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🎭 1- Como assim casados ? 🎭

Viena Santoro.

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Sinceramente, a vida adulta pode ser um labirinto de decisões complexas e armadilhas inesperadas. É como se estivéssemos constantemente sob o fogo cruzado dos problemas alheios, enquanto tentamos desesperadamente resolver nossas próprias batalhas pessoais.

Ser a neta de Eleanor Santoro, a poderosa matriarca do império Santoro, certamente tem seus privilégios. Meu sobrenome abre portas e garante um certo nível de respeito e autoridade. No entanto, os fardos que acompanham esse legado são sufocantes, eclipsando em muito qualquer vantagem que possa oferecer.

Imagine minha surpresa quando, eu, Viena santoro, uma mulher independe, fria e calculista, que não tem o costume de tomar decisões por impulso, em uma noite qualquer, após um exaustivo dia de reuniões intermináveis e disputas acaloradas, dormi solteira ao acordar me vi repentinamente casada com o neto do homem que minha avó mais odiava na face da terra.

Para contexto da história, eu havia dispersado Gaspar aquela manhã. Pois o mesmo havia descumprido uma de minhas ordens, oque me trouxe uma grande dor de cabeça depois. Finalizei tudo oque tinha de fazer na empresa e

Retornando à mansão, fui surpreendida por um convite de Yumi, uma velha amiga cujo pai é um dos sócios da empresa. Eu deveria ter recusado o convite. Talvez, se tivesse feito isso, não estaria enfrentando o maior erro da minha vida.

Para entender a magnitude do problema, é preciso conhecer a história da minha avó. Eleanor Santoro não é apenas uma empresária poderosa; ela é uma figura enigmática com conexões obscuras que se estendem por teias de corrupção e intriga. Meu avô, o falecido Lorenzo Vassallo, foi Consigliere de um dos mais proeminentes mafiosos do país, Matteo Denaro, o antigo Don da Cosa Nostra. Essa associação com o submundo do crime garantiu à minha família inimigos formidáveis, entre eles Ângelo Bianchi. Um homem que até o próprio diabo temia, por sua frieza e crueldade.

Ângelo e meu avô costumavam ser amigos íntimos durante a juventude, mas suas vidas tomaram rumos opostos. Quando minha avó fugiu do casamento com Ângelo para se casar com meu avô, a ira do homem se tornou uma sombra sinistra sobre nossa família. Desde então, Ângelo dedicou sua vida a nos perseguir, alimentando um ódio profundo e implacável.

Ângelo nunca perdoou minha avó, e ao descobrir que meu avô quem havia ajudado, ele simplesmente passou a odiá-lo com todas as forças, passando a persegui-lo até o fim de sua vida.

Eleanor também nunca perdoou Ângelo por ter tirado seu primeiro filho dela. No momento em que a mansão da família foi invadida, ela acabara de dar à luz a um menino, apenas para descobrir que ele havia sido raptado no meio do caos. Sabia muito bem quem estava por trás daquela atrocidade.

Os dias que se seguiram foram de angústia insuportável, enquanto Eleanor e meu avô aguardavam desesperadamente por alguma notícia do paradeiro de seu filho. Finalmente, Ângelo entrou em contato, exigindo um resgate exorbitante em troca da liberdade da criança.

Sem hesitação, meus avós concordaram em pagar o valor exigido. Afinal, era seu filho, e não poupariam esforços para tê-lo de volta. Quando chegaram ao local combinado, tudo parecia estar correndo bem. Até que Eleanor pôde finalmente segurar seu filho nos braços.

Sem hesitar, Ângelo disparou contra o garoto, ceifando sua vida de forma brutal e abrupta. O horror da cena deixou Eleanor em estado de choque, enquanto a dor da perda se misturava com uma fúria avassaladora. Consumida pelo ódio, ela ordenou que seus homens capturassem Ângelo, determinada a fazer com que ele pagasse pelo terrível crime.

Ângelo foi levado para o subsolo sombrio da mansão, onde passou meses sujeito a torturas cruéis e impiedosas. Eleanor, movida pelo desejo de vingança, observava friamente enquanto ele definhou lentamente, implorando por misericórdia em vão. A mesma clemência que ele não teve para com o garoto nos braços de minha avó naquele fatídico dia.

E assim, Ângelo pereceu naquela cela imunda e escura, seus gritos ecoando pelo corredor enquanto sua vida se esvaía. Seus ossos ainda repousam ali até os dias de hoje, testemunhas silenciosas do destino cruel que lhe foi imposto.

Desde então, Eleanor alimenta um ódio profundo e irracional por toda a família Bianchi. Uma richa que ja dura a tres geracoes. E como sei de tudo isso, bem, ela simplesmente me contou tudo, após eu quase morrer do coração ao entrar na sala e encontrar um esqueleto humano pendurado ao teto da cela.

Voltando à realidade, bem, eu havia aceitado o convite de Yumi. Fomos a uma boate um pouco mais reservada onde apenas pessoas específicas costumavam frequentar. Não me lembro de nada que aconteceu naquela noite, tudo o que sei é que no dia seguinte, acordei na cama de um hotel, usando uma fantástica minúscula de noiva, ao lado de um brutamontes ao qual eu sabia muito bem quem era, mas que aprendi que era tão desprezível quanto o resto de sua família.

Surtei quando vi que ele estava nu, e advinhem só, eu também estava sem roupa íntima. Após alguns gritos, consegui acordar o homem ao meu lado, que ficou pálido ao me ver ali, enquanto se perguntava o que havia acontecido.

Moral da história, nós enchemos a cara, usamos inúmeros tipos de drogas e sabe lá Deus como conseguimos a proeza de nos casar sem ao menos querer.

🎭

Dois meses antes.

Milão [ ITÁLIA]

28 de setembro, 11h39 AM.

Viena.

🎭

Eu não conseguia acreditar naquilo. Aquela não era apenas uma manhã difícil após uma noite de excessos. Eu havia me tornado a esposa de Hector Bianchi, o mesmo sobrenome pelo qual minha avó carregava um ódio profundo. Era como se o destino estivesse rindo de mim, jogando em minha cara as consequências de minhas escolhas impulsivas.

Eu estava prestes a surtar de vez quando Hector finalmente começou a falar, sua voz rouca e grave ecoando no quarto de hotel.

—Viena, o que diabos aconteceu ontem à noite?— disse ele em tom autoritário.

Aquelas palavras me atingiram como uma tonelada de tijolos. Eu me virei para ele, meu coração batendo rápido e minhas mãos tremendo.

— Como você acha que eu sei?— Eu gritei, minha voz ecoando pelo quarto. — Você é o neto do homem que minha avó mais odiou em sua vida. E veja só, agora estamos aqui, ainda por cima casados. — digo pegando o maldito contrato de casamento que estava em minhas mãos, praticamente esfregando em sua face.

Hector estava igualmente atordoado, sua expressão passando de confusa para chocada em questão de segundos. Ele se levantou da cama abruptamente, puxando as cobertas para cobrir seu corpo nu.

— Isso não pode estar acontecendo.— Ele diz, gargalhando um pouco. Demonstrando o quão nervoso o mesmo estava. — Acha realmente que é a unica a ser afetada nessa palhaçada toda? Oque acha que meus pais irao pensar ao me ver casado com a neta da mulher que matou meu avô e simplesmente sumiu com o corpo. — Ele diz com muita raiva, caminhando de um lado a outro no quarto. — Isso não pode esta acontecendo. — ele murmurou mais para si, do que para mim.

Mas estava acontecendo. E agora, eu estava presa em um casamento com um homem que representava tudo o que minha avó mais odiava. Como diabos eu iria sair dessa bagunça?

Enquanto Hector tentava assimilar a situação, eu me levantei da cama, sentindo uma mistura de raiva e desespero crescendo dentro de mim. Olhei ao redor do quarto de hotel, tentando encontrar qualquer pista sobre como chegamos a essa loucura, mas tudo o que vi foram vestígios da nossa noite selvagem: garrafas vazias, roupas espalhadas pelo chão e o brilho do sol se infiltrando pelas cortinas semiabertas.

—Isso é um pesadelo — murmurei para mim mesma, sentindo uma onda de náusea me atingir. — Isso não pode ser real.—

Hector me olhou, seus olhos azuis expressando um misto de raiva e confusão. — Eu preciso sair daqui. — ele disse, parecendo determinado. —Eu não posso estar casado com você.—

— Você acha que eu quero estar casada com você?— Eu respondi, minhas palavras carregadas de frustração. — Nós precisamos anular isso. Agora.— digo buscando por meu celular em algum lugar do quarto.

Hector concordou, pegando suas roupas do chão e começando a se vestir apressadamente. Enquanto ele se arrumava, eu peguei meu celular tirando algumas fotos do contrato e enviando para meu advogado, junto com algumas ameaças, procurando desesperadamente uma solução para essa bagunça.

Enquanto esperávamos pela resposta do advogado, Hector e eu tivemos uma conversa tensa sobre como chegamos a essa situação. Parecia que ambos estávamos procurando por respostas que simplesmente não tínhamos.

Finalmente, meu advogado retornou minhas mensagens. Apos quase duas horas, informando que o contrato de casamento entre mim e Hector era válido e que a anulação não seria tão simples quanto esperávamos. Parecia que estávamos presos nesse casamento por enquanto, querendo ou não.

E em minha mente só vinham as inúmeras formas de como Eleanor iria me torturar e depois me deserdar, por ter feito uma burrada dessa magnitude.

Aquelas palavras ditas por meu advogado foram como um soco no estômago. Mas eu não ia desistir tão facilmente. Eu encontraria uma maneira de sair dessa situação, custe o que custasse.

Termino de me vestir e pego minha bolsa, que estava sobre a cama, ao lado do meu celular. Digito o número de Gaspar em meu celular e não demora muito para que ele atenda.

— Viena? Graças aos céus. Eleanor está uma fera. Você sumiu há dois dias e não dá sinal de vida. Sua avó quase me submeteu a uma sessão de tortura na noite passada, alegando que eu tinha pistas de onde você estava, mas que não queria colaborar. — A voz de Gaspar ecoa por meus ouvidos, deixando-me ainda mais tensa.

— DOIS DIAS. — Acabo por elevar o meu tom de voz, e coincidentemente atraindo a atenção de Hector, que me olha com as sobrancelhas arqueadas em descrença. — Não faço ideia de onde estou ou como cheguei aqui. Não estou ferida, mas posso garantir que irei matar Yumi assim que a encontrar. — digo friamente, tentando manter a calma. — Peça para rastrearem meu número. Você tem meia hora para vir me buscar, ou caso contrário, cumprirei as ameaças de minha avó referentes a torturar você.

Desligo o telefone, sentindo a raiva crescer ainda mais dentro de mim. Dois dias, estávamos desaparecidos há dois dias, onde diabos estávamos e como viemos para aqui, seja lá onde quer que estejamos.

— O que houve? — a voz de Hector ecoou pelo cômodo, me tirando de meus devaneios.

— Não é da sua conta.

— Tenho certeza que se é algo que envolve nós dois, então sem dúvidas é da minha conta. — Ele diz, seu tom de voz bem mais baixo e aveludado que o normal. — Vamos lá, Viena, olhe pelo lado bom. Estamos longe de todos, por que não aproveitamos a companhia um do outro? — Ele diz, dando alguns passos e diminuindo a distância entre nós dois.

— Agradeço sua proposta, Hector, mas terei de recusá-la. Primeiramente, nossas famílias se odeiam. Segundo, nós nos odiamos e terceiro, pelo que podemos ver aqui, a última vez que resolvemos aproveitar algo, acabamos casados e sem ao menos nos lembrarmos de como isso aconteceu. — Digo me afastando dele enquanto ouço sua risada.

Ignoro as palavras dele enquanto caminho pelo quarto. Pego novamente minha bolsa, saindo daquele lugar antes que eu me tornasse viúva, por matá-lo com minhas próprias mãos.

Eu estava em uma tremenda enrascada.

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