Além do balcão há ainda algumas mesas cercadas por poltronas e puffs confortáveis. Eu olho em volta procurando alguma que ainda esteja disponível. Assim que eu vejo uma mesa desocupada em um canto, eu apresso meu passo até ela e chego ao mesmo tempo em que um homem se senta.
Imediatamente ele percebe que eu pretendia ficar com essa mesa e ele parece desconcertado enquanto fica me olhando sem conseguir dizer nada. Eu faço um esforço para dizer algo – Eu sinto muito. Eu não vi que você pretendia...
─ Oh, tudo bem. Eu sinto muito também. Talvez você queira dividi-la comigo. – Eu franzo a testa, confusa – Logo a maioria dessas pessoas vão lá pra baixo e deve surgir uma mesa vazia então eu posso mudar de mesa e deixar essa livre pra você quando isso acontecer. – ele explica.
Eu hesito por um momento – Eu... bem, eu não quero atrapalhar. Eu estou esperando uma pessoa.
─ Não atrapalha – Eu fico petrificada diante dele, enquanto estudo seu rosto, seus olhos castanhos e rosto perfeito, emoldurado por cabelos da mesma cor. Seu olhar se estreita ainda mais me observando, sua testa franzida, esperando – e então? – ele pergunta me tirando do meu transe.
Eu desperto – Oh, sim. Eu vou aceitar. Obrigada.
Nós nos sentamos. Mas depois que eu me acomodo, um silêncio constrangedor se instaura entre nós. Eu tenho certeza de que ele não planejava ter que dividir a mesa com uma estranha e esse também não era o meu plano. Silenciosamente, eu imploro para que um garçom se aproxime para pegar nossos pedidos, pois eu preciso urgentemente de uma bebida. Finalmente minhas preces são atendidas e um jovem surge. O estranho a minha frente pede uma dose de whisky, sem tirar os olhos de mim nem por um instante desde o momento que nos encontramos e eu, desviando meu olhar do seu, peço uma cerveja.
O garçom sai nos deixando sozinhos novamente. – Quem você está esperando? – Sua voz é rouca e gentil, mas em um tom que faz com que você tenha necessidade de responder-lhe.
─ Uma amiga. Por falar nisso, ela está bem atrasada – Ele continua com seu olhar-scanner pra mim e eu me sinto diminuir. Eu tento amenizar o clima difícil, estendendo minha mão por cima da mesa – Eu sou Carol.
Ele segura minha mão firmemente – Hill – eu mantenho a sua mão. Senti-me confortável com o contato.
─ É um prazer conhecê-lo, Hill – Ele mantém sua mão na minha por um tempo sutilmente superior do que o normal e percebendo minha expressão, ele, finalmente, solta a minha mão, lentamente. – Você também está esperando alguém? – eu pergunto.
─ Não. Eu apenas precisava de uma bebida.
─ Dia difícil?
─ Todos eles são. – Não sei o que dizer sobre isso. Então, quando o garçom retorna trazendo nossas bebidas eu me sinto aliviada. Eu dou um longo gole na minha cerveja e coloco sobre a mesa entre nós. Ele faz o mesmo com a sua bebida.
Eu olho novamente para o relógio, já são mais de onze horas da noite e até agora, nenhum sinal de Megan. O que será que aconteceu? Já era para ela estar aqui. Eu decido ligar pra ela e faço, mas ela não atende.
Fico impaciente e preocupada. Isso não combina com ela. O homem a minha frente continua me olhando em silêncio e isso está me deixando ainda mais nervosa. Tudo bem que quando você conhece alguém numa situação como a nossa, é natural ter algum momento em branco, alguns instantes nos quais você fica sem assunto, mas em seguida você faz um comentário e a outra parte dá seguimento à conversa e quando você vê, estão em uma conversa agradável. Bem, isso não está acontecendo agora. Ele continua me olhando enquanto eu olho para todos os lugares menos pra ele e, quando seu olhar intenso atrai o meu, me obrigando a olhá-lo, nesses momentos eu me sinto nua, completamente exposta e se esse chão se abrisse e me tragasse agora, seria ótimo.
Eu não acho que alguém já tenha me olhado dessa maneira antes. Ele é um belo homem, realmente muito bonito. Seu terno requintado deixa claro que ele tem dinheiro. Eu jamais rotularia esse homem como perigoso. Não, nenhuma pessoa que olhasse pra ele uma primeira vez diria que ele oferece qualquer perigo. Pelo contrário. Diria ser uma pessoa confiável e que exala segurança. Então, por que ele parece tão poderoso pra mim? Quando eu olho pra ele, apenas uma palavra vem a minha mente: “sim”. Tenho vontade de dizer sim pra ele para qualquer coisa que, porventura, ele me pergunte. Eu acho que eu jamais conseguiria lhe dizer não. Ele é um homem de “sins”. “Sim, eu faço o que você quer”, “Sim, eu deixo você me foder sobre essa mesa na frente de todas essas pessoas”. Sim, sim, mil vezes sim. Eu não sei quanto tempo ficamos estudando um ao outro sem dizer absolutamente nenhuma palavra. Até que a vibração do meu celular em minha mão me tira do meu transe. É Megan.
─ Ei, onde está você?
─ Oh, meu Deus, eu sinto muito Carol. Eu estava saindo para encontrá-la quando ligaram do hospital. Minha mãe sentiu-se mal e foi hospitalizada.
─ Oh, meu Deus! Como ela está?
─ Agora ela está fora de perigo. Eu fiquei tão desnorteada que por um momento esqueci pra onde eu estava indo e corri para o hospital. Depois que a vi, me acalmei e só então lembrei que precisava telefonar pra você.
─ Não se preocupe. Eu entendo perfeitamente. Tem algo que eu possa fazer pra ajudar.
─ Eu, sei que deve ser horrível ser deixada sozinha em um bar, mas, se você puder, eu me sentiria melhor se você se divertisse. Fui eu que inventei essa comemoração e agora eu me sinto péssima por deixá-la sozinha.
─ Tudo bem, não é grande coisa. Ainda podemos comemorar outro dia. Descanse e deixe-me saber se eu puder ajudar em alguma coisa. Qualquer coisa.
Despedimo-nos e ela encerra a chamada.
Quando eu tomo coragem para voltar meu olhar para Hill ele ainda está olhando pra mim, mas agora com a testa um pouco franzida – problemas?─ Minha amiga teve uma emergência. Ela não virá mais. De modo que eu vou apenas terminar minha cerveja e deixá-lo em paz.─ Você é bem-vinda para ficar.─ Mesmo? – eu digo sarcasticamente, já que, durante o pouco tempo que estamos sentados aqui ele mal falou comigo – Bem, de qualquer maneira, eu preciso mesmo ir.─ Eu sinto muito. Não estou sendo uma companhia agradável não é mesmo? – Eu sinto vontade de dizer que realmente ele não tem sido uma boa companhia, mas me contenho – Deixe-me oferecer outra bebida – ele não espera a minha anuência e já sinaliza para o garçom pedindo mais uma dose de whisky e mais uma cerveja. Quando o garçom se afasta, ele volta a me olhar e eu me pergunto se vamos entrar em outra fase do jogo “encare o outro”, eu tenho minha resposta quando ele fala – Você não é daqui. – Não foi uma pergunta.─ Não. Eu não sou?─ De ond
Ele sinaliza para o garçom e pede mais do mesmo ─ Então, você não tem um namorado ou algo assim?─ Uau! Isso foi uma guinada de 180 graus na nossa conversa – Ele está lá me olhando e esperando a resposta. Ele tem essa coisa que faz você falar o que ele quer saber. – Não. Eu não tenho um namorado.─ Nenhum cara com quem você está apenas saindo ou algo parecido ─ Eu balanço a cabeça lentamente, negando – Por quê?Eu encolho os ombros – Sei lá. Eu estava saindo com um cara recentemente. Alguém realmente legal. Mas, apenas não deu certo. Nunca dá, na verdade. E você? Não tem ninguém?─ Eu não tenho alguém. Eu tenho algumas parceiras para sexo – por mais que eu saiba que a maioria dos homens são adeptos do sexo casual, sem quaisquer relacionamentos. Parece mais feio do que é quando ele simplesmente admite.Minha testa franze – Uau!─ Choquei você?─ Bem, sim... e não – é a sua vez de franzir a testa. Eu tento explicar – Não me leve a mal. Eu não sou puritana. Mas quando você fala “eu tenho
Eu vejo seu peito subir e descer lentamente com sua respiração profunda e alguns minutos mais tarde eu estou entrando em uma casa elegante de cinco andares no Uper West side. Confesso que eu não consegui prestar atenção em mais nada, desde o momento que eu disse “sim” a essa proposta maluca até agora.Hill me levou através do hall até uma sala divinamente mobiliada. Tudo era de muito bom gosto e, embora eu não tenha reparado nos detalhes da fachada da casa, eu posso dizer que há um contraste imenso entre a fachada da casa e a decoração interna. A fachada é tradicional e o que eu vejo aqui dentro é extremamente moderno e luxuoso. Eu estou ainda de pé no meio da grande sala e percebo que ele acabou de me perguntar algo – Desculpe-me, eu não ouvi o que você disse.─ Eu perguntei se você gostaria de uma bebida.─ Não, obrigada. Sem mais bebidas por hoje. – Eu me pergunto se foi a bebida que me colocou nessa situação, mas eu chego à conclusão que não.Ele se aproxima de mim lentamente. Seu
Nós estamos tão grudados um no outro que eu não consigo discernir qual batida é do seu ou do meu coração. Estamos ofegantes, lutando por um pouco de ar. Repentinamente ele ergue minhas costas da parede no alto da escada e, sem quebrar nossa conexão e numa posição engraçada, ele caminha ao redor do corrimão da escada, entrado por uma porta dupla de madeira branca. Nosso pequeno percurso com ele dentro de mim faz reacender o meu desejo. Meu Deus! O que esse homem fez comigo? Eu suspeito que tive o mesmo efeito sobre ele, pois eu o sinto ainda duro dentro de mim, não tanto como antes, mas ainda duro. Eu não vejo, mas apenas sinto a maciez dos lençóis quando ele me deita sobre a cama sem separar o seu corpo de meu. Nossos corpos estão quentes e suados. Ele afasta uma mecha dos meus fios loiros do meu rosto prendendo atrás da minha orelha.─ Você é linda. Mas você fica bonita pra caralho toda suada e ruborizada deitada na minha cama. – Eu sinto seu pau pulsar dentro de mim, indicando que
Segunda-feira, 16 de setembro de 2013 ─ Alô? ─ Bom dia Senhorita Burgos, aqui é Nicole. ─ Olá, Nicole. Bom dia. Por favor, me chame de Carol. ─ Certo, Carol. Samanta gostaria de saber se você pode vir até a sala dela. ─ Claro. Estou indo. – Samanta é a minha melhor amiga. Mas é também a minha chefe. Ela também é brasileira e nós já éramos melhores amigas no Brasil. Nós estudamos juntas na Faculdade de Direito do Recife, fizemos especialização juntas, somos melhores amigas e confidentes. Falamos tudo uma pra outra. Bem, quase tudo. Ela não tem ideia do que eu já passei antes de conhecê-la. Mas. Eu não quero sujar a nossa amizade com uma coisa tão sórdida. Eu nunca contei isso pra ninguém e nunca vou contar. Eu sinto muita vergonha e me sinto suja. Curiosamente, eu também não quero entrar em detalhes sobre o que aconteceu na última sexta-feira. Eu não parei de pensar sobre isso durante todo o final de semana. Eu nunca me senti tão... tão... incrivelmente excitada com uma pessoa. Nu
Ele se levanta lentamente. Aquele andar, aquele mesmo andar que ele usou na sexta-feira à noite. Predador, vindo em minha direção. Mas ele não se aproxima demais. Ele para a uma distância segura. Seus olhos queimando sobre a minha pele. Minha boca abrindo e fechando como um peixe fora d’água, mas, puta merda, eu não tenho nada pra dizer.─ Senhorita Burgos? Caroline Burgos, Carol.─ Hill? Ou melhor, Harold Parker. Você mentiu o seu nome? – Eu acuso. Ok. De tanta coisa pra dizer, eu tinha que dizer isso em primeiro lugar? Mas, porra! Eu acusei. Processe-me.─ Não. Eu não menti meu nome. Sou Harold Hill Parker.─ Oh! Entendo. De dia você é Harold Parker e de noite você é Hill. Harold Parker seria sua identidade secreta? – eu alfineto.Ele franze a testa – Ora, ora. Suas garras estão afiadas. Mas, eu não entendo por que você está tão brava. Não foi você, a única a fugir da minha cama após receber os melhores orgasmos da sua vida?─ Presunçoso.─ Nossa! Como você é profissional.Isso é u
─ Ok – Eu pego minha pasta no chão e retiro algumas anotações e documentos. Meus cabelos ainda estão soltos caindo sobre os meus ombros e seios. – Bem, eu elaborei um resumo de todos os empreendimentos da GE para lhe dar uma visão geral. Diante dos últimos acontecimentos, Jake concluiu que não compensa manter um setor contábil que não tem a capacidade de unificar todas as informações da empresa de forma rápida, eficaz e eficiente. De alguma maneira ele acha possível e mais confiável que a sua empresa faça isso.─ Sim. Ele me disse essa parte – ele diz de forma ríspida como se ele estivesse perdendo seu tempo. – O que temos que nos ater aqui é a metodologia que vamos utilizar para implantar esse novo formato. O grande calcanhar de Aquiles da GE está na falta de um sistema eficiente de informações. Recentemente, quando eu fiz a auditoria solicitada por Jake, eu tive uma dificuldade imensa de reunir todas as informações necessárias. Isso porque cada estabelecimento de propriedade da GE t
Terça-feira, 17 de setembro de 2013 O som das chaves e em seguida a porta da sala batendo faz todos os cabelos pelos da minha nuca se eriçarem. Eu encolho meus joelhos contra os meus seios instintivamente. Ouço seus passos pela casa e em seguida o cheiro de cigarro lentamente toma conta do apartamento. São duas horas da tarde e ele não deveria estar aqui. Eu mal respiro, com medo de que ele perceba a minha presença. Mas isso é ridículo. É claro que ele sabe que eu estou aqui, é exatamente por minha causa que ele está aqui mais cedo. Desde que ele chegou em casa deve ter passado uns cinco minutos, mas no meu desespero o tempo parece se arrastar. Como se tudo tivesse parado. Eu ainda estou lá, na minha posição defensiva. Os passos começam novamente, um após o outro e eu assisto a maçaneta do meu quarto girar em câmera lenta e ele aparecer na porta do meu quarto. Ele não diz nada, absolutamente nada. Ele só para lá e fica me olhando e eu nem pisco, na esperança de que ele apen