A vida é como um jogo de azar, onde quanto mais você ganha, mais você quer arriscar. Os limites se diluem, as apostas se tornam audaciosas e, quando percebe, a sede pelo poder domina você a ponto de arriscar o que há de mais valioso, tudo por mais uma chance, por uma nova tentativa.
Eu, Viena Santoro, herdeira de Eleanor Santoro, uma das mulheres mais implacáveis e calculistas da Itália, posso afirmar com convicção que absorvi os ensinamentos de minha avó. Com o tempo, desenvolvi meus próprios truques, mas o caminho até aqui não foi fácil.Antes de ser acolhida por Eleanor, vivenciei uma série de situações, a maioria causada por mim mesma. Aos seis anos, testemunhei uma briga violenta entre meus pais. Eliza, minha mãe, atirou em meu pai a queima-roupa, alimentada por suspeitas de traição.Um ano depois, meu pai foi fatalmente baleado por ela em outra discussão acalorada. Após a tragédia, fui enviada para viver com a irmã mais nova de minha mãe, uma mulher amarga e promíscua. Em meio ao caos, um dos amantes dela tentou me agredir, mas sua tentativa foi sua última ação, pois amanheceu morto na banheira.Sophie, minha tia, foi presa pelo crime, embora estivesse ausente no momento do ocorrido. O destino dela estava selado pelas evidências deixadas para trás.Após essa reviravolta trágica, fui morar com o irmão de meu pai e sua esposa. Ele sofria de transtorno bipolar, e sua esposa nutria um ódio profundo por mim, culpando-me pela escolha de meu pai em ficar com minha mãe biológica. Sob seus maus-tratos, encontrei refúgio na literatura e nos doces, até que um dia, em um acesso de fúria, eles tentaram me agredir e a casa pegou fogo, levando a vida dela e levando-o ao manicômio.Após vagar por diferentes lares, fui acolhida por Eleanor, minha avó, uma mulher fria e calculista. Ela me ensinou a nunca abaixar a cabeça e a confiar apenas em meus instintos. Sob sua tutela, cresci em um ambiente de proteção extrema, preparando-me para assumir o império que ela construiu.Aos quatorze anos, comecei a treinar autodefesa; aos quinze, aulas de tiro. Aos dezesseis, um colega teve seu braço quebrado em uma brincadeira de mau gosto. Aos dezessete, minha mãe biológica saiu da prisão, e tentei uma reconciliação, mas percebi que esperar algo civilizado dela era ilusão.Brigávamos incessantemente, e ela insistia em me culpar pela morte de meu pai, como se eu tivesse puxado o gatilho.Até que em uma fatídica noite, o álcool envenenou os sentidos do atual parceiro de Eliza, desencadeando uma briga violenta que culminou na porta do meu quarto sendo arrombada por ele. Eu o aguardei do outro lado, sentada calmamente em minha cama, um sorriso gélido adornando meu rosto enquanto uma arma apontava para sua têmpora. Não houve necessidade de mais palavras.No dia seguinte ao saber dos acontecimentos por um de seus homens, Eleanor tomou uma decisão firme: Recusando-se a me deixar continuar naquele lugar ao qual Eliza chamava de lar. Ela ordenou que eu reunisse minhas coisas, e por fim, retornei para morar com ela na mansão da família.O tempo avançou rapidamente, e hoje me encontro como uma das mulheres mais influentes de toda a Europa. Sou desejada, invejada e cobiçada por muitos, liderando o império que minha avó iniciou. Estou determinada a dar a ela o orgulho que suas próprias filhas não puderam proporcionar, pois sucumbiram às fraquezas das emoções.Cortei os laços com minha mãe biológica há quase uma década, e sinceramente, não sinto falta dela. Estou em paz com essa decisão, focada em construir meu próprio legado e seguir em frente.Imaginem estar no auge do poder e ainda assim ser tola o suficiente para confiar em alguém, fazer loucuras das quais eu se quer me lembro que fiz, apenas para acordar no dia seguinte casada com o neto do homem que minha avó mais odiava em toda a sua vida. Sim, consegui essa façanha e não me orgulho nem um pouco disso.Hector Bianchi é uma das figuras mais influentes em toda a Itália. Sua pele bronzeada, cabelos negros e intensos olhos azuis o tornam um verdadeiro deus grego, o sonho de consumo de muitas mulheres e coincidentemente o alvo de inúmeros apelidos.Porém, não nos suportamos. Mal podemos respirar o mesmo ar sem que um tente matar o outro. Então, muitos se perguntam como acabamos casados. A resposta? Nem eu sei.Para piorar, o maldito contrato de casamento é irrevogável, então nos vemos presos em um jogo que carinhosamente apelidei de "Até que a morte nos separe".Isso pelo simpes motivo de que a algumas semanas atrás, o desgraçado encomendou mais de trinta, isso mesmo TRINTA buquês de lírios brancos, enchendo meu escritório com essas flores, para muitos, um gesto fofo e romântico. Poderia ser, se eu não fosse mortalmente alérgica a lírios.Ao entrar no escritório, quase tive uma crise alérgica, chegando à beira de uma parada cardíaca. No dia seguinte, após a limpeza do local, meu segurança particular e homem de confiança, Gaspar, entregou-me um pequeno bilhete que foi encontrado pelo pessoal da limpeza, com os seguintes dizeres."Para serem usadas em seu funeral, querida. Espero que queime no fogo do inferno meu amor.Com carinho H.B"Hector brincou com fogo ao me enviar aquelas flores, e se ele gosta desse tipo de jogo, quem sou eu para não dançar conforme a música?Assino o pequeno cartão de cor preta e chamo meu assistente para que o mesmo possa enviá-lo.— Evan, faça com que isso chegue até o apartamento de Hector, ponha a encomenda em nome de Yumi Yamazaki. Faça isso agora de preferência. — digo calmamente, tornando a focar nos papéis à minha frente.— Certo Senhorita. — ele diz, pegando a caixa e saindo de minha sala. Deixando-me sozinha enquanto volto minha atenção para os documentos aos quais eu deveria revisar e assinar.O pacote ao qual Evan levou continha um pequeno bilhete dentro. Bilhete esse que só pode ser descoberto após quem o receber comer uma boa quantidade." Espero que aprecie chocolates querido, comprei esta caixa apenas para você. Saborei cada um deles pois eu mesma me certifiquei de que será essa sua última refeição.PS. Envie flores para o capeta Hector e aproveite de um oi a ele por mim, já que em breve você estará ao lado dele.V.S"Viena Santoro. 🎭 Sinceramente, a vida adulta pode ser um labirinto de decisões complexas e armadilhas inesperadas. É como se estivéssemos constantemente sob o fogo cruzado dos problemas alheios, enquanto tentamos desesperadamente resolver nossas próprias batalhas pessoais.Ser a neta de Eleanor Santoro, a poderosa matriarca do império Santoro, certamente tem seus privilégios. Meu sobrenome abre portas e garante um certo nível de respeito e autoridade. No entanto, os fardos que acompanham esse legado são sufocantes, eclipsando em muito qualquer vantagem que possa oferecer.Imagine minha surpresa quando, eu, Viena santoro, uma mulher independe, fria e calculista, que não tem o costume de tomar decisões por impulso, em uma noite qualquer, após um exaustivo dia de reuniões intermináveis e disputas acaloradas, dormi solteira ao acordar me vi repentinamente casada com o neto do homem que minha avó mais odiava na face da terra. Para contexto da história, eu havia dispersado Gaspar aq
Dias atuais. Milão [ ITÁLIA]28 de novembro. 09h37 A.MViena. ~¤~Ao descer as escadas, posso ouvir ao longe as vozes vindas da cozinha. E a julgar pelo tom irritado da voz feminina, posso afirmar que Eleanor não estava em seu melhor humor esta manhã. Não é algo com o qual eu precise me preocupar; certamente um de seus homens fez algo que a deixou um tanto irritada.O som dos meus saltos contra o piso de porcelanato ecoava ao longe. Ao me aproximar da sala de jantar, percebo que o tom de voz de Eleanor estava elevado. Ela estava realmente estressada esta manhã e sinceramente, mal posso esperar para descobrir o que aconteceu.Ignoro a sala de jantar, seguindo diretamente para a cozinha onde encontro Cecília, a cozinheira da casa que preparava o café da manhã.— Bom dia, menina. — Ela diz ao notar minha presença, esboçando um grande sorriso enquanto prepara algo no fogão, cujo cheiro estava divino.— Bom dia, Cecília. Pelo visto, Eleanor não está no melhor dos humores esta manhã. — d
Milão [ ITÁLIA]29 de novembro, 10h37m A.M Narradora. 🎭 O homem de cabelos desgrenhados, com olhos castanhos esverdeados e pupilas dilatadas, percorria o pequeno banheiro do terceiro andar de um prédio antigo. Sua expressão denotava nervosismo, consciente de que não poderia falhar, apesar de ter se envolvido naquela situação por vontade própria. Passou as mãos pelos cabelos emaranhados, questionando-se mentalmente sobre sua própria sanidade ao se imiscuir naquele jogo doentio.O som do celular quebrou o silêncio do ambiente, fazendo-o dar um pulo. Respirou fundo antes de atender, sentindo calafrios percorrerem sua espinha ao reconhecer a voz do outro lado da linha.— Pensei que você fosse eficaz nisso tudo, mas começo a duvidar. — disse a voz feminina, carregada de sombras. — Um conselho, prove-me errada ou perderá mais do que imagina.— Não falharei. — respondeu ele com convicção, tentando ocultar seu estado emocional por trás das palavras.— É melhor que não falhe. Você sabe o q
Hector caiu de joelhos, soltando bruscamente o aperto em volta do pescoço de Viena, para levar suas mãos até seus órgãos que, a essa altura, latejavam devido ao impacto.Viena buscou por ar, se recuperando rapidamente antes de se pôr de pé, enquanto Hector ainda se mantinha agachado, com gemidos baixos vindos dele ecoando pelo ambiente.— É uma pena que seus gemidos não sejam de prazer, querido. — Ela diz agachando ao seu lado, ainda mantendo a calma e a plenitude de momentos antes. — Sabe, Hector, poderíamos estar aproveitando essa nossa conversa de uma maneira um pouco mais... satisfatória para ambos. Contudo, você invadiu o meu escritório me acusando de ter mandado Gaspar sabotar o seu carro. — Ela dá um breve sorriso, levando sua mão até a face dele, erguendo-a para poder olhá-lo nos olhos. — Vou lhe contar uma coisa, querido. Eu não preciso que Gaspar faça o trabalho sujo, eu mesma ponho a mão na massa e acrescento, seus homens são tão burros ao ponto de me cederem livre acesso a
Milão [ ITÁLIA] 29 de novembro, 14h27 P.MNarradora.🎭 Com o susto do alto estrondo feito pelos disparos seguidos do barulho da porta batendo contra a parede, Viena e Hector se separaram abruptamente. Ambos focaram seus olhos na porta do escritório que havia sido arrombada. Agora Gaspar estava parado lá, observando a situação de ambos com um misto de fúria e desgosto estampado em sua face.— QUE MERDA É ESSA VIENA. — A voz de Gaspar ecoou por todo o cômodo, a ira era notável em cada palavra dele.Viena, por sua vez, sentou-se de forma relaxada no sofá, enquanto o observava com as sobrancelhas arqueadas, esperando que ele lhe desse um bendito motivo para toda aquela palhaçada.Ao seu lado, Hector tentava, podemos dizer que... se organizar rapidamente. Ainda sentado, ele tentava a todo custo colocar o cinto que estava sobre o pequeno sofá onde ambos estavam. Em sua pressa, ele sequer notou a aproximação de Gaspar, sendo atingido em cheio por um soco certeiro que lhe foi dado por Gasp
Em algum lugar na Sicília [ITÁLIA]03 de dezembro, Madrugada de Terça feira.02h48 A.M.Narradora.🎭Poderosa, destemida, imbatível, desinibida. Esses adjetivos, sem sombra de dúvidas, definiam a mulher que deslizava pelos corredores sombrios da antiga mansão da família Denaro, no norte da Sicília.Anos haviam se passado desde a última vez que ela caminhara por aqueles corredores, mas mesmo após tanto tempo, a mulher com cabelos grisalhos, emoldurados em um perfeito corte Chanel, mantinha-se inabalável. Ela conhecia cada canto daquela mansão, desde os calabouços até os quartos no segundo andar.Naquele lugar, por trás das grossas paredes, escondiam-se histórias macabras de um passado terrível. Houve momentos bons, sim, mas também momentos terríveis. E Eleanor Santoro sem dúvidas fazia parte de toda essa história.Eleanor caminhava com uma elegância magnética pelos corredores sombrios do antigo refúgio da máfia italiana. Cada passo ecoava como um eco do seu poder silencioso, enquanto
Enquanto isso, em algum lugar remoto, longe do mundo, Viena observava a noite fria, debruçada sobre a janela do chalé, contando uma estrela após a outra. Ela gostava de estar sozinha, de não sentir o peso do mundo sobre seus ombros.Seus pensamentos indo e vindo, retornando infelizmente aos acontecimentos de quatro dias atrás. Hector, Gaspar, a empresa, o maldito contrato a ser anulado. Seria fácil ir até o juiz e pedir a anulação daquela merda. Porém havia cláusulas específicas demais para ser um contrato que ambos fizeram de última hora, havia algo por trás de tudo aquilo. E Viena sabia que precisava descobrir a origem de toda aquela palhaçada.Uma das cláusulas deixava bem especificado que o contrato de casamento não poderia ser anulado dentro dos próximos seis meses. Caso o contrário, a parte que pedisse o divórcio passaria cerca de 50% de tudo o que possuía para o nome do cônjuge independente se os bens haviam sido adquiridos antes do casamento.Viena sabia que tudo havia sido
Milão [ ITÁLIA] Narradora. 🎭 Viena poderia ser uma completa megera quando queria, distribuindo insultos a torto e a direita, pisando em muitos daqueles que estavam à sua volta. Como costumava dizer, sua simpatia era para poucos.E realmente eram poucos. Poucos tinham a oportunidade de desfrutar de uma conversa casual em uma tarde qualquer. Viena era fria, calculista, manipuladora e bastante tóxica quando necessário.Alguns dos funcionários de suas empresas costumavam falar por suas costas, descrevendo-a como uma mulher de coração de pedra, com longos cabelos cacheados e grandes olhos esverdeados. No entanto, outros a idolatravam como uma deusa, desejada pelos homens e invejada pelas mulheres.Viena nunca foi vista envolvida em polêmicas pela mídia, apesar de seus raros relacionamentos. Sua vida pessoal era um mistério bem guardado. Ela evitava falar sobre isso, preferindo manter o foco em seu grande império familiar, os Santoro, e às vezes soltava pequenas fake news apenas para ob