Eu dou uma última olhada no espelho e tenho que reconhecer que fiz um ótimo trabalho. Eu saí mais cedo da GE hoje e passei por algumas lojas em busca de algo para vestir hoje. Quando eu vi esse vestido eu sequer hesitei. Eu sabia que era dele que eu precisava para hoje. Internamente eu estou uma bagunça. Depois de um longo tempo de tranquilidade esses pesadelos voltaram a me assombrar e pra completar, eu não consigo tirar Harold da minha cabeça. Mesmo tendo implorado pra ele me deixar em paz e manter apenas uma relação profissional, eu não consigo fazer nada para deixar de sentir essa frustração por seu sumiço repentino. Nenhum e-mail, nenhuma mensagem, nem telefonema, sinal de fumaça, psicografia, nada. E ao mesmo tempo em que eu fico aliviada, eu fico frustrada. Eu sei que ele não é uma boa pra mim. Ele desperta sensações que me assustam e na hora me leva ao céu, mas depois me levam ao chão. E o que eu sinto depois é... confuso. Meu corpo cede espontaneamente sob seu comando e quand
Eu caminho em direção ao elevador e um suspiro involuntário escapa dos meus lábios quando sinto a palma da mão de Harold na base das minhas costas. É um toque aparentemente simples, mas com efeitos devastadores para o meu estômago. É como se ele estivesse me marcando como sua e a possibilidade de ser sua é tentadora, mas ao mesmo tempo assustadora. Eu não sou dele. Não sou de ninguém. A porta do elevador se fecha e meus batimentos cardíacos estão acelerados. Ele não diz nada durante todo o caminho até embaixo. Ele deve ter avisado previamente a Clark sobre a sua saída, porque quando saímos do prédio, uma limusine está estacionada com um Clark muito prestativo segurando a porta aberta. Eu entro primeiro e me sento o mais próximo da janela oposta possível para manter uma distância de Harold, quando ele entrar. Ele para na porta e avisa a Clark que irão me levar até a minha casa. Eu me sinto ambivalente sobre isso, porque ao mesmo tempo em que eu não quero ir para a sua casa eu me incomo
Sábado, 21 de setembro de 2013 Eu acordo e vejo o relógio na mesinha lateral. São apenas cinco horas da manhã. Eu me ergo lentamente e me sento na cama de costas para Harold. Assim que os meus pés tocam o piso acarpetado uma voz grave me faz parar. ─ Não faça isso. Por favor, não novamente. Eu tomo uma respiração profunda enquanto penso no que dizer. Decido-me pela verdade ─ Eu preciso ir. ─ Por quê? ─ Eu não respondo a isso. Mas não preciso. De alguma maneira ele entende – Você está confusa. – Não foi uma pergunta. ─ Sim. – Eu continuo de costas pra ele. ─ Foi demais? Eu... passei dos limites? Machuquei você de alguma forma? ─ Não, Harold. – Eu me apresso em dizer – Não há nada de errado no que você fez. O problema é... comigo. ─ Eu quero entender. ─ Você não precisa entender. Não temos um relacionamento, lembra? Sem crises, sem cobranças, sem compromisso... ─ Droga. Não faça isso, Carol. Não faça isso com a gente. – O aborrecimento é claro em sua voz. Eu ainda esto
Estamos apenas perdidos em pensamentos. Quando terminamos de comer, Harold se levanta e pega os nossos pratos para colocar sobre a pia. Eu tento ajudar, mas ele não deixa. Eu acho que ele vai lavar, mas eu me vejo tendo uma crise de riso quando eu percebo que ele não vai. ─ O que? ─ Você não vai lavar? Ele me olha todo constrangido e isso só me dá mais vontade de rir – Não. ─ Você é deficiente ou algo assim? ─ Ou algo assim – ele murmura, não muito contente. – Qual é o problema de deixar os pratos sobre a pia? ─ E qual é o problema de lavar apenas dois pratos, duas xícaras, talheres e uma frigideira? Ele dá um sorriso enviesado – Eu sei lavar, ok? Eu tiro os vestígios e coloco na máquina de lavar, simples assim. ─ Deus! Como você é mimado. Em um movimento rápido ele me empurra contra a ilha da cozinha. Meus braços presos atrás das minhas costas e a frieza do mármore contrastando com o seu peito quente – Você não imagina o quanto eu sou mimado, Caroline. E sabe o que isso sign
Sábado, 28 de setembro de 2013 “Ok. Parou a brincadeira” era o que eu diria a Harold se tivesse um pingo de coragem. Ele simplesmente ignorou minha existência nos últimos dias. Exceto pelo e-mail que eu recebi, não dele, mas da sua assistente, sobre os negócios da GE. Uma coisa totalmente seca e profissional. Tirando isso, nenhum e-mail, nenhuma mensagem engarrafada, nem sinal de fumaça, nem pombo correio, nem um coice, nada! Nos últimos dias eu passei por todos os estágios que eu poderia passar: da raiva ao desespero, da saudade à humilhação. Pra completar, eu não tenho conseguido dormir bem. Os pesadelos estão acontecendo quase que diariamente. Alguns são reproduções exatas do que aconteceu, outros são fatos novos, mas em todos eles eu sou abusada e humilhada. Eu remexo a comida em meu prato sem muito interesse. Abby não veio para casa novamente e eu estou entediada e tentada a telefonar para Harold. Eu sei que eu não posso. Eu sei que eu não devo. Ele foi
Eu tentei, juro que tentei me concentrar, durante todo o dia, exclusivamente no trabalho e afastar Harold da minha cabeça, mas confesso que falhei miseravelmente. Eu me vi lendo três vezes cada um dos relatórios para só então conseguir entender alguma coisa. Concentrar-me nas reuniões foi uma verdadeira luta, pois eu estava tomada por uma sensação angustiante que era um misto de ansiedade e frustração. Tudo bem, eu sei que eu disse a ele que não podia continuar fazendo isso, então, eu não deveria estranhar o seu afastamento. Qualquer homem no seu lugar faria o mesmo. Mas também eu penso no que ele me disse na última vez que estivemos juntos na sua casa. Ele me disse que só estava me deixando ir porque precisava viajar. Ele também me disse que era egoísta demais para me deixar ir, então, o que mudou na última semana? Com certeza tem algo a ver com a sua viagem. Será que ele tem algum relacionamento sério com a jovem da foto? Aqui estou eu novamente fazendo especulações. Acalme-se
Quarta-feira, 2 de outubro de 2013─ Oh, você está em casa. – Eu digo animada ao encontrar Abby na cozinha procurando algo para comer.─ Sim, Mike viajou a trabalho e eu não quis ficar sozinha no apartamento dele. Além disso, eu tenho sido muito negligente como amiga. Eu a deixei sozinha por semanas.Eu pego um copo no armário e encho com água gelada – Não se preocupe. Eu sei que você está praticamente morando com Mike e eu fico feliz por você. Mas eu quero falar com você sobre o apartamento – Eu bebo a água de uma vez e coloco o copo sobre a pia.─ O que tem ele? Algum problema?─ Abby, eu fico desconfortável em morar aqui e não pagar nada.─ Isso não é verdade. Você tem pagado as despesas de luz, água...─ Eu estou falando de aluguel. Não é justo eu morar aqui e não pagar nada por isso. Você poderia alugar a alguém e estar ganhando algum dinheiro por ele e eu estou aqui empatando seu negócio.─ Carol, esse assunto de novo? Quantas vezes eu vou explicar pra você que eu não tenho nenh
Adam se afasta de mim e olha incrédulo para Harold – quem é esse cara? – ele pergunta pra mim, mas sem tirar os olhos de Harold.─ Ninguém importante. – Eu digo. – O que você quer aqui, Harold?─ Quero que você mande esse cara dar o fora ou eu mesmo vou me encarregar de expulsá-lo da boate. E eu tenho certeza de que você não vai querer estragar a despedida de solteira da sua melhor amiga.Eu nem preciso dizer nada, por que Adam ergue as mãos em rendição e murmura um “eu tô fora”.Antes que eu possa dizer alguns desaforos para Harold, eles me segura pelo pulso e me leva até a parte de trás da boate. Eu tento me desvencilhar, mas seu aperto é firme e não afrouxa até que ele me empurra em através de uma porta que dá acesso a um pequeno depósito de materiais de limpeza. Assim que a porta é fechada por ele, Harold me joga contra ela e pressiona seu corpo contra o meu – O que você pensa que está fazendo? – sua voz é um grunhido de raiva e desejo – você não quer sexo sem compromisso comigo,