Encarar a dura realidade do término de um sonho era desafiador, no entanto ela precisava prosseguir, tocar a vida adiante e fazer de seus dias, os melhores possíveis.Descobrir que Giulio sempre a veria como a sombra de outra, foi demais para ela e, tudo o que ela queria era equilibrar o seu emocional; esquecer os planos maléficos dele e restaurar o que ainda lhe restou de amor-próprio. Agora, ela precisava focar em seus objetivos no Brasil e tentar reerguer-se mais uma vez.Foi com essa convicção que ela marcou sua passagem de volta para o final daquela semana, o que lhe daria tempo de resolver todos os detalhes referentes a sua partida e a venda do restante de suas obras.Dar adeus a Itália e a sua amiga não estava sendo nada fácil e na hora de partir, nem ela e nem Mirella conseguiram conter as lágrimas. Eliza embarcou pela metade, pois parte dela ficou na Itália, mais especificamente com Giulio. O amor dele seria sua prisão e ele, o carcereiro impiedoso que a mantinha presa e acor
Depois da conversa dela com o professor Salvatore, Eliza retornou para casa mais aliviada. Saber que ele deu crédito as suas palavras foi reconfortante, pois tirou-lhe um peso enorme das costas. Nunca passou pela cabeça dela, que entre as palavras de Giulietta e as suas, ele fosse acreditar na sua. George era realmente um homem justo. A conversa com o professor Salvatore não se estendeu apenas em sua saída da galeria. Para assombro de Eliza, ela descobriu que Giulio era sócio de Margareth, e, que, se não fosse pela oposição dele; ela teria estagiado com a senhora Antonelli e não com Giulietta. Mas as descobertas não pararam por aí! Ela soube também, que as suas obras continuavam enfeitando os estandes e as vitrines da Gallery Belle arti; o que significava, que, de fato, fora Giulio o comprador misterioso de suas telas. No entanto, essas duas revelações pareciam insignificantes, frente à devastadora descoberta de que Giulio estava no Brasil é que era o proprietário do hotel, ao qual e
Dar resposta que satisfizesse as expectativas de Eliza; implicava abrir o coração para ela, e despejar de lá, tudo aquilo que o manteve acorrentado nos últimos quatro anos — o medo de amar. Dos muitos medos de Giulio, o que mais o assombrava era apaixonar-se novamente. Era sentir-se refém de um amor que com a mesma intensidade que o levava ao céu, o lançava ao abismo mais tenebroso e assustador de todos.Com Mary, ele alcançou o céu, ao viver uma linda história de amor; sem ela; experimentou o inferno, ao ser privado daquela que seria sua esposa e companheira para o resto da vida: dela restou-lhe apenas as lembranças mais lindas e as mais dolorosas. Sua primeira amada havia partido para sempre, mas seu outro amor estava diante de si e era real. Agora, portanto, era a hora de sucumbir a mulher que devolveu-lhe a vida e acendeu nele, a chama da esperança. Eliza era seu tudo em meio ao caos. Certo de que, com Eliza era tudo ou nada, ele puxou-lhe o rosto suavemente e colou os seus láb
“Finalmente, Pallot Arts Gallery!” Eliza exclamou eufórica para si mesma, a medida que seus olhos maravilhados contemplavam o requinte daquele edifício, sem ainda acreditar na sorte que tivera de conseguir estágio naquele lugar. A arte desde sempre fora uma paixão para Eliza e foi na adolescência que ela começou a fazer seus primeiros esboços, pois era através do desenho que ela expressava todas as suas emoções. Sonhos, frustrações e decepções ganhavam cores e tornavam-se pinturas em suas telas, na qual representava a imagem de um mundo perfeito e idealizado. Eliza não era apenas uma jovem pessimista, mas também uma garota sonhadora, que a certa altura de sua vida refugiou-se entre tintas e pincéis para fugir dos seus problemas e esquecer quem era e, como consequência disso, aos vinte e dois anos ela ainda procurava um significado real para sua existência um tanto vazia. Deixando de lado suas turbulências interiores, ela olhou mais uma vez fascinada para a galeria, que em sua visão s
Assim que Eliza entrou na galeria, ela encontrou um típico homem italiano: alto, moreno, bonito em fisionomia e aparentemente na casa dos trinta anos. Ele estava elegantemente sentado em uma das cadeiras de espera da recepção. Contudo, ao julgar pelo seu porte sério e a inquietação de sua perna, ele provavelmente estava ansioso para falar com Giulietta Pallot. Era inegável: ele parecia tão opulente quanto o veículo que ostentava. Como se um ímã o atraísse para ela, o estranho pousou os olhos em Eliza e ela sentiu-se capturada pela floresta mais selvagem, mais enigmática e mais escura do verde cintilante de seu olhar. Naquele momento ela percebeu que poderia fazer vários retratos mentais sobre ele e colocá-los em uma pintura. No entanto, pela maneira descarada como os olhos dele a varreram de cima a baixo – percorrendo cada centímetro de seu corpo como um cão feroz –, ela deduziu que esse homem não valia o tempo de sua admiração. Estava visível: ele fazia o estilo "Conquistador de muit
Eliza acordou na manhã seguinte com o barulho insistente do despertador gritando em seu ouvido como se dissesse: ‘Levante-se, preguiçosa!’ Hora de acordar! A fim de se livrar do som insuportável do aparelho, ela tateou a mesa de cabeceira, mas como a sorte era fugaz como uma raposa, em um único descuido o despertador se vingou fazendo-a derrubar o celular e os livros no chão. Depois de ver sua bagunça espalhada pelo chão, ela choramingou em silêncio, e se recriminou mentalmente por sua falta de atenção: como você é desastrada, Eliza. E o dia estava apenas começando! Como nem tudo era perfeito, e seguindo a lógica do velho ditado que dizia que a pressa era inimiga da perfeição, ela descobriu que se enquadrava perfeitamente na análise de Newton em que toda ação gera uma reação: Eliza recebeu o dela. Conformada de que não começaria o dia com o pé direito, ela se contentou com o esquerdo e depois de está totalmente desperta, recolheu rapidamente seu celular do chão – ou o que restou de
Mesmo diante da onipotência no olhar de Giulio, por um breve momento Eliza pensou ter vislumbrado um fascínio malicioso. No entanto, ela se recusou a aceitar a ideia de que ele estivesse zombando de sua inferioridade, afinal, por que Giulio Vallone perderia tempo humilhando uma garota como ela? — Se você me der licença Signore, preciso voltar ao meu trabalho. — Pediu ainda extremamente envergonhada. — Quem a está impedindo Signorina Villar? Diante daquelas palavras ela teve mais uma vez a sensação de que ele estava provocando-a, já que o olhar astuto dele naquele momento era igual a de uma raposa traiçoeira tentando confundi-la e, mediante àquela certeza, ela achou mais conveniente afastar-se dele e daquela situação embaraçosa, e retomar suas funções — ou pelo menos tentar. Seja por descuido ou por ainda está abalada com as palavras dele; fato era que ela se esbarrou acidentalmente em uma das telas e só quando o tilintar da obra caindo sobre o piso de porcelanato chegou a seus ouvi
Depois de se agarrar à esperança e arrancar o nó que estava preso em sua garganta, Eliza lavou o rosto e decidiu retocar a maquiagem borrada, pois ela ainda tinha uma reputação a zelar — isso se ela conseguisse controlar o tremor de suas mãos gélidas. Ainda sob o efeito das palavras de Giulietta, ela suspirou profundamente e começou a refazer a maquiagem, com a nítida sensação de que sairia da galeria desempregada, e, se, fosse para ser demitida, que fosse pelo menos com um mínimo de dignidade. Frente a essa forte convicção, Eliza terminou de se arrumar, e ao olhar-se atentamente no espelho sentiu-se mais forte e mais bonita do que nunca. A névoa avelã de seu olhar pálido se foi, deixando apenas uma bela jovem a desabrochar, de maneira que quem a visse pela rua não diria que ela se debulhou em lágrimas em frente ao espelho, e muito menos notaria a turbulência interna que ela estava enfrentando naquele fatídico dia. No entanto, apesar da aparente calmaria que Eliza demonstrou sentir