Milão [ ITÁLIA. ] 05 de dezembro, 15h05 P.MViena. 🎭 —Mãe? — a voz de Gaspar ressoou pelo cômodo. Senti quando dona Lúcia se desfez do meu abraço, provavelmente seguindo até seu filho ainda em prantos.Mantenho-me de costas para a entrada da cozinha onde ambos estavam. Não me viro para encará-lo, mas posso sentir seu olhar queimando em minhas costas. Criando coragem, respiro profundamente, enxugando as lágrimas que ainda rolavam por meu rosto.Viro-me em direção à porta. Gaspar tentava consolar sua mãe com palavras doces, enquanto a mantinha em seus braços. Porém, seus olhos se fixaram nos meus quando me virei. Aproximo-me de ambos e percebo quando um de seus braços se abre para mim, como se estivesse esperando que eu me juntasse àquele abraço.Ignoro seu gesto, aproximando-me de dona Lúcia e passando minha mão em seus cabelos grisalhos.— A senhora sabe que estarei aqui para o que precisar. Isabella é muito importante para mim, e estou disposta a ajudar no que for preciso. Gaspar
Aquele tumulto lá fora não era da minha conta, eu estava focada no meu próprio jogo. Sentada em sua cama, continuei a revisar meu plano repetidamente. Não tinha a intenção de matá-lo; isso seria extremo demais. Na verdade, pretendia torturá-lo até que ele cedesse e me contasse por que diabos enviou chocolates envenenados para uma criança. Pelo amor de Deus, uma criança! Não envolvi seus sobrinhos ou afilhados em nosso jogo doentio; não havia motivos para ele fazer algo tão desumano.No entanto, se ele não tivesse feito isso, eu terei um problema ainda maior em minhas mãos a ser resolvido. Porque eu posso garantir que irei atrás do desgraçado ou desgraçada que tentou me atingir usando meu ponto fraco, irei buscá-lo no inferno se preciso for. Sei que não deveria ter me apegado tanto a Isabella, é perigoso considerando a família à qual pertenço e os acontecimentos do passado que ainda me assombram.Foi inevitável ver Isabella e não lembrar de uma versão mirim de mim mesma quando ainda mo
Me afasto novamente, sigo até os pés da cama, onde amarro seus pés contra a cama, impossibilitando qualquer movimento dele. Sorrio quando seus olhos me observam com incredulidade.Sorrio novamente, pegando uma mordaça em sua caixa que iria servir para abafar seus gritos e sigo até ele, com o objeto em minhas mãos.— Para que serve isso, Viena? — Ele pergunta, parecendo um tanto quanto receoso.— Shhh, amor, silêncio. Lembre-se, eu dou as ordens. — Digo, acariciando seu rosto.Subo em cima da cama, e logo depois em cima dele, mantendo minhas pernas uma de cada lado de seu corpo. Sentada em sua barriga, o observo por um momento, a respiração irregular tornando tudo ainda mais prazeroso.Sua pele quente e macia faz minha intimidade pulsar por um momento. Ainda não entendo por que diabos meu inimigo precisava ser alguém tão gostoso. Amarro a mordaça em sua boca, para impedi-lo de gritar ou, ao menos, para abafar seus gritos.Saio de cima dele, e vejo seu olhar de decepção cair sobre mim.
O relógio na parede da cozinha marca por volta de 01h54 A.M. Tomo um longo gole de água, respiro profundamente. A casa está silenciosa como sempre, com exceção dos cães no canil e de meus homens fazendo rondas em todo o perímetro da mansão.Subo as escadas e sigo pelo corredor em direção ao meu quarto. Ao lado de fora, para minha surpresa, encontro Gaspar deitado no chão, próximo à porta do quarto. Reviro os olhos, me aproximo do mesmo, me abaixando ao seu lado e o balançando um pouco.— Acorde, Gaspar. — digo com tranquilidade enquanto o empurro levemente. Não demora muito para seus olhos se abrirem e focarem em mim.— Viena, você chegou. — ele diz, ainda desnorteado. — Que horas são?— Quase duas da manhã, o que faz aqui?— Queria ter certeza que estava segura.— Você está fora de seu horário de trabalho, não deveria se preocupar tanto.— Não é apenas sobre trabalho. — Ele diz, ainda sentado no chão. Seus olhos verdes fitando os meus por um momento.— Venha, esta tarde. Não vou deix
Milão [ ITÁLIA] 07 de dezembro, 16h47Viena.🎭 Concentro-me nos papéis diante de mim, revisando um após o outro com toda a atenção do mundo, quando a porta do meu escritório é bruscamente aberta, fazendo com que meus olhos se voltem para a figura à minha frente.— Da próxima vez que invadir minha sala sem bater, sugiro para sua propria segurança que esteja usando um colete à prova de balas, Sebastian. O que quer? — digo com calma, mantendo meus olhos nos papéis à minha frente.— ISSO É UM ULTRAJE, VIENA! EU NÃO IREI ACEITAR TAMANHO DESRESPEITO. COMO OUSA ME DEIXAR DE FORA DE ALGO TÃO IMPORTANTE QUANTO ESSE PROJETO? EU EXIJO UMA EXPLICAÇÃO! — Respiro profundamente, desviando minha atenção dos papéis que estavam em minha mesa para o homem de aproximadamente 1,80 m de altura que gritava e fazia um grande espetáculo em minha sala, como se aquele fosse seu palco particular.Sebastian era um funcionário antigo e, bem, um possível sócio, detentor de apenas 1% das ações da empresa. Em sua
Menton [ FRANÇA] 08 de dezembro, 03h47 A.MNarradora. 🎭 O homem de cabelos castanhos e olhos castanhos esverdeados pendia das correntes presas ao teto daquela cela sombria. Seu corpo exibia os sinais cruéis do tormento que sofrera: ferimentos abertos jorravam sangue, lesões e fraturas marcavam cada centímetro de sua pele, enquanto manchas de sangue seco testemunhavam a violência que ali ocorreu.A escuridão sufocante foi dissipada pelo ranger metálico da porta da cela, abrindo-se para revelar a figura sinistra da mulher de cabelos vermelhos, flanqueada por dois capangas. Seus olhos, frios como gelo, encontraram os do homem indefeso, e um sorriso sádico dançou em seus lábios pintados de vermelho.— Este lugar está uma verdadeira pocilga.— ela disse, o tom de desdém ecoando nas paredes sujas. — Thomas, eu fui clara quanto aos aposentos do nosso convidado,não fui? — sua voz carregada de sarcasmo fez os capangas se entreolharem, contendo risos. — E quanto a você, querido, apreciando
Havia algo diferente no semblante de minha avó, um misto de leveza e preocupação, algo que por um breve momento me fez ficar atenta. Atenta o suficiente para perceber que talvez a conversa que teríamos pela frente, não seria tão agradável quanto parecia ser. — Nonna. — Chamei sua atenção e percebi quando ela voltou à realidade. — Mandou me chamar?— Sente-se, Viena, temos muito o que conversar. — ela disse serenamente, enquanto retirava alguns papéis de uma pequena caixa à sua frente. — Vi as câmeras esta manhã, um curioso casal de jovens tomando café na cozinha, entre risos bobos. — ela soltou o ar, respirando profundamente e massageando suas têmporas.— Nonna, isso não é algo que irá se repetir. Conversei com Gaspar, ele não voltará a andar sem camisa pela casa novamente, também concordo que ele se sente exposto demais às vezes e... — Ela levantou a mão direita, interrompendo minhas palavras, um sinal claro para me fazer parar de falar, um sinal claro de "Basta".— Ele morreria po
07 Janeiro de 1973MILÃO [ ITÁLIA]Narradora. 🎭 Os meses passaram rápido demais para Eleanor, desde aquele parto complicado há cerca de quatro meses. Descobrir que esperava gêmeos foi uma surpresa chocante no momento do parto, não detectada pelos médicos nas ultrassonografias anteriores. Após nove horas de trabalho de parto, finalmente pôde segurar sua filha e seu filho nos braços, amamentando-os com amor.Lorenzo estava radiante, mas sua felicidade desapareceu rapidamente quando as suspeitas começaram a surgir. Consciente dos rumores dentro da organização, envolvendo a antiga rainha da máfia Cosa Nostra e o temido DON, ele tentou ignorá-los. No entanto, sua calma não foi suficiente para ignorar o que aconteceu naquela fatídica noite.Os gritos vindos da sala principal da mansão da família Santoro ecoavam pela madrugada. Eram 02h38 quando Eleanor e Lorenzo se envolveram em uma discussão acalorada devido aos acontecimentos daquela noite.Lorenzo estava furioso, incapaz de aceitar o