─ Ok – Eu pego minha pasta no chão e retiro algumas anotações e documentos. Meus cabelos ainda estão soltos caindo sobre os meus ombros e seios. – Bem, eu elaborei um resumo de todos os empreendimentos da GE para lhe dar uma visão geral. Diante dos últimos acontecimentos, Jake concluiu que não compensa manter um setor contábil que não tem a capacidade de unificar todas as informações da empresa de forma rápida, eficaz e eficiente. De alguma maneira ele acha possível e mais confiável que a sua empresa faça isso.
─ Sim. Ele me disse essa parte – ele diz de forma ríspida como se ele estivesse perdendo seu tempo. – O que temos que nos ater aqui é a metodologia que vamos utilizar para implantar esse novo formato. O grande calcanhar de Aquiles da GE está na falta de um sistema eficiente de informações. Recentemente, quando eu fiz a auditoria solicitada por Jake, eu tive uma dificuldade imensa de reunir todas as informações necessárias. Isso porque cada estabelecimento de propriedade da GE tem a sua própria maneira de armazenar e gerir as informações e documentos. Honestamente, eu só consegui realizar meu trabalho em tempo recorde, porque Samanta já vinha reunindo as informações.
Eu aproveito a pausa para falar – Mas a GE já possui um sistema de dados.
─ Sim. Mas esse sistema funciona mais como um informativo. Não há uma responsabilidade na inserção de dados. São como pequenos relatórios que são enviados sem um tempo predeterminado. Não há, sequer, uma exigibilidade no uso desse sistema. Prova disso é que se você o consultar agora, vai encontrá-lo desatualizado.
─ Entendo. A questão é: Os hotéis, restaurantes, discotecas e outros empreendimentos da GE possuem natureza diversa e estão localizados em países diferentes, com legislações diferentes e métodos distintos. Padronizar os procedimentos é uma decisão de gestão e não pode ser feita em curto prazo. A padronização que o nosso setor tem feito até agora abrange apenas os procedimentos relacionados aos assuntos jurídicos.
Harold dá a volta em sua mesa e senta-se na enorme cadeira de couro giratória, descansando no encosto e cruzando os dedos sobre o seu abdômen – Eu não estou aqui para ensinar a missa ao padre. Jake não chegaria aonde chegou se ele não tivesse uma excelente capacidade gestora. O que ocorre é que a GE cresceu absurdamente nos últimos anos e ele precisa reajustar a rota. Não pode gerir do mesmo jeito que fazia quando a GE se resumia a dois ou três hotéis. Não sou eu quem está dizendo isso. Isso foi uma avaliação do próprio Jake, que ele me passou na nossa única conversa. Por tanto, o momento é o ideal para proceder aos ajustes necessários para que a minha empresa assuma a tarefa.
Ele faz uma breve pausa. Tempo no qual ele estuda meu rosto. Seu olhar pousa nos meus lábios e num gesto nervoso eu lambo – Eu tenho meu próprio meio de trabalhar. Eu preciso que a GE adote um sistema, interligado ao nosso, para que assim que as informações forem lançadas em qualquer um dos seus estabelecimentos, em qualquer lugar do mundo, a minha empresa tenha acesso a elas imediatamente. Assim, não temos que ir chafurdar em papéis toda vez que a GE precisar de alguma coisa de nós. Isso proporciona também maior controle, pois o sistema salva, inclusive, alterações. De modo que, se houver uma tentativa de adulteração de dados nós vamos saber.
─ Certo, então deixe ver se entendi: A GE adotaria um sistema informatizado que seria usado apenas para as informações contábeis. Você só teria acesso a essas informações. É isso?
─ Sim. É exatamente isso. Eu não tenho interesse em nada que não seja necessário a execução do meu trabalho, Senhorita Burgos. – Ele se levanta e caminha até o meu lado ─ Eu vou fazer uma apresentação rápida do sistema agora, mas eu pretendo enviar uma apresentação oficial para a GE. – Ele abre o notebook e passa a próxima meia-hora mostrando os pontos mais importantes do sistema.
─ É um sistema bastante prático.
─ Sim. As equipes não terão dificuldade em se familiarizar com ele. Além disso, nós enviamos técnicos para fazer o treinamento daqueles que irão operar o sistema.
─ Eu vou sugerir a Jake que a nossa empresa mantenha uma espécie de central de dados contábeis. Claro que não seria um departamento tão grande como é hoje, mas ele seria responsável por gerir todo o processo e não apenas a partir do sistema. Mas também fisicamente. Teria também a atribuição de garantir o lançamento dos dados, dar fé às informações, documentar, cobrar prazos, além de outras funções. Eu entendo que a sua empresa vai fazer muito disso. Mas a sua empresa é outra empresa. Pode estar hoje, mas não amanhã.
─ Eu faria isso se a empresa fosse minha. Manteria uma central. É uma decisão inteligente. – Ele estreitou os olhos e sua boca se curvou em um sorriso sarcástico. – Estou surpreso.
─ Surpreso?
─ Sim. Que você teve uma boa ideia.
Na minha cabeça passou um flash, no qual eu o mandava ir à merda. Mas, eu não fiz isso. Eu sabia que ele estava me provocando, tentando tirar de mim alguma reação que não fosse profissional e então ele teria a sua desculpa para agir do mesmo modo ou pior. – E pensar que você me cobrou profissionalismo quando eu cheguei aqui. – Eu esperei sua resposta desaforada, as ofensas, mas, ao invés disso, um Harold constrangido me olha, pensativo – Harold, isso não está sendo fácil pra mim. Eu não costumo fazer o que eu fiz aquela noite, mas, ainda que fosse um hábito meu foder com caras estranhos, isso não tem nada a ver com o meu trabalho na GE. Você me propôs isso de forma madura, me mostrando que não tem nada de errado em uma mulher exercer a sua liberdade sexual, se divertir com alguém de forma consensual e seguir em frente. Eu... eu não consigo entender por que você está se comportando dessa maneira.
Ele se aproximou mais de mim e segurou minha mão na sua. – Eu sinto muito. Eu estou sendo um idiota. Você está certa.
─ Desculpas aceitas. Agora, nós podemos, por favor, fingir que nada disso aconteceu, que nunca nos vimos antes e apenas ter esse vínculo profissional, fazer um bom trabalho e seguir em frente? – ele acena quase imperceptivelmente – Harold, eu vim para o seu país para trabalhar, obter uma experiência a nível internacional. Eu não estou pronta ainda para voltar para o Brasil em caráter definitivo. Eu acabei de abandonar um emprego estável para agarrar esse novo desafio, não me prejudique. Ao contrário de você, que visivelmente é o dono do seu próprio negócio, eu tenho que trabalhar duro pra me manter aqui longe das... Enfim, esse emprego é uma oportunidade de melhorar de vida. Ter uma reserva financeira. Fique fora do meu caminho, por favor.
─ Claro. Vamos fazer isso – Ele parece culpado. Mas eu não acredito muito que ele irá se comportar. Eu decido, então, que não importa como ele se comporte. Eu preciso fazer a minha parte. Fazer o que é certo.
Eu guardo alguns papéis e a minha agenda em seguida me levanto – Ótimo. Eu preciso ir agora. Acho que por hoje é o suficiente. Nós vamos ter que nos ver novamente. Eu ainda não tenho uma assistente, então eu mesma tenho que marcar meus compromissos. Deixe-me saber quando você poderá me encontrar novamente.
─ Esse contrato com a GE não foi planejado e como é algo muito grande eu prefiro tomar conta de tudo pessoalmente, pelo menos no início da transição. Depois eu posso delegar. O problema é que, como não foi algo planejado, eu estou com a minha agenda um pouco apertada. Então talvez tenhamos que nos encontrar em momentos alternativos. Como em jantares e almoços. Isso é um problema pra você?
─ Não é um problema.
─ Então, eu vou me reunir com a minha equipe e já tenho algo pra você amanhã. Durante o jantar.
Eu não acho que um jantar com ele seja uma boa ideia, mas, o que eu posso fazer – Ok. – Eu digo, simplesmente e em seguida estendo a mão para cumprimentá-lo e esse aceita, segurando mais do que deveria – Eu vou acompanhá-la até em casa.
─ Oh, isso não é necessário. Eu vou de táxi.
─ Eu faço questão. – Enquanto eu continuo tagarelando que não é necessário, que eu não quero isso, que eu vou de taxi... blá, blá, blá... ele me ignora totalmente e telefona para o seu motorista. – Clark, tenha o carro na saída principal. Eu estou descendo com a Senhorita Burgos. Vamos deixá-la em casa.
─ Harold? Você não ouviu nada do que eu disse?
─ Caroline, eu vou acompanhá-la até a sua casa.
Eu começo a argumentar como se eu estivesse explicando o óbvio a uma criança – Hill, sua casa está há poucas quadras daqui e eu moro bem mais distante. Isso não faz sentido.
Ele rosna irritado e em um piscar de olhos eu estou novamente presa à sua mesa com ele me pressionando – Céus, como você é irritante. – Antes que eu consiga dizer qualquer coisa ele cola sua boca na minha em um beijo urgente. Um gemido involuntário escapa da minha boca quando sua mão direita belisca o meu mamilo através do tecido fino da minha blusa. Quando ele se afasta um pouco em busca de ar eu aproveito para afastá-lo.
─ Você precisa parar de fazer isso.
─ É que você é tão... irritante às vezes.
─ Ah, e você tem o hábito de beijar todas as mulheres irritantes que você conhece?
Ele gemeu em frustração, mas não respondeu. – Vamos – ele me conduziu pra fora do seu escritório e nós entramos no elevador privativo. Mil ideias pervertidas passaram pela minha cabeça e, olhando pra Harold pelo canto do meu olho, eu percebi que ele provavelmente estava pensando o mesmo. Mas cedo demais o elevador parou e nós atravessamos o grande salão em direção à saída. Um carro preto elegante estava parado na entrada com um motorista de pé ao seu lado com a porta aberta. Imediatamente atrás desse carro tinha outro com dois homens de terno escuro com cara de seguranças. Um estava sentado ao volante e o outro de pé observando em volta. Eu achei aquilo o cúmulo do exagero, mas decidi não fazer nenhum comentário. Ele sinalizou para que eu entrasse primeiro no veículo e entrou depois, sentando-se ao meu lado.
─ Qual o destino, Senhor? – Perguntou o motorista depois de se acomodar ao volante. Harold olhou pra mim interrogativamente e eu disse o meu endereço para o tal do Clark. Nós seguimos quase todo o percurso em silêncio.
Quando o carro parou em frente ao meu apartamento, Harold saiu do carro e ofereceu a sua mão, que eu segurei para sair do veículo – Obrigada pela carona – Eu agradeci, uma vez que estava de pé na calçada. Nós estávamos de frente um para o outro e por um momento eu achei que ele me beijaria de novo. Seu olhar pra mim era de pura luxúria e seu beijo era tudo que eu queria agora, mas eu sei que não devo, que não posso. Eu preciso manter uma distância segura dele.
─ Foi um prazer pra mim.
─ Bem, eu vou indo. Vemo-nos amanhã então.
Eu entro no prédio e Harold vai embora. Assim que entro no meu apartamento, vou até a geladeira e pego uma cerveja. Como sempre o apartamento está deserto. Abby continua na casa de Mike. Eu acho que ela vai morar com ele em definitivo e me pergunto se ela ainda não fez isso apenas por minha causa. Eu realmente espero que não.
Eu decido enviar uma mensagem pra Sam sobre a reunião com Harold:
Carol: Deus! Achei que você tinha dito que Harold era um cara legal.
Sam: Ele é. O que houve?
Carol: Presunçoso dos infernos. E ele ainda acha que é o Bill Gates da contabilidade.
Sam: Ele é.
Carol: Você só tem essa resposta: “ele é.”?
Sam: Rá! Acho que algo não foi muito bem. Ele parece tão legal. Você sabe, os carinhas inteligentes de óculos sempre são legais.
Carol: ele não estava usando óculos.
Sam: Sim. Ele usa.
Carol: Ele não usou hoje.
Sam: Às vezes que estivemos juntos ele estava usando.
Carol: Bem, ele não estava hoje.
Sam: Vocês não se deram bem?
Carol: Conseguimos produzir no trabalho. Você acredita que ele subestimou a inteligência. Eu quis matá-lo. Eu ainda quero.
Sam: Não faça isso. Precisamos dele vivo. Além disso, ele é um gato amiga.
Carol: Ele não faz o meu tipo. E ainda anda com uns seguranças atrás dele. Arrogante.
Sam: Puxa, obrigada pela parte que me toca.
Carol: Oh, meu Deus. Eu não quis dizer isso. Bem, você é noiva de um bilionário e está em perigo e tal. Mas, o que pode haver de perigoso na vida de um... contador.
Sam: Amiga, você não faz ideia. Eu também achava que era uma vida monótona, mas estava enganada. Ele descobre muitas falcatruas em suas auditorias, além disso, ele é muito rico. Segundo Jake me contou a família dele é podre de rica. E a empresa dele só lida com grandes empresas.
Carol: Que seja... eu só não queria que fosse ele.
Sam: como assim?
Carol: deixa pra lá.
Sam: Preciso ir agora.
Terça-feira, 17 de setembro de 2013 O som das chaves e em seguida a porta da sala batendo faz todos os cabelos pelos da minha nuca se eriçarem. Eu encolho meus joelhos contra os meus seios instintivamente. Ouço seus passos pela casa e em seguida o cheiro de cigarro lentamente toma conta do apartamento. São duas horas da tarde e ele não deveria estar aqui. Eu mal respiro, com medo de que ele perceba a minha presença. Mas isso é ridículo. É claro que ele sabe que eu estou aqui, é exatamente por minha causa que ele está aqui mais cedo. Desde que ele chegou em casa deve ter passado uns cinco minutos, mas no meu desespero o tempo parece se arrastar. Como se tudo tivesse parado. Eu ainda estou lá, na minha posição defensiva. Os passos começam novamente, um após o outro e eu assisto a maçaneta do meu quarto girar em câmera lenta e ele aparecer na porta do meu quarto. Ele não diz nada, absolutamente nada. Ele só para lá e fica me olhando e eu nem pisco, na esperança de que ele apen
Eu caminho até a sala de Samanta. Ela mandou me chamar e eu sei que ela quer saber mais detalhes sobre a reunião com Harold ontem. – Bom dia – eu digo quando ela me recebe e ela me dá um abraço.─ Bom dia, amiga. Como você está hoje?─ Eu estou bem.Nós nos sentamos – Eu fiquei preocupada com você ontem. Mas eu e Jake tivemos alguns problemas e acabei não entrando em contato com você pra saber como você estava.─ Esses problemas que vocês tiveram teve algo a ver com a nossa fugida ontem na hora do almoço?─ Totalmente. A coisa foi feia. Eu tentei argumentar que não foi grande coisa, que os seguranças chamam mais atenção do que quando estamos sozinhas. E disse que nada aconteceu. Mas, segundo ele fomos fotografadas...─ É verdade. Eu vi as fotos. Nada demais, é verdade. Mas dá uma sensação de insegurança. Sei lá, ser observada assim sem nem perceber...─ É verdade. Segundo Jake, do mesmo jeito que foi um fotógrafo discreto poderia ser um daqueles perseguidores que se excedem e tentam t
O dia parece se arrastar e em vários momentos eu me vejo ansiosa para encontrar com Harold esta noite. Imediatamente eu me repreendo por isso. O telefone na minha mesa toca e isso me lembra que eu preciso arranjar uma assistente pessoal.─ Aqui é Carol Burgos.─ Aí está você – Meu coração pula uma batida e eu me vejo hipnotizada pela voz rouca que me saúda do outro lado da linha. Eu não consigo falar nada e eu não sei quanto tempo eu fico apenas ouvindo a sua respiração, até que ele volta a falar – Caroline? Você está bem?─ Hum? Err... eu... estou bem – Sério? Eu tinha que gaguejar desse jeito.─ Eu surpreendi você? – ele pergunta divertido.─ Sim. Eu não esperava que você me ligasse.─ E de que maneira você acha que eu conseguiria combinar o nosso jantar? – foi uma pergunta retórica, então ele continua – Vou buscá-la as sete.─ Aonde nós vamos?─ é uma surpresa.─ Harold, isso não é um encontro. É um jantar de negócios. Ah, e já que você insiste em me buscar ao invés de nos encontr
Eu sinto a mão de Harold pousar sobre meus joelhos, sob a mesa. – Eu posso te dar tanto, Caroline. Posso fazer coisas com você que nunca ninguém fez – ele começa a deslizar sua mão sob o meu vestido – assustada, eu olho em volta, nós estamos em uma das extremidades do grande salão, de onde podemos ver todas as outras mesas. Observo as pessoas a nossa volta, elas estão perdidas. Cada uma delas em seu próprio mundinho, em seus dramas pessoais, em seus negócios. Ninguém está prestando realmente atenção em nós dois. A mão de Harold continua seu caminho entre as minhas pernas e eu olho para baixo, uma das minhas coxas esta sutilmente à mostra, onde o vestido subiu um pouco. Eu observo a toalha da mesa e fico feliz em ver o quanto ela é longa. Sério??? O cara está a poucos centímetros de enfiar os dedos na minha boceta e eu, ao invés de impedi-lo, estou apenas preocupada em me assegurar que ele faça isso de maneira discreta. Porra! Eu sou uma puta – Você quer isso. Eu vejo. – Ele diz com a
Quarta-feira, 18 de setembro de 2013 Eu não consigo respirar. Desespero toma conta de mim e eu abro os olhos tentando descobrir onde eu estou. Está escuro, muito escuro. Algo pesado está sobre mim, me impedindo de respirar e algo está tampando a minha boca. Quando eu sinto uma dor aguda entre as minhas pernas eu, imediatamente, sei o que está acontecendo. Sua respiração ofegante no meu ouvido. Sua barba por fazer arranhando minha pele – Como é bom estar dentro dessa sua boceta – ele lambe minha pele abaixo da minha orelha – vou tirar a mão da sua boca, mas você não vai gritar, ou então, vou ter que fazer mal pra sua mãe se ela acordar. Não havia nada de novo acontecendo. Isso era bem comum. Visitas ao meu quarto no meio da noite, ou ataques durante o dia quando a minha mãe estava trabalhando – Você entendeu? – eu acenei com a cabeça. Eu tinha muito medo do que ele poderia fazer com a minha mãe ou mesmo comigo. E acabei dizendo a mim mesma que o que estava acontecendo aqui não é nada
A manhã foi de tanto trabalho que eu sequer tive tempo de tomar um pouco de água. Uma reunião atrás da outra, relatórios dos funcionários pra ler, contratos para analisar que eu nem percebi que já havia passado a hora do almoço. Um dos compromissos dessa manhã foi uma entrevista com uma candidata a ser minha assistente pessoal. O Departamento de Recursos Humanos mandou uma jovem com excelente currículo e aparentemente discreta. Eu senti que iremos nos dar bem e ela estava mais do que disposta a começar imediatamente. Com exceção da entrevista, não tivemos muito tempo para conversar e a aconselhei a manter contato com Angelina e Nicole para ir se familiarizando com os procedimentos. Entre uma reunião e outra, ela me disse que estavam se falando o tempo todo e que já estava a par de um monte de coisas, inclusive da minha agenda para os próximos dias. Por volta das duas da tarde ela bateu na minha porta e entrou em seguida com uma bandeja contendo algo que parecia apetitoso.─
Sexta-feira, 20 de setembro de 2013 Eu entro no apartamento e fico chocada com a cena diante de mim. As cortinas estão fechadas. As luzes apagadas. A única iluminação vem da televisão. Ele está sentado no sofá de frente para a televisão. Suas calças estão abaixadas e sua mão está segurando seu pau. Ele olha pra mim. Eu desvio o meu olhar e me viro de costas para fechar a porta.─ Venha até aqui.─ Onde está a minha mãe? – eu pergunto ainda de costas sem olhar pra ele.─ Dopada. Ela não vai acordar até de manhã. Agora, venha até aqui. – Como sempre nessas ocasiões, meu primeiro impulso é o de desobedecer, mas eu já senti inúmeras vezes na pele as consequências da minha desobediência. Eu aprendi que não importa o quanto eu tente resistir, ou espernear, ou ameaçar, ele sempre vai se impor a mim pela força. Minha mãe é completamente louca por ele e a certeza de que ela jamais acreditaria em mim dói mais do que as tapas que ele me dá. Ela já viu vários hematomas, mas ela simplesm
Eu dou uma última olhada no espelho e tenho que reconhecer que fiz um ótimo trabalho. Eu saí mais cedo da GE hoje e passei por algumas lojas em busca de algo para vestir hoje. Quando eu vi esse vestido eu sequer hesitei. Eu sabia que era dele que eu precisava para hoje. Internamente eu estou uma bagunça. Depois de um longo tempo de tranquilidade esses pesadelos voltaram a me assombrar e pra completar, eu não consigo tirar Harold da minha cabeça. Mesmo tendo implorado pra ele me deixar em paz e manter apenas uma relação profissional, eu não consigo fazer nada para deixar de sentir essa frustração por seu sumiço repentino. Nenhum e-mail, nenhuma mensagem, nem telefonema, sinal de fumaça, psicografia, nada. E ao mesmo tempo em que eu fico aliviada, eu fico frustrada. Eu sei que ele não é uma boa pra mim. Ele desperta sensações que me assustam e na hora me leva ao céu, mas depois me levam ao chão. E o que eu sinto depois é... confuso. Meu corpo cede espontaneamente sob seu comando e quand