LIVRO 1 - CAPÍTULO 2.1

Segunda-feira, 16 de setembro de 2013

─ Alô?

─ Bom dia Senhorita Burgos, aqui é Nicole.

─ Olá, Nicole. Bom dia. Por favor, me chame de Carol.

─ Certo, Carol. Samanta gostaria de saber se você pode vir até a sala dela.

─ Claro. Estou indo. – Samanta é a minha melhor amiga. Mas é também a minha chefe. Ela também é brasileira e nós já éramos melhores amigas no Brasil. Nós estudamos juntas na Faculdade de Direito do Recife, fizemos especialização juntas, somos melhores amigas e confidentes. Falamos tudo uma pra outra. Bem, quase tudo. Ela não tem ideia do que eu já passei antes de conhecê-la. Mas. Eu não quero sujar a nossa amizade com uma coisa tão sórdida. Eu nunca contei isso pra ninguém e nunca vou contar. Eu sinto muita vergonha e me sinto suja. Curiosamente, eu também não quero entrar em detalhes sobre o que aconteceu na última sexta-feira. Eu não parei de pensar sobre isso durante todo o final de semana. Eu nunca me senti tão... tão... incrivelmente excitada com uma pessoa. Nunca foi desse jeito com ninguém. Eu senti uma poça se formar entre as minhas pernas cada vez que eu pensei nele. E, eu tenho que dizer, eu pensei nele o tempo todo, eu me toquei enquanto relembrava cada toque dele, cada investida, cada palavra suja... Deus, eu amei as palavras sujas e eu gozei com meu vibrador inúmeras vezes nos últimos dois dias  pensando nele.

Céus, eu preciso esquecer isso. Eu preciso tirar esse cara da minha cabeça. Decidida, eu me levanto e faço meu caminho até o escritório de Samanta. Hoje é o primeiro dia dela aqui na empresa depois que ela quase foi assassinada por um ex-funcionário corrupto. Ela, competente como é, descobriu uma série de irregularidades e comunicou ao seu noivo e dono da empresa, Jake. Graças a Deus, o tal cara foi morto e ela está viva.

Ela agendou uma reunião para me apresentar oficialmente aos funcionários no início da tarde, já que quando eu cheguei aqui, ela estava afastada.  Outro ponto a ser discutido, é que depois do que aconteceu aqui na empresa, Jake decidiu terceirizar os serviços contábeis da empresa e Samanta pediu que eu cuidasse de todo o processo de transição, inclusive planejar e executar as mudanças junto com o dono da empresa de contabilidade, também amigo de Jake. Um tal Harold Parker. Como eu ainda não tenho uma assistente pessoal, Sam pediu a Nicole para agendar a tal reunião com Harold e ela marcou para o final da tarde de hoje.

Nós tivemos um bom momento hoje. Almoçamos juntas e conversamos bastante sobre o seu casamento que será daqui a menos de um mês. Falamos mais dela e do trabalho. Eu tentei manter o assunto longe de mim, pois eu não estou pronta para falar sobre o que aconteceu na sexta-feira. Eu ainda me sinto uma louca irresponsável. Eu sei que Sam jamais irá me julgar. Mas eu quero manter isso pra mim. Como uma loucura, um segredo sujo, que é só meu e eu não vou compartilhá-lo com ninguém. Pelo menos não ainda. Talvez depois.

Após o almoço eu a acompanhei até uma joalheria, onde ela comprou a aliança que ela dará a Jake no dia do casamento. Eu me esqueci de dizer que, para irmos almoçar sozinhas, nós fugimos da sua segurança pessoal e, qual não foi a nossa surpresa, quando saímos da joalheria e damos de cara com os dois guarda-costas parados na frente da loja com a porta do carro aberta. Ela teve ainda que ouvir um sermão do seu noivo, meu chefe. Eu acho que dessa vez ela entrou em apuros. Mas, foi divertido.

Após o almoço tivemos a reunião com toda a equipe e em seguida eu passei na minha sala para me preparar para ir encontrar o tal Harold. A reunião será no seu escritório, em um empresarial relativamente próximo a GE. Eu poderia ir caminhando, mas decidi ir de táxi para não me atrasar e para não chegar toda suada. Eu queria causar uma boa impressão.

De frente para o grande prédio com uma infinidade de andares e fachada espelhada, eu examinei minha imagem nos vidros espelhados. Eu estava vestida com uma saia lápis na cor preta e uma blusa com gola Jabour rosa seco. Por cima, uma jaqueta preta, saltos agulha com 15 centímetros e minha pasta executiva. Meus cabelos estavam presos em um coque elegante e antes de sair eu cuidei para que nenhum fio estivesse fora do lugar. Eu dei um sorriso para o meu reflexo, sentindo-me bem, confiante. Agora estava na hora de fazer um bom trabalho e deixar Sam e Jake satisfeitos. Eu caminhei pelo grande hall até uma imponente bancada de mármore pálido onde seis recepcionistas estavam elegantemente posicionadas. Duas delas estavam atendendo. Eu me dirigi a uma delas – Olá.

─ Olá, boa tarde. Em que posso ajudá-la?

─ Aqui ficam os escritórios da Parker Company Accounting?

─ Sim. Eles ocupam os três últimos andares. Qual o setor?

─ Bem, eu sou esperada para falar com o Sr. Parker, Harold Parker.

 ─ Você pode esperar só um momento que eu vou anunciar a sua chegada – enquanto ela faz uma chamada e eu aproveito para olhar em volta. Na parede atrás das recepcionistas há um painel eletrônico. No topo da grande tela tem o nome do edifício: Business Parker. Em seguida vários nomes de empresas e suas respectivas salas e andares. Como a recepcionista havia explicado os três últimos andares estavam destinados a Parker Company Accounting. No entanto, o último andar fazia referência à administração predial e Business Parker. Analisando superficialmente, eu deduzo que esse tal de Parker possui uma empresa, que é proprietária do prédio e aluga salas, além de possuir uma empresa de contabilidade – Senhorita Burgos?

─ Sim?

─ Você é esperada no último andar. É só entrar no último elevador à esquerda. Ele é privativo e irá funcionar uma vez que você inserir este cartão. Ele levará você diretamente para o último piso – Ela me entrega um cartão de acesso com a sigla HP e eu agradeço e sigo para o elevador.

O prédio era moderno e o elevador também. Eu apertei o botão referente ao último andar e inseri o cartão. Eu sempre sinto um frio na barriga quando estou em um elevador em movimento, mas aquele me deixou ainda mais nervosa. Em cerca de um minuto eu estava no último piso e meu coração parecia que ia sair pela boca. Eu respirei e saí do elevador. Ao me aproximar das grandes portas duplas de vidro, elas se abriram e uma elegante assistente ficou de pé para me receber.

─ Bem-vinda, Senhorita Burgos. Só um instante que eu vou anunciar a sua chegada. – Ela pegou o telefone e apertou um botão. Em seguida falou: ─ Sr. Parker, a Senhorita Caroline Burgos está aqui para vê-lo – Eu segurei o riso, por que assim que eu cheguei aos Estados Unidos, eu demorei a me acostumar com a maneira que as pessoas pronunciavam meu nome, principalmente o “Caroline”, pois eles pronunciam o “a” com som de “e” e a letra “i” com som de “ai”, de modo que a pronúncia fica algo como; “Kerolaine”. – O senhor não vai mais precisar de mim? – a assistente prestativa perguntou – Sim, Senhor. Até amanhã. – Ela então me deu um belo sorriso – O Sr. Parker está a sua espera. Siga o corredor e entre nas portas duplas de madeira. Não precisa bater.

Eu agradeci e segui na direção apontada. Assim que eu entrei no espaçoso corredor, eu vi uma porta dupla do lado direito. E eu estava prestes a bater, quando lembrei que a assistente disse que não era necessário. Então eu girei a maçaneta e empurrei a porta aberta. Eu não prestei atenção nos detalhes do ambiente, apenas olhei em direção a grande mesa de madeira maciça. Eu apenas pude ver o encosto da cadeira, pois o seu ocupante estava de costas para a entrada, falando ao telefone enquanto olha pelas enormes janelas de vidro que iam do chão ao teto.

─ Ok, Brant. Eu preciso desligar agora. Falamos amanhã.

Eu fiquei de pé no enorme escritório, esperando. Eu estava mais perto da entrada do que da sua mesa, tentando não ser tão invasiva, enquanto aguardava ele encerrar a sua chamada. Eu tinha um sorriso polido no meu rosto, um sorriso profissional que eu uso sempre para os assuntos de trabalho. Quando a cadeira de couro marrom girou, meu sorriso profissional foi para espaço. Eu fiquei pa-ra-li-sa-da. Minha boca se abriu pra dizer alguma coisa, mas nada saiu. Eu só fiquei ali, parada, olhando, com as pernas bambas, insegura, sem saber o que dizer. O sorriso sarcástico no rosto dele me disse que ele sabia. Filho de uma mãe, ele sabia. Mas como ele poderia saber? Será que ele sabia mesmo? Oh, meu Deus, ele mentiu o nome dele. Hill é o escambau, o nome dele é Harold Parker. Harold desgraçado Parker, Harold melhor orgasmo do mundo Parker, Harold gostoso Parker. Oh! meu Deus. Abra-se, chão, que eu quero sumir.

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