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🎭 3- Jogo de poder 1/3 🎭

Milão [ ITÁLIA]

29 de novembro, 10h37m A.M

Narradora.

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O homem de cabelos desgrenhados, com olhos castanhos esverdeados e pupilas dilatadas, percorria o pequeno banheiro do terceiro andar de um prédio antigo. Sua expressão denotava nervosismo, consciente de que não poderia falhar, apesar de ter se envolvido naquela situação por vontade própria. Passou as mãos pelos cabelos emaranhados, questionando-se mentalmente sobre sua própria sanidade ao se imiscuir naquele jogo doentio.

O som do celular quebrou o silêncio do ambiente, fazendo-o dar um pulo. Respirou fundo antes de atender, sentindo calafrios percorrerem sua espinha ao reconhecer a voz do outro lado da linha.

— Pensei que você fosse eficaz nisso tudo, mas começo a duvidar. — disse a voz feminina, carregada de sombras. — Um conselho, prove-me errada ou perderá mais do que imagina.

— Não falharei. — respondeu ele com convicção, tentando ocultar seu estado emocional por trás das palavras.

— É melhor que não falhe. Você sabe o que acontece com quem me desafia. Apenas siga as ordens e terá sua vida de volta. — a voz ecoou, impiedosa.

— Preciso voltar ao trabalho. — afirmou ele, firme, ignorando o tremor interior que o acometia.

Um riso maléfico ecoou do outro lado da linha, fazendo-o estremecer até a alma. Respirou fundo, lutando para manter a compostura.

— Lembre-se, é sua família que está em jogo. — a ligação se encerrou abruptamente, deixando-o com a angústia dilacerante de suas palavras.

Guardou o celular no bolso da calça, determinado a fazer o que fosse necessário para proteger sua família, mesmo que isso significasse atentar contra o próprio sangue.

Ele havia começado a trabalhar na empresa com um único objetivo, se aproximar da família, ganhar sua confiança então matá-los era algo simples, prático até. O problema todo começou quando ele buscou por mais respostas sobre seu passado, descobrindo que aquela era a família à qual ele nunca foi apresentado, e que eles também não sabiam de sua existência. Mas se eles nunca tiveram uma relação parental de fato, então por qual motivo parecia tão errado para ele atentar contra a vida da mulher de longos cabelos cacheados.

A mesma a qual ele a acabará de descobrir ser sua irmã? Ele observou seu reflexo no espelho, tentando encontrar a determinação necessária para seguir em frente com o plano. Jogou água no rosto, como se pudesse afastar as dúvidas que o assombravam. Mesmo assim, a imagem que o encarava de volta refletia a angústia que carregava consigo. Respirou fundo e fez um esforço sobrenatural para recompor-se, sabendo que ninguém poderia desconfiar de seus verdadeiros sentimentos. Era para o bem de todos ao seu redor, e ele estava ciente disso.

Com passos firmes, dirigiu-se ao seu local de trabalho, preparado para enfrentar o dilema que o consumia por dentro. Sabia que teria que escolher entre a lealdade à família que conhecera a vida toda e a tarefa imposta pela voz sinistra ao telefone. No entanto, uma coisa era certa: ele faria o que fosse preciso para proteger aqueles que amava, mesmo que isso significasse sacrificar sua própria felicidade.

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MILÃO [ITÁLIA]

29 de Novembro, 13h27 P.M.

Viena.

🎭

Sentada à minha mesa, analiso os documentos à minha frente. Seria uma espécie de proposta de uma empresa vinda do Oriente Médio, que prometia revolucionar o mercado imobiliário com ideias inusitadas de design e arquiteturas ousadas demais para os mais antigos, e malucas demais para os mais jovens.

A empresa em questão era recente no mercado e vinha trazendo uma proposta totalmente inovadora. Contudo, seria uma empreitada bastante arriscada investir cerca de 150 milhões de dólares em seus empreendimentos, esperando ter o dobro como lucro em um curto espaço de tempo, menos de um ano.

Respiro fundo, passo as mãos pelos meus cabelos, prendendo-os em um coque frouxo. Tomo um gole do meu café tentando acalmar a minha mente, quando ouço o toque incessante do meu celular.

Exibido na tela estava o nome do meu querido esposo, também apelidado como "Diablo". Ignoro a ligação apenas para tê-lo ligando novamente, uma, duas, três,... dez ligações depois. Opto por atender apenas para saber o que de tão importante estava acontecendo.

Hector não costumava me ligar, a não ser para fazer convites indecentes que incluíam repetir a noite à qual sequer nos lembrávamos que havia acontecido.

Atendo a chamada, quando novamente seu número brilha na tela do celular. Vencida pela curiosidade, eu admito.

— A que devo a honra, meu amor? — digo serenamente.

— Diga a seus brutamontes para liberarem minha passagem, Viena, ou caso contrário, meus homens não irão hesitar em começar um massacre nesse maldito lugar até que eu chegue até você. — A voz de Hector soa com extrema raiva, fazendo-me rir de suas palavras.

— Você não é louco, Hector. Tem muito mais juízo que o resto de sua família. Então, não se faça passar por um psicopata. — digo em meio a risos. — Seu tom de voz quase me convenceu. Vamos lá, amor, não queremos envolver inocentes em nossa pequena brincadeira, não é verdade? — digo calmamente. — Diga-me o que deseja, e eu pensarei se devo ou não liberar a sua entrada.

— Você quase me matou na noite passada, sua filha de uma... — o interrompo antes que ele pudesse terminar a frase.

— Cuidado com a boca, amor, tenho certeza que minha sogra, que com sorte está queimando no inferno, não gostaria nem um pouco de ouvi-lo falando desta maneira com sua esposa. — digo com sarcasmo, e ouço seus gritos do outro lado da linha, o que certamente me faz rir ainda mais.

— Não abra sua boca imunda para falar da minha mãe, sua desgraçada. Ouça bem, Viena, você tem cinco minutos para liberar minha entrada. Caso contrário, diga adeus aos seus homens. — Ele diz com fúria, desligando o celular em seguida e me fazendo revirar os olhos.

"Libere a entrada. Apenas Hector deve entrar, e sozinho. Mantenha todos alertas, um passo em falso de qualquer um dos homens dele, e você tem total liberdade para atirar. Confio em você, Gaspar." — encaminho o áudio para Gaspar, que rapidamente visualiza, mandando apenas um emoji de confirmação.

Verifico em minha gaveta, meu revólver está lá. Destravado e carregado, pronto para ser usado em caso de urgência.

"Ele está subindo. Prefere que eu esteja por perto?" A mensagem de Gaspar brilha em minha tela.

"Agradeço a preocupação, mas Hector não representa uma ameaça real. Sei me cuidar bem, apenas mantenha seus homens atentos." respondo rapidamente, deixando o celular de lado e seguindo até a porta do meu escritório.

— Evan. — Chamo a atenção do meu assistente que está concentrado em seu computador.

— Sim, senhorita Santoro.

— Pegue suas coisas e desça. Faça uma pausa ou então vá até algum lugar vago na empresa para terminar de analisar os documentos. Estou para receber um convidado um tanto quanto intimidador e as coisas podem sair do controle um pouco. — digo calmamente e percebo quando seus olhos se arregalam enquanto me observa como se uma segunda cabeça tivesse nascido em meu corpo.

— A senhorita tem certeza que...

— Sim, Evan, tenho certeza. Eu ficarei bem, agora vá, por favor. E apenas por precaução, não use o elevador principal, talvez meu convidado esteja um pouco alterado. — digo sorrindo e voltando para meu escritório.

🎭 Narradora. 🎭

Sentada em sua cadeira como se nada de fato estivesse acontecendo, Viena permanece plenamente calma, ainda com os olhos focados nos documentos que estão sobre sua mesa. Analisando-os atentamente enquanto aguarda a tão esperada visita de Hector.

Não demora muito para que a porta de seu escritório seja bruscamente aberta, revelando o homem alto de pele clara, cabelos negros e olhos azulados gélidos, que revelam um pouco da fúria que o mesmo sente naquele momento.

— VOCÊ ENLOUQUECEU? — Seus gritos ecoam por todo o escritório, enquanto Viena permanece paciente, ainda com os olhos focados nos documentos à frente de sua mesa.

— Boa tarde para você também, meu amor. Sinto muito por não ter atendido as ligações. Sabe como é, estou incrivelmente ocupada hoje. — Ela diz calmamente, sua atenção se volta para ele com o sarcasmo nítido em suas palavras.

— POR ACASO TENHO A PALAVRA OTÁRIO TATUADA EM MINHA TESTA, VIENA? VOCÊ MANDOU AQUELE DESGRAÇADO QUE SE DIZ SEU SEGURANÇA SABOTAR O MEU CARRO. MEUS FREIOS FORAM CORTADOS SUA VADIA. — Hector gritou aos quatro ventos, aproximando-se a passos largos da cadeira onde Viena permanecia plenamente sentada. — SEUS JOGOS QUASE CUSTARAM A MINHA VIDA EA VIDA DE MEU IRMÃO, SUA DESGRAÇADA. — Ele esbraveja, ao romper a distância entre eles, prendendo-a contra a cadeira e impedindo-a de se mover.

— Não sei do que está falando, amor. Passei a manhã inteira em uma reunião. — Ela diz pacientemente, erguendo uma de suas mãos para acariciar o rosto do mesmo, em uma parte específica onde continham alguns arranhões. — Você está machucado, o que aconteceu? — Sua voz soa com preocupação, e por um momento, por um breve momento, o poderoso Hector Bianchi quase acreditou em suas palavras.

Poderia-se dizer que Viena era uma verdadeira mestra na arte da manipulação, e bem, Hector estava começando a perceber isso, ou não.

As mãos dele abandonaram os braços da cadeira, voando em direção ao pescoço da mesma. Pressionando fortemente sua cabeça contra o encosto da cadeira, enquanto ele apertava seu pescoço com raiva.

Viena sorriu, uma de suas mãos subiu até a gravata de Hector, puxando-a para baixo até que os olhos dele estivessem focados nos dela, um misto de raiva e confusão se fazia presente em sua face. Ele apertou ainda mais forte o pescoço dela, algo que sem dúvidas deixaria marcas mais tarde.

— O único lugar onde gosto de ser enforcada é na cama, Hector. Fora isso, ninguém encosta em mim. — Sua voz saiu quase como um sussurro, um sorriso perturbado passou por seus lábios antes que ela pudesse acertar um chute certeiro no meio de suas pernas.

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