Depois de conversar com a minha mãe, mandei uma mensagem no grupo convidando os amigos.
Não demorou muito para que Kat viesse falar comigo no privado. – Não sei se a minha mãe vai deixar... – ela digitou, hesitante. – E nem tem como comprar presente. Respirei fundo antes de responder: – Amiga, não precisa de presente. Acho que meus pais estão usando o mesversário da Nina como desculpa para comemorar a adoção dela. – Que bom, Íris! Imagino o quanto você está feliz. Agora, pelo menos, seu tio não vai mais conseguir a sua guarda, né? A ponta de esperança nas palavras dela fez meu peito apertar. – Não é bem assim... Só a Nina foi adotada. – Tentei manter o tom firme, mas minhas mãos tremiam. – A mamãe e o Max estão adotando ela juntos. A Nina tem uma família completa agora. Pai e mãe. E ela merece isso, merece ter pais que a amam. A resposta de Kat veio rápida, quase impaciente: – Mas eles também te amam, Íris! Engoli em seco, sentindo meu coração pesar com as palavras que saíram. – Eu sei que eles gostam de mim, mas... é diferente. – Respirei fundo, tentando controlar as lágrimas que já ameaçavam cair. – Eu não sou uma criança fofinha. Nem um bebê. Quando enviei a mensagem, meus olhos estavam cheios de lágrimas, e uma sensação de vazio se espalhou dentro de mim. A resposta da Kat veio quase imediata. – Acho que você queria que o Max fosse seu pai, né? Eu parei, olhando para a tela do celular, sem saber se deveria responder. Mas não fazia sentido mentir para ela. Kat era minha melhor amiga. – Na verdade, não é isso... – digitei, hesitando. – Eu queria que fosse o Liam. As palavras pareceram mais reais do que eu esperava quando as escrevi. Meu coração apertou, como se eu tivesse revelado um segredo que nem eu sabia direito que existia. – O Liam? – Kat respondeu. – Mas por que você acha isso? Respirei fundo antes de continuar. – Porque ele é... ele é diferente. Ele sempre me viu, mesmo quando ninguém mais parece prestar atenção. Até mesmo quando eu era insuportável, ele não tinha medo que quebrar as barreiras e construir pontes. E ele faz meus irmãos rirem como ninguém. Ele seria um pai incrível. Qualquer criança teria muita sorte de ter ele como pai. Fiquei esperando a resposta, mas ela demorou mais do que o normal. Por um momento, achei que ela tivesse ficado sem palavras. Então a mensagem dela chegou. – Então por que você não fala com ele sobre isso? Balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia me ver. – Porque ele nunca ia querer isso. Eu já tenho 14 anos, Kat. Não sou mais uma criança. E ele só tem 28. Ele é jovem demais pra querer ser pai de uma adolescente. – Íris, você nem sabe o que ele pensa. – Sei o suficiente. Ele ama minha mãe, e ele ama o Italo, a Belinha a Nina. Mas eu? Eu sou só um extra. Meus dedos apertaram o celular com força, e as lágrimas que eu estava segurando finalmente escorreram. Kat, como sempre, tentou me convencer do contrário. – Você devia falar com ele, Íris. De verdade. Às vezes, a gente acha que as pessoas não se importam, mas elas só não sabem como mostrar isso. Fiquei olhando para a mensagem dela por um tempo, mordendo o lábio. Parte de mim queria acreditar. Queria correr para o Liam e perguntar se, algum dia, ele poderia ser meu pai também. Mas a outra parte – a maior parte – estava morrendo de medo de ouvir um “não”. A Kat me mandou outra mensagem confirmando que viria, o que me deu algum alívio. Mesmo assim, a inquietação não me deixava em paz. Levantei para me trocar, insatisfeita com a roupa que estava usando. Enquanto me olhava no espelho, tentei reunir coragem. Eu precisava fazer isso. Precisava saber. Quando saí do quarto, esbarrei no Liam, que estava saindo do dele já arrumado, a camisa alinhada e o cabelo ainda úmido do banho. Ele sorriu ao me ver, aquele sorriso que fazia meu coração se aquecer um pouco. – Pai... vem aqui, por favor. – Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Ele franziu a testa, mas me seguiu de volta para o meu quarto, fechando a porta atrás de nós. – O que foi, meu anjo? – perguntou, com a calma de sempre. Eu respirei fundo, tentando evitar que minhas mãos tremessem demais. – Quero te fazer uma pergunta – comecei, tentando organizar as palavras na minha mente. Mas tudo parecia uma bagunça. Ele apenas esperou, paciente, com os olhos atentos e gentis. – Pode perguntar – ele disse, encorajando. Mordi o lábio, lutando contra o medo que crescia dentro de mim. Não podia adiar mais. – Eu sei que já sou muito velha para ser sua filha. – Minhas palavras saíram mais rápidas do que eu planejava, e meu coração parecia prestes a sair do peito. – Mas... eu estava falando com a mamãe, sabe? Disse que talvez quisesse que o Max me adotasse, mas antes de decidir... eu queria saber se você... se você quer ser meu pai. Minha voz quase falhou na última palavra. Meus olhos estavam fixos no chão, incapazes de encarar os dele. – Mas vou entender se não quiser – completei rapidamente, tentando me proteger de uma resposta negativa. Por alguns segundos, o silêncio pareceu infinito. Meu coração martelava tão alto que eu mal conseguia respirar. Então, senti a mão dele tocar meu queixo, levantando meu rosto suavemente até que nossos olhos se encontrassem. Havia algo no olhar de Liam que fez meu peito apertar ainda mais, mas dessa vez não era dor. – Íris – ele começou, com a voz baixa, quase um sussurro –, você não precisa pedir para ser minha filha. Porque, para mim, você já é. As palavras dele me atingiram como uma onda. Eu o encarei, tentando processar o que ele acabara de dizer, enquanto meus olhos ficavam marejados. – Eu sou? – perguntei, a voz falhando. Ele sorriu, um sorriso que parecia carregar o mundo inteiro de bondade e amor. – Claro que é. Desde o momento em que entrei nessa casa, você me mostrou o quanto é especial. E não importa se você tem 14 anos, 40 ou qualquer idade. Você sempre será minha filha no que importa. Aquelas palavras, tão simples e ao mesmo tempo tão poderosas, quebraram a última barreira que eu tinha erguido dentro de mim. Eu não consegui conter as lágrimas que caíram, mas, dessa vez, elas não eram de tristeza. – Obrigada – sussurrei, com a voz embargada. Antes que eu pudesse pensar duas vezes, joguei meus braços ao redor dele, segurando-o como se temesse que aquele momento desaparecesse. Ele me abraçou de volta com força, sua mão fazendo um carinho reconfortante em minhas costas. Quando finalmente nos afastamos, Liam enxugou as lágrimas no meu rosto com o polegar, um gesto tão terno que contrastava com o tom divertido que só ele sabia usar: – Agora, acho que temos um mesversário para celebrar. Espero que tenha bolo. Soltei um riso tímido, mas genuíno, e assenti. – Vai ter bolo, e pelo jeito que as coisas estão lá embaixo, pai, acho que vai ter até um rodízio completo. Eu vi sushi, coxinha, pizza, hambúrguer, batata frita... Ana tá fazendo caruru, e até acarajé. Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso, antes de me abraçar de lado. – Parece mais um festival gastronômico do que uma festa de mesversário. Mas vamos, minha filha. Não quero perder nada disso. Saímos do quarto juntos, e logo avistei minha mãe com a Nina no colo. O sorriso dela iluminava o corredor. – Oi, amor – Liam disse, antes de depositar um selinho nos lábios dela. Não sei se é porque eles ainda estão no começo do namoro, ou se é assim que as pessoas que se amam de verdade agem, mas nunca vi isso entre meus pais biológicos. Meu pai nunca foi tão carinhoso com minha mãe. – Já vou descer para vocês namorarem em paz – falei rapidamente, querendo dar espaço a eles. Quando cheguei à sala, meu olhar foi capturado pelo agito ao redor. Estava cheia de pessoas! Os amigos do meu pai estavam reunidos com a vovó Marta, conversando animadamente. Em outro canto, Joyce e minha tia trocavam histórias. Garçons circulavam com bandejas, enquanto Ana e Sebastião pareciam imersos em uma conversa com Marli e um amigo do vovô Léo. E então, vi o tio Ramon sorrindo, e meu coração se aqueceu ao notar Kat ao lado de Nando. Nem acredito que ele veio. Mas meu sorriso desapareceu no instante em que vi Ramona deslizando a mão pelo braço de Nando, rindo de alguma brincadeira boba. Respirei fundo e me aproximei. Kat foi a primeira a me notar e abriu um sorriso radiante. – Amiga! – exclamou, me puxando para um abraço caloroso que quase me tirou do chão. – Nossa, como você está linda, Íris – disse Nando, vindo até mim. Ele me envolveu em um abraço que me deixou meio sem reação e com um calor estranho no rosto. Antes que eu conseguisse responder qualquer coisa que não fosse "aham", Ramona se adiantou, com seu jeitinho atrevido: – Íris, por que você nunca me contou que tinha um amigo tão bonito? Forcei um sorriso, aquele que a gente usa quando está prestes a pedir paciência a Deus, e resolvi ignorar a provocação. – E a Fernanda, não veio? – perguntei ao Nando, fingindo que a Ramona nem existia naquele momento. – Foi ao banheiro – ele respondeu, ficando ao meu lado. – Mas, para um bolinho improvisado, isso aqui está parecendo um buffet completo. – Movimentado até demais – Ramona interrompeu, com aquele olhar de quem estava prestes a soltar alguma ideia "brilhante". – Podíamos subir para o seu quarto, Íris. Olhei para ela como quem olha para uma criança pedindo sobremesa antes do jantar. – Meu quarto? Você só pode estar brincando. – Ah, qual é, Íris, aposto que tem algum segredo escondido lá – ela disse, sorrindo de canto. – Tipo um pôster de My Little Pony. Nando soltou uma risada que só piorou a situação. – Pôster de My Little Pony, Íris? Achei que você era mais de Pokémon. – Nem um, nem outro! – retruquei, revirando os olhos e cruzando os braços. – Mas, se tivesse, pelo menos seria algo melhor que isso... – Melhor que My Little Pony? Isso é discutível – brincou Nando, piscando para mim. Kat estava segurando o riso ao meu lado, mas acabou explodindo em gargalhadas. – Eu quero é ver a Íris com um pôster de arco-íris e unicórnios agora – disse Kat, ainda rindo. Ramona tentou disfarçar, mas estava ficando sem graça. Antes que ela pensasse em outra provocação, aproveitei a deixa para mudar o rumo. – Bom, enquanto vocês discutem sobre a decoração do meu quarto, eu vou conferir se ainda tem acarajé. Quem vem comigo? Nando riu e me seguiu, enquanto Kat nos acompanhava, ainda achando graça. Olhei para Ramona de soslaio e percebi que ela tinha ficado sem reação. No fundo, eu sabia que ela só gostava de chamar atenção, mas nada como um bom "troco" para equilibrar o jogo. ©©©©©©©©©©© Continua... Feliz natal espero que gostem do meu presentinho de natal.Priscila BarcellaEu não conseguia parar de sorrir ao ver minha casa tão cheia. Era quase irônico: eu, que sempre detestei receber visitas, agora me sentia genuinamente feliz com o movimento, as risadas e a energia que enchiam cada canto.O som das conversas, o tilintar dos copos, os passos apressados de uma sala para outra... Tudo parecia aquecer não só o ambiente, mas também algo dentro de mim que há muito tempo estava frio. Quando avistei Natália entre os convidados, mal pude acreditar. E o Liam? Ele parecia outra pessoa, tão à vontade e feliz, especialmente cercado pelos amigos.As horas voaram. Entre petiscos deliciosos e goles de bebidas que pareciam não acabar nunca, rimos, dançamos e trocamos histórias. Max, em um dos seus surtos de gênio – ou louco –, trouxe um karaokê. Foi o auge da noite.Cantei até minha voz ficar rouca, mas nada se comparou às gargalhadas que soltei com Rafaela. Quando está bêbada, ela se transforma: de séria e ponderada, vira alguém completamente espontâ
Priscila Barcella Era mais um dia normal. Como sempre, acordo às 6:23 da manhã, levo aproximadamente 20 minutos para me arrumar e escolho roupas que transmitam o quanto sou poderosa.Saio do meu quarto preparada para enfrentar o mundo machista das torres de metal.Assim que chego no andar inferior, vejo a minha governanta terminando de organizar o meu café da manhã na mesa da sala de jantar, junto com duas funcionárias. Gosto das coisas sempre perfeitamente alinhadas, e ela me conhece muito bem.Antes de chegar à mesa, olho pela grande janela de vidro da minha cobertura, de onde posso ver a enorme cidade cinza. Assim como lá fora, dentro do meu apartamento a decoração é toda em tons frios, pois tenho um amor pelo tom cinza e não queria nada convidativo.Quem gosta e tem peso morto é a minha irmã. Eu nunca a entendi, a Barcella sempre se contentou com pouco. Diferente de mim, ela não foi para a faculdade e muito menos quis sair daquele lugar no meio do nada. Na primeira oportunidade q
Priscila Barcella Depois de um voo de três horas e meia, aluguei um carro e dirigi por mais cinco horas, finalmente chegando em um pequeno povoado do município de Santo Antônio dos Milagres. A estrada era de terra e parecia que o tempo naquele lugar passava em câmera lenta e pouquíssimas coisas tinham mudado em 16 anos. As casas eram simples e a única diferença era nos fios de energia e novas construções, mas mesmo assim parecia existir apenas uma rua e uma praça como novidade.Fui devagar pela estrada de terra batida até chegar na casinha onde crescemos. Pouquíssimas coisas tinham mudado, mas a única diferença era que, além do reboco, a pequena casa estava pintada de branco, que já estava amarelada, com dois quartos. Apesar de ser bem diferente da minha cobertura, estar naquele lugar me causava arrepios, como se as paredes pudessem falar ou apenas de ver sentir os arrepios pelo meu corpo me pedindo para fugir daquele lugar.A casa estava cheia, e respirei fundo antes de sair do carr
Priscila Barcella — O que eu faço com o bebê? — perguntei a mim mesma, sem saber o que fazer. Assim que entrei no quarto, coloquei-a na cama e a cercou de travesseiros, pois precisava tomar um banho. Fui para o banheiro e deixei a água tirar o suor e, junto com ele, as lágrimas. Eu precisava manter uma postura firme, mas minha irmã era toda a família que eu tinha. Enquanto começava a me ensaboar, ouvi um chorinho que se intensificava a cada minuto. Sem saber o que fazer, parei o banho, coloquei uma toalha rapidamente e peguei o bebê no colo, mesmo ainda estando molhada. — Eu não sou a mamãe — falei quando ela tentou pegar meus seios desesperadamente. Ela estava com fome e eu não tinha o que ela queria. Mesmo sendo uma e meia da manhã, decidi ligar para Natália, minha única amiga que sempre me ajudava. Embora não nos víssemos muito desde que ela se casou, teve filhos e se mudou para o litoral, ela sempre arranjava tempo para se envolver na minha vida, principalmente na parte am
Priscila Barcella Natália teve que ir para casa às cinco da manhã para uma reunião em Campinas. A Nina chorou quase o tempo todo. Com um conta-gotas, conseguimos que ela comesse um pouco, mas era muito complicado. De acordo com Natália, ela estava com sono. Como não sabia o que fazer, a Nina tentava a todo custo pegar meu seio e desistia. Ela só dormiu no meu peito. Eu dei para ela ver que não havia nada lá, mas não imaginei que ela usaria isso como chupeta. Era uma sensação tão estranha e dolorosa. Tive que escolher entre a dor de cabeça causada pelo choro incessante ou a dor física, e o simples fato de ela ter parado de chorar já era um avanço.Eu acabei não dormindo, mas como não podia faltar a reunião de hoje, fui me arrumar para ir à empresa. Coloquei a Nina na cama mesmo ela choramingando. Desci com a bebê no colo e a Josefa estava na cozinha. Pelo som do forró, sabia que ela estava cozinhando. Justamente hoje era o dia de folga da moça da limpeza, e a minha cozinheira já tinha
Priscila Barcella Não consegui falar nada, nem consegui tirá-la de perto de mim. Eu estava assustada, o bebê chorava ainda mais alto e eu a peguei no colo com medo de ela também ter se machucado. Os paramédicos fizeram os primeiros socorros, colocaram-na na maca e eu estava em choque ao vê-la naquele estado. A bebê parou de chorar e quando olhei, ela estava sugando o meu seio, mas não tinha chegado no bico do peito porque estava vestida. Apenas começou a me babar e acho que ouviu o meu coração. Neste mesmo minuto, Josefa abriu os olhos e estava com uma expressão de dor. — Meu braço está doendo — ela falou com a voz rouca. — Vamos levá-la para o hospital — um dos socorristas falou, olhando para mim. — Você não deveria ter deixado sua mãe sozinha com seus filhos — ela continuou, e pude ver o julgamento em seu olhar. E quem ela pensa que é para se meter na minha vida? — Eu trabalho aqui — Josefa tentou se explicar como se quisesse me defender. — Não fale, Josefa, sei que você está
Priscila Barcella Semanas depois Já tem cinco semanas que os meus sobrinhos estão aqui, a minha vida está um caos, literalmente um inferno.Comecei a seguir o tratamento recomendado pela médica, mas a primeira vez foi assustadora e a sensação de medo persiste. A Nina rejeita a mamadeira e a chupeta, fazendo um escândalo quando não é o seio. Com a responsabilidade de cuidar dos meus outros três, especialmente Iris e Italo, juntamente com o trabalho, acabo cedendo e amamentando a Nina para acalmá-la, já que não tenho ajuda durante a noite. Após mamar, a Nina se acalma e se torna um bebê tranquilo. Às vezes, fico com ela no escritório de madrugada, onde ela dorme no meu colo ou me observa trabalhar. Mesmo quando chora, emite apenas um chorinho suave. Inicialmente, a Nina sofria com cólicas, mas graças aos conselhos da Natália, aprendi a lidar melhor com a situação. Preocupada em evitar o retorno do choro, iniciei um tratamento para aumentar a produção de leite, mas até o momento não
Priscila Barcella Quando Nina terminou de mamar, ajeitei as coisas com ela no colo e me sentei novamente, sentindo as lágrimas escorrerem. Ultimamente, minhas emoções estão descontroladas, devido aos hormônios que tomo para amamentar Nina. — Me desculpa, pequenininha. Eu não sou como ela. Você é meu amorzinho. Me promete que não vai me odiar, como seus irmãos, porque você é a única criança que gosta de mim — falei, beijando Nina e logo sentindo um cheiro forte. — Ai, meu amor, você fez o número dois. Isso eu nunca vou entender. Como uma coisinha dessas pode fazer um estrago tão grande?Ela ia começar a choramingar, mas comecei a beijar sua barriguinha depois de limpá-la. — Você quer ouvir uma música? Sua vovó cantava para mim, sabia? — falei, arrumando a roupinha dela. — Meu anjinho, meu anjinho — comecei a cantar calmamente. E não sei por que Nina é a única pessoa que consegue me trazer paz. Estava cantando com um sorriso no rosto, pois ela sorria para mim, quando alguém bateu