Olivia FernandesQuando Lucas acordou, não fui capaz de dar bom dia. Fiquei completamente cega pela noticia que vi em seu celular, e aquela mensagem continuava se repetindo em minha mente. Por que, de repente, Lucas começou a esconder tanto de mim? Pensava se era algum tipo de karma pelas ações que tive com Dante, mas não conseguia imaginar ser justo. Eu sequer sabia sobre a ligação entre ambos, e tudo isso não fazia sentido. Eu estava buscando desculpas, encontrando e fazendo malabarismos para justificar que Lucas não era completamente aberto comigo. E isso não era culpa totalmente dele. Eu fui mole, caí de cabeça naquele sorriso encantador e no jeito respeitoso. Fui consumida pelas palavras doces e ações gentis. Me deixei envolver, como uma adolescente tola, nas teias de alguém, que apesar das qualidades, era só mais um homem. Não era a primeira nem última vez que eu havia sido corrompida pelos charmes de um deles. — Por que está tão quieta? — Lucas estava parado no balcã
OliviaTer que me despedir de Lucas foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Em toda a minha trajetória de vida, nunca imaginei que iria me afeiçoar tanto a alguém, principalmente um cara, tão rápido. Ele acompanhou muitos momentos meus desde que nos conhecemos, bons e sombrios. E eu, apesar de assistir de perto alguns dias difíceis onde ele lutava contra a própria mente, me enganei ao pensar que ele era transparente sobre tudo que nós vivíamos. Lucas era extremamente gentil comigo, e eu por diversas vezes me questionei o motivo disso. Achei que fosse o comportamento que ele tinha com qualquer garota que conhecia, tentando chegar no objetivo óbvio de todos os homens, mas ele nunca sequer tocou no assunto de encostar um dedo em mim. Nenhuma piada, nenhuma sugestão. E o que acreditei ser respeito da parte dele, se transformou em algo pior quando descobri sobre aquela m*****a aposta.Lucas não agia assim por respeito ou algo do tipo, ele só não via possibilidade alguma de ter inte
Olivia FernandesPassei horas escolhendo uma roupa. Natália não aguentava mais ter de opinar sobre vestidos e sapatos, mas eu não podia evitar. Estava animada, pela primeira vez em alguns dias, desde que aquilo tudo aconteceu. Em poucos dias, minha vida virara de cabeça para baixo. E agora, eu tinha a chance de fazer as coisas de forma diferente. Havia feito um treinamento de uma semana, aprendendo as rotinas administrativas da reitoria. Ajudei com os documentos, papéis intermináveis que me dera sono. Elaborei atas e e-mail-s, enfim, fiz tudo que as pessoas com o cargo acima do meu evitavam fazer. Mas não me importei em momento algum, estava lá justamente para isso. Foi incrível experimentar uma rotina completamente diferente, fugindo da zona de conforto que eu estava inserida ao passar a maioria do tempo com Lucas e seus amigos idiotas. Falando nele, não sei como ele deve estar. Provavelmente bem, imagino eu, já que não deve ser muito sofrido fazer um tour pela Europa. Depois
Olivia Fernandes Não precisei olhá-lo para reconhecer essa voz, suave e imponente, carregada de um charme inegável. Eu o encarei, sentindo o choque da surpresa e a tensão subindo. Ele estava lá, elegante em um terno escuro que realçava ainda mais sua presença marcante. Havia algo inegavelmente magnetizante em sua postura, e a proximidade fazia meu coração acelerar. — Dante… — Minha voz saiu em um sussurro, quase inaudível. — Olivia. — Ele sorriu, um sorriso que misturava simpatia com uma pitada de malícia. — Não esperava te encontrar aqui. Antes que eu pudesse responder, Kamila apareceu ao meu lado, a postura já um pouco instável devido à bebida. Ela não tinha limites mesmo. — Olha quem eu encontrei! — Ela exclamou, os olhos brilhando com curiosidade. Vi como ela o olhou de cima a baixo, como um predador ao enxergar uma presa. Ela balançou a cabeça para Dante, como se esperasse uma apresentação formal. — Dante, esta é Kamila, uma colega da faculdade. — Apresentei rapidamente,
Olivia FernandesDante colocou a mão em minhas costas, um toque sutil e respeitoso enquanto me amparava ao passarmos em meio à multidão do bar. Seguimos até seu carro em silêncio. Nos acomodamos, e ele ligou o rádio, ajustando para uma estação que tocava baladas antigas, o som preenchendo o espaço entre nós.Gosto de sentir o vento em meu rosto enquanto a viagem segue, e não me incomodo com o silêncio enquanto ouvimos apenas o barulho do motor misturado com o chiado eventual do rádio, enquanto nos afastamos mais da cidade. A paisagem que passa pela janela parece um borrão, mas dentro do carro, o mundo parece desacelerar.Trocamos alguns olhares enquanto ele se mantém atento à estrada, e percebo o quanto ele está tenso diante da pressão que sua mão faz contra o couro do volante. As veias que saltam quando ele tensiona os músculos me chamam atenção. Desvio o olhar, tentando focar na paisagem lá fora para não me perder em devaneios. Aquele era um território desconhecido para mim, e o me
Olivia FernandesPensei muito sobre o que deveria fazer, mas não consegui fugir de nada que não fosse estar com Dante Salvatore. Seu convite tentador fez sentido, ainda mais ao olhar para a paisagem diante de nós. A luz etérea e o céu cheio de estrelas, o mar calmo e a areia fina sob os meus pés, me tornando ainda mais refém de todo esse ar romântico que parece ter sido construído especialmente para nós. Combinamos que voltaríamos pela manhã, pois ambos temos compromissos próprios, mas não falamos sobre isso. Não conversamos sobre trabalho nem sobre nenhum assunto que destoe do momento, e foi um alívio não precisar falar sobre Lucas, embora eu sinta que Dante tenha ficado curioso. — Você vai nos derrubar. — Dante falou entre os beijos, rindo rápido antes de se perder no emaranhado de sensações inebriantes. Tentei conter a força com que me joguei para o corpo alheio, mas não pude evitar. Tudo que ele fazia, cada toque, cada mordida em meu lábio, tudo se tornava ainda mais tentador
Olivia FernandesNão precisei abrir os olhos para saber o que estava ao meu redor. Dei alguns passos, descendo uns dois ou três degraus enquanto Dante me guiava com cuidado.— Flores? — inspirei o ar fresco, sentindo a mistura dos cheiros que pairava no ar.O cheiro do mar e das flores em uma combinação inebriante. Então, ainda em silêncio, ele retirou a mão da frente dos meus olhos, me deixando em meio a um caminho de pedras. Olhei ao redor ainda sem processar toda a informação que minha visão captou. Eram tantas flores, de várias espécies misturadas. Tantas que eu nem conseguiria nomear.Vale Dália e Caliandra são cidades conhecidas pelas flores, assim como o nome já diz. Mas ver tal riqueza que nomeia o lugar, assim, na minha frente com tamanha abundância, foi algo mágico. Dante permaneceu ao meu lado, observando minha reação enquanto eu absorvia a cena à minha frente. Cada flor parecia ter sido escolhida a dedo, como se fizesse parte de uma pintura viva. Os tons vibrantes de v
Olivia Fernandes Dante continuou me observando com curiosidade, seus olhos cravados em mim, esperando pacientemente pela minha próxima ação. Cada segundo que passava parecia se estender, o silêncio ao nosso redor sendo preenchido apenas pelo som suave das ondas ao longe e pelo farfalhar das folhas.Respirei fundo, tentando reunir toda a coragem que me restava. Soltei as mãos, relaxando os dedos que ainda estavam tensos, e me aproximei um pouco mais dele, sem desviar o olhar.— Dante... — comecei, com a voz baixa, quase sussurrando. — Eu quero que você me ajude a... — Minha voz falhou por um momento, mas eu sabia que precisava continuar. — A me livrar desses medos. A ser mais corajosa, como você disse.Ele me olhou com ainda mais intensidade, tentando decifrar o que eu realmente queria dizer. Mas antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa, fechei o espaço entre nós e o beijei, com mais urgência do que antes. Não era um beijo inocente ou hesitante, mas carregado de desejo, de vontad