vazia. Era estranho não sentir ninguém ali ao lado, mas antes que eu pudesse me perguntar onde Liam estava, ouvi o som da porta do banheiro se abrindo. Levantei o olhar e lá estava ele: apenas de short, o cabelo bagunçado e ainda úmido, enquanto ele se secava com a toalha. Por um instante, me peguei encarando. Ele estava todo lindo. — Bom dia, amor — falei, me espreguiçando preguiçosamente. Ele abriu aquele sorriso que fazia meu coração acelerar, caminhando até mim. — Bom dia, amor. Estava cansada? — perguntou, inclinando-se para me beijar. Toquei seu rosto enquanto ele se aproximava, sentindo a leveza daquele momento. — Demorei a conseguir dormir — confessei, após o beijo, minha voz saindo baixa. — A Nina estava muito enjoada? — ele perguntou, e só então percebi que não havia nada da Nina no quarto. — Não... Eu que estava pensando demais. E a Nina? Liam sorriu com calma. — A nossa bebê foi passear com o pai
Priscila BarcellaFoi um domingo maravilhoso, mas, como tudo o que é bom, ele passou rápido demais, e tivemos que voltar para casa.O Max ficou de me encontrar no aeroporto para me devolver minha filha. Confesso que senti uma saudade imensa dela, e a distância apertou meu coração. Precisei até tirar o leite, me sentindo um pouco como uma vaca às vezes. Mas, por sorte, minha bizerinha estava bem. O pai me garantiu que ela se alimentou direitinho com o leite que tirei ontem.Assim que chegamos na área de embarque, meus olhos foram direto para o Max, que segurava a Nina em um braço e a Laura no outro. As duas estavam encantadoras: Nina vestida de vermelho e Laura de rosa, com vestidos idênticos e lacinhos combinando na cabeça.— Oi, minha vida! — chamei, e Nina imediatamente começou a se jogar para mim, toda sorridente, exibindo a gengivinha enquanto ria. Assim que a peguei no colo, notei uma pequena pulseira no bracinho dela.Olhei para o Max, erguendo uma sobrancelha, mas ele logo resp
Priscila BarcellaHoje, meu dia começou com uma turbulência interna difícil de ignorar. A proposta do Gustavo não saía da minha cabeça. Ele tinha sido direto e persuasivo na noite anterior, oferecendo-me uma sociedade na sua empresa de consultoria estratégica. A proposta era, sem dúvida, tentadora: liberdade criativa, um cargo de liderança que valorizasse meu trabalho e, claro, um salário que superava tudo o que já ganhei.Mas aceitar significava abandonar tudo o que construí aqui. Meu cargo atual, com seus desafios e contratempos, também era fruto de anos de esforço e sacrifício. E, além disso, havia outro detalhe que me atormentava: Felipe. Ele fazia parte dessa equação e eu sabia que ele usaria qualquer brecha para destruir minha credibilidade, tanto aqui quanto em qualquer outro lugar.Carregando Nina nos braços, entrei no escritório com a mente em ebulição. Joyce me interceptou assim que passei pela porta, o rosto visivelmente preocupado.— Reunião urgente na sala do senhor Sales
Priscila Barcella Estou aérea, algo raro para mim. Nunca tive medo de me arriscar, principalmente quando se trata de trabalho. Sempre fui a melhor no que fazia, estudava como ninguém para estar à frente. Mas, por mais que eu me esforçasse, os homens sempre pareciam levar a vantagem. Até hoje, não entendo como Felipe, que está abaixo de mim na hierarquia, ganha mais do que eu. Isso me frustra.Ainda assim, não é isso que está me deixando assim agora. Pela primeira vez, estou com medo. Medo de fracassar, medo de não ser suficiente. Tanto que, hoje de manhã, nem consegui deixar minha filha na creche. Eu precisava dela perto de mim, precisava sentir aquele cheirinho de bebê que, de alguma forma, me acalma.Agora, estou aqui na minha sala, encarando a vista de São Paulo. O trânsito caótico lá embaixo parece um reflexo da minha mente. Mil pensamentos atravessam minha cabeça, mas nenhum parece trazer uma solução.Ser julgada mas uma vez por não faz nada errado só me deixa mais frustrada.—
Max Eu já estava chateado pelo que aconteceu no evento e cheguei à empresa decidido a falar com o Salles sobre o Felipe. Não era a primeira vez que ele passava dos limites, mas dessa vez, ele mexeu com a pessoa errada. Eu não iria deixar isso passar.Assim que entrei, fui informado de que Salles estava em reunião. Aproveitei para circular pela empresa, tentando manter a calma enquanto esperava. Quando voltei, encontrei minha filha nos braços da Joyce. Só a visão dela conseguiu aliviar um pouco da tensão que eu sentia.— Oi, amor do papai. — Sorri pegando-a no colo, sentindo aquele cheirinho de bebê que sempre me trazia paz. Beijei suas mãozinhas, e ela, travessa, tentou colocar os dedinhos na minha boca. Eu ri e a enchi de beijos, arrancando risadinhas dela. — Joyce, a Priscila está em reunião? — Perguntei, tentando disfarçar a inquietação que ainda queimava no meu peito.— Está sim, mas acho que isso não vai dar bom, Max. — A expressão de Joyce ficou séria, e ela tirou o celular do
Priscila Barcella Os passos ecoavam pelos corredores enquanto eu descia para o andar inferior. O nó na garganta parecia impossível de engolir, e meu peito doía de forma quase sufocante. Mas eu não ia ceder. Não aqui. Não agora. A minha decisão já estava tomada e mesmo gostando e sendo grata ao senhor Fos eu não podia abrir mão de mim e dos meus sonhos. Cheguei ao setor de marketing, onde Liam estava com a equipe. Ele estava de pé, atento a algo na tela do computador, e Nina, em meu colo, já começava a balançar as perninhas como se soubesse que estava perto do pai. — Senhora Barcella, algum problema? — Erick, com seu tom habitual de falsa cordialidade, perguntou, arrancando sorrisos cúmplices de alguns colegas. Ignorei, me concentrando em Liam. Eu não preciso nem ser simpática, afinal logo mais eu nem vou trabalhar mais aqui. E a única pessoa que me importo neste momento é abraçar o Liam. Assim que me viu, ele abandonou o que estava fazendo. Seus olhos, sempre atentos, focar