Sexta-feira, 13 de setembro de 2013 Eu acordo abruptamente e me sento na cama tateando pelo interruptor da pequena luminária na mesa lateral. Eu preciso da luz para observar em volta e ver que eu não estou mais lá. Eu estou bem. Estou segura. Estou há anos de distância daqueles dias. Estou no agora e o agora é seguro. Quando finalmente a luz invade o meu quarto eu olho em volta e solto um suspiro de alívio. Eu estou realmente bem. A luz sempre me ajuda a me sentir segura, mas não me esconde da vergonha que eu sinto cada vez que eu sou obrigada a me lembrar do que aconteceu. As lágrimas sempre vêm. Elas são quase que automáticas. Eu nem sinto que estou chorando. Eu não soluço. Eu não grito. Elas apenas escorrem pelo meu rosto. Mas ver onde estou é sempre bem-vindo, por isso eu preciso da luz. Há muito tempo que eu não sonhava e, embora eu nunca tenha me esquecido, sonhar é sempre pior do que apenas lembrar. Por que sonhar é reviver. Não tem botão de desligar. Você nã
Eu devia saber que teria um dia difícil. Eu não parei um só minuto. Reuniões após reuniões, uma infinidade de relatórios para analisar e outros tantos para fazer. Eu sequer parei para almoçar e me senti grata por encontrar uma barra de cereal na minha bolsa. Se há uma coisa que eu valorizo é uma boa comida, então eu posso dizer que barrinha de cereal nunca me deixa feliz e eu nem sei por que tenho uma dessas na minha bolsa. Porém, excepcionalmente hoje eu fiquei feliz em encontrá-la. Quando o expediente chegou ao fim eu só conseguia pensar em tomar uma bebida e dançar. Mesmo cansada, a música sempre faz milagre na minha alma e depois dos pesadelos da noite passada eu preciso curar a minha alma. Eu não vejo nenhuma mensagem de Megan, então eu envio uma.Carol: O que ouve com o nosso programa?Megan: Eu sinto muito. Dia difícil. Mas está de pé. Tem um bar dançante chamado “Just Dance” na Lafayette Street. Ouvi dizer que é muito bom.Carol: Nos vemos às 10?Megan: Ok. Até mais.
Além do balcão há ainda algumas mesas cercadas por poltronas e puffs confortáveis. Eu olho em volta procurando alguma que ainda esteja disponível. Assim que eu vejo uma mesa desocupada em um canto, eu apresso meu passo até ela e chego ao mesmo tempo em que um homem se senta.Imediatamente ele percebe que eu pretendia ficar com essa mesa e ele parece desconcertado enquanto fica me olhando sem conseguir dizer nada. Eu faço um esforço para dizer algo – Eu sinto muito. Eu não vi que você pretendia...─ Oh, tudo bem. Eu sinto muito também. Talvez você queira dividi-la comigo. – Eu franzo a testa, confusa – Logo a maioria dessas pessoas vão lá pra baixo e deve surgir uma mesa vazia então eu posso mudar de mesa e deixar essa livre pra você quando isso acontecer. – ele explica.Eu hesito por um momento – Eu... bem, eu não quero atrapalhar. Eu estou esperando uma pessoa.─ Não atrapalha – Eu fico petrificada diante dele, enquanto estudo seu rosto, seus olhos castanhos e rosto perfeito, emoldur
Quando eu tomo coragem para voltar meu olhar para Hill ele ainda está olhando pra mim, mas agora com a testa um pouco franzida – problemas?─ Minha amiga teve uma emergência. Ela não virá mais. De modo que eu vou apenas terminar minha cerveja e deixá-lo em paz.─ Você é bem-vinda para ficar.─ Mesmo? – eu digo sarcasticamente, já que, durante o pouco tempo que estamos sentados aqui ele mal falou comigo – Bem, de qualquer maneira, eu preciso mesmo ir.─ Eu sinto muito. Não estou sendo uma companhia agradável não é mesmo? – Eu sinto vontade de dizer que realmente ele não tem sido uma boa companhia, mas me contenho – Deixe-me oferecer outra bebida – ele não espera a minha anuência e já sinaliza para o garçom pedindo mais uma dose de whisky e mais uma cerveja. Quando o garçom se afasta, ele volta a me olhar e eu me pergunto se vamos entrar em outra fase do jogo “encare o outro”, eu tenho minha resposta quando ele fala – Você não é daqui. – Não foi uma pergunta.─ Não. Eu não sou?─ De ond
Ele sinaliza para o garçom e pede mais do mesmo ─ Então, você não tem um namorado ou algo assim?─ Uau! Isso foi uma guinada de 180 graus na nossa conversa – Ele está lá me olhando e esperando a resposta. Ele tem essa coisa que faz você falar o que ele quer saber. – Não. Eu não tenho um namorado.─ Nenhum cara com quem você está apenas saindo ou algo parecido ─ Eu balanço a cabeça lentamente, negando – Por quê?Eu encolho os ombros – Sei lá. Eu estava saindo com um cara recentemente. Alguém realmente legal. Mas, apenas não deu certo. Nunca dá, na verdade. E você? Não tem ninguém?─ Eu não tenho alguém. Eu tenho algumas parceiras para sexo – por mais que eu saiba que a maioria dos homens são adeptos do sexo casual, sem quaisquer relacionamentos. Parece mais feio do que é quando ele simplesmente admite.Minha testa franze – Uau!─ Choquei você?─ Bem, sim... e não – é a sua vez de franzir a testa. Eu tento explicar – Não me leve a mal. Eu não sou puritana. Mas quando você fala “eu tenho
Eu vejo seu peito subir e descer lentamente com sua respiração profunda e alguns minutos mais tarde eu estou entrando em uma casa elegante de cinco andares no Uper West side. Confesso que eu não consegui prestar atenção em mais nada, desde o momento que eu disse “sim” a essa proposta maluca até agora.Hill me levou através do hall até uma sala divinamente mobiliada. Tudo era de muito bom gosto e, embora eu não tenha reparado nos detalhes da fachada da casa, eu posso dizer que há um contraste imenso entre a fachada da casa e a decoração interna. A fachada é tradicional e o que eu vejo aqui dentro é extremamente moderno e luxuoso. Eu estou ainda de pé no meio da grande sala e percebo que ele acabou de me perguntar algo – Desculpe-me, eu não ouvi o que você disse.─ Eu perguntei se você gostaria de uma bebida.─ Não, obrigada. Sem mais bebidas por hoje. – Eu me pergunto se foi a bebida que me colocou nessa situação, mas eu chego à conclusão que não.Ele se aproxima de mim lentamente. Seu
Nós estamos tão grudados um no outro que eu não consigo discernir qual batida é do seu ou do meu coração. Estamos ofegantes, lutando por um pouco de ar. Repentinamente ele ergue minhas costas da parede no alto da escada e, sem quebrar nossa conexão e numa posição engraçada, ele caminha ao redor do corrimão da escada, entrado por uma porta dupla de madeira branca. Nosso pequeno percurso com ele dentro de mim faz reacender o meu desejo. Meu Deus! O que esse homem fez comigo? Eu suspeito que tive o mesmo efeito sobre ele, pois eu o sinto ainda duro dentro de mim, não tanto como antes, mas ainda duro. Eu não vejo, mas apenas sinto a maciez dos lençóis quando ele me deita sobre a cama sem separar o seu corpo de meu. Nossos corpos estão quentes e suados. Ele afasta uma mecha dos meus fios loiros do meu rosto prendendo atrás da minha orelha.─ Você é linda. Mas você fica bonita pra caralho toda suada e ruborizada deitada na minha cama. – Eu sinto seu pau pulsar dentro de mim, indicando que
Segunda-feira, 16 de setembro de 2013 ─ Alô? ─ Bom dia Senhorita Burgos, aqui é Nicole. ─ Olá, Nicole. Bom dia. Por favor, me chame de Carol. ─ Certo, Carol. Samanta gostaria de saber se você pode vir até a sala dela. ─ Claro. Estou indo. – Samanta é a minha melhor amiga. Mas é também a minha chefe. Ela também é brasileira e nós já éramos melhores amigas no Brasil. Nós estudamos juntas na Faculdade de Direito do Recife, fizemos especialização juntas, somos melhores amigas e confidentes. Falamos tudo uma pra outra. Bem, quase tudo. Ela não tem ideia do que eu já passei antes de conhecê-la. Mas. Eu não quero sujar a nossa amizade com uma coisa tão sórdida. Eu nunca contei isso pra ninguém e nunca vou contar. Eu sinto muita vergonha e me sinto suja. Curiosamente, eu também não quero entrar em detalhes sobre o que aconteceu na última sexta-feira. Eu não parei de pensar sobre isso durante todo o final de semana. Eu nunca me senti tão... tão... incrivelmente excitada com uma pessoa. Nu