Eliza estava que não se aguentava em pé de tanta felicidade, por finalmente as coisas começarem a dar certo para ela.Mesmo tendo entrado com o pé esquerdo na galeria de Margareth e passado a pior das impressões, o resultado a surpreendeu, e se não fosse pelo sósia de Giulio, tudo teria saído perfeito, mas perfeição, era algo que só existia nos sonhos mais loucos dela, como por exemplo; Giulio e ela, abraçados no sofá, debaixo das cobertas, assistindo um filme romântico, enquanto o crepitar das chamas da lareira bailavam livres e saltitantes, no ar, à medida que a lenha queimava e os aquecia.Pensar neles desse jeito, a faz sentir-se uma mendiga diante de seus sonhos. Giulio não era esse homem que ela insistia em idealizar: ele era rude, arrogante, indiferente, e era mais fácil ele apaixonar-se por uma sombra do que por ela.Esse choque de realidade a trouxe de volta ao plano racional. Saber que Giulio nunca a veria além da imagem que ele formou dela, sempre causava-lhe uma dorzinha a
Eliza estava terrivelmente abatida depois da conversa com Mirella. Mesmo sabendo que sua amiga estava coberta de razão, a verdade sempre doía; não que ela estivesse magoada com Mirella, muito pelo contrário; sua amiga apenas disse aquilo que ela se recusava a ouvir — Giulio nunca a levaria a sério.Enquanto o carro que a levava até Giulio percorria os bairros nobres de Florença, a tensão dela ia aumentando. Não saber para onde estava indo era um tanto assustador e ela pensou mais de uma vez em pedir para o motorista a levar de volta para casa, mas ela sabia que isso seria inútil: o chofer dele jamais iria desobedecer as ordens de seu patrão.Após rodar um pouco mais, o veículo parou em frente a uma magnífica mansão. Depois que os portões foram abertos e o carro adentrou o local, ela deu-se conta de que estava no território do inimigo. Aquele monumento de riqueza da arquitetura italiana era nada mais, nada menos do que a fortaleza do poderoso Giulio Vallone.Descobrir isso causou-lhe c
A frieza de Giulio frente à mulher que dizia amar era irracional e nesse momento Eliza chegou a duvidar dos sentimentos dele pela “sua eterna noiva”. Naquele ínfimo pormenor ficou claro para ela, que ele não amava ninguém a não ser a si mesmo. Giulio Vallone se achava autossuficiente e agia piamente, como se estivesse acima do bem e do mau. No final, o inescrupuloso e o promíscuo era ele: Giulio não valia nada!Descobrir esse lado maléfico dele a deixou desnorteada e a única coisa que ela queria era poder sair correndo dali; esquecer que um dia teve a infelicidade de cruzar seu caminho com o dele e, principalmente, deletá-lo de uma vez por todas de seus pensamentos.Mas as coisas não eram tão simples como ela queria acreditar. Estava à mercê dele para sair dali e simplesmente não tinha nenhum manual de como deletar uma pessoa definitivamente da vida da outra e, no caso de Giulio, sempre se corria o risco de ele ficar entulhado na lixeira dos pensamentos, dela, para sempre.Sem palavra
O dia amanheceu cinzento e sem brilho para Eliza; como se sua vida tivesse sido lançada em um profundo e sombrio buraco negro, e, apesar, de não ter a mínima ideia de como sair daquela enrascada que se metera, aquele dia foi decisivo para ela. Esse dia ficaria marcado na memória dela, pois foi o dia em que ela descobriu a verdadeira face de Giulio Vallone. Depois de muito bater cabeça sobre as atitudes de Giulio, ela tinha quase certeza de que ele era o tal cliente que estava interessado nos quadros dela e isso era muito humilhante, já que não poderia recusar o dinheiro — precisava dele para comprar a passagem de volta ao Brasil. Por outro lado, essa hipótese não parecia fazer muito sentindo, uma vez que ele queria que ela gerasse o filho que seria dele e Mary. Então, por qual motivo Giulio teria interesse nos quadros dela? Ele era desonesto quando o assunto girava em torno de emoções, mas muito sincero quando tratava-se de dinheiro. Ficou claro para ela que não poderia ser ele. Le
Encarar a dura realidade do término de um sonho era desafiador, no entanto ela precisava prosseguir, tocar a vida adiante e fazer de seus dias, os melhores possíveis.Descobrir que Giulio sempre a veria como a sombra de outra, foi demais para ela e, tudo o que ela queria era equilibrar o seu emocional; esquecer os planos maléficos dele e restaurar o que ainda lhe restou de amor-próprio. Agora, ela precisava focar em seus objetivos no Brasil e tentar reerguer-se mais uma vez.Foi com essa convicção que ela marcou sua passagem de volta para o final daquela semana, o que lhe daria tempo de resolver todos os detalhes referentes a sua partida e a venda do restante de suas obras.Dar adeus a Itália e a sua amiga não estava sendo nada fácil e na hora de partir, nem ela e nem Mirella conseguiram conter as lágrimas. Eliza embarcou pela metade, pois parte dela ficou na Itália, mais especificamente com Giulio. O amor dele seria sua prisão e ele, o carcereiro impiedoso que a mantinha presa e acor
Depois da conversa dela com o professor Salvatore, Eliza retornou para casa mais aliviada. Saber que ele deu crédito as suas palavras foi reconfortante, pois tirou-lhe um peso enorme das costas. Nunca passou pela cabeça dela, que entre as palavras de Giulietta e as suas, ele fosse acreditar na sua. George era realmente um homem justo. A conversa com o professor Salvatore não se estendeu apenas em sua saída da galeria. Para assombro de Eliza, ela descobriu que Giulio era sócio de Margareth, e, que, se não fosse pela oposição dele; ela teria estagiado com a senhora Antonelli e não com Giulietta. Mas as descobertas não pararam por aí! Ela soube também, que as suas obras continuavam enfeitando os estandes e as vitrines da Gallery Belle arti; o que significava, que, de fato, fora Giulio o comprador misterioso de suas telas. No entanto, essas duas revelações pareciam insignificantes, frente à devastadora descoberta de que Giulio estava no Brasil é que era o proprietário do hotel, ao qual e
Dar resposta que satisfizesse as expectativas de Eliza; implicava abrir o coração para ela, e despejar de lá, tudo aquilo que o manteve acorrentado nos últimos quatro anos — o medo de amar. Dos muitos medos de Giulio, o que mais o assombrava era apaixonar-se novamente. Era sentir-se refém de um amor que com a mesma intensidade que o levava ao céu, o lançava ao abismo mais tenebroso e assustador de todos.Com Mary, ele alcançou o céu, ao viver uma linda história de amor; sem ela; experimentou o inferno, ao ser privado daquela que seria sua esposa e companheira para o resto da vida: dela restou-lhe apenas as lembranças mais lindas e as mais dolorosas. Sua primeira amada havia partido para sempre, mas seu outro amor estava diante de si e era real. Agora, portanto, era a hora de sucumbir a mulher que devolveu-lhe a vida e acendeu nele, a chama da esperança. Eliza era seu tudo em meio ao caos. Certo de que, com Eliza era tudo ou nada, ele puxou-lhe o rosto suavemente e colou os seus láb
“Finalmente, Pallot Arts Gallery!” Eliza exclamou eufórica para si mesma, a medida que seus olhos maravilhados contemplavam o requinte daquele edifício, sem ainda acreditar na sorte que tivera de conseguir estágio naquele lugar. A arte desde sempre fora uma paixão para Eliza e foi na adolescência que ela começou a fazer seus primeiros esboços, pois era através do desenho que ela expressava todas as suas emoções. Sonhos, frustrações e decepções ganhavam cores e tornavam-se pinturas em suas telas, na qual representava a imagem de um mundo perfeito e idealizado. Eliza não era apenas uma jovem pessimista, mas também uma garota sonhadora, que a certa altura de sua vida refugiou-se entre tintas e pincéis para fugir dos seus problemas e esquecer quem era e, como consequência disso, aos vinte e dois anos ela ainda procurava um significado real para sua existência um tanto vazia. Deixando de lado suas turbulências interiores, ela olhou mais uma vez fascinada para a galeria, que em sua visão s