Enquanto caminhava pelo campus com passos lentos e pensativos, aproveitando a noite calma e bonita, deixou-se sentir o cheiro de Dante ainda impregnado em si. Podia senti-lo ainda presente em cada centímetro de sua pele, e isso fazia seu rosto ferver.Podia comparar estar em um dos dramas literários que passava a noite em claro lendo, mas agora, como a protagonista de uma história confusa e perturbadora, não apenas no mal sentido. Sentia-se afetada em seu íntimo, como se estivesse refém de Dante no quarto que criou em sua memória, onde deixou especialmente para lembrar-se dos detalhes sórdidos que se referiam a ele. Enquanto andava, recordava cada momento daquela noite. Como chegou àquele ponto? O que fazer agora? A imagem de Lucas vinha à mente de Olivia, dividindo e piorando sua confusão. Céus, ele era pai de Lucas, como poderia prever?Tentou lembrar-se, naquele momento, de todos os detalhes que construíam o rosto de Dante. E, pensando bem, podia encontrar certa semelhança, mas
Olivia sentia o suor escorrer em sua testa. Avaliando cada repost sobre suas fotos nas redes sociais, ela ainda não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Por sorte, ainda que não tornasse menos pior, as fotos não eram tão reveladoras assim. Estava de lingerie, ainda que em posições provocantes. Mas isso não amenizou o aperto que sentiu em seu peito ao imaginar a reação de seus pais, principalmente de seu irmão, caso soubessem da possibilidade dela ter feito esse tipo de foto.Ao mesmo tempo em que sentia essa angústia, Olivia saboreava do sabor da contradição, marcado no fundo da língua como o amargor de um pomelo.Sabendo sobre a relação entre Lucas e Dante, não podia arriscar prosseguir. Mas queria, queria com todas as forças sentir o gosto do toque da língua do Salvatore mais velho sobre si.E, sentia-se culpada por, mesmo sabendo de tal informação, ainda sentir algo forte por Lucas. Seus planos de se declarar durante a noite anterior foram desfeitos pela
Olivia acordou assustada. Sentou-se sobre a cama, ofegante, esfregando as mãos sobre o próprio rosto, tentando livrar-se dos pensamentos torturantes que a consumiam. Por sete dias consecutivos ela acordou desse mesmo jeito. Atordoada, desconcertada, com vergonha e muito calor. Ao fechar os olhos, conseguia lembrar nitidamente do sonho realista que havia tido quase todos os dias por uma semana. Lembrava-se da intensidade dos toques, do cheiro dele, das sensações avassaladoras que a consumiam ao permitir-se ter um gosto do que poderia viver, caso não fosse tão… medrosa. Era assim que se sentia toda vez que o via. Lucas, seu melhor amigo da faculdade. O menino popular que é o sonho de todas as garotas do ensino médio, mas que, diferente dos que conheceu durante a época do colégio, era bonito, gentil, e inteligente. Por isso, Olivia acreditava que deveria ser uma armadilha. Algo Lucas deveria esconder atrás de todas as coisas boas que permitia que os outros vissem sobre si. Um compor
Majestosamente posicionado em meio as luzes azuis e rosa, junto de alguns amigos que Olivia reconheceu da faculdade, ele sorria, evidentemente feliz e confortável em sua própria pele, como sempre demonstrava ser. Até mesmo o jeito como se movia parecia perfeito. Ao menos, era o que Olivia achava. Tudo em Lucas era encantador. E sob o intenso olhar de sua amiga, ele se virou e a viu, retribuindo a intensidade da qual era observado ao fitá-la. Franziu as sobrancelhas, seguido de uma expressão surpresa, caminhando imediatamente em direção a ela. Olivia sentiu seu corpo todo estremecer, parecia estar prestes a colapsar a qualquer momento. Suas mãos tensas pressionando a pequena bolsa que carregava, ao mesmo tempo que sentia o suor tornando o material escorregadio quando em contato com suas digitais. Ela respirou fundo e tentou se manter sã ao vê-lo caminhar tão belo quanto uma miragem, quase andando em câmera lenta em sua direção. — Olivia Fernandes! — Ele segurou a mão dela com deli
A frustração que sentiu durou menos de um milésimo de segundo, tempo o suficiente para processar a imagem estática diante de seus olhos. E, pela segunda vez naquela a noite, Olivia se encontrou sem palavras. Seus olhos percorreram por todo o corpo dele, passando pelo braço estendido com as mãos segurando o volante em um toque firme e quase palpável. As veias salientes e marcadas em todo o antebraço, subindo para o bíceps visivelmente definido sob a manga da blusa levemente úmida.Viu o peitoral marcado com a camisa branca social igualmente molhada, algumas gotas marcando sua clavícula, e os óculos um tanto embaçados. A barba por fazer e o cabelo preto molhado, com alguns poucos fios grisalhos indicando sua maturidade. Olivia pensou que ele facilmente poderia ter saído de um filme. Durante os primeiros segundos, só conseguiu observá-lo. Queria de alguma forma gravar a imagem do homem a sua frente, como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento. Precisava se lembrar daquele ros
Dante acelerou o carro, exibindo um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir ao fazer manobras arriscadas, utilizando a estrada vazia como seu parque de diversões ao ar livre. Era um mix de sensações confusas e inquietantes que se misturavam dentro de Olivia, e acreditando que essa seria sua maior loucura e permitindo-se ser imprudente pela primeira vez na vida, ela decidiu confiar na sensação curiosa que surgiu no pouco tempo em que esteve na presença dele. Olivia não saberia descrever, afinal, nunca tinha sentido nada parecido. Mas, o que a tomou ao sentir as digitais de Dante sobre sua pele, definitivamente não parecia como uma sensação ruim. — Desistiu de resistir? — Ele perguntou, curioso ao notar sua tranquilidade diante da situação. — Seria uma perda de energia, não é mesmo? — Olivia afirmou.— Certamente. — Ele sorriu ladino, ajeitando os óculos novamente, antes de pegar mais um chiclete. — Acho que não vai se importar em fazer uma pequena viagem, então. Olivia arregalou
Dante não a respondeu, mantendo o suspense sobre sua identidade. Apenas sorriu, o mesmo sorriso largo e bonito que a fez vacilar no primeiro instante em que se conheceram. — Seu sorriso é bonito, mas não vai ser o suficiente para evitar que eu faça mais perguntas. — Olivia disparou, o pegando de surpresa. — Se o meu sorriso não for o suficiente, posso tentar te dissuadir de outras formas. — Ele ajeitou uma mecha do cabelo de Olivia, a colocando atrás da orelha. Aproveitou para perdurar o toque ao alisar seu lóbulo da orelha, deslizando o dedo até seu pescoço, seguindo até a nuca.Olivia ficou surpresa de muitas formas ao sentir o toque de Dante sobre si novamente, agora, de forma mais íntima. — O que você viu em mim? — Ela deixou o pensamento escapar. Odiava se sentir assim, insuficiente. Mas basta ver o próprio reflexo em alguma superfície para essa sensação retornar. Lidar com o próprio peso nunca foi nada fácil para Olivia, e agora, na vida adulta, sentia essa insegurança respi
Caso Olivia fosse perguntada sobre como se representar em uma única palavra, ela muito provavelmente responderia: controle. Desde muito jovem, foi ensinada a controlar todos os aspectos de sua vida. Desde os detalhes mais bobos, quanto aos mais relevantes. E esses, os que teriam impacto em sua vida em um futuro distante, eram os que mais exigiam de si algum tipo de cautela sobre quais decisões tomar. Olivia fez tudo certo durante sua vida. Foi uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais ao que se entende sobre atender as expectativas dos outros. Porém, todo esse controle e perfeição durante seu crescimento, exigiam algo de si que, talvez, fosse irreparável. Não era difícil para quem a visse de fora enxergar o quanto a universitária sofria ao precisar tomar decisões importantes por conta própria. Olivia perdeu, durante a criação dura e desgastante, a habilidade de pensar com a própria cabeça. Saber analisar o que queria, quando queria, diferente do que achava que prec